As chamas da fogueira estavam alta deixando uma luz amarelo alaranjada em tudo que estava ao redor. Bebendo, conversando, cantando e tocando os poucos campistas que permaneciam no acampamento meio-sangue estão em clima de festa.

   Paolo Montes queria ser um deles. Ele queria conversar e interagir, contar piadas e se entregar a festa mas ele não conseguia se envolver completamente. Primeiro porque ele não sabia falar inglês e só ficar como ouvinte numa conversa não era bem o que ele queria. Ninguém ali sabia falar português e o ritmo que ele queria não era conhecido por eles.

   E ele queria dançar. Podia sentir a energia pulsando em suas veias e só ficar batendo o pé no chão não estava sendo o suficiente pra descarregar toda a energia acumulada.

   Então ele bebia – coca-cola, porque ali ninguém tinha idade o suficiente pra colocar álcool na boca, bom, talvez Quirón ou a garota que Leo Valdez trouxe sabe-se lá de onde, os sátiros as ninfas...Você entendeu. Ele olhava ao redor, sorria pra quem olhava em sua direção.

    E o pé batucando no chão e os dedos na beira do copo.

  Ele queria muito dançar. Mas aquelas canções de fogueira não eram exatamente pra isso. O ritmo não era ideal pra dançar forró, mas também se ficasse esperando pelo ritmo ideal pra dançar naquela noite passaria a festa toda sentada ali.

  Largou o copo sobre a mesa e se pôs de pé. Olhou ao redor a procura de uma víti- digo, parceiro de dança em potencial, e assim que avistou um disparou em sua direção.

     - Apolo – chamou colocando sua mão sobre o ombro dele.

   Apolo – ou Lester Papadopoulos – olhou em sua direção ligeiramente surpreso, assim como Will, Kayla e Austin. Paolo ouviu de outros campistas que Apolo lamentava muito sua situação como adolescente outra vez e principalmente as espinhas e a falta de um tanquinho, mas pra ele Apolo estava ótimo. Ele não vira sua versão imortal de cabelos loiros e músculos definidos, mas achava uma charme essa versão de cabelos pretos e olhos azuis.

    Talvez se tivesse visto a versão imortal teria hesitado em dizer o que iria dizer a seguir.

— Bora dançar? - perguntou com um sorriso convidativo.

Como esperado nenhum deles entendeu o que ele disse embora Di Angelo tenha deixado escapar um sorrisinho.

— Hm. - fez Apolo olhando pros outros em busca de ajuda mas eles balançaram a cabeça sutilmente em uma negativa.

Então Paolo pensou um pouco em como se fazer entender. Foi como em um clique que a frase surgiu em sua mente. Na verdade era um refrão e nome de uma música.

     Shut up and dance with me. (Cala a boca e dança comigo)

     E foi o que ele disse.

    Bom, menos a parte do “shut up” porque Apolo não tinha dito nada ainda.

      - Dance?— repetiu agora verdadeiramente surpreso.

— È - assentiu – Forró.

—But

— Relaxa. - disse Paolo pegando a mão dele, não se contendo de ansiedade em dançar – Eu te ensino.

    Ele não levou Apolo pra nenhum lugar, ali mesmo ele colocou a mão de Apolo em seu ombro e segurou a outra na altura do queixo. Colocou a mão livre nas costas dele.

     - Paolo… - ele começou a dizer, as bochechas ficando rubras. Paolo podia ter entendido errado mas ouviu alguém comentar sobre tirar uma foto.

   - Não é difícil ! - garantiu lembrando-se da pronuncia em inglês para “um dois, três” - Vou te ensinar o básico.

E mesmo contrariado e um tanto quanto constrangido Apolo deixou ele ensiná-lo a dançar forró. Meio desengonçado ele tentou seguir a sequência que Paolo passava, e várias vezes ele pensou que Apolo fosse desistir, mas então quase que magicamente ele conseguiu. Os olhos azuis levantaram dos pés e miraram os castanhos cheias de satisfação por ter conseguido. Um sorriso surgiu nos lábios de Paolo e os viu sendo refletido nos de Apolo.

     Logo os dois estavam dançando de verdade, Paolo puxou Apolo pra mais perto agora que não precisava mais ensinar os passos. Ele corou, mas Paolo fingiu não perceber realmente feliz por finalmente estar dançado e se divertindo. Soltou uma mão de Apolo e os dois se afastaram unidos por uma mão e então voltaram a se aproximar, Paolo o fez girar na sua frente e quando Apolo caiu pra frente, com o rosto na dobra do seu pescoço por ter tropeçado (ele não estava esperando ser girado como um pião), Paolo achou que era hora de dar um tempo pra ele.

   Constrangido Apolo se firmou nos próprios pés e Paolo se desculpou por isso e depois agradeceu por ele ter dançado embora tenha certeza que ele entendeu mais a intenção dos que suas palavras.

  Ou talvez não pela cara confusa que ele fez ao ouvi-lo falar. Ao fundo ele ouviu Will convidar Nico pra dançar mas ele se recusou e Will insistiu dizendo que era ordens médicas, Paolo não soube no que deu isso porque se despediu deles pronto pra conseguir mais um copo de coca-cola e molhar um pouco a garganta.
   
   A meio caminho de volta a mesa alguém tocou seu ombro, quando se virou pra olhar era Apolo. Ainda um tanta constrangido perguntou:

     - Last Dance?