Reviver Um Sonho escrita por mob_22


Capítulo 5
repensando...




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Era difícil estar naquela situação. Problemas familiares , pessoais e profissionais. Abri devagar a porta de casa, temendo deparar com minha mãe. Larguei a bolsa no sofá subi de pés descalços até meu quarto.

Troquei de roupa, querendo falar com alguém eu recolhi o celular da gaveta. Disquei o número do celular de Eloísa, quem sabe ela esteja numa situação melhor que a minha?

__ Alô, Eloisa?__ eu disse.

__ Oi, Kris! O que foi?

__ Ai, Elô... Eu estou precisando conversar com alguém! Eu e o Adam terminamos.

__ Sério? __ ela aparentou espanto__ Vocês formavam um casal tão lindo.

__ Verdade. __ eu disse, sem emoção alguma

__ Porque terminaram?

Eu quis desligar o celular, o motivo era tão bobo que eu não pude acreditar. Por uns instantes eu não falei nada. Encarei a decoração do quarto e falei.

__ A faculdade e minha mãe. Ele quer manter um clima bom aqui em casa, mas está fazendo tudo errado!

__ Verdade.

__ Você conseguiu achar o documento que foi para ... __ pausei ali, sem querer dizer palavras de baixo calão __... sei lá onde?

Ela parou aparentemente pensando no que diria:

__ Não, sumiu mesmo! Você quer ir comigo para um lugar?

__ Onde? __ fiquei curiosa.

__ Sei lá, talvez para um cinema ou na festa de uma conhecida minha, de noite.

__Hum... a festa parece ser legal. Mas não fica meio chato eu entrar na festa sem ser conhecida por lá?

__ Acho que não, você é a conhecida da conhecida da dona da festa! __ Eloisa disse.

__Nossa! Agora você embolou tudo...

Nós duas rimos da situação e conversar com Eloisa melhorou meu humor. Ela era mais do que a minha auxiliar de escritório.

__ Olha só, você está melhor agora. Não é o fim do mundo acabar um namoro.

__ Hum... pode ser... __ concordei um pouco com ela.

__ Você aceita ir para a festa, então?

__ Vou dar certeza depois. __ Eu respondi, depois de pensar por uns instantes. Eu deveria ir a uma festa? Talvez não, porque se eu definitivamente arrumasse alguém eu sei que minha mãe me acharia à garota mais desavergonhada da cidade... “Acabou logo o namoro, e de uma vez já arruma outro, que pouca vergonha...” Talvez eu devesse sim aceitar, porque isso me faria feliz, eu me divertirei, vou dançar e possivelmente conhecerei mais gente animada e bonita!

__ Está bem. Vou ter que desligar, nos vemos amanhã.

__ Tchau!

__ Tchau, Kris!

Desliguei o telefone e desci para a sala. Fui ver televisão. Minha mãe chegou até a sala e sentou devagar no sofá, não muito longe de mim.

__ Nem vi você chegar. __ ela comentou.

__ Pois é. __ eu disse, não queria render assunto.

Liguei a tevê com o controle remoto e acomodei os pés por debaixo do travesseiro. Fiquei inquieta, soltei meu cabelo e novamente o prendi, por mania. Um assunto estava pendente e eu quis começá-lo ali, poderia ser melhor.

__ Mãe... __ chamei sua atenção.

__ O que foi?__ ela mudou a televisão de canal e voltou a me encarar__ O que foi filha, então?

__ Aconteceu o que você queria. __ declarei tristonha. Passei a mão sobre os olhos. Ela por um minuto deixou o silêncio reinar, até que disse:

__Mas oque? __ ela continuou aparentemente sem entender.

__ Eu e Adam terminamos. __ Eu deixei algumas lágrimas caírem e minha mãe veio sentar-se do meu lado para me abraçar. Talvez pelo instinto maternal de não querer ver a filha sofrer, mas a culpa era dela, mesmo que ela não admitisse na minha frente.

__ Ele não era o cara certo pra você, admita filha...

__ Eu não sei de mais nada. Só quero esquecer isso, mãe. __ Deixei que seu abraço me reconfortasse e descansei o rosto entre seu ombro. Ela era minha mãe, não apenas uma destruidora de namoros.

Com a aparência melancólica eu me soltei levemente da minha mãe e disse que precisava ir para meu quarto. A pele aparentemente deveria estar pálida e o meu delineador não fora totalmente limpo. Penteei meu cabelo e ainda encarando meu reflexo, lembrava-me algumas palavras ditas por ele.

__ Me larga! __ pedi, inutilmente. Da mesma forma como foi inútil pedir compreensão da minha mãe.

__ Escute-me! É pra o nosso bem, eu quero ver você vencer na vida e isso não vai acontecer enquanto estivermos juntos.

Como eu não venceria na vida sem ele? Perguntei-me muitas vezes. Essa questão veio em minha mente de forma perturbadora. Eu venceria com ele, sim! É ele quem me fez feliz nesses últimos anos...

Tentei relembrar como tudo aquilo começou, quando tinha uns dezesseis anos. A vida dele começava a tomar um rumo agitado e eu comecei a perceber que no fundo gostava dele. Nunca fui muito namoradeira e nem cheguei a “ficar” com muitos garotos. Dois anos depois eu e ele assumimos o namoro e seus pais cobravam mais dele o fato de que ele deveria estudar numa faculdade boa ( paga por eles, mas não nessa cidade em que moramos).

Menos de uns anos depois eu fiz um curso e coisas rápidas que poderiam aumentar meu currículo. Até que consegui meu emprego. Os encontros entre eu e Adam foram cada vez mais difíceis. Porém aproveitamos de tudo antes dele prestar o vestibular. Muito bons tempos, porém a saudade deixou o momento muito feliz quando nos encontramos novamente com a greve que a faculdade fez.

Suspirei, eram tempos que não iam voltar. Nem se eu desejasse de forma tão grande como eu desejo.

Parti da sessão nostalgia para a realidade, desci para a cozinha e esquentei no forno uma coisa congelada qualquer e comi junto com o arroz que eu fiz. Eu sempre fiz esse tipo de coisa no meu apartamento, que saudade dele!

Quando eu subir de cargo naquela maldita empresa eu vou arrumar um modo de sair desta casa! A situação está praticamente impossível de suportar... Pode até duvidar, mas eu perdoo minha mãe. Ela é minha mãe e nada vai mudar isso, nem que eu quisesse. O problema é que eu estou muito dependente dela e o clima está chato com o modo que ela me trata, qualquer um teria capacidade de me entender, estou certa?


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