Minhas mãos estavam doendo, mas não pude parar de escrever, enquanto ela fala me veio algo em mente.

— Eu tenho algo para dizer, você irá ouvir?

— Não, ainda. - Sua voz era abafada, mas carinhosa.

— Entendo, mas eu preciso muito falar. – Sorria olhando para meu celular.

— Manda por mensagem.

— Talvez, mas Julia me deixe dizer...

— Você sabe que não pode dizer nada.

— Eu sei, mas...

— Sem “mas”. Não me faça agir como sua mãe. - Risadas baixas ecoaram pelo quarto.

— Eu vou dizer, está pronta? - Provoquei com incerteza.

— Não diga. Nada. - A voz baixa ficou mais clara. Ela estava falando sério.

— Certeza que não quer que eu diga ainda?

Silêncio.

— Vou sair agora. Até mais.

— Sim, até mais tarde.

Júlia234 Online.

— Júlia?

— Sim?

— É mesmo você?

— Achou que nunca me veria, não é? – Ela estava com um vestido azul claro com uma tiara de gatinho. Seu sorriso era mais bonito do que eu imaginava no meu quarto.

— Na verdade nunca pensei nisso.

— Eu pensei. Está pronto? – A animação da sua voz era notável, ela olhava toda hora para o chão, desviando o olhar.

— Não.

— Nem eu. Vamos?

— E eu tenho alguma escolha?

— Tem, mas uma das opções é tortura e a outra é ir comigo. – Uma chuva de risos ecoou.

— Vamos logo então, já não consigo esperar.

As imagens que vi eram de carros e pessoas, muito movimento e cores fortes. Era de se esperar que aquilo seria assim, tinha sonhado e imaginado tudo aquilo várias vezes, mas não era nada certo, apenas uma imaginação fértil demais para uma pessoa.

— Chegamos. Olhe! Não é lindo? – Seus olhos brilhavam enquanto olhava para o pôr do sol. Ela estava num parque, cheio de árvore e vida. A paisagem era linda, o contraste entre o parque e os edifícios ao longe era de tirar o folego de qualquer um.

— Sim, maravilhoso. Onde nós estamos?

— Bom, num lugar onde eu tenho vindo bastante nas últimas semanas.

— Que bom que tem vindo aqui. Agora eu posso te dizer?

— Ainda não, vai estragar a minha surpresa.

— Oh! Tem alguma surpresa?

— Sim, você vai ver.

— Júlia?

Houve um momento de silêncio, ela estava mexendo na bolsa e tirou um livro de lá.

— Aqui está, não é bonito?

— Não sei o que responder.

— Sabe sim, você sempre tem as palavras certas.

— Não agora.

— Então minha missão foi cumprida. Devemos fazer isso mais vezes.

— Sim, seria bem legal.

— Até outro dia.

— Posso falar agora?

— Mande por mensagem, já disse. – Ela olhava para os lados quando me disse isso, e logo veio a despedida. – Tchauzinho.

Júlia234 Offline

— Tchau. – Estava sentado em meu quarto olhando o celular. Ela tinha ido.