Watch escrita por Kali


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu deveria estar atualizando minhas fanfics, mas não, estou aqui postando minha primeira "crackshipper". Sempre tive um carinho especial por GaaSaku, e depois de SS é o meu casal favorito. É uma estória simples, mas espero que gostem.

BoaLeitura



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"Uma pessoa precisa de uma razão para viver"

Watch

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Escrita por Kali

 

A guerra havia chegado ao fim, e com ela o sofrimento e as lágrimas daqueles que haviam perdido um ente querido. Eu, de longe, observei a cerejeira de Konoha murchar pétala por pétala junto com a trágica notícia de que Uchiha Sasuke estava morto. Seu corpo não aguentara tamanho esforço vindo a desfalecer nos braços do Uzumaki. Assisti quando os membros do original time7 gritaram em dor e desespero e todo campo de batalha se calou em respeito ao sofrimento dos irmãos de equipe.

Durante quatro longos anos eu a observei rastejando-se por entre as luminosas ruas de Konohagakure com os olhos, já sem vida, perdidos em algum ponto invisível bem de baixo de seu pequeno e fino nariz, e silencioso assistia quando se trancava em seu apartamento e não saia por longos dias. Eu sabia que ela ainda não tinha superado a grande perda, não só do homem a quem entregará seu coração quando menina, mas pela perda de seus pais e amigos próximos como Shizune e o antigo sensei Iruka, que juntos foram encontrados em meios aos escombros, com os dedos entrelaçados.

Nunca, durante todo tempo que apenas a observei, uma só palavra fora proferida de minha boca a respeito da moça de longas madeixas rosadas. E as raras vezes que o Nanadaime pedia-me conselhos sobre como agir com sua irmã eu simplesmente balançava a cabeça e pedia para que esperasse e praticasse o ato de ser paciente, pois em algum momento ela iria desmoronar e ele teria que estar forte para juntas os caquinhos dela.

E assim foi.

Numa noite em que passava na grande torre Hokage relendo mais uns dos diversos acordos de nossas vilas vizinhas, Yamanaka Ino entrou aos berros dizendo que Sakura caíra dura em um dos corredores do hospital e nem mesmo a grande Tsunade conseguia reanimá-la.

Mas do que de pressa eu e Naruto já nos encontrávamos do outro lado da sala onde Sakura ainda permanecia desmaiada e gelada feito as pedras de Yuki. Uma hora depois a porta fora aberta revelando uma Senju suada e terrivelmente cansada. Ela nos deu permissão para entrarmos, mas eu entendi que seria melhor apenas ficar no batente da porta para dar privacidade aos irmãos, e qual foi a minha surpresa quando encontrei Sakura sentada sobre o colchão, encolhida, silenciosa e, de repente, o urro que saiu de suas entranhas doeu até mesmo em mim que dificilmente sentia algo.

Ela se jogou nos braços do amigo, aos soluços que rasgavam sua garganta, e chorou, chorou, chorou e chorou por horas. Eram apenas lágrimas, tentei me convencer ao desviar o olhar, mas em cada uma delas havia uma dor diferente, e eu voltei a observar.

Dias mais tarde a mesma moça se encontrava posta ao meu lado em frente o grande portão de Konohagakure. Naruto havia decidido que seria bom para a amiga respirar novos ares. Não que eu concordasse que o ar de Suna fosse o melhor para a Kunoichi no momento, mas algo gritava em minha mente que Suna seria o lugar perfeito, e meio contrariado aceitei o pedido do Uzumaki.

Os três dias de viagem foram estranhamente interessantes. Conforme íamos nos distanciando da vila, uma luz se acendia naqueles olhos esverdeados, e era algo que realmente me intrigava.

Certa noite despertei de meu sono leve ao escutar o barulho da barraca dela sendo aberta. Observei sua sombra hesitar perante a entrada da minha barraca, mas segundos mais tarde ela se fora deixando o som dos grilos soar em meus ouvidos.

Esperei. Levantei-me e sai em busca da Kunoichi descabeçada que ousara sair do colchão em alta hora da madrugada.

Andei cerca de 20 minutos até o som de águas agitadas chamarem minha atenção. Lembrei-me que mais cedo havíamos passado em frente uma cachoeira, e que os olhos da rosada quase sorriram.

E lá estava ela, no centro do raso lago que se formara no quebrar da cachoeira, com seus olhos tristes cor de Campina perdidos em algo que os meus não enxergaram, e um sorriso bobo em seus lábios molhados. As mãos manchadas de terra, o rosto úmido levemente corado e as roupas coladas no corpo magro. Ela dançava com a brisa, e os cabelos soltos esvoaçados espalhavam cores vivas pelo ar. Ela cantava uma canção desconhecida por mim, com a voz risonha, macia que aplacava a dor de seus olhos que desciam cachoeiras.

