— Lar doce lar... - Disse Joseph White com um suspiro enquanto jogava-se no grande sofá azul claro.

— Não sei se gosto mais de viajar ou de voltar pra casa. - Essa era eu, Hazel White, puxando minha mala vermelha pela porta após uma viagem em família para a França.

— No momento prefiro a volta pra casa mesmo. Estou exausta. - Já essa era a bela e inigualável Katharine White, que, por uma enorme sorte do destino, era minha mãe. Eu a admirava mais que qualquer outra coisa ou pessoa no mundo. Mamãe havia saído do nada e hoje tinha tudo: uma bela casa na Califórnia, um marido que a idolatrava, uma gratificante carreira de cantora, e, é claro, eu. Ela dizia que eu era a coisa mais preciosa que já havia posto os pés na Terra. Hoje penso que essa é uma coisa bastante perigosa de se dizer a um filho, pois, se ele realmente acreditar, o estrago pode se grande. Mas não importava naquele momento. Amávamos nossa vida e nossa família.

Eu tinha 17 anos e estava indo para o último ano do colegial. Não sabia ao certo o que gostaria de estudar na faculdade, mas também não estava apressada para decidir. Pelo momento, queria aproveitar o resto das férias com minha mãe, que havia terminado uma turnê recentemente, e minha melhor amiga, Abigail Brown.

Com os raios brilhantes do sol da manhã entrando pela janela e batendo no meu rosto, me levantei, fiz um coque bagunçado qualquer nos cabelos ondulados e desci as escadas para tomar café da manhã. 

— Bom dia! - Tentei dizer da forma mais animada possível para alguém que acabou de acordar.

— Bom dia! - Responderam meus pais e Rosie, uma senhora de meia idade que trabalhava em nossa casa desde que eu podia me lembrar.

Me sentei, cruzei as pernas sobre a cadeira e comi um croissant, salada de frutas e chá. Essas menções detalhistas podem parecer futilidade, mas me lembro de cada minuto daquele que seria o último dia normal da vida que eu conhecia.

— Tem planos pra hoje, Hazel? - Mamãe direcionou o olhar para mim enquanto dava um gole em seu café.

— Abby deve estar chegando a qualquer momento. Vamos ao shopping ou à praia... ou ambos. - Rimos um pouco. - Você precisa de mim, mãe?

— Não, querida, tudo bem... Hoje tenho uma reunião com produtores e depois vou ao médico.

— Ta tudo bem? - Perguntei franzindo a testa. Não era comum minha mãe ir ao médico para check-ups, afinal, era casada com um.

— Tudo bem, só está na hora de fazer alguns exames de rotina. - Ela respondeu com o que pensei ser uma piscada para o meu pai, do outro lado da mesa.

Minutos depois, Abby chegou sem nem bater à porta, com sua delicadeza costumeira. Passamos algum tempo em meu quarto, conversando sobre a minha viagem e o que ela tinha feito na minha ausência - muito Netflix e muita porcaria comestível. Presenteei-a com um cachecol de um tom claro de marrom e desenhos da Torre Eifell em branco. Estava longe de ser lindo, mas era significativo. Adorávamos qualquer coisa marrom e branca por causa de nossos sobrenomes. O sol de Agosto já estava muito quente as 10 horas da manhã, mas Abby saiu com seu presente enrolado no pescoço de qualquer forma.

Dirigimos de janelas abertas e som alto, felizes e alegres, até um shopping center. Passamos horas provando chapéus muito grandes e sapatos muito altos, rindo de nossas imagens no espelho.

Lá pelas duas da tarde, ao sentarmo-nos para tomar sorvete, percebi uma nova mensagem no visor de meu celular.

"De: Mãe

Amorzinho, vou fazer o jantar hoje. Que tal comida italiana? xx"

— Katherine White vai para a cozinha, Abby. Acho que você deveria jantar lá em casa. - Todos sabiam que minha mãe era uma excelente cozinheira. Era uma pena que não tivesse muito tempo para tal, mas, quando tinha, era imperdível.

— É realmente imperdível. - Disse Abby colocando a mão sobre a barriga e arregalando um pouco os olhos.

Sorrindo, enviei uma resposta:

"Sempre. Abby pode ir também? ♥"

Após uma resposta positiva, comi mais um pouco do meu sorvete, mas deixei metade pra deixar mais espaço para o jantar.