A Princesa e o Revolucionário escrita por Elaena Targaryen
Notas iniciais do capítulo
Desculpa ter demorado! Espero que gostem, boa leitura.
Éverux, 20 de dezembro de 1813.
Enjolras já estava impaciente, estava esperando Belle no quarto dela e ela já estava demorando demais. Tentava pensar nas coisas que eles puderam ter feito para que seu pai a chamasse em seu escritório. Ultimamente não fizeram nada de errado, a não ser aquele vaso de natal da sua mãe que eles quebraram sem querer. A culpa não é nossa que o vaso estava no nosso lugar de corrida, ele pensou. Mas também não poderia ser, isso aconteceu há uma semana e eles já tinham levado um puxão de orelha. Quando a porta se abriu, Enjolras se levantou do chão e viu Belle entrando e quando ia falar com ela, percebe que seu pai está lá também e é chamado por ele. Durante todo o caminho até o escritório, Enjolras estava tenso e seu pai não falava nada, para piorar a situação.
Quando entraram, seu pai pediu para que ele se sentasse e foi o que fez. Logo, ele começou uma conversa que Enjolras entendeu como apenas enrolação e pediu para ele falasse o que queria e foi ai que o menino percebeu que seu pai estava meio para baixo também.
-Enjolras, o que eu vou te dizer não vai ser uma coisa agradável. – seu pai começou e Enjolras pediu para ele continuar – Belle está indo embora.
-O que? – ele responde quase que imediatamente. Nunca esperava essa noticia, pensava que como seu pai era responsável por ela nunca teria que ir – Você tem a guarda dela não tem? Porque está mandando ela embora? – ele grita desesperado, não queria que ela fosse embora.
-Enjolras, o pai dela quer que ela vá... – Jean começa, mas é interrompido novamente por seu filho.
-Ele não queria saber dela até pouco tempo atrás, porque agora? – ele pergunta não desistindo facilmente.
-Por que ele é o pai dela e quer que Belle fique com a família dela.
-Nós somos a família dela – quando ele responde Jean percebe que nada poderia afetar a determinação de seu filho, ele queria que Belle ficasse.
-Sim Enjolras, nós somos. Mas eu não posso fazer nada em relação a isso, entenda o meu lado pelo amor de Deus. – Jean suplicou, mas seu filho não deu ouvidos e saiu em disparada – ENJOLRAS! VOLTE AQUI! – ele gritou em vão.
Ao sair do escritório, Enjolras fazia o caminho para o seu quarto. Sentiu seu rosto ficar molhado e foi quando percebeu que estava chorando. Não queria que Belle fosse embora, não sabia como ele poderia fazer todas as brincadeiras com ela. Ele nunca encontraria uma pessoa que o fizesse sentir do jeito que ela fazia. Parecia que eles viviam para fazer brincadeiras e se divertir juntos. Quando ia entrar em seu quarto, encarou a porta e se virou. A porta do quarto de Belle estava fechada, então em passos largos e pesados, Enjolras caminhou até a porta e a abriu com tudo. Queria explicações, não tinha certeza que ela poderia dá-las, mas sentia que tinha que falar com ela. Quando abriu a porta, percebeu que ele não era o único a chorar. Belle estava deitada na cama e chorando, como ele nunca tinha visto antes. Nesse momento, só conseguiu se mover para ir até ela que, agora estava o olhando. Subiu na cama e os dois se abraçaram.
-Eu não quero ir embora. – ela sussurra para ele.
-Você não precisa ir.
-Tio Jean falou que eu devo. – ela disse e ele suspirou – Ele falou que meu pai quer que eu vá para a Suíça.
-Isso não está certo...
-Enj! Por favor, faz um plano daqueles que só você sabe fazer para eu não ter que ir. Por favor. – ela falou olhando para ele e foi como uma luz que se acendeu imediatamente. Ele já tinha pensado em uma maneira.
-Você não poderá ir para a Suíça se você não estiver aqui no dia. – ele fala com um sorriso e ela levanta uma das sobrancelhas. – A gente vai ter fugir. – ele fala e Belle arregala os olhos.
-Fugir Enj? Tem certeza que não há outra maneira? – ela perguntou, mas não deu nem tempo para ele responder, sua mãe abriu a porta, falando que iria ajudar Belle a arrumar as malas, porque logo de manhã ela já iria partir.
Sua mãe havia dito que na parte da tarde eles ficariam brincando e então, ele foi para o seu quarto para pensar em como eles sairiam dali sem serem vistos. Seu pai com certeza iria colocar guardas perto de Belle e isso iria dificultar as coisas. Lembrou-se subitamente de algumas passagens escondidas que davam direto para o jardim. Eles iriam para lá a noite e, como ele sabia que Belle tinha medo do escuro, levaria um lampião para que passassem a noite perto da árvore que costumam ver vagalumes, assim, bem de manhãzinha, eles iriam começar a caminhada até chegar na vila mais próxima.
A parte da tarde não fora muito alegre. Os dois estavam com uma cara de choro e se recusavam a falar com qualquer pessoa, só conversavam um com o outro. Logo na primeira oportunidade que teve, Enjolras contou seu plano à Belle. Não era o melhor, é verdade, mas fez o melhor que conseguiu nesse curto espaço de tempo. Na hora do jantar o clima estava terrível na mesa, as crianças não haviam sequer tocado na comida e Jean percebeu. Ele também não queria que Belle fosse embora, com o passar do tempo, se afeiçoou à princesa e tinha certeza que sua esposa também, principalmente depois que deu a luz a uma menina natimorta. No entanto, tinha que fazer como seu Rei ordenou. Manda-la para a Suíça realmente era uma boa opção. Napoleão estava voltando fraco e derrotado da guerra contra a Rússia e o momento de transferi-la era este, não teriam uma oportunidade tão boa assim. O Rei já havia mandado o soldado Pierre para escoltar a princesa, mas ninguém sabia.