Por mais que eu soubesse que era errado observá-la de tal maneira, a culpa não pesava em meus ombros e eu continuei ali, parado observando seus movimentos graciosos. Todavia, por uma ironia do destino, pisei em um galho seco e o som entregou-me descaradamente.


— Kazekage-sama. - Ela sussurrou incerta. - Kazekage-sama é você...

— O que faz acordada fora da barraca? – Foi tudo o que consegui dizer ao me relevar.

O luar iluminou a pele pálida dando a aparência de macies, como se fosse pétalas de rosas brancas, e tive que cravar meus pés na terra para que não me traíssem e fossem em direção da moça com o desejo de tocá-la.

— Bom, eu... – Ela gaguejou, desviou o olhar fitando uma arvore logo atrás de meus ombros e brincou nervosamente com os dedos. – Está muito quente essa noite.

A declaração trouxe-me o pensamento divertido de que a rosada fugiria todas as noites em que estivesse em Suna para se refrescar em alguma lagoa próxima.

— Venha, vamos voltar. Podemos despertar o interesse de algum mercenário patife.

Voltamos em silencio, mas a todo instante meus olhos analisavam a moça logo atrás que distraída seguia-me com um sorriso contido nos lábios. Algo a divertia e eu não fazia ideia do que poderia ser.

— Algum problema? – Indaguei

— Não... É que... Bom... Ficas muito bonito com os cabelos despenteados.

Ela sorriu e eu me vi hipnotizado por aquele simples sorriso que há anos não aparecia naqueles lábios carnudos e, repentinamente, convidativos.

No dia seguinte já estávamos em Suna. Amiki, esposa de Kankuro, se encarregara de arrumar um quarto em nosso castelo para Sakura e lhe apresentar toda a vila, enquanto eu voltava a praticar meus afazeres de Kage.

Os dias foram se arrastando, os meses se passando, e eu e Sakura ganhamos o costume de assistir todos os dias o por do sol no terraço.

O interessante era que todas às vezes eu me recordava das palavras que havia dito ao meu irmão naquele mesmo terraço há anos atrás:

Até agora minhas relações com os outros eram de medo e um desejo de matar, mas agora eu finalmente entendi”. “Ódio, tristeza e até alegria. Para poder dividir isso com outras pessoas. Eu aprendi isso.”

Numa tarde tipicamente ensolarada, enquanto caminhava com Kankuro tagarelando algo no meu ouvido, um vulto cor de rosa chamou minha atenção. Eu não entendia mais a língua que meu irmão falava, e quando percebi meus olhos procuravam pela dona daquele vulto.

Pedi licença para meu irmão com uma desculpa qualquer e sai em direção a mulher.

Sakura estava entre algumas raras arvores ainda de pé tentando, inutilmente, se esconder em meio a galhos secos.

Eu observei de longe quando meu sobrinho mais velho, Shikadai, apareceu com mais duas crianças e a encontrou.

— Achei você. – Gritou o menino.

— Isso não vale, não sou pareô para vocês. – Resmungou Sakura fazendo um bico e cruzando os braços.

Não sei em que momento, num instante eu encarava meu relógio de pulso que marcava 15h45, horário que Sakura ainda deveria estar cumprindo no hospital junto aos demais residentes, e no outro, antes que eu a percebesse ela já estava ao meu lado sorrindo. Aquele sorriso que arrepiava os pelos da minha nuca.

— Veio se juntar a nos, Kazekage-sama?

— O que pensa que está fazendo?

— Eu estava cumprindo meu horário certinho, juro. Mas então Shikadai chegou pedindo para que brincasse com eles já que Temari não pode fazer muito esforço devido a gravidez e Amiki está ocupada com os preparativos do jantar de hoje. Você vai aparecer, não vai?

Os dois últimos jantares que Amiki havia inventado em nosso castelo não foram os melhores já que eu não apareci e isso causou discórdia entre eu e meu irmão. Não que eu não aparecia por desfeita, mas os papeis do escritório tomavam meu tempo, e a hora passava diante de meus olhos sem eu ver.

— Tenho papeis para revisar.

E eu nunca me sentia bem em jantares familiar, principalmente em jantares que uma rosada estava.

— Eu te ajudo e poderemos chegar a tempo do jantar ser posto a mesa.

E ela me ajudou.

