Deep Six - Novos Horizontes escrita por Gothic Princess


Capítulo 26
Capítulo XXVI - Consequências


Notas iniciais do capítulo

Hello, heroes!! Mais um capítulo pra vocês, esse sendo o penúltimo antes de encerrar esse arco da Black Raven :3



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10 anos atrás

Hilltop Elementary, Gotham City

Tony odiava aquele lugar. Não especificamente a escola, mas a cidade, que era um completo inferno repleto de criminosos e delinquentes. Mesmo que estivesse com raiva de sua mãe por tê-lo forçado a morar nela, entendia parcialmente que, por ser um lugar tão terrível, a Caçadora era necessária para ajudar os outros heróis. Precisava fazer esse sacrifício por ela, além de gostar de ter Vic por perto mais vezes. 

Ainda assim, não se sentia confortável o suficiente para fazer amizades. Sempre foi uma criança introvertida, não mudaria isso só porque estava em outro país, além de ter visto como os jovens que se destacavam eram tratados. Com seu treinamento básico, poderia acabar facilmente com qualquer um que tentasse alguma gracinha, porém não desejava ser expulso e trazer mais estresse para sua mãe. 

Então, ele sempre se sentava sozinho durante o almoço, o mais longe possível das crianças barulhentas e encrenqueiras. Costumava ler algum livro ou só encarar seus colegas, julgando pequenas coisas que faziam para sua própria diversão. Hoje não foi diferente, mas algo chamou sua atenção assim que entrou no refeitório. 

Uma garota de cabelo azul gritando sem parar, chamando um rapaz pequeno de cabelos castanhos para que se juntasse a eles. Todos os olhos estavam no garoto, e isso pareceu deixá-lo apavorado. Depois de hesitar algumas vezes, ele foi até a mesa onde outras quatro crianças estavam sentadas. 

Tony sabia que a garota de cabelo azul já havia causado muitos problemas durante as aulas e fora delas, diferente das duas outras meninas, que pareciam mais tranquilas. Uma delas era Cassandra Wayne, ele não fazia ideia do motivo para uma herdeira estar em uma escola pública, mas não era problema dele. 

Quando o garoto tímido se sentou, o mais velho da mesa começou a tentar acalmá-lo, e Tony o reconheceu de algumas aulas que tinham juntos. O Crane era extremamente inteligente, sendo o favorito dos professores. Observando melhor a mesa, era um grupo muito estranho. 

Tentando ignorá-los, mas falhando por ouvir muito bem a garota de cabelo azul berrando e rindo alto, o Bertinelli apenas continuou a comer seu almoço. Em certo ponto, os gritos incomodaram outro grupo, que jogou uma laranja na direção deles. Ela acertou o rosto da Wayne, que deu um gritinho e caiu no chão. 

— AH, VOCÊ NÃO FEZ ISSO! — a garota berrou e arremessou o prato cheio de comida na direção do outro grupo. 

E, depois disso, o caos se instaurou no salão. Não era só uma guerra de comida, haviam cadeiras e outros móveis voando para cima de outros alunos. Ele viu o Crane virar a mesa para que os cinco pudessem usá-la de cobertura, enquanto a garota de cabelo azul e a Wayne jogavam tudo o que podiam nos seus oponentes. A outra garota estava completamente encolhida atrás da mesa, não parecendo achar a situação nada divertida. 

Tony pensou em só continuar abaixado e seguir para a saída, mas viu uma das crianças discretamente dando a volta na barreira deles e se preparando para jogar um pedaço de torta na garota encolhida. Ele, então, pegou sua bandeja e correu na direção dela, batendo na torta segundos antes que ela atingisse a jovem. 

Ela olhou para cima, surpresa e aliviada. Ele deu um sorriso e seus reflexos permitiram que ele acertasse outra comida voadora que, dessa vez, vinha em sua direção. 

— Duela, larga a faca! — a Wayne gritou ao lado deles, enquanto a outra ria maniacamente. 

— Acho que isso não foi uma boa ideia — o Crane comentou, olhando para Tony. — E você é?

Antes que pudesse responder, eles perceberam que o caos ao redor deles havia parado repentinamente. Quando olharam na direção da porta, viram que a diretora estava ali, com alguns outros professores. E todos os alunos apontavam na direção deles. 

