Pretérito Imperfeito escrita por Lana Taisho


Capítulo 1
Ao pôr do sol.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Tudo bem? Quanto tempo, não?
Bem... Estou só de passagem.
Essa é uma ideia de One Shot curtinha Aokaga que tenho guardada há muito tempo aqui comigo, e hoje decidi postar. Nenhum motivo em particular, pois é algo totalmente diferente do que já escrevi. Espero que gostem...
Como sempre, tem música lá em baixo, se quiserem :)

Boa leitura meus anjos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702599/chapter/1

Aomine Daiki

Ele sempre vinha me encontrar. Hoje não seria diferente! Finalmente.

Há mais ou menos uns três meses, em todos os sábados, perto das 17h — quando o céu azul já tinha sua coloração substituída pelo intenso alaranjado —, lá estava ele, atravessando os portões de ferro, andando daquela maneira desengonçada por ser muito alto. Taiga com certeza não tinha noção do tamanho do corpo, pois era muito estabanado, entretanto eu gostava disso, achava quase fofo... Mas, infelizmente, ele jamais saberia.

Eu estava deitado na grama macia e verde, como sempre, apreciando o céu com um pequeno talo de qualquer matinho na boca. Era relaxante e eu podia divagar à vontade. Minha verdadeira zona de conforto. Quando eu me encontrava naquela situação, meu íntimo desejo era que o tempo passasse mais rápido, apenas almejando a chegada do sábado seguinte, e do outro, e do outro... Como se meu ciclo dependesse daquela visita. Parece coisa de menininha apaixonada, mas fazer o quê, eu sempre gostei do Taiga mesmo — desde a primeira Winter Cup, quando fomos derrotados pela Seirin. Ele não sabia disso também.

Assim que ouvi seus passos mais próximos farfalhando na grama, fingi desinteresse a princípio, como de costume, mas logo sentei-me para acompanhar sua chegada, apoiando minhas costas na lisa e grande pedra que ali havia. Claro que o sorriso surgiu de forma espontânea em meu rosto, não tinha como disfarçar a alegria que fazia minha alma inflar. Mas hoje, diferente dos outros dias, Taiga não sorriu de volta. Ele parecia triste — como nas primeiras vezes que veio me visitar aqui.

Naquele instante notei outra coisa que nunca disse a ele: Sempre achei legal a forma como o céu do final da tarde iluminava os fios vermelhos de seu cabelo rebelde, o deixava muito vivo e quente. Mais quente que geralmente era. Não vou conseguir dizer isso a ele jamais. Enfim, não quero pensar nisso agora...

O Bakagami está se aproximando, e mais uma vez ele está trazendo uma pequeno ramo de flores amarelas e bem bonitinhas. Que gay. Não entendo porque diabos ele insistia no amarelo, mas tudo bem. Não era nem de perto a minha cor preferida, era bem escandaloso pra ser sincero. Não que eu não gostasse do presente — porque isso sempre me arrancava outros sorrisos desnecessários —, mas a verdade é que aquilo me fazia recordar do Kise... Que não me visitava há um bom tempo por sinal. Filho da mãe tratante, falou que viria todas as semanas!  Nessas horas a gente descobre a importância que tem para as pessoas.

— Oi Aho! — Kagami lançou o sorriso charmoso de sempre, sentando-se com as pernas cruzadas na grama, logo à minha frente. Ele nunca olhava para o meu rosto, mas hoje parecia desviar propositalmente. Taiga continuou: — Espero que esteja bem. Pelo que te conheço, você deve estar com preguiça, no mínimo.

— É, acertou, como sempre! — Respondi com um meio sorriso, vendo-o colocar as flores próximo à meus pés. Elas tinham um cheiro quase imperceptível, mas vendo-as de perto eu pude perceber que estavam muito bonitas, amarradas por uma fitinha de cetim vermelha. Pareciam recém-colhidas.

— Trouxe isso para você. Mais uma vez. — Ele soltou uma leve risada triste, olhando para o ramo. — Acho que nunca te contei o significado delas, não é?

— Não. — Respondi com a voz arrastada, também olhando para as flores, agora com um pouco de curiosidade.

— Sei que amarelo não é sua cor favorita, e muito menos a minha... Lembra o metido do Kise, não é? Mas enfim, eu as trago mesmo assim. Acho que é o que mais encaixa com a gente. Ou pelo menos comigo. — Ele soltou uma breve risada nasal, arrancando pequenos tufos da grama crescida, de forma distraída. — São acácias amarelas, e elas simbolizam... Simbolizam, tipo... Nossa, até agora tenho vergonha de falar. — Kagami riu um pouco mais, ainda ocupado com a grama. — Enfim. Significa... Amor secreto. O amor secreto que sempre senti por você.

