Grissom já havia coletado suas coisas na cena do crime e esperava que suas colegas também já tivessem, queria voltar logo para o laboratório para poder analisar as provas, porém, algo lhe dizia que uma delas ainda não havia terminado, era sempre assim, Sara sempre demorava a fazer o trabalho que lhe era passado, se perguntava se ela era lenta no trabalho também com os outros colegas ou era apenas com ele. Nunca ouviu reclamarem dela, nem mesmo DB., fazendo-o pensar que o problema era apenas com ele, e para piorar a convivência, Sara é totalmente desorganizada e isso o irritava muito. Ele é um homem perfeccionista, metódico e odiava quando as coisas não saiam do seu jeito, Sara é o seu oposto, não que esperasse alguma mudança, ela só poderia ser um pouco mais organizada. E infelizmente não era só isso, muitas coisas em relação a ela o irritava, se fosse citar tudo, seria preciso dias para terminar. 

Com certeza ficaria louco se passasse um dia sozinho com ela.

Isso se ela ficasse viva até o fim do dia!

Ele era um homem charmoso, atraente, sabia lidar e conversar com as mulheres ao menos quando se tratava de conquista-las e não era preciso muito, afinal, o seu belo sorriso os incríveis olhos azuis as deixavam completamente hipnotizadas. O que não aconteceu com Sara, não que tenha tentado algo com ela, não! Mas não precisava dar em cima das mulheres para tê-las as seus pés. E ela se mostrou diferente, muito, pôs sempre o irritava. 

Ele encontrou Catherine na sala, arrumando sua maleta e nem o viu passando, foi direto procurar Sara, ela se encontrava na cozinha e para a sua não surpresa, ainda tentava achar digitais. Grissom bufou, fazendo com que sua presença fosse notada por ela, da porta a observou lentamente passar o pó na maçaneta da porta como se tivesse todo o tempo do mundo, droga, por que ela tem que ser assim! E quando pareceu ter achado uma digital, ao invés de coletar, foi até sua maleta retirou um palito usado para coletar DNA e se encaminhou a uma poça de sangue.

Irritou-se mais ainda, não contendo o bufar de raiva mais uma vez.

Sara tentava entender o que as mulheres do laboratório e as outras viam em Grissom, estavam sempre o rodeando, se jogando para ele e fazendo de tudo para chamar sua atenção. Ele era bonito, não tanto para elas quase se matarem para tê-lo, Grissom era irritante convencido e metido a intelectual... odiava quando ele tentava lhe dar aula sobre algo e adorava frustra-lo, mostrando que era tão inteligente quando ele. E por não ser como as outras, não ter se mostrado interessada nele quando chegou o incomodava, embora não tenha tentado conquista-la.

Talvez não tenha tentado por ver que não causava nela o mesmo efeito que causava nas outras. 

Melhor assim!

Já havia terminado de coletar tudo na cozinha e estava guardando as provas quando o viu se aproximar da cozinha, como costuma fazer, e adora, resolveu irrita-lo. Agiu como se ainda estivesse procurando digital, não ligou e sorriu discretamente quando o ouvi bufar de raiva.

Se caminhou até sua maleta, pegando um palito para coletar DNA.

—Por que você não coleta a digital primeiro? _Grissom quis saber. Era notável sua raiva. Sara não se importou. _Você é complicada, viu. Meu Deus! Por que sempre é desorganizada?

—Eu faço do jeito que eu quiser! _Sara retrucou, encarando-o.  _E por que sempre se incomoda comigo? 

 _Porque você é irritante e lerda.

Sara riu ironicamente. Era bom vê-lo fora de controle. O que não é comum.

—E você é um chato, se está tão apressado, por que não vai embora?

—É uma boa ideia, assim você volta de ônibus para o lab. _Ele sorriu perverso. _Iria adorar. 

—Para ficar longe de você, vou até a pé se for preciso. Seu imbe...

—Ei, o que está acontecendo aqui? _Catherine interrompeu a briga. Olhou seria para os dois, balançou a cabeça. Esses dois eram inacreditáveis. _Vocês não conseguem ficar um minuto sem discutirem, Não?

Catherine recebeu um olhar fulminante e os dois responderam ao mesmo tempo.

—Não tenho culpa se ela é irritante.

—Não tenho culpa dele ser chato!

Estavam prestes a começar novamente.

—Chega! _Cath gritou. Reparou que Grissom havia terminado e quis saber se Sara também. Ela confirmou.

—Tem certeza que terminou? _Grissom sorriu com sarcasmo. _Por que eu acho não.

—Terminei seu chato. Eu estava apenas te irritando. _Sara sorriu com a expressão irritada dele. Aproximou-se dele, com o indicador tocou o nariz de Grissom. _Você sabe que adoro te irritar.

E saiu da cozinha.

—Sua...

 _Ótimo! _Cath o interrompeu. Também saindo. _Então vamos. E você Sara, vai atrás. Chega de discursão por hoje!

Era raro ver seu amigo irritado, muito menos com uma mulher, mas Sara o deixava irreconhecível. E ela sempre contribuía para deixa-lo assim, era notável o quando os dois gostavam de se enfrentar, desafia-se, ninguém no laboratório conseguiu vence-lo em um simples jogo de dama, porém, Sara o derrotou no xadrez, como também se mostrava ser tão inteligente quanto ele. Isso o incomodava, não o fato de ela conseguir derrota-lo em algo que ele era ótimo, mas o fato de ser ela. Cath adorava ver os dois se engalfinhando, competindo para mostrar que um era melhor que o outro. Os dois eram perfeitos um para o outro.

Eles só não tinham percebido isso, ainda!

E como dizia um poema que leu.

“O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença.”

Érico Veríssimo.