Eles foram mandados para a detenção sem nem deixar que se limpassem, essa foi a parte que mais o irritou. Mas, enquanto estavam trancados naquela sala, esperando pela resposta de seus pais, aquela jovem de antes se aproximou dele. Seus olhos castanhos passavam ansiedade e nervosismo conforme ela dizia: 

— O-obrigada… Você me ajudou — ele deu outro sorriso para ela, que pareceu deixá-la mais nervosa. — Eu sou a Jane. 

Ele estendeu a mão para apertar a dela. 

— Tony. 



Presente

Newtown, Gotham City

Ele não estava mais ouvindo o que o repórter dizia na TV, sua atenção total focada no nome que aparecia na notícia. Sabia que deveria estar reagindo de alguma forma, porém só conseguia ficar parado, absorvendo o máximo de informação que podia. Jane havia recebido três tiros de dardos de vanádio, como os que ele usava em sua besta. Não era como se a polícia pudesse provar que ele havia cometido o crime, não faziam ideia da arma que o Questão usava. Aquilo não era uma mensagem para os detetives, era uma mensagem para ele. 

Tony sentiu pânico surgir assim que pensou no que mais Jeffrey Crane faria para forçá-lo a ceder. Quantas pessoas mais ele estaria disposto a eliminar para tê-lo ao seu lado. Ele não iria parar mesmo que o Bertinelli aceitasse sua proposta, iria garantir que ninguém mais ficasse entre eles, como havia feito com Vic. 

Podia sentir o sangue em suas mãos como se voltasse à noite quando tudo aconteceu. Como Jeffrey lentamente rasgou seu rosto usando agulhas presas nos dedos de uma luva, a dor nem se aproximando da que sentiu quando viu seu mentor, seu melhor amigo, com a foice atravessada em seu peito. Ele perdeu uma vez e aquela foi a consequência. E, no momento, ele não fazia ideia de como vencer. 

Não sabia quanto tempo havia se passado desde que seu cérebro simplesmente desligou tudo no mundo a sua volta, mas aos poucos podia ouvir o som de uma discussão acontecendo do outro lado da sala. Ouviu as vozes de Cassy, Yuki e Greg, os três tendo ideias bem divergentes uns dos outros. Olhou para o lado e percebeu Duela sentada em uma poltrona, completamente em silêncio conforme encarava o chão à sua frente. 

Tony nunca a viu com tanto ódio em todos os anos que a conhecia. 

A discussão pareceu ficar mais acalorada e ele virou o rosto para ver Yuki andando sem parar, com Greg tentando acalmá-la sem sucesso. 

— Você ainda está machucada, não deveria se mexer tanto — ele disse, e todos se calaram. 

— Tony, — ela se aproximou dele, a raiva dando lugar à preocupação. — Como você está se sentindo?

— Como se tivesse levado um soco na cara — ele andou até chegar ao balcão da cozinha e se sentou em uma das cadeiras ali. 

Massageou as têmporas, sua cabeça doendo como se realmente tivesse recebido um golpe forte. Só então percebeu que não estava com a sua máscara, se levantou de forma brusca e andou na direção do seu quarto. Já sentia falta de ar quando chegou ao armário, seu coração acelerando e seu corpo ficando frio. Ele precisava do Questão, precisava do Vic, mas Victor Sage estava morto. Janessa estava morta. E era tudo culpa dele. 

Ele ouviu ao fundo seu nome sendo chamado, ainda que abafado, porém não olhou para a pessoa, continuando a procurar por sua máscara. Se abaixou para procurar nas gavetas, quando sentiu uma mão puxá-lo delicadamente para que se sentasse. 

— Tony, você não está em perigo — Yuki disse, baixo o suficiente para que apenas ele ouvisse. — Eu estou aqui com você. Foca em mim. 

E ele fez isso. Começou a controlar sua respiração enquanto encarava os olhos castanhos da amiga, sentindo-a segurar sua mão e segurá-la com gentileza. Muitos minutos se passaram até que ele pudesse pensar direito, e quando percebeu isso, ela o puxou para um abraço forte. 

