Nossos Oceanos escrita por Escritora Margarete


Capítulo 1
Capítulo 1




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Tudo estava quieto, como eu sempre gostaria que estivesse, havia uma música lenta tocando na TV e era só o que eu escutava, estava tão baixo que eu nem pensei que precisaria levantar para desligar a televisão, então eu não o fiz, apenas deixei a música me transportar para outro mundo com amizades infinitas e amores verdadeiros, como se eu tivesse entrado em um filme tão sereno e gostoso que eu não queria nunca sair dali. Ouvi alguns passos, mas meus olhos já estavam fechados e demorei alguns segundos para pensar “Eu moro sozinha, como tem passos aqui? ” e quando finalmente pensei nisso, meu coração disparou e a música já não me levava a lugar algum.

— Helena? -  A voz sussurrou meu nome e eu olhei para o além, tentando focar meus olhos na pessoa a minha frente.

— Meus óculos…meus... – Falei sonolenta tateando o braço do sofá numa busca fracassada, a pessoa já havia me dado os óculos na mão e esperava paciente eu acordar para conversar.

— Devia começar a trancar a porta, qualquer um pode entrar aqui. - Era Adrian, meu melhor amigo.

— Eu moro aqui a bastante tempo Adrian, você não devia estar na escola? – Acho que meu mau humor estava me afetando aquele momento.

— Sim, mas como você vai virar uma Host Mom em poucos dias eu pensei em vir aqui e te levar para um lugar que eu aposto que você não conhece, e eu estou a uma semana de terminar meu curso, não acha que devíamos comemorar?

—Está bom, mas da próxima vez bate na porta, okay? Não interrompa meus cochilos dessa forma, sabe como odeio isso. – Levantei relutante do sofá e fui para o banheiro, não sei o porquê, mas algo parecia extremamente errado. “ Deve ser apenas meu sono. ” Pensei e tomei um banho demorado e demorei mais ainda para me arrumar depois daquilo.

Me vesti de preto e penteei os cabelos, não passei maquiagem e saí do quarto com um salto na mão. Olhei para Adrian que estava no sofá enrolado no meu cobertor sorrindo para a TV, o que me fez sorrir também, fazendo meu mau humor passar em um segundo.

— Podemos ir, senhor? - Disse fazendo uma reverencia em direção a porta, comecei a prestar atenção em Adrian e fui percebendo que o cabelo castanho claro estava liso aquele dia, e mais claro que o normal, seus olhos verdes estavam radiantes e seu sorriso mais largo e sincero que o usual. O estilo da sua roupa também estava diferente, parecia que tinha acabado de sair de um evento que exigia um visual esporte-chique, mas ainda parecia um Bad Boy que fazia adolescentes se apaixonam.

—Vamos, não quero me atrasar hoje. - Ele sorriu e eu peguei a mão dele e o puxei para mim.

— Não vamos sem antes fazer nosso ritual da sorte.

— Você sabe o quanto isso é bobo, não sabe Helena?

— Sei sim, mas o que custa você fazer? – Eu sorri e sentei no sofá e Adrian sentou ao meu lado. Olhamos um para o outro. – Pronto?

— Sim. 1,2,3 e.…já. Eu queria que a Helena me beijasse hoje.

— Eu queria não ficar bêbada hoje... Espera. O quê? – Sussurrei para Adrian, mas ele estava lá com aquela cara de bobo e eu soube que ele estava gozando com a minha cara. – Babaca! Só por isso agora eu tenho que te beijar.

— Não tem, não, nós temos que ir. – Ele sorriu e se levantou indo em direção á porta.

— Idiota, lembra o por que fazemos isso? Um tem que ajudar o outro a cumprir o que pediu, então pode vir aqui que eu sou obrigada a te beijar. – Eu sorria, estava tirando sarro da cara dele e ele nem ao menos percebeu isso. Estava diferente hoje, em vários sentidos, principalmente por dar uma mancada dessa.

— Vamos logo Helena, não me faça te arrastar até o lugar que eu quero te mostrar.

Ele chegou perto de mim e me puxou do sofá, nesse mesmo momento eu segurei na nuca dele e roubei um beijo. Adrian ficou atônito no meio da sala olhando para meu rosto, eu ri e o puxei para fora do apartamento. Ele ficou em silêncio depois daquilo e eu não sabia como reagir depois daquilo. Era só uma brincadeira, mas ele estava tão sério que acabei ficando de mau humor de novo.

Eu segurei no braço dele quando ele disse que estávamos quase chegando.

— Antes que eu chegue lá, você não está bravo comigo por eu ter te beijado, não é? – Fala baixo olhando para ele, sem piscar, querendo uma resposta e me sentindo tão culpada quanto nervosa.

— Chegando lá você vai saber dessa resposta, Helena. Agora vamos, estamos muito atrasados. – A voz dele foi fria, o que me fez me afastar dele e andar mais devagar possível, mas nenhuma palavra foi trocada até chegar ao bar da esquina da Av. Coronel Shepper com a Rua 12.