Percebi meu peito esquentar para valer naquele momento. Não era como se eu não imaginasse, mas ouvir as palavras saindo por aqueles lábios me trazia uma paz enorme, uma alegria sem tamanho e um incontestável alívio. A vontade de gritar que sentia algo assim apareceu instantaneamente, no entanto, como ultimamente vinha acontecendo, a voz ficou presa na garganta. E de qualquer forma, ele não seria capaz de me ouvir. Agora era tarde.

— Sei que pode ser bem estranho eu falar isso só nesse momento, mas eu realmente te amo, Aho. Desde sempre, eu acho. Lógico que deve ser unilateral, não é? Mas não faz mal... Não mais. — Ele continuou, com um pequeno sorriso triste, ainda olhando para os movimentos de seus próprios dedos na grama. Taiga murmurou:— Queria ter dito isso antes, antes de... Você sabe... De tudo acontecer. Eu me arrependo tanto. — Ele engoliu em seco antes de prosseguir. — Mas nós dois estávamos sempre brigando, sempre competindo por qualquer coisa, sempre nos provocando. Nunca deu tempo para conversar de verdade sobre coisas sérias, não é? — Ele suspirou fundo, erguendo o rosto para o céu vermelho. Seus olhos acenderam mais ainda com o reflexo do sol. Após longos segundos de silêncio, ele continuou: — Seu idiota, eu sinto sua falta, tá legal?

— Taiga... Eu estou aqui. — Eu suspirei, aproximando-me um pouco mais, porém ele parecia não perceber. Na verdade ele não podia perceber. As vezes eu criava a ilusão de que Taiga ainda seria capaz de ouvir meu coração quase explodindo quando ele se aproximava... Mas não era possível. Não mais.

— Sabe, eu queria que você estivesse aqui. Comigo. Por isso sempre venho te ver. — Kagami continuou, apoiando os cotovelos nas pernas cruzadas, nitidamente triste. — Eu tenho saudade, e quando venho aqui, de alguma forma eu sinto que você está presente. Tipo, próximo. Sei lá. Mas deve ser só coisa da minha cabeça, porque parece que foi ontem que nos vimos pela última vez. — Ele fungou rapidamente, coçando os cabelos em um certo desconforto. Taiga tinha esse costume besta de ficar incomodado com tudo, inseguro. — Sei que está soando de forma gay, mas eu realmente precisava que você soubesse disso antes de eu voltar para casa.

— Bakagami... — Balbuciei novamente, e inutilmente, sentindo a garganta secar ao tentar exclamar algo mais.

— Caralho Daiki, você não deveria ter... Ido. — A voz do ruivo soou um pouco chorosa, assim que ele fechou os olhos. — Droga... Parece uma ideia tão nada a ver, parece que não aconteceu. — Ele secou a discreta lágrima que desceu por sua bochecha. Fazia um bom tempo desde a última vez que ele chorou na minha frente. Isso me machucava, como se eu pudesse me afogar. — Acho que ainda não caiu a ficha para mim, sabe? Tipo... Parece que ontem a gente estava jogando basquete na quadra do Maji.  E não há três meses. Nossa, já faz três meses! — Kagami fungou mais uma vez, olhando para as flores amarelas. — Parece que faz muito menos tempo desde quando começamos a falar sobre o que faríamos depois da formatura do terceiro ano. Que estava muito chata, por sinal... — Ele soltou uma risada sem emoção. — Foi ontem, você sabe. E eu realmente usei seu Air Jordan com o terno.

— Idiota.. — Eu sorri fracamente, olhando para o rosto triste de Kagami. Estiquei o braço e realmente desejei poder secar as lágrimas que ali escorriam, já que elas me machucavam e o machucavam também, mas era tarde para isso. — Tenho certeza que ficou legal em você. — Comentei, abaixando o braço, que ainda estava na metade do percurso.

— Bem... Agora que estou aqui, preciso te contar outra coisa. — Ele disse, passando o indicador na trilha molhada que ficou em seu rosto minimamente sardento. — No White Day do ano passado eu fiz alguns chocolates pra você, platonicamente, claro. No final das contas até planejei te entregar, depois de um mano a mano nosso ou algo assim... Mas não tive coragem, óbvio, então comi tudo quando cheguei em casa. Ficou bom. — Ele riu, olhando para as próprias mãos, que agora tinham os dedos entrelaçados.

— Sempre foi uma menininha mesmo. — Sorri também, elevando a mão para, inutilmente, passar os dedos na face dele. Ele já não podia mais sentir. — Deveria ter entregue. Eu teria aceitado, com certeza. Ia ser estranho e eu ia fingir indiferença, mas por dentro eu ia estar feliz pra caralho. Sabe que sou orgulhoso, né?