— Eu sinto muito — ela sussurrou, e ele a segurou como se ela fosse o mundo dele. 

— Isso não foi sua culpa. 

— Nem sua, Tony — Yuki se afastou para olhar nos olhos dele. — Crane tem feito da sua vida um inferno há muito tempo, e ele quer que você pense que é o culpado por isso, mas não é. Ele é manipulador e frio, vocês todos não faziam ideia do quão insano ele era. 

— Eu fazia. Eu sei disso desde a noite em que ele fez isso — Tony apontou para a cicatriz em seu rosto. 

— Você tentou avisá-los, todos eles, mas ninguém quis te ouvir! 

— Você ouviu… Foi a primeira pessoa em quem confiei depois do que ele fez comigo — ele a sentiu colocar uma das mãos em sua nuca e o gesto o fez se acalmar. — Eu pensei que o que o Jeffrey e eu tínhamos era algo especial. Não sabia como era ter alguém do seu lado, não te puxando pra baixo, até eu conhecer você. 

Um sorriso triste se formou nos lábios dele e a jovem o segurou com mais firmeza. 

— Por algum motivo você viu além do lunático paranoico que eu me tornei por causa dele. Você me mostrou que posso ser melhor, e eu te amo por isso. 

Ela pareceu engasgar com o ar por um segundo, completamente pega de surpresa pela afirmação. 

— Por que está me dizendo isso agora? — ela sussurrou. 

— Porque eu sei que está com raiva e quer ir atrás do Crane — ele pôs a mão sobre a dela, que segurava o punho da Soultaker com força. — Mas eu não posso deixar você fazer isso. Não posso perder a melhor pessoa que entrou na minha vida porque um psicopata é obcecado por mim. 

Yuki soltou a espada, parecendo só perceber agora que a apertava, e pensou por um momento, nunca tirando os olhos dele. 

— Eu não vou mais deixar ele te machucar. Sei no que está pensando e eu não vou deixar você voltar pra ele — ela tentava controlar a respiração, mas seu desespero era claro. 

— Se eu voltar, posso garantir que nada de ruim aconteça com você. 

— Não pode garantir nada! Ele não vai parar, Tony, e eu não vou deixar você se sacrificar por nossa causa quando podemos resolver isso. 

— Era isso o que você e Cassy estavam discutindo? Quer matar ele e ela não concorda. 

A vigilante se levantou abruptamente, não se afastando dele, mas ficando de costas para o detetive. Ele também se colocou de pé e esperou alguns segundos antes de falar:

— Você é melhor do que isso. 

— Sou uma assassina, como a minha prima, como o Damian… A diferença é que finjo que não fui treinada pra ser uma máquina de matar e tento ser normal — Yuki se virou para ele, seus olhos cheios de lágrimas, mas nenhuma caía. 

— Ninguém é normal na nossa profissão, já viu a Melissa? — ele deu um leve sorriso quando ela soltou uma risada surpresa, quebrando a tensão extrema entre eles. 

Ela colocou uma das mãos no ombro dele, o trazendo para mais perto e usou a outra para acariciar o rosto dele, seu sorriso diminuindo aos poucos conforme traçava as cicatrizes nele. 

— Me deixa te ajudar.

— Você não faz ideia do quanto já ajudou. 

Yuki respirou fundo e ficou na ponta dos pés, com uma das mãos o trazendo para mais perto. Como se a ação fosse algo comum, ele a encontrou no meio do caminho até seus lábios se encontrarem. 

Ele se surpreendeu com a sensação de alívio e segurança que sentiu enquanto a beijava. O que não durou muito, quando o som de pratos sendo quebrados os interrompeu e eles se separaram. 

— A Duela tá surtando agora — Greg gritou da cozinha, não parecendo alarmado, só sem paciência. 

Tony passou por Yuki, a deixando no quarto, e indo para a cozinha. Cassy tentava acalmar a amiga que estava vermelha de raiva e destruía tudo o que via pela frente. 

— EU VOU DESTRUIR ELE! ESSE FILHO DA PUTA, MISERÁVEL, DESGRAÇADO, MERDINHA DE MERDA!

— Duela, quebrar os armários não vai resolver isso! — Cassy gritou, segurando os braços da outra. — Tony, por favor me diz que você tem um plano. 

