De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 6
Capítulo 5 "Sufocados"


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoinhas que me enchem de alegria todos os dias (até rimei, como estou brega hoje, haha.)!
VOLTEEEI!
Dessa vez o capítulo é narrado pelo Duda, e ficou um pouco dramático, espero que não se importem. kkk.
Podem ler, nos vemos lá em baixo!



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—Que idiotice, você pode ter todas as garotas da escola se quiser, mas aí está você, se agarrando a uma só, que é neurótica e ciumenta, então não reclame comigo.

Eu e Janjão estávamos jogando basquete na quadra da minha casa, havíamos dado um pequeno tempo ao treino de futebol, que devíamos estar fazendo.

—Ela não é tão ruim assim. –respondi, pois eu sabia que não era. Falávamos sobre Janu e minha briga com ela. 

—Não começa com esse papo de mulherzinha pra cima de mim, Duda. Eu estou bem na minha vida tranquila de solteiro.

—As garotas tem um nome para cara como você, sabia? –ele jogou a bola para mim.

—Bonito?

—Galinha! –respondi e ele deu uma risada falsa.

—Você também costumava ser, não é mesmo? E se me lembro bem todas as garotas que você ficava acabavam chorando no meio de alguma aula, porque você estava terminando com elas por um bilhetinho escrito a mão.

Não respondi.

—O que você viu na Janu? Se fosse ao menos uma Vivi da vida...

—Vamos parar com esse papo de mulherzinha? –meu pai acabava de entrar na quadra, acompanhado de mais dois amigos.

—É o que estou tentando colocar na cabeça do seu filho, senhor Almeida Campos. –Janjão disse ao meu pai, que apenas fez um sinal para que eu entregasse a bola á ele.

—O tempo de vocês acabou, minha vez de ver se ainda estou em forma. –ele disse, virando para os seus amigos.

Eu e Janjão fomos para a arquibancada, observar o jogo de meu pai, que na sua época, era o melhor jogador de futebol de toda a cidade, e agora, só queria ter a chance de poder jogar em um campeonato de novo e como não tinha, queria fazer com que eu aproveitasse cada momento.

—Ele quer concorrer a prefeito. –eu disse á Janjão, me referindo á meu pai, Janjão, por sua vez, quase soltou uma gargalhada quando eu contei, ambos sabíamos bem que meu pai podia ser o melhor ladrão na história dos prefeitos da nossa cidade.

—O que? –ele parou para ver se eu estava mesmo falando sério.

—Ele me contou, e o pior é que tem muitas chances dele vencer, essa cidade está correndo sérios riscos!

—O que você disse á ele?

—Que o meu voto ele não vai ter, é claro.

O celular de Janjão apitou no mesmo instante, ele tinha recebido uma mensagem.

—Rafa vai dar uma festa junto com aqueles dois amigos dele. –ele leu em voz alta, me avisando.

—Eu não tenho planos para hoje mesmo, sabe, estou sem namorada por um dia. –respondi.

—Ótimo, então vamos espalhar a notícia da festa! –ele disse, e logo em seguida vi ele digitando sobre a festa no facebook, quase a escola inteira iria, eu já tinha certeza.

(...)

—Você está cheiroso. –minha mãe disse, sem ao menos me olhar, apenas sentindo o cheiro ainda virada para o fogão na cozinha. –E bonito! –ela elogiou quando passei por ela para abrir a janela.

—Vai ter uma festa hoje. –avisei.

—A Janu vai com você? –ela perguntou, olhei para a baixo.

—Vai sim. Vou busca-la. –menti, minha mãe não precisava saber do meu rompimento com Janu, na verdade, não posso chamar de rompimento se ainda nem tínhamos conversado corretamente.

—Ótimo. –ela disse e deu um sorriso, um pouco fechado, mas eu estava acostumado com aqueles meios sorrisos.

Comecei a gostar de Janu por aquele motivo: ela se parecia muito com a minha mãe, dos meios sorrisos á até a insegurança, na verdade, ligar no meio da madrugada era o tipo de coisa que eu imaginava que minha mãe fazia quando era mais nova.

Mas no final de contas, ela estala lá com meu pai, e até ela mesma sabia que ele a traia todas as quintas-feiras com uma mulher ruiva, que eu sempre via nos contados do meu pai e que todos os meus amigos já haviam me falado que os viam juntos. A única diferença é que eu nunca seria como meu pai, por isso odiava brigar com a Janu.

—Volta antes de meia-noite? Você sabe, seu pai odeia quando você inventa de chegar tarde e não consegue ir para a escola ou treinar no dia seguinte.

—Eu sei mãe, estarei aqui no horário. –garanti, dei um beijo em sua cabeça e sai de casa.

(...)

A casa do famoso grupo dos nerd´s da escola era extremamente pequena, em compensação, o terreiro era gigante e cabia de sobra uma festa ali. Mesmo que quase toda a escola fosse. Quando eu toquei a campainha, quem atendeu foi Samuca. Ele estava com uma cara de sono, eu já tinha ouvido falar que ele tocava violão para ganhar alguns trocados, mas não sabia se ele levava aquilo á sério ou não, mas pela sua expressão de “espero que essa festa termine logo” era o que parecia.

