Já passara dois meses e Alessandro ainda permanecia em coma. Tatiana fazia a vigília, do seu único irmão, no hospital. Júlia e Sérgio precisavam trabalhar então ela se prontificou a permanecer com Alê, apelido pelo qual chamava o irmão. Enquanto ele estava estendido na cama do quarto, ela conversava com ele. Sabia que ele a estava ouvindo. Talvez isso o ajudasse a despertar. Os médicos já falavam em sequelas. Tatiana acreditava que seu irmão acordaria são, afinal ele sempre foi forte.  Dois anos antes os irmãos haviam perdido a mãe por conta de um câncer de mama. Com isso se tornaram unidos e inseparáveis. Depois desse acontecimento o pai havia voltado para casa. Enfim juntos. No período do tratamento da mãe, era Alê quem segurava as pontas em casa. Não era o cara mais amoroso do mundo, mas sempre foi responsável. Tatiana sabia que o irmão tinha dificuldades de demonstrar sentimentos, diferente dela que era um vendaval de sentimentos. Entregava-se, vivia, era a intensidade em pessoa. Perdoava o irmão por não ser igual a ela.

Saiu do quarto onde o irmão estava em seu sono profundo. Gostava de pensar que o coma era apenas isso. Foi até perto da recepção, onde havia um bebedouro. Estava com sede. A parte da manhã tinha passado rápido, mas a parte da tarde, o tempo, parecia se arrastar. Quando voltou para o quarto encontrou Alê de olhos arregalados. Correu para a porta. Precisava chamar algum enfermeiro. Assim que colocou a cabeça para fora do quarto, vinha chegando a Dra. Sandra, chamou-a.

— Meu irmão! Meu irmão! Doutora, ele acordou – Repetia Tatiana com um misto de nervoso e alegria.

A doutora entrou na sala com pressa. Alessandro estava acordado, mas parecia atordoado. Encostou-se à cama do rapaz e começou a examina-lo.

— Alessandro, o senhor pode me escutar? – Perguntou a médica.

Alessandro fez que sim com a cabeça.

— Por favor, olhe para essa luz aqui – Pediu a Dra. Sandra.

Alessandro o fez.

— O senhor está sentindo alguma dor? – Perguntou séria.

— Onde estou? Por que... O que estou fazendo aqui? Quem são vocês? – Atordoado Alessandro questionou.

— O senhor sofreu um acidente muito sério de carro, o que o deixou em coma. Você está no hospital. Eu sou a Dra. Sandra, estive cuidando de você todo esse tempo que passou aqui. – Respondeu séria, mas de forma paciente.

— Alê, que bom que você acordou! Todos nós estávamos orando pra que você se recuperasse. Vou avisar ao pai e a Júlia. Eles vão ficar muito felizes.

— Desculpe, mas eu não me lembro de vocês. – Respondeu Alê, confuso, para as duas mulheres que estavam no quarto.

A médica chamou Tatiana no canto do quarto.

— Lembra que falei para você e seu pai, que devido à intensidade do acidente e o tempo de coma que seu irmão se encontrava, se por um milagre ele acordasse provavelmente haveria sequelas?! Então, essa perda de memória é uma sequela. Vamos fazer alguns exames nele, mas acredito que seja temporário esse esquecimento.

— Ele vai ficar mais tempo aqui doutora?

— Como disse, faremos alguns exames para saber se ele está bem. Acredito que ele vá ficar aqui por mais uma semana, que é o tempo da avaliação.

Tatiana estava muito feliz. Não via a hora de falar com o pai e com Júlia que o irmão acordou do coma. Ligou para o celular do pai, que no primeiro toque atendeu.

— Pai, o Alessandro acordou!