— Hoje eu me arrependo  de não ter feito nada a respeito, sabe. — Kagami comentou, com os olhos desfocados, assim que os caninos começaram a desaparecer de seu sorriso. — Talvez se eu tivesse te dado o chocolate naquele dia, nosso destino seria diferente. Tudo poderia ter sido escrito de outra forma... E você ainda estaria aqui comigo. Acho que a gente poderia ir ao cinema hoje. Ou talvez ao Maji, onde você compraria seus hambúrgueres de teryaki de sempre. Poderíamos ir para qualquer lugar que você quisesse, mas não aqui. Jamais aqui.

— Não... Não diga essas coisas... — Eu tentei consolá-lo, e me consolar, tocando-lhe brevemente a mão. Queria poder fugir dessa condição, mas já não tinha mais volta. Eu mal conseguia falar. Parecia diminuir cada vez que tentava.

— Caralho, eu sou um idiota, sabe? — Taiga continuou, com as lágrimas umedecendo mais uma vez sua pele. — Eu deveria ter dito o quanto você era importante para mim, o quanto você mudou minha forma de perceber as coisas, o quanto eu sonhava em te abraçar, e até te beijar... Mesmo se não fosse correspondido. Droga, foram meses me enrolado, apenas imaginando situações e sentindo receio de falar a verdade. Quase dois anos sem conseguir admitir que eu te amava. — O ruivo começou a soluçar, escondendo o rosto em seus braços. — Desculpa, Aho. Agora você não está mais aqui comigo... Agora é tarde.

De forma inexplicável aquilo doeu, doeu mesmo, meu pulmão parecia se espremer dentro de mim. Não que eu tivesse um corpo físico para sentir, mas minha alma estava ali com ele, absorvendo cada pontada de sentimento, encolhendo cada vez mais. Em um impulso o abracei, mesmo ele não podendo me perceber, mesmo ele não podendo me sentir. Não mais. Já era tarde.

— Taiga... — Eu disse, apoiando meu rosto em seus cabelos ruivos. Tinha um cheiro bom demais, que eu já conhecia e memorizava desde as nossas partidas de basquete. Como era possível eu ter deixado isso tudo de lado por tanto tempo? Deveria ter dito antes a ele, poderia ter sido qualquer coisa, qualquer evidência... Maldito orgulho que me acorrentava!

— Só que agora é tarde demais para qualquer coisa. Muito tarde. — Ele afastou-se ao se endireitar. Tive que soltá-lo. — E hoje... Hoje vim me despedir. — Taiga murmurou, bagunçando um pouco os cabelos. — Estou voltando para casa. Para Los Angeles. Não queria fazer isso sem dizer que eu te amava.

— Não! — Exclamei, alarmado, realmente assustado com a ideia de tê-lo longe de mim. — Não! Você não pode ir. Eu fico aqui a semana inteira só para te esperar, Taiga! Minha vida (ou sei lá o que é isso) depende de você, do dia que te vejo. Você nunca percebeu, não é? Estou aqui por você!

Lógico que ele não me ouvia. Kagami não sabia que eu estava ali, ninguém sabia que eu estava preso. Eu me atrasei, procrastinei tudo. Me enrolei horrores para demonstrar o quanto ele era importante para mim, e agora já não podia mais fazer nada. Ele está indo embora sem saber que eu... Que eu... Também sinto 'aquilo'. Como vou viver aqui nesse jardim cheio de pedras lisas e polidas sabendo que o meu Bakagami nunca mais virá me visitar?

— Sei que você vai ficar bem. Deve estar em um lugar ótimo, cercado de pessoas boas. Provavelmente está rindo das coisas que vim te falar hoje, por ser tudo unilateral e platônico, mas tudo bem. Eu precisava falar. — Kagami fungou uma última vez com um mínimo sorriso, pegando novamente as flores em suas mãos. Após uma longa e triste pausa, ele continuou: — Fui na casa de sua mãe hoje para devolver o Air Jordan, mas ela insistiu que eu ficasse com ele. Vou levar para L.A. comigo, mesmo que eu não precise de um objeto para lembrar de você.

— Taiga...

— Mas mesmo não precisando de um objeto, fiz algo para a gente. É meio tarde para isso, mas fiz. — Ele olhou atento, através do meu corpo, para a maldita pedra às minhas costas. Odiava admitir que era minha lápide, mas era. Ainda assim prefiro chamá-la de pedra. — Aqui nessas flores está amarrada essa fitinha vermelha, está vendo? Hm... Então... Eu tenho uma fitinha azul que faz par, e ela sempre vai estar comigo. Simbolizando nossos cabelos, saca? — Ele sorriu desanimado, desatando a fitinha que segurava as flores. — Vou deixar isso aqui, com você, para que você nunca esqueça de mim... Porque, pode ter certeza absoluta, nunca vou esquecer de você. Nunca!