Mas a maioria da galera já estava lá, inclusive Janjão já conversando com uma garota.

—Ei, olha quem chegou. –virei para a trás e vi Cris, uma das melhores amigas da Janu e namorada de André, o goleiro do time, ela estava com um copo na mão, e qualquer um podia sentir seu bafo de bebida.

—Oi. –eu disse, quase sussurrei.

—Bo-bo-ca. –ela falou pausadamente, olhando no fundo dos meus olhos. –Vocês homens, são todos bobocas!

—Obrigada?! –sorri.

—Você poderia trocar a Janu por uma garota mais legal ao menos, mas a Bia, olha pra ela, Eduardo. –ela apontou para o outro lado do espaço.

Bia estava de fones de ouvido, apesar da música eletrônica alta que já tocava no ambiente, ela usava um rabo de cavalo no cabelo e uma blusa preta, pra mim, ela estava ótima, por isso voltei o olhar para Cris, perguntando-me mentalmente se ela estava com problemas de vista.

—Quando a Janu me contou, eu não acreditei. Mas, de repente, Bia começa a frequentar festas da escola e jogos de futebol, ela nunca vai á essas coisas, mas quer estar sempre com você, não é?

—Eu não tenho nada com a Bia. –murmurei impaciente. Cristina era uma garota legal, eu sabia que estava falando aquilo apenas por causa de tanta bebida, então busquei não me estressar.

—Você é igual a seu pai.

Fechei os olhos por um instante, e em seguida, sem controles, eu fui para a cima dela. Odiava aquela frase, odiava aquelas palavras, quando me achei, percebendo o que estava fazendo, percebi a besteira. Eu já estava segurando com força os pulsos da garota, e podia sentir meu próprio rosto esquentando.

—Duda! –ouvi a voz, que vinha detrás de mim.

Soltei-a imediatamente, já completamente arrependido, alguns olhares já estavam na cena. Mas quando me virei, lá estava a Janu, me olhando com calma nos olhos, era o olhar da minha mãe...

Ela pegou na minha mão, e eu fui conduzido para fora daquela festa.

Já estávamos na rua quando ela soltou minha mão, andou para um lado e para o outro, e começou a falar:

—Eu tenho dezessete anos, Duda. Dezessete, não quarenta, não cinco. Dezessete.

—Eu sei. –falei, mas ela me interrompeu:

—Pois é, mas é como se eu carregasse um peso gigante dentro de mim, muito maior do que eu posso carregar Eduardo, um peso insuportável. Eu me sinto uma velha aqui dentro, porque eu te amo e você... você não consegue nem mentir para si mesma, dizendo que me ama também.

—Eu amo você. –as palavras saíram.

—Para com isso. –seus olhos passaram pelos meus, mas depois ela focou no chão. –Eu sempre amo demais, sempre me ferro demais no final. É tudo demais, você sabe muito bem que eu sou assim. Me sinto cansada, mas você brinca comigo como se eu tivesse cinco aninhos de idade. A única vez que eu senti que você estava sendo verdadeiro comigo foi quando me disse, meses atrás, que não gostava de futebol, mas jogava pelo seu pai.

—O que você quer dizer? –perguntei, agora era eu que andava para um lado e para o outro.

—Não quero que brinque comigo. Não quero mais namorar, não quero mais nada!

—Eu não tenho nada com a Bia, Janu. Eu quero que ela vá se...

—Não tem nada a ver com a Beatriz, eu nunca gostei dela, e ela nunca gostou de mim, mesmo antes de você.

O silêncio permaneceu por alguns instantes, agora nós realmente olhávamos nos olhos um do outro.

—Então é isso? Acabou?

—Eu não quero mais esse peso. –ela sussurrou.

Pensei em pedir para ela ficar, eu me sentia meu pai ali, como se eu tivesse manipulado Janu todos os dias, só para ela terminar comigo e eu não ficar sendo o vilão da história, aquilo era tão a cara dele, que o mesmo fazia sem nem perceber. Me perguntei se talvez eu tenha mesmo feito aquilo, sem perceber. Só conseguia me odiar, quase me atrevi a bater em uma garota legal hoje, e agora aquilo... O que estava acontecendo?

—Eu acho que você precisa de um espaço também. Então, vou entrar, se quiser conversar mais depois, estarei aqui. –ela disse, seus braços estavam cruzados, mas então ela desfez o movimento, jogou as mãos para o alto, como se estivesse se rendendo de vez, e voltou para a festa.

Lembro-me de caminhar até o barzinho mais próximo e pedir uma bebida forte. Lembro-me deles me pedirem a identidade e eu oferecer uma nota de cem á eles. Lembro-me de me sentir sufocado.


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Notas finais do capítulo

E então? E então?
A vida do mauricinho também não é tão fácil assim, não é mesmo?!
Favor comentarem o que acharam, ok?
Vou me esforçar para não demorar mais de uma semana. Beijões! :*



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