PROLOGUE

“Eu me lembro das lágrimas escorrendo por seu rosto quando eu disse ‘Nunca te deixarei ir embora’. Quando todas as sombras quase apagaram sua luz.”

— Taylor Swift, Safe & Sound.

Tessa olhou pela janela tentando assimilar tudo o que havia acontecido. Lembrava-se de estar na escola quando tudo aconteceu; lembrava-se de estar sentada na escada, estudando, como se ninguém estivesse passando por ela.

E foi então que veio a noticia.

Lembrava-se de ter pensado que era apenas uma brincadeira de mau gosto, que sua irmã estava fazendo aquilo apenas para vê-la chorando, algum tipo de vingança por ela ter arrancado a cabeça do ursinho dela ou algo assim. Mas não. Não era mentira, não era vingança. Havia acontecido.

Tessa nunca foi muito chegada ao seu pai. Ele e sua mãe haviam se divorciado quando ela era muito jovem e, desde então, ele era apenas o homem que aparecia duas vezes por ano com presentes legais e ia embora. Mas isso não mudava o fato de que ele era seu pai, assim como não mudava o fato de que ela o amava.

E então veio o enterro. Por mais que seu pai estivesse em Nova York, haviam liberado o corpo para ser enterrado no Mausoléu da família em Beacon Hills. Aquele fora um de seus dias melhores. As pessoas vinham e deixavam seus pêsames, diziam que sentiam muito. Até mesmo o bullying que sofria na escola havia dado um tempo.

Por mais que ninguém gostasse dela, eles se compadeciam. E isso era o suficiente para Tessa saber que, no fundo daquelas almas, havia um coração.

E então veio a semana seguinte. Sua mãe parecia bem, havia voltado a trabalhar, afinal eram apenas três dias de luto antes de todos terem que voltar ao seu trabalho normal. Liv era a mesma de sempre; Tessa sequer se lembrava de tê-la visto chorar.

A única que parecia não ter se recuperado era ela. Não havia voltado para a escola, sequer pensava nisso. Não se sentia inteiramente pronta para isso.

Não se sentia pronta para voltar a ser a garota invisível, sozinha. A garota que era constantemente humilhada por todos. A garota fraca que não sabia se defender de nada nem ninguém.

“Eu posso te transformar em algo melhor, Theresa. A mordida é um dom.”.

Pegou seu celular, procurando o número dele nos contatos. Pensou em tudo que havia passado nos últimos anos, toda a humilhação que a fizeram passar, todos os momentos em que a fizeram se sentir invisível.

Estava cansada disso.

Encontrou seu número e clicou em cima de seu nome, colocando o celular no ouvido logo depois. Pensou se, em algum momento, poderia se arrepender de sua decisão.

Provavelmente sim, mas não queria pensar nisso. Não agora.

— Alô?

— Derek? É a Theresa — respirou fundo — Eu estou pronta.