Quando foram dispensados, Belle e Enjolras foram para os seus respectivos quartos, mas antes de entrar, Enjolras avisou a menina para que deixasse a porta aberta um pouco, para que ele fosse chamá-la quando desse a hora e foi o que ela fez. Já era madrugada e todos estavam dormindo, assim, Enjolras foi até Belle e a acordou. Os dois fizeram silêncio e conseguiram sair para o jardim. Como ele já esperava, Belle pediu para que eles ficassem lá até amanhecer, para que só com a luz do dia eles continuassem o caminho até a vila. Sentaram-se debaixo da árvore e ficaram ali. Quando Belle caiu no sono novamente, Enjolras se permitiu fechar os olhos.
Pierre não havia conseguido dormir direito e não sabia por quê. Nem tinha começado a aparecer os raios do sol e ele já estava de pé. Decidiu que iria checar Belle. Ele sabia que ela estava sendo muito bem cuidada, mas se preocupava com o psicológico dela e como ela iria reagir daqui para a frente. Quando chegou ao corredor notou que a porta do quarto dela e a porta da frente estavam abertas e achou estranho. Andou mais cautelosamente e quando chegou ao quarto dela, notou que a princesa não se encontrava e saiu correndo avisar Jean. Bateu com força e muito rápido à porta. Quando o homem abriu e perguntou o que estava acontecendo, falou que Belle havia sumido e o que tinha visto.
-Enjolras. – ele falou num tom irritado e Pierre percebeu que o filho dele teria ajudado Belle a fugir. – GUARDAS! – ele gritou e alguns homens se juntaram – Acordem todos, Belle e Enjolras sumiram. Eu não quero ninguém descansando enquanto os dois não estiverem aqui, entenderam? – ele falou e os guardas apenas concordaram e já foram fazer que que lhes foi ordenado. Pierre e Jean também foram participar das buscas.
Enjolras acordou e ouviu algumas vozes. No mesmo instante acordou Belle e fez um sinal de silêncio. Eles levantaram e foram em direção de uma estradinha de terra que tinha, de lá poderiam chegar até a vila. Conseguiram fazer o máximo de silêncio, mas quando estavam quase atingindo a estradinha, ouviram um grito “ALI! ACHEI ELES!”. Olharam para trás e viram que mais guardas estavam vindo na direção.
-Belle, corre! – Enjolras falou e os dois começaram a correr.
Belle queria escapar, ela queria viver uma vida normal e feliz, sem as preocupações e o mais importante, do lado de Enjolras. Ela não queria o deixar e foi por isso que aceitou todo esse plano. Conseguiram ainda alcançar a estrada, mas foi por pouco tempo. Sentiu braços a agarrarem e viu que o mesmo havia acontecido com seu amigo.
-NÃOO. – ela gritava – ME SOLTE! DEIXE-ME IR – ela continuava a gritar e se debatia.
-BELLE! – ouvia Enjolras gritar.
-Calma princesa, vai ficar tudo bem. – o homem que a havia pegado sussurrou para ela – Sou um amigo do seu pai, vim aqui para te escoltar até a Suíça. Meu nome é Pierre – ele disse, mas de nada adiantou. Ela continuava a gritar e a chorar. Não queria ir embora.
Quando voltaram para a casa, Belle foi levada para o seu quarto para trocar de roupa. Ela iria partir agora. Enjolras foi levado para o quarto de seus pais. Lá, ele ouviu a maior bronca da vida dele, mas tudo o que conseguia pensar era que não queria que Belle fosse embora.
-O que você tinha na cabeça? – seu pai perguntou e ele começou a chorar tudo de novo.
-Eu só queria que ela ficasse – ele sussurrou chorando e sentiu sua mãe o abraçar e beijar sua cabeça. Agarrou os braços de sua mãe e não queria soltar. Depois viu que seu pai se aproximou e o escutou pedir desculpa, mas não havia nada que ele pudesse fazer.
Ele estava do lado de fora da casa. Belle já tinha se despedido de seu pai, agora estava abraçando a sua mãe. Enjolras não havia parado de chorar até agora e quando viu Belle na sua frente, viu que ela também não. Ambos se abraçaram pelo o que pareceu décadas, mas estavam completamente quebrados por dentro. Enjolras a fez prometer que ela não se esqueceria dele e ela fez o mesmo. Seu pai segurava a sua mão, na tentativa de segurá-lo. Viu Belle entrar na carruagem e chorou ainda mais. Isso é verdade, ela está mesmo indo embora, pensou. Percebeu que dava para vê-la por trás da carruagem. Ela também ainda estava chorando.
Quando a carruagem começou a sair, não aguentou. Puxou com tudo sua mão e consegiu sair de perto de seu pai. Enjolras correu atrás da carruagem até um momento que ela começou a ir mais rápido. Gritava o nome de Belle, mas sabia que nada a traria de volta, pelo menos não agora. Parou e caiu de joelhos na estrada, ainda chorando. Sentiu uma mão em seu ombro e viu que era seu pai. Por um momento, ele lhe ofereceu um sorriso reconfortante e se abaixou para envolvê-lo em um abraço. Enjolras estava quebrado por dentro e, tinha certeza que esse Natal, seria o pior de todos.
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