Todos os nossos amigos do curso estavam lá sentados em mesinhas redondas como a do Bob Esponja, e eu já havia corrido para eles, esquecendo toda aquela intolerância de Adrian, abracei todos ali e fiz amizade com os garçons e até o gerente eu conhecia depois de alguns minutos. Algumas pessoas notaram que eu estava longe de Adrian e foram falar comigo.

— Ei! Lena. O que ouve com o seu fiel escudeiro? - Risadas eram escutadas em todo canto.

— Acho que ele deve ter arranjado uma bela donzela e não quer me falar, mas é só uma suposição. Sério, até parece que somos um casal com ele fazendo essas gracinhas para me falar alguma coisa. – Eu bufei e deixei meu copo de bebida com meu amigo e andei na direção de Adrian. Havia uma garota loira flertando com ele naquele momento, mas eu não ia atrapalhar o romance dele. – Com licença. Adrian, você pode vir falar comigo? Vai ser rápido.

Ele sussurrou algo para a loira e se levantou, nós caminhamos até um canto do bar e ele sorriu pela primeira vez depois de todo o ocorrido, mas não era para mim, era para a loira que não parava de nos olhar.

— Quer me explicar o que tá acontecendo pelo amor de Zeus? Nós nunca ficamos nessa situação antes, e não a primeira vez que nos beijamos, Adrian. – Ele apenas olhava a menina, como se eu não estivesse tentando conversar com ele. – Adrian? Ei!

Ele continuou a me ignorar e ficar olhando a loira, meus nervos estavam a flor da pele e fiquei pensando “ Ele não pode ficar mais bravo comigo do que ele parece estar, então eu vou irrita-lo ainda mais. ”, eu o puxei para baixo e dei o beijo mais intenso que pensei em dar em alguém e ele não recuou, apenas deixou que o beijo se aprofundasse até que palmas vindas do resto do bar começaram a soar. Todos os meus amigos que estavam presentes bateram palmas e quem eu não conhecia também tinha ido na onda. Por um momento eu me virei para olhar a loira saindo do bar ás pressas com mais duas amigas ao seu lado. Segurei um sorriso de satisfação por alguns segundos, sendo interrompida por um beijo na bochecha.

— Agora você lembrou que eu estou aqui, não é? -Olhei brava para Adrian que estava sorridente, agora para mim.

— Eu só estava vendo se você estava com ciúmes da Yenn.

— Não estava com ciúmes, só queria que você olhasse para mim enquanto eu estou tentando resolver essa situação esquisita.

— Era só ter me cutucado como você sempre faz, não precisava me beijar.

— Bom se você não queria, deveria ter parado assim que eu comecei.

— Quem disse que eu não queria? - Olhava para ele confusa, mais ainda quando ele começou a andar para o meio do bar e eu fiquei parada de boca aberta olhando para ele.

O gerente pegou o microfone e deu para Adrian, que puxou uma garota e começou a falar.

— Hoje eu trouxe a maioria de vocês aqui porque queria que soubessem de uma coisa que estou tentando falar a muito tempo, mas só agora eu recebi a confirmação. Então se preparem.... Eu vou para a Alemanha e essa aqui é a minha despedida, porém ainda tem uma pergunta que eu gostaria de fazer. Quem vocês acham que eu deveria levar como acompanhante?

Todos viraram para mim e gritaram “Helena”, eu não estava entendendo mais nada. Ele me fez passar por tudo aquilo com a intenção de me convidar a ir numa viagem pra Alemanha? Eu simplesmente olhei na direção dele, mas ele estava olhando a garota do seu lado. Me escondi atrás de uns caras que estavam do meu lado e corri para o banheiro. Comecei a telefonar para minha amiga, Jéssica, ela atendeu em poucos segundos e pude desabafar tudo com ela.

— Eu não sei o que aconteceu com ele Jé, o cara que eu conheci, meu melhor amigo. Sem ofensa, okay? Mas é que ele está agindo dessa forma tão estranha. Eu não consigo não me importar com isso.

— Amiga, deixa ele. Volta para o seu apartamento e conversa sozinha com ele mais tarde. Vamos voltar a dormir que já é quase duas da manhã.

— Está bem! Eu vou embora. Pelo menos eu não estou bêbada hoje.

Quando desliguei conseguir ouvir a euforia fora do banheiro, assim que eu sai vi Adrian beijando outra garota loira... Não outra. Era a Yenn que tinha saído do bar mais cedo.

— Vai se fuder, velho!

Voltei para casa em passos apressados e com uma garrafa de vodka na mão, prestando atenção no céu, eu quase não vi aquele carro, mas já era tarde demais. Eu estava no meio da rua com pedaços de vidro por toda parte e um carro parado na minha frente, mas minha consciência foi se esvaindo e logo eu não sabia mais de nada.


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