Crianças não tem preconceito. É dito por muitas pessoas que a sociedade que desenvolve o preconceito, mas que crianças não julgam outras pessoas.

Um menino e uma menina brincavam juntos. Todos os dias, no mesmo lugar. Nenhum deles prestava atenção nos comentários das mulheres que passavam.

“Ah, que vergonha uma menina estar andando junto com um menino.”

“Ela ainda não sabe o quão inúteis os homens são.”

“Ela vai aprender com o tempo como que o mundo é.”

“É melhor ela parar de andar com ele. Nunca se sabe o que alguém sem poderes pode fazer.”

Mesmo ouvindo esses comentários maldosos todos os dias, os dois continuavam com a sua amizade. Todo dia se encontravam e passavam o dia juntos. Deviam ter cerca de oito anos.

— Nós vamos ser amigos para sempre, não é? — Perguntou a menina enquanto eles brincavam um dia.

— Claro! Para todo, todo o sempre! — Respondeu o menino animado.

— Não importa quanto tempo nós fiquemos sem nos ver? Mesmo se ficarmos anos sem nos ver, vamos continuar sendo amigos? — Perguntou a menina preocupada.

— Sim! Serei seu amigo, mesmo se não pudermos nos ver! — Respondeu o menino sorridente.

Eles se despediram e cada um foi para a sua casa. A menina com os seus cabelos negros balançando com o vento. O menino coçando a cabeça com as suas mãos cobertas com luvas.

No dia seguinte, as duas crianças se encontraram novamente, como sempre. A menina estava desenhando no chão. Com tinta vermelha ela tinha pintado uma estrela dentro de um círculo.

A menina disse que tinha uma notícia ruim para contar. Ia viajar. Não sabia por quanto tempo ficaria longe.

— Não vou ficar triste, pois você me falou que seremos amigos para sempre. — Disse ela com um sorriso triste.

— Sim. Estarei sempre te esperando! — Falou o menino acenando com a cabeça.

A menina se aproximou dele. Seu sorriso continuava no rosto, mas o menino teve um sentimento diferente quando viu.

— Que ótimo! Estou tão feliz que te darei um presente! — Disse a menina, colocando as mãos na bochecha do menino.

— O que você... — O menino tentou se afastar.

O lindo sorriso no rosto da menina tinha sumido. A cara dela estava diferente. Ela ria como se estivesse louca. Era como se fosse uma pessoa totalmente diferente do que ele conhecia.

— Ó chamas do vácuo que dominam o submundo...

A menina ergueu os braços e começou a gritar. O desenho no chão começou a brilhar. O menino percebeu que algo escorria no braço da menina. Algo vermelho.

— Siga o meu chamado e traga caos ao mundo!

A menina parou de gritar e no mesmo instante algo explodiu perto deles. O menino voou por alguns metros e caiu no chão. Levantando a cabeça, desespero tomou conta do seu coração.

Um dragão gigante, com escamas negras e olhos acinzentados estava parado atrás da menina. O quão grande ele era? O menino não conseguia saber, mas devia ter mais do que vinte metros.

— Espero que possamos nos ver de novo. — Disse a menina, com o seu sorriso meigo novamente no rosto.

Esse dia um pedaço do mundo sumiu. Uma cidade inteira desapareceu do mapa sem nenhum motivo aparente. No seu lugar, apenas uma terra infértil e poeira restou. Futuramente, esse evento seria conhecido como o Desastre de Liere.

Número estimado de sobreviventes: zero.