— Taiga... — Eu murmurei, sentindo novamente aquele calor bom me invadir, por mais que algo frio me diminuísse por dentro. — Eu... — Simplesmente não conseguia dizer. A falta das palavras me prendia. O orgulho me acorrentava àquele lugar, àquele momento, àquela condição. — Não vá... — Foi o que consegui dizer, vendo-o fixar com cuidado e segurança a fitinha em um detalhe da lápide.

— Eu te amo. — Kagami engoliu em seco, suspirando ao terminar o trabalho. — Seja bom, onde quer que você esteja.

Sem mais uma única palavra, Taiga levantou-se, chorando novamente. Eu me levantei também, não acreditando que ele realmente iria embora, que ele jamais voltaria para me ver. Como seria dali para frente? Pelo quê eu iria esperar todos os dias da semana? Eu tinha certeza que não conseguiria sair dali enquanto meu orgulho fosse mais poderoso que os meus sentimentos. Eu queria tanto gritar para ele como eu me sentia, o quanto... O quanto o... Am-... Ama-... A palavra simplesmente não saia, e cada tentativa frustrada me acorrentava mais. E agora ele estava indo embora...

— Adeus Aho. — Ele fungou e umedeceu os lábios antes de se afastar lentamente de costas, completamente relutante.

— Taiga, não! — Gritei com a força que consegui, como se suplicasse, e ele parou, ainda muito próximo. Não sei dizer se ele me ouviu, o que era absurdamente improvável, mas um alívio indescritível me invadiu novamente quando ele olhou para mim, mesmo sem me ver. E então tentei novamente: — Taiga! Eu... — Exclamei com toda a minha voz. — Eu te... Eu te a-... — As correntes invisíveis do orgulho me prendiam um pouco mais, e ele já se afastava novamente, conforme o sol se punha ao longe.

Se era complicado admitir o que eu sentia durante a vida, era terrivelmente mais difícil na morte. Se arrependimento matasse... Que frase ridícula.

O frio parecia voltar aos poucos, o frio que me invadia durante todos os dias da semana, até chegar o sábado, quando Taiga vinha me visitar e aquecer o que restou para mim. O sábado era um dia tão bom, reconfortante. E aquele seria o último. Eu sentia medo, mas sentia dor também... De alguma forma, mesmo sem corpo físico, eu sentia dor.

Se eu pudesse sumir, o faria naquele momento em que deixei-me cair de joelhos ao vê-lo cada vez mais distante. Cada passo de Taiga era mais meio metro que nos separava. Para sempre. E eu nunca disse absolutamente nada. Nem agora, quando tive uma última chance. Jamais conseguiria. Mas eu sentia! Sentia tantas coisas. Era forte! Verdadeiro! Por que não saia? Por que eu precisava ser tão orgulhoso?

Meu olhar baixou para a fitinha que ele deixou ao meu lado, já que não suportaria ver ele sumir assim. Ela era bastante vermelha, de cetim, e brilhava como o cabelo dele junto ao sol do final da tarde, como em todos os sábados. Toquei-a intuitivamente, e mais uma vez senti um alívio, como se a essência dele ainda estivesse ali, comigo. Seria meu conforto, minha força... Mas eu estaria sozinho, mesmo assim.

Não! Eu nunca estaria sozinho. Ele disse que nunca vai me esquecer. Ele disse que me ama. Kagami Taiga me ama!

— Eu também te amo, Taiga. — Sibilei involuntariamente para a fitinha, sentindo os nós da garganta sumirem, com a mesma facilidade que as palavras escapavam pelos meus lábios. O alívio era tão intenso que eu poderia chorar. Não sei como consegui dizer, parecia uma força invisível e brilhante. Era incrivelmente bom. — Eu te amo, eu te amo, Taiga! — Gritei, levantando-me às pressas para olhá-lo, não muito distante. — Bakagami, eu te amo! Olha para mim. Taiga! 

Ele parou e olhou para trás uma última vez, ao longe. Posso jurar que vi um leve e tímido sorriso em seus lábios. Ou talvez aquilo tudo pertencesse à minha imaginação, à sensação de liberdade e ao alívio que lavava minha alma e amolecia minhas pernas. Eu me dissolvia. Pela primeira vez em minha existência eu passei por cima de meu orgulho. Infelizmente foi tarde demais... No entanto agora eu estava em paz. Eu nunca seria esquecido. Eu fui amado... E amei, mesmo que secretamente. No entanto agora ele sabe. Eu sei que ele sabe. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fim :|
Diferente, não?

Músicas:
Faded - https://www.youtube.com/watch?v=60ItHLz5WEA
Stop Crying Your Heart Out - https://www.youtube.com/watch?v=JDrp1klJbV8