Abri a porta e pude ver o Adam. Estava vestindo uma camisa, que não hesitei em reparar, e uma bela calça jeans. Eu quase não acreditei quando vi. Ele não precisava fazer isso e eu sinceramente pensei em estar vendo alucinações quando olhava para ele.

      __ Você está usando a camisa que eu te dei naquele seu aniversário? __ perguntei surpresa.

      __ É ela mesma. __ ele respondeu sorrindo.

      __ Ficou perfeita em você! __ disse eu em um tom humorado. Depois segurei sua mão e o puxei para que adentrasse em meu apartamento. Adam percorreu a sala e pelo olhar percebia-se que ele reparou em cada detalhe da decoração.

      __ Combina com você, Kristine. Moderno, prático e agradável esse seu apartamento.

     Eu o guiei com a mão para que sentasse no sofá.

     __ Adam, falando sério... Porque você veio lá do Rio para cá? __ perguntei para ele. Estava muito ansiosa pela resposta e olhava fixamente em seus olhos, querendo dar uma de “mulher fatal”.

     __ Cara, o povo lá entrou em greve e eu resolvi dar uma passada aqui. __ disse ele me olhando com aquele olhar provocativo de quem entendeu o que eu quis dizer. A conexão entre nós sempre foi impressionante e eu me aproveitava disso, usando o sarcasmo como uma espécie de arma para descobrir algo a mais.

     Sentados no sofá, de repente começamos a nos aproximar mais e mais. Entre olhares e gestos, diminuíamos a distância entre nós. Um lábio chamava o outro como em um desejo incapaz de ser saciado. Mas, de repente, minha mão estava sobre a nuca dele. Adam, de leve abaixou a alça de minha blusa enquanto outra mão acariciava minha cintura.

     Quando me dei conta estávamos unidos em um beijo de tirar o fôlego. Enquanto nos beijávamos ele afagava meus longos cabelos castanhos e impulsionava meu corpo contra o dele. Eu encostava-me na parede enquanto ele me cercava com as mãos.

     Pela falta de ar, fomos obrigados a fazer uma parada brusca, deixando-nos acalmar no sofá.

     O tempo custava passar e, deitados no sofá, conversamos sobre vários assuntos, até sobre a data da sua volta para o Rio de Janeiro.

     Era uma assunto que me deixava tensa, porém era necessário. Não queria me esquecer da realidade. Insistindo em outros assuntos, acabamos nos deixando distrair.

     Provocativa, me encostei no sofá e disse:

     ___ Quer alguns morangos, Adam? __ Ele respondeu tudo com um olhar malicioso de quem entendeu uma piada sarcástica.

     Adam me seguiu até a cozinha eu me debrucei na pia, deixando á mostra as minhas pernas por causa do meu míni-short que eu usava. Poderia ser vulgar para alguns, só que, para mim, nada além do que o Adam pensava teria importância, pelo menos naquele momento.

     Mergulhei o morango no chocolate derretido e o dei em sua boca, lambendo em seguida o restante do chocolate que sujou minha mão.

     __ Está uma delícia, não acha? __ disse eu, passando a língua sobre meus lábios como quem quer limpar todo vestígio de algum doce muito bom. Adam assentiu e sorriu novamente.

     Mergulhando outro morango no chocolate eu o ofereci mais um, e foi assim, um atrás do outro.

     Me aproveitando um pouco da situação, disse-lhe que sua boca estava suja. Aproximei-me dele para limpar. E com olhares a refletir a imagem do outro, eu cheguei a ficar sem graça enquanto passava a mão delicadamente sobre a boca dele.

     Sentindo um puxão no braço, eu caí sobre ele, que arrancou de mim mais um beijo ofegante.

      Para mim, poderia parar o relógio da vida, eu não iria me importar, pois era ali que eu queria ficar . Meu coração batia em ritmo frenético e acelerado.

      Sua boca percorria pelo meu pescoço e nada eu fazia para evitar, até porque eu não teria motivo para fazer isso. Deixei que toda aquela perfeição do momento me guiasse.

      Ao ranger da porta, ouvi as seguintes palavras de uma voz feminina.

     ___ O que é isso?!

     No som daquele estrondo vocal, eu rapidamente olhei para trás. Era a minha mãe, com uma aparência bastante temível numa ocasião como aquela.

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Algumas frases q combinam com o capítulo:

“Não peca quem peca por amor.”

                                            Oscar Wilde

“No homem, o desejo gera o amor. Na mulher, o amor gera o desejo.” 

                                                                                              Jonathan Swift

“Deve-se doar com a alma livre, simples, apenas por amor, espontaneamente!”

                                                                                                        Martinho Lutero