Eu estava até resistindo á tudo, mais do que eu pensava que resistiria. Mas uma coisa eu queria saber: até quando eu teria que viver no mesmo teto que uma mãe super protetora e autoritária? Acreditei seriamente que começar outra conversa geraria uma briga, por isso evitei.

Qualquer conversa não seria possível. Minha mãe enxergava um direito que não existia! Ela não podia fazer isso! Ela é minha mãe, deveria me apoiar, não retirar-me do apartamento ( mesmo que este tenha tido a entrada paga por ela).

Deitada na cama, vários pensamentos invadiam minha mente sem permissão alguma, passei a notar que a falta do que fazer tornava meus problemas pessoas muito doloridos e intoleráveis. Respirei fundo, a agonia tomava conta de mim. Lembrei-me do convite feito por Eloisa e imaginei como seria ir à festa, talvez me ajudaria a esquecer o Adam. Não era isso que ele parecia estar querendo mesmo?

__ Tenho que me lembrar de falar com ela que eu vou para a festa. __ disse a mim mesma, levantando da cama, cambaleando um pouco de cansaço. Sentei em frente ao espelho e dei uma leve arrumada com a escova.

Despi-me vagarosamente e entrei no banheiro enrolada na toalha. Entrei em baixo do chuveiro, a água parecia estar na temperatura perfeita para uma noite fria como era aquela. Molhando o cabelo, me veio á cabeça os momentos que estive com o Adam...

Era uma tarde de domingo e estava muito frio na cidade. Sentada no sofá, Adam estava do meu lado e me acolhia em um abraço confortador. Entre alguns pequenos beijos eu liguei a televisão.

__ Vamos colocar o DVD?

__ Se você quiser...

Colocamos o DVD, ele me dava algumas torradas acompanhadas com um ótimo chocolate quente, nunca me senti tão segura e amada, um momento romântico e perfeito para qualquer uma. Seus lábios adocicados me faziam pedir mais e mais beijos,  fazendo o filme perder a sua importância.

…

Sentindo um puxão no braço, eu caí sobre ele, que arrancou de mim um beijo. Eu queria aquilo e adoravam, seus braços fortes apertavam contra ele enquanto eu cedia ao beijo.

O calor predominava e eu permanecia eufórica, acariciando seus cabelos. Como algo poderia ser tão criticado e ser tão bom ao mesmo tempo?

O mundo poderia parar o relógio da vida, eu não iria me importar, era ali que eu queria ficar. Meu coração batia em ritmo frenético e acelerado.

Sua boca percorria pelo meu pescoço e nada eu fazia para evitar, até porque eu não teria motivo para fazer isso. Deixei que toda aquela perfeição do momento me guiasse.

…

__ Eu não sei bem como dizer, mas é bom a gente parar por aqui.

Espantei-me com o que ele disse e perguntei abalada.

__ O que você quer dizer com isso?__ olhava pra ele. Estar conversando com ele naquele clima temeroso apertava-me o coração. Não estava com pressentimento muito bom.

__ Olha Kris... Eu não quero piorar as coisas para você. Sua mãe não gosta de mim e pode ser que ela saiba mesmo o que é melhor pra você.

__Arg! Oque eu faço pra esquecê-lo de uma vez? __ gritei comigo mesma, puxando mechas do meu cabelo com as duas mãos. Eu me sentia fracassada, nunca me vi tão dependente de uma pessoa, nem da minha mãe e isso me deixou apreensiva. Ele não serve pra mim, ele desistiu de lutar pelo nosso amor e pra mim isso mostra só que ele não dava o mesmo valor que eu á tudo que passamos, porém algo não me convence disso!

Ensaboei-me mais embaixo do chuveiro e então o liguei para me enxaguar, lavei o rosto e etc. Recolhi a toalha e novamente me enrolei nela para sair do banho.

Bem, eu revi e concordei com o seguinte fato: ficar ali só me lamentando não ajudaria em nada, recolhi meu celular de cima do livro da estante e disquei o número da Eloisa. Uma noite diferente de festa me ajudaria. Não faz mal. certo?

__ Eloisa! É a Kris quem está falando... eu vou sim nessa festa! __ disse, querendo ir direto ao assunto, eu daria uma espécie de troco e iria também melhorar o meu humor assim que eu esquecesse o Adam.

__ Ai, que bom! Se ele te deixou solteira você tem mesmo é que curtir, garota!__ Ela concordou comigo, bem animada por sinal.

__ Ha há! Está falando igual uma adolescente que vai pra boate! __ Eu dei uma gargalhada.

__ Nossa amiga! Não zoa com a minha cara, não! Até amanhã, viu?

__ Até, tchau!

Bem, como dizem algumas por aí: solteira sim, sozinha nunca! Porque eu teria que ficar chorando por ele? Eu não quero mais ser assim... Vou conhecer mais gente, viver a minha vida, e goste de mim quem queira gostar! Não quero que um dia ele volte e fique zombando da minha cara no momento em que ver que senti muita falta dele. Não vou dar motivos para que ele se autodenomine um "conquistador".

Encarei a janela e fechei tanto ela quanto as cortinas. Imaginei-me na festa, algo tão diferente, sempre tive esse meu jeito de quem provoca com o namorado, mas nunca fui festeira. Quem sabe dê certo. Posso encontrar outro alguém e talvez só me divertir. Só não posso sofrer as consequências de uma bebedeira em meio ao trabalho na sexta.

Por um momento pensei oque ele diria para mim depois dessa situação, provavelmente teria uma crise de ciúmes. “Você não vai lá não!” Dei uma risadinha indiscreta de mim, mas me senti desconfortável como se ele tivesse gritando comigo bem ali ao lado. “Por que faz isso? Você não me ama tanto? Agora quer ficar dançando pra outro e se embebedar também!”

Mordi minha própria boca e senti uma lágrima quase escorrer de meu olho, talvez eu não deveria ter aceitado. Arranhei minha perna com minhas próprias unhas e disse a mim mesma:

__ Você está ficando louca, Kristine!__ gritei puxando meu cabelo. __ Eu vou sim! Não sou nem serei alguém que se prende tão fácil! Ele te largou, sua retardada! Você não pode achar que está fazendo algo errado!__ falei quase batendo minha cabeça em algo.

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