The Adventure of Melanie H. escrita por Raura


Capítulo 1
Melanie A. H.


Notas iniciais do capítulo

Tenho a honra de lhes apresentar sua excelência, a pequena Melanie.

Façam um boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702572/chapter/1

De repente seu plano não pareceu mais tão brilhante, não enquanto balançava seus pés esperando sentada, pensando no que lhe esperava quando fosse encontrada.

Tinha tirado proveito do fato de ter chegado mais cedo para passar naquele lugar antes, olhou ao redor achando tudo aquilo incrível, suspirou baixinho, mesmo com a certeza do castigo que receberia, esperaria que valesse a pena no final das contas.

O detetive saiu do quarto vestido confortavelmente como costumava ficar quando estava em casa: roupão por cima de suas roupas sociais. Pegou o jornal e uma xícara de chá deixados em cima da mesinha pela senhora Hudson e sentou em sua poltrona, então notou algo diferente no apartamento.

— Senhora Hudson?! – Sherlock levantou-se chamando, deixou o chá e o jornal na mesinha foi até a porta, entreabriu-a chamando novamente. — Senhora Hudson?!

— O que aconteceu? – a voz da senhora veio do andar debaixo.

— Tem uma criança sentada na minha sala, por quê?

— É uma cliente, não é?

Observou Sherlock fechar a porta e vir na sua direção, ele parou na sua frente abaixando o olhar na sua direção, daquele ângulo ele parecia muito alto e bem intimidador, assim as coisas não teriam graça. Não abriu a boca, apenas fez um sinal com a pequena mão pedindo que se aproximasse, esperou Sherlock se abaixar ficando na sua altura para começar a falar.

— Perfeito! Todos os adultos conversam comigo na mesma altura e também não gosto de me sentir mais pequena que já sou.

— Menor. – Sherlock corrigiu. — Quem é você?

— Melanie, é um prazer conhecê-lo senhor Sherlock Holmes.

Sherlock encarou a menina na sua frente, cabelos castanhos claros, olhos verdes, idade entre quatro e seis anos, um rosto de certa forma familiar. Estava meticulosamente vestida, desde os sapatos de boneca, o vestido rodado e o laço na cabeça – certamente era a menina dos olhos dos pais. Tinha uma dicção boa, olhava tudo ao redor com atenção – certamente uma criatura curiosa – o que ela fazia ali?

— Espero que não tenha vindo aqui para me pedir que resolva o sumiço de algum bichinho de estimação seu.

— Já ouvi essa história, era Blue alguma coisa né?

— Bluebell. – Sherlock levantou-se rumando a janela, Melanie saltou do sofá e seguiu-o até a poltrona dele.

— Também sei tocar. – Melanie comentou ao ver o detetive pegando o violino. — E piano, mamãe não quis mim deixar ter aulas com o órgão.

— Me. – Sherlock corrigiu a menina novamente. — O que veio fazer aqui? Onde estão seus pais ou algum responsável?

— Minha prima vai ficar comigo, ela sempre me conta histórias muito legais sobre você, eu queria muito te conhecer pra saber se não era mentira e como vim para Londres decidi passar o dia todo aqui.

— Onde está sua prima?

— Trabalhando, eu acho... – Melanie hesita pensando na bronca que levaria.

— Alguém sabe que está aqui? – Sherlock deixou o violino de lado e pegou seu celular, ligaria para Lestrade e pediria que ele encontrasse os responsáveis daquela criança. — Fique quietinha aqui enquanto tento encontrar algum conhecido seu.

— Não faz isso, por favor! – a menina pediu seguindo Sherlock. — Eu aviso mamãe que estou aqui, juro juradinho de dedinho se você quiser! – sabia que seus olhos deviam estar marejados, ainda não queria ir embora.

— Qual seu sobrenome? – o detetive encarava a menina que ameaçava chorar a qualquer momento. — Como veio parar aqui?

— De táxi, oras.

— Seu sobrenome.