Ele a ajudou a tirar a faca da mão da amiga, sendo mais alto facilmente colocou a arma em cima da geladeira e olhou para os três. 

— Não é um plano realmente, eu só vou fazer o que ele quer. 

— O quê?! — depois disso todos falaram ao mesmo tempo e Tony não conseguiu entender metade dos comentários. 

— Ele vai vir atrás de vocês agora, como esperam que isso acabe? — ele perguntou. 

— QUE ELE VENHA, ACABO COM A RAÇA DELE E DAS PRÓXIMAS CINCO GERAÇÕES! — Duela gritou ainda se debatendo nos braços de Cassandra. 

— Então é isso? Vai só desistir porque acha que o Crane vai sossegar quando voltar pra ele — Greg cruzou os braços, visivelmente indignado. — É mais burro do que eu imaginava se acha que isso vai funcionar. 

— O que mais eu posso fazer? 

Nós podemos lutar juntos e fazer o Jeffrey pagar pelo que fez com a Jane! — Cassy disse, mais alto do que seu namorado. — Só porque eu não o quero morto, não quer dizer que não quero arrancar os olhos dele daquela cabeça escrota. 

— Se quiser mesmo isso, vamos ter que ir logo pra chegar antes da Yuki — Greg comentou e todos olharam pra ele como se tivesse dito algo absurdo. 

— Ela está aqui — Tony disse. 

— Eu a vi saindo pela janela do quarto — ele apontou para o corredor, de onde ele tinha visão clara da janela do outro lado. — O que é bizarro porque estamos na cobertura de um prédio. 

O detetive correu até lá antes que o amigo pudesse terminar a frase, vendo que realmente havia um gancho com corda preso na lateral da varanda e ninguém do outro lado. Ele imediatamente pegou sua besta e procurou por suas chaves no quarto, percebendo momentos depois que ela as havia roubado. 

— Yuki levou o meu carro — ele disse quando entrou na sala as pressas. 

— Ela é boa — Greg disse, o seguindo para o lado de fora. 

Chegando ao térreo, ele esperou angustiantes dez minutos até que Duela conseguisse roubar uma moto. Os quatro, então, seguiram para o Asilo Arkham, onde sabiam que Jeffrey estaria. 

Quando chegaram aos portões de metal sujos e mal cuidados, Tony já apertava sua besta com tanta força que seus dedos estavam dormentes. Não havia sinal do seu carro na entrada, mas ele sabia que ela já estava ali. 

— O que faz aquela magricela pensar que pode matar o Crane antes de mim?! — Duela já estava com duas pistolas nas mãos, com o que parecia um cinto de utilidades roubado do próprio Batman e personalizado com cortes preso na cintura. 

— É uma magricela muito boa em cortar pessoas ao meio — Greg respondeu, tomando a dianteira e imediatamente mostrando seu distintivo de agente da A.R.G.U.S para os seguranças na frente do prédio. 

O Arkham não era um local agradável, além da energia deprimente sufocante, o prédio velho parecia um labirinto de desespero. Eles evitaram a ala de prisioneiros, indo direto para a parte administrativa da instalação. Correram por diversos corredores que pareciam exatamente iguais, até encontrarem a sala de controle. Lá dentro, viram algumas figuras que pareciam estar no meio de uma discussão. 

— … ligo para o que você acha, Alex! Ela mereceu morrer — Amanda disse, ao redor dela estavam seu irmão, Fleur, Wolf, Zeus e Iceshot. 

— O cara mata a própria irmã por diversão e você acha que está segura?! — ele retrucou, desacreditado. — Não vou mais discutir, Amanda, nós não vamos mais trabalhar com esse maníaco!

— Querem ser covardes como a puta da Melody? Fiquem à vontade, eu não vou embora! 

Enquanto Tony pensava em um plano para que passassem por eles despercebidos, Duela simplesmente entrou na sala e atirou na primeira pessoa que viu na sua frente. Essa pessoa foi Zeus, que estava de costas e mesmo com sua velocidade extrema, não conseguiu desviar e caiu no chão com um tiro na perna. 

— Sua maluca! — ele gritou, segurando a coxa ferida. 

