20 anos depois

Andava pela trilha com os pés descalços, roupas molhadas e um sorriso no rosto. Aquele era o primeiro dia que foi autorizada de ir mais longe do castelo, e estava radiante.

Seu destino havia sido um lago sem nome, situado no Noroeste da imensa floresta que cercava o reino. E era de lá que estava voltando naquele momento. Ou deveria estar. Estava no lago, quando percebeu que já era hora de ir. Saiu da água, e enquanto colocava suas roupas, avistou, de longe, um campo imenso, cheio de flores. E é claro que teve de ir até lá. Poucas pessoas sabiam, mas ela amava flores. Era fascinada por elas, por suas cores, fragrâncias e formatos diferentes.

Não demorou muito tempo para ir do lago até as flores, mas passou muito tempo lá. Observou-as, deitou-se no meio delas, sentiu seus perfumes excêntricos. Apreciou-as até o último minuto que passou no lugar. Teria ficado mais tempo se não fosse por um barulho que a tirou de seus pensamentos e a lembrou que já era tarde, e que deveria voltar.

Recolheu suas coisas, e em um rápido vislumbre pensou ter visto a ponta de uma torre de um castelo. Mas aquela ideia era insana, como poderia haver um castelo no meio da floresta, sem que ela tivesse ao menos conhecimento de? Os pensamentos confundiam sua mente, então simplesmente disse a si mesma que deveria ser o cansaço fazendo-a ver coisas. Ela, porém, ainda não acreditava naquilo. Jurava ter visto uma torre de castelo, e não conseguiria tirar da mente a ideia de haver um castelo no meio da floresta. Decidiu, então, que no próximo dia iria retornar àquele lugar na esperança de encontrar o castelo.

Sabendo que estava atrasada, andou mais rápido do que normalmente para chegar no palácio um pouco mais cedo. Quando chegou, seus pais já esperavam sua chegada. E não ficaram nem um pouco contentes com sua demora.

“Onde estava até agora?”, sua mãe examinava todas as partes de seu corpo, para ter certeza de que não estava machucada, “O que aconteceu? Está machucada? Você se perdeu? Eu disse que ela não deveria ter ido tão longe!”, seu olhar alternava entre Emma e Charming, indo de preocupada para ‘eu  avisei’.

“Mãe, eu estou bem. Demorei mais simplesmente porque fiquei mais tempo no lago”, falava calmamente e tentava acalmar sua mãe, que aos poucos foi diminuindo a intensidade de seu ataque até o ponto onde conseguissem conversar.

Já na sala de jantar, conversavam sobre as aventuras de Emma de um jeito mais civilizado, enquanto comiam.

“Então, o que achou da floresta?”, a pergunta de seu pai instantaneamente a fez lembrar da torre que pensava ter visto lá.

“Achei-a grande. E confusa. Mas consegui andar por ela”, disse, e deu uma garfada em seu prato de comida. Normalmente, sua mãe iria reclamar do fato que comia muito rápido, mas naquele dia não houve nenhum comentário, “Enquanto estava na floresta, juro ter visto a ponta de uma torre de um castelo. Vocês sabem alguma coisa sobre um castelo no meio da floresta?”, pergunta, esperançosa.

Houve uma pausa na respiração de sua mãe, e ela e seu pai se encararam por um tempo, ambos com caras preocupadas. Emma ficou confusa. Estariam eles escondendo algo dela?

“Não seja tola, Emma. Não acha que, se houvesse um castelo no meio da floresta, iriamos contar para você? Você devia estar tendo visões”, quando falou, a voz de sua mãe parecia estar tensa, e suas mãos tremiam.

“Sim, deve ter sido isso”, tinha certeza de que estavam escondendo algo dela, e ela tinha que descobrir o que era.

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Ao escutar a conversa e ver a reação de Snow, a Rainha teve um impulso grande de raiva, derrubando tudo o que se encontrava no móvel a sua frente no chão.

Desde o nascimento da princesa Emma, a Rainha Má observava cada passo que a menina dava. De suas aventuras na floresta até momentos mais íntimos, como suas conversas com seus pais à mesa de jantar, a Rainha estava observando.

Alguns chamariam isso de perseguição, mas ela chamava de observação. Até porque, não havia muita coisa para se fazer dentro de sua prisão domiciliar. E, se não se mantivesse entretida, as vozes começariam a aparecer, e a levariam à loucura.

Naquele momento, vendo Snow e Charming mentindo na cara de sua filha, sentiu seu sangue ferver. Emma, entretanto, tinha no rosto uma expressão que dizia que estava planejando algo. Seus pais não percebiam, estavam muito preocupados com o fato de Emma ter visto o castelo de Regina.

Perguntava-se o que a garota estava planejando. Mas no dia seguinte iria ver. Ela sempre via.