— Já sei. – a menina gesticulou para que Sherlock se abaixasse novamente. — Vamos fazer um trato, se você me deixar passar o dia com você eu deixo que ligue para minha prima. – estendeu a pequena mãozinha. — Temos um trato?

— Como quiser. – o rosto da menina se iluminou com um sorriso de covinhas assim que apertaram as mãos. Sabia que podia ter problemas por deixar que ela ficasse, daria um jeito de descobrir seu sobrenome antes que isso acontecesse.

Sherlock descobriu que Melanie era mais inteligente que a maioria das crianças naquela idade, gostava de aprender sobre as coisas e ser estimulada a pensar. Depois de muita insistência da parte dela para ser levada no que ela chamou de ‘expedição para resolver mistérios’, conseguiu convencê-la de que não era lugar para uma criança com a condição de que ensinaria alguma experiência a ela.

Devia ser por volta do meio dia quando Melanie reclamou estar com fome, Sherlock desceu até a cozinha da senhora Hudson e mandou uma mensagem para John. Pouco tempo depois o médico aparecia na Baker Street com um saco de batatas fritas para viagem.

— Você chamou o doutor Watson! – Melanie deixou a partida de xadrez que jogava com o detetive de lado para cumprimentar o médico.

John naturalmente desaprovou o comportamento de Melanie e Sherlock, a criança por ter deixado os responsáveis preocupados e o mais velho por compactuar com isso. Sim, tinha achado a menina encantadora e até entendia as razões para o amigo ter deixado que ela ficasse ali, sabia que ele não queria decepcionar uma criatura com potencial e que o admirava.

Saiu do apartamento mais aliviado quando Sherlock confidenciou que já tinha descoberto quem eram os parentes de Melanie, já tinha até mandado uma mensagem e não demoraria aparecerem a sua procura.

. . . . . . .

Estava surtando, afinal quando foi buscar Melanie e ela não estava no lugar combinado era inevitável pensar em possibilidades nada animadoras.

Onde ela estava? Perdida? Sequestrada? Não conseguia evitar pensar no pior, ela podia ser esperta demais para a idade dela, mas ela ainda era uma criança. Uma criança que podia estar em qualquer lugar de Londres.

Precisava se controlar e se acalmar, teria que avisar seus tios. Ou não, talvez pudesse encontrá-la antes, sabia exatamente a quem recorrer. Sentiu o celular vibrar no bolso com o toque de mensagens, pegou o aparelho para olhar quem era, parecia que tinha o chamado em voz alta.

“Baker Street. Melanie está bem. –SH”

Respirou aliviada, pegou seu casaco e sai correndo para entrar no primeiro táxi que aparecesse. Dessa vez Melanie tinha se superado, queria só ver a história que ela inventaria e depois sorriria inocente mostrando suas covinhas para tentar fugir do castigo. Bufou, o que importava era que ela estava bem e segura.

. . . . . . .

De todas as cenas que já viu acontecer na Baker Street, nunca imaginaria que Sherlock ensinando experimentos para uma criança de cinco seria algo que veria. Quando abriu a porta do 221B ouviu vozes vindas do que deveria ser a cozinha do apartamento, foi até lá e encontrou Sherlock e Melanie fazendo um projeto de vulcão caseiro com bicarbonato.

— Melanie Allen Hooper, explicação agora! – fez-se notar, a cabeça de ambos viraram na sua direção.

— Eu queria conhecer o Sherlock. Muito. Pra ter certeza que ele não era um herói inventado. – a menina disse torcendo os dedos manchados com corante vermelho. — Vem ver o que estamos fazendo! Ele não quis me levar para ver os mistérios.

— Ah Melanie! – Molly foi até o banquinho onde a menina estava sentada e abraçou-a.

— Me desculpa Molly.

— Nunca mais faça isso! Quase me matou de preocupação quando fui te buscar e não te encontrei, eu pensei no pior sabia? Meus tios iriam me matar.

— Está tudo bem fiquei com Sherlock, ele me deu batatas fritas e me ensinou até uma tal de como chama... Estética.