— Onde está o Crane? — a jovem perguntou em um tom assustadoramente calmo. 

Nesse momento, Amanda já havia mudado sua pele para um metal prata e Fleur apontava uma flecha para eles. 

— Não vou mais lidar com isso, é problema do Crane agora — Alex disse, erguendo ambas as mãos. 

— Vocês tem dois segundos — Duela alertou. 

— Não vamos falar… — antes que Amanda completasse a frase, Duela puxou uma das bombas de gás presa em seu cinto e a soltou no chão. 

Greg só teve tempo de puxar Cassandra para o lado quando tudo ao redor deles foi tomado pelo gás esverdeado, obscurecendo a visão de todos ali. Tony pulou para trás, imediatamente prendendo a respiração, novamente percebendo tarde demais que estava sem a sua máscara. 

O que sentiu a seguir foi uma dor absurda em sua perna, conforme se esgueirava pra fora da sala para fugir dos tiros que começaram a ser disparados. Olhou para baixo e viu que havia uma flecha grande atravessada em sua panturrilha, o que o fez cair no chão do lado de fora da cabine. 

Ele conseguiu forças o suficiente para quebrar a mesma e removê-la do seu corpo, mas sabia que não era um local bom para levar uma flechada. O detetive se arrastou para o outro lado do corredor e se apoiou na parede para ficar de pé. Antes que pudesse acessar o caos que acontecia, ouviu o som de uma lâmina grande sendo arrastada pelo chão de pedra. 

Olhando para o lado, ao fim do outro corredor, viu apenas a cabeça da enorme foice sumindo depois da parede. Sentindo a adrenalina se espalhar por seu corpo, fez o possível para correr até lá, seguindo o som até escadas de metal que o levariam para o segundo andar.

Chegando lá, viu Crane parado perto de uma grande janela no corredor, a foice apoiada contra seu ombro. Ele usava a luva com agulhas presas acima dos dedos, a mesma que usou para rasgar o rosto de Tony há dois anos. Haviam tubos nelas, ligados a algo preso nas costas dele que continha a toxina do medo. Seu rosto estava coberto pela máscara do Espantalho, com o corte extenso na parte da boca onde ele podia ver o sorriso do outro. 

— Estava preocupado que não fosse aparecer. 

— Jeffrey, você precisa parar — Tony começou a se mover na direção dele, ainda que com dificuldade. 

— Eu não quero saber o que preciso fazer, Tony, eu quero saber o que você quer. Porque eu me importo — ele encostou a enorme foice ao lado da janela. — Você quer que eu pare?

O Bertinelli sentiu um nó se formando em sua garganta, sua confiança desaparecendo no momento em que ouviu aquele tom. 

— Sabe o que fazer para eu parar — a voz tranquila e amigável teve o efeito contrário de acalmá-lo. — Não sei porque você resiste tanto. Ah, não, na verdade eu sei. Você fez novos amigos, amigos que acham que são melhores do que nós. Acham que o que fazem é válido porque sua moral é a correta. Na realidade, eles são apenas insetos que se destacam, chamando ainda mais a atenção da bota que vai esmagá-los. 

O Crane, agora, encurtou a distância entre eles, posicionando a mão com a luva na lateral do rosto dele. As agulhas a centímetros do seu rosto, e Tony não conseguia se mover. 

— Seu lugar nunca foi com eles. Eu tenho tentado te mostrar isso há tanto tempo, só que você é teimoso e não entende — Jeffrey deu uma risada seca e segurou o rosto dele com mais força. — Mas, quando se ama alguém, você não para de tentar. 

Tony estava paralisado pelo medo, porém ainda viu uma sombra com o canto do olhar e instintivamente jogou o corpo para trás. O vidro da janela se estilhaçou em milhares de pedaços quando Yuki o atravessou, passando bem no meio dos dois e fazendo um corte no braço do Crane no processo. 

Jeffrey pareceu percebê-la também, então conseguiu se afastar a tempo do corte ser superficial, ainda que longo. Havia um ódio mortal no olhar dele agora. 

Yuki apenas olhou para ele, a katana erguida, e disse:

— Nunca mais toque nele.


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Notas finais do capítulo

Amei demais escrever esse capítulo, espero que tenham gostado também!!



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