A vida é como um enorme túnel cheio de pichações em que você passa em câmara lenta dentro de um carro. Você, decentemente só pode olhar para um lado de cada vez, cada desenho é um acontecimento. Você passa por milhares deles e ignora alguns, se perguntando se aquela foi a melhor opção. Você então chega a um ponto em que olhar para a frente é a única coisa que quer fazer, mas sabe que isso não vai adiantar, então volta a olhar as figuras na parede de concreto.

O rádio toca uma música que você não sabe de quem é as alturas, você perde os sentidos e não sabe mais o que se passa no mundo exterior. Quando percebe já está mergulhado ali a muito tempo, com as mãos pra fora da janela, sentindo o vento cortar a sua pele de uma maneira agradável.

Suas memorias começam a passar diante de você e todas parecem cair ao chão como vidro, se quebrando em milhões de pedaços que evaporam no ar. Um futuro parece próximo ao fim do túnel, mas você não tem pressa para alcançá-lo, só que curtir o momento um pouco mais.   

De repente alguém parece te tocar no ombro, é a sua consciência te dizendo que está na hora de acordar, você não quer, mas tem que ir.

Olhando para a frente e sentindo o momento se esvair, agora é a hora, e se ajeitando no banco do carro você fecha os olhos, segundos se passam e vocês estão fora do túnel. Os sons da metrópole te atordoam e doem os ouvidos, as luzes opacas dos postes batem com violência nos seus olhos e lá esta você, de volta na vida real novamente.

Olhando para trás, o túnel vai desaparecendo conforme você se afasta e tudo o que consegue sentir é um enorme vazio dentro de você. A vida real pode ser dura, pode ser vazia, mais acima de tudo, é tudo o que você tem agora.

A realidade nunca foi tão real.