— Estática – Sherlock que até então não tinha dito nada corrigiu Melanie, estava distraído encarando as duas e comparando as semelhanças entre elas. Por isso o rosto da menina lhe era familiar, Molly e Melanie eram primas, mas podiam se passar tranquilamente por mãe e filha se quisessem – era como se a menina fosse a versão criança da mais velha só que de olhos claros.

— Sherlock, como você descobriu? – Melanie quis saber, antes de se explicar Sherlock sorriu para ela como se a resposta fosse óbvia demais até para ela e seus cinco anos.

— Você deixou suas malas lá embaixo, quando desci vi seu nome nelas, só conheço uma Hooper em Londres e por coincidência tenho seu número nos meus contatos, mandei uma mensagem para tranquilizá-la imaginando que estava a ponto de chamar a polícia, não queria ver Donavan vindo atrás de mim me acusando de sequestro.

— Touché monsieur Holmes. — Melanie disse, estivera tão distraída que nem se lembrou da identificação nas suas malas.

— Parlez vouz français?* — Sherlock perguntou.

— Oui, un peu.*— respondeu orgulhosa.

— Muito bem Melanie, chega de se exibir e de alugar Sherlock, vamos. – Molly ajudou a menina a descer do banco. — Vá lavar as mãos!

— Por favor Molly, não conte a mamãe.

— Me dê uma razão para isso.

Melanie gesticulou para que Molly se abaixasse para que pudesse cochilar em sua orelha – o que quer que ela tenha dito fez Molly corar, depois saiu saltitando em direção ao banheiro.

— Não fique brava com ela Molly.

Pronto, Melanie tinha arrumado um advogado defesa, pensou Molly.

— Eu não vou, mas preciso ser firme com ela para que não pense que pode fazer o que bem entende, deve ter notado o quanto ela é esperta, na próxima vez que ela decidir se aventurar posso encontrá-la desbravando os jardins do Palácio de Buckingham!

— Ah sim, ela se recusou a me dizer seu sobrenome.

Sherlock encarava Molly curioso, o quanto ela ficaria vermelha se ele comentasse sobre a maneira que Melanie tinha dito como a prima o descrevia? Não teve tempo de descobrir, a menina voltava para sala saltitando.

— Despeça-se de Sherlock, vou pegar suas coisas e chamar um táxi.

— Molly... – Sherlock a chamou quando estava indo em direção à porta, alcançou-a e segurou seu pulso, oh sim... Desconfiava sim, mas tinha algumas dúvidas após o que encontrou quando voltou da queda em Reichenbach, agora devia um segredo a Melanie. — Nos vemos depois. – beijou a bochecha dela fazendo-a corar.

— S-sim. – gaguejou por ser pega de surpresa pela atitude do detetive, não era do feitio de Sherlock ser dado a contato físico.

— Preciso ir... – Melanie comentou fazendo bico, nem tinha tido tempo de ter uma aventura completa com Sherlock.

— Volte quando quiser, Melanie Allen Hooper. – o detetive abaixou-se e a menina lhe deu um abraço apertado. — A propósito, você pode guardar um segredo? – a menina concordou e estendeu o dedo mindinho, juntou o seu ao dela e depois sussurrou em seu ouvido.

Molly esperava Melanie perto da porta do apartamento, quando a menina desceu estava usando o ‘chapéu engraçado’ de Sherlock. A menina sorria de orelha a orelha com uma expressão era de quem tinha aprontado ou iria aprontar algo.

— O que está maquinando Melanie? Posso ver rodas dentadas girando sobre sua cabeça. – perguntou quando entraram no táxi.

— Um segredo da minha aventura. – respondeu sorrindo para Molly. Apesar de uma parte sua querer muito contar para ela, tinha feito uma promessa de mindinho, por isso o guardaria a sete chaves. Longe dela contar um segredo que Sherlock Holmes lhe confiara!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

— Você fala francês?*
— Sim, um pouco*

~*~*~

Sobre o parentesco entre Melanie e Molly, o pai dela é irmão da mãe de Molly.
Não resisti e coloquei uma pitada de sherlolly x3

~*~*~

Me digam o que acharam da história!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Adventure of Melanie H." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.