Ao fim da tarde a luz do sol brilhava nas águas do Anduin que fluíam através dos penhascos cheios de árvores para as cataratas de Rauros; há oito dias de cavalgadas atrás deles, estavam os Argonath, as altivas grandes esculturas de pé em encontro ao céu. Os Pilares dos Reis. Anária sentira sua respiração parar por um momento quando olhara para seus antepassados, com seus corpos de pedra ainda de pé.

O breve vislumbre do Rio Anduin enquanto passavam pela borda rochosa na floresta era de tirar o fôlego. A encosta oposta se erguia em grandes penhascos e montanhas, que pareciam cinzentas no sol da tarde. Ela se virou para olhar para trás, ao longe a coluna de Tol Brandir agora sumia de vista.

— Alcançaremos o Anduin pelo anoitecer. - ela olhou para seu irmão, Anador, enquanto ele falava, e percebeu que ambos haviam parado seus cavalos. Ela assentiu - Acho que hoje a noite deveríamos descansar apenas apenas algumas horas e então continuar assim que a lua estiver alta. - ele continuou, seus olhos se erguendo para o céu; ela considerou brevemente suas palavras, seu cenho franzindo-se.

Ela sentiu o que o havia incomodado, uma presença na floresta, em algum lugar próximo. Como uma sombra ao seu lado, mas quando se virava não estava mais lá. Algo sombrio estava vindo, os dois sentiam isso.

— Então deveríamos continuar até o anoitecer, descansar algumas horas, e depois continuar. - ela falou, suavemente.

Ele concordou com um breve aceno e desmontou, com ela o imitando. Ambos estavam vestidos com camisas e calções cinza, verde e marrom, com botas de couro macio e braçais de couro liso. Mas Anária usava um manto de viagem do estilo élfico com botões de madeira e bordados simples, enquanto Anador usava uma túnica mais rústica e menos delicada. Fora isso, eram muito parecidos; ambos tinham cabelos negros e belas faces, com sobrancelhas elegantes, narizes retos. Os cabelos de Anária eram presos por uma trança, que ia até o meio das costas, e os de Anador iam soltos até um pouco acima dos ombros.

Seguiram em frente, á pé, levando os cavalos, com Anária definindo o caminho. Sua intuição a indicava o norte.

— Já deveríamos ter tido notícias de Aragorn. - Anária rompeu o silêncio.

Anador permaneceu quieto. Sua preocupação era evidente em seu silêncio.

Era fim de verão quando Aragorn, seu líder, tinha lhes enviado para o oeste. Suas instruções tinham sido vagas; um grupo de Dúnedain viajaram pelas montanhas, discretamente pelas terras de Rohan, Gondor e até mesmo próximo as terras sombrias, para vigiar e colher informações e esperarem o comando do líder dos Dúnedain.

Porém apenas Anador e Anária, parentes de sua mãe, foram informados de que cedo ele mesmo viajaria para o oeste novamente e possivelmente com uma companhia.

Por dias Anária sentira uma estranha urgência, a levando para o Anduin. O sangue dos Dúnedain carregava o poder da previsão. Ela sabia que isso a levava para o rio.

O caminho de um Dúnadan nunca era um caminho fácil.

Uma sensação de perigo cresceu em Anária, uma sensação opressiva, como um toque de uma mão congelada em seu pescoço. Estremeceu. Seria a mão de Mordor que se esticava até ali?

Ela parou; algo se moveu na floresta, ela ergueu os olhos para ver pássaros voando, com seus sons em aviso. Os irmãos trocaram um olhar. Momentos depois, montaram novamente em seus cavalos, os incentivando a avançarem o mais rápido que pudessem pelo chão traiçoeiro, ao mesmo tempo em que figuras escuras se moviam nas sombras, em perseguição.