Carimbou avidamente todos os papeis que coloquei diante da pequena mesa ao lado da minha que ocupara durante o resto da tarde, e em raras ocasiões sentia seu olhar sobre meu rosto, mas sempre que tentava cruzar nossos olhares ela desviava e começava a assoviar algum tipo de melodia desconhecida.

Haruno Sakura estava diferente. Ela não era a mesma que fora há anos, pois algo ainda a machucava e isso era visível, mas ela sorria com demasiada frequência, e era um sorriso verdadeiro. E seus olhos brilhavam. Não era o mesmo brilho que carregava em seus olhos antes das tragédias que mudara sua vida, era um brilho novo, bonito, quase um arco-íris.

Quando a noite chegou todos nos sentamos diante a grande mesa de mármore fina e farta de comidas preparadas por Amiki e Temari, e conversamos sobre assuntos sem importância.

Nada de politica ou assuntos relacionados à vila” Fora o pedido, ou ordem, de Temari.

Sakura vestia um vestido verde claro, assim como seus olhos, de seda que desenhava sua cintura e se perdia em seus joelhos. Ela sorria, conversava, e gargalhava. Parecia feliz.

Quando terminamos nossas refeições ela se retirou, pediu licença e sumiu entre as escadas rumo ao terraço.

Kankuro me cutucou dizendo em meu ouvido que eu deveria acompanha-la.

E assim eu fiz.

Sentada no pequeno muro, com os cabelos mais longos do que o normal bailando com a brisa, Sakura indicou o acento ao seu lado e eu me aproximei.

— Está realmente uma bela noite, não acha Kazegake-sama.

— Gaara. Chame-me de Gaara.

— Oh, sim, Gaara.

— Sente falta?

— Como?

— De Konoha.

— Ah, sim. Eu sinto algumas vezes, mas já me acostumei com Suna. Acho que não se livrará de mim tão cedo.

Acenei positivamente e esperei que continuasse.

— Sabe, Gaara, eu carrego em minhas mãos o sangue de pessoas, e em meu corpo um coração cansado de sofrer e lutar. – Sua face ficou séria, mas logo um sorriso meigo apareceu. - Eu gosto daqui. Gosto do ar quente, gosto da calmaria, gosto das pessoas... – De repente seu rosto estava perigosamente perto do meu. – Eu nunca poderei esquecê-lo. Acredito que saiba a quem me refiro. Mas ele se foi e durante anos o céu chorou junto comigo, porém Sasuke-kun sempre terá um pedaço do meu coração... E eu acho que gosto... Do Kage de Suna também.

Nunca pensei em como seria meu primeiro beijo. Um homem já formado, Kage de uma vila renomada, com pretendentes para casamento, e eu ao menos havia dado o meu primeiro beijo. E o mesmo foi naquele terraço com a lua, as estrelas amarelas e a Temari como testemunhas, pois vi quando sua cabeleira loura rapidamente tentou se esconder atrás da porta.

Foi algo leve, doce, nossos lábios se encontraram e logo nossas línguas acariciavam uma a outra numa dança lenta e ritmada.

Ela suspirou. Eu suspirei e coloquei uma mecha longa do cabelo rosado atrás da orelha, e Sakura corou tão graciosa que não perdi a oportunidade de beijá-la novamente.  

*8*

O por do sol estava extraordinariamente belo naquela tarde primaveril. O céu alaranjado com um mesclado de vermelho e amarelo reluzente de algumas poucas estrelas que timidamente já apareciam.

O vento bagunçou meus cabelos ruivos, batendo forte contra meu rosto pálido e um pequeno raio de sol iluminou e aqueceu a tatuagem sobre minha testa.

Pensei em ficar admirando o espetáculo por mais alguns minutos, mas o som deles se aproximando já havia chegado em meus ouvidos.

Olhei para trás e lá estava a razão da minha existência.

Sakura caminhava a passos lentos, com seus cabelos rosados acima do ombro, o braço esquerdo segurando Aiko, e a mão direita segurando a pequena mão de Kiiro, que agarrava firmemente a irmã Issa que se pendurava em seu ombro.

Eles sorriram.

As gêmeas se jogaram em meus braços e Kiiro agarrou minha perna. Sakura apenas se aproximou sorrateiramente depositante um beijo caloroso em meus lábios.

— Olá Kazekage. – Disse em meu ouvido. – Que belo por do sol, não acha.

Não respondi. Observei seu rosto como havia feito durante todos os anos. Estava mais madura, incrivelmente mais bonita, e lindamente diferente da menininha que conheci na prova chunin.

Seus olhos se fecharam quando meus dedos deslizaram por sua pele macia e novamente tomei seus lábios. Ali estavam os motivos pelo qual eu continuava vivendo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Beijinhos e boa noite.



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