A Peleja de Steve escrita por Júlio Michelli


Capítulo 2
Perseguição na noite


Notas iniciais do capítulo

Oi! Esse é o segundo capítulo da FanFic, está um pouco mais dinâmico e tem mais ação. Espero que curtem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702012/chapter/2

O sol das primeiras horas do dia entrava por uma pequena fresta na pilha de pedras e esquentava a face de Steve, despertando-o para a realidade (que não era muito melhor do que seus pesadelos). Levantou-se. A fogueira tinha se apagado.

— Nossa! Que sonhos foram esses!? – Ele apenas se lembrava de alguns roncos e rugidos.

Abrindo um espaço entre as pedras que empilhou, Steve saiu da caverna, esfregando seus olhos para despertar, recebendo por completo a luz do dia. Tudo parecia igual ao dia anterior. As mesmas árvores, as mesmas maçãs, o mesmo sol, o mesmo morro, tudo, tudo parecia igual, um interminável pesadelo. Mas ele sabia que não era o mesmo dia. Hoje era diferente, era aniversário de Inês, sua filha. Com lágrimas nos olhos por não a ter em seus braços (era o primeiro aniversário que não passavam juntos), subiu na árvore, pegou uma maçã e comeu:

— Parabéns minha menininha. – Foi só o que conseguiu dizer, suas mãos pareciam ter piorado, tremiam mais que o normal.

Sem ter mais o que fazer, ainda pensando em sua família, Steve andou sem perceber por onde estava indo. As árvores da floresta impediam a entrada de raios solares, deixando assim, um leve frio matinal que arrepiava a pele do moribundo. Ele não ligava. Caminhou em linha reta por uns minutos, meditando. Talvez por instinto, inconscientemente voltou à praia. Novamente recebeu o sol e também a maresia. Parecia impossível ser esse o mesmo mar que afundou seu barco e possivelmente matou sua família. Não parecia certo, estava muito calmo.

Passadas algumas horas de meditação, sentado na areia, até o sol começar a esquentar e seu estomago voltar a pedir alimento, ele decidiu que era hora de agir. Para voltar a ver sua amada esposa e filha ele teria que descobrir onde estava, deveria procurar alguma civilização. Ergueu-se de um salto, novamente motivado, foi até a borda da floresta e pegou um pedaço de pau caído entre as folhas. Suas mãos ainda tremiam. Parecia que traumas em seu passado refletiam em seu sistema nervoso, mas que agora piorava. Abasteceu-se de novas maçãs e pôs-se a caminhar (escolheu o lado esquerdo).

Andou incansavelmente por várias horas, estava esperançoso quanto a encontrar ajuda. Os raios solares já não estavam tão infernais quanto no meio do dia, mas seus pés já começavam a doer. Andou bem uns dois quilômetros sem avistar uma pessoa se quer, apenas porcos selvagens e aves, nada mais.

— Ai! Minhas pernas – olhou para trás e viu suas pegadas na comprida faixa de areia que se perdia no infinito. Começou a segui-las de volta. – Acho melhor procurar do outro lado, se eu for rápido terminarei antes do anoitecer.

Steve voltou todo o caminho. Chegou onde suas pegadas começavam, fincou ali na areia seu galho de árvore para marcar o local e começou a andar novamente, agora para o lado direito. A paisagem nunca mudava, deixando ele, além de cansado, entediado. O tédio imposto pela mesma areia, pelas mesmas árvores, mesmo céu e animais durante horas deixou a atenção de Steve em um nível bem baixo. Quando percebeu que deveria voltar o sol já se punha.

Reunindo toda a energia que conseguiu, começou a correr. O que ele não queria era passar a noite sozinho no desconhecido. Suas pernas moles e doloridas pareciam presas ao chão, e a areia não facilitava nada. A escuridão começou a dificultar sua visão, tinha a sensação de ver vultos ao seu derredor. Estreitando os olhos cansados, como que para ver melhor, avistou criaturas que surgiam do nada na sua frente e aos seus lados. Ele não sabia o que eram, só sabia que o estavam perseguindo com macabros rugidos. O desespero tomou conta de si.

Gritando amedrontado Steve correu até o pedaço de madeira que tinha prendido na areia, enquanto na sua cola vinha uma criatura assustadora: pele esverdeada e membros com grotescas feridas exalando um pútrido cheiro, em sua boca escorria sangue. Parecia morto. Tirou da areia o galho de árvore e se virou para o morto-vivo. Ele estava bem perto. Com a coragem que os instintos humanos nos dão quando estamos em perigo, Steve deu uma paulada na cabeça da criatura (suas mãos tremulas quase o fizeram errar). Nem esperou para ver o resultado. Desesperadamente entrou correndo na floresta, em direção a seu abrigo.

A essa altura a adrenalina, junto com o medo, já o tinham feito esquecer a dor em suas pernas. Correu e correu muito, desviando das árvores e das pedras em seu caminho, não ousando olhar para trás. Mas também não precisava, deveria se preocupar com o que rastejava à sua frente: um esqueleto arqueiro montado em uma aranha gigante.

Arfando, suando de pavor, Steve se escondeu atrás de uma árvore, a uns dez metros do monstro. Era horrível (ele espiava). Os ossos incrivelmente brancos formavam um esqueleto humano que vivia, carregando um arco e umas flechas. Ainda por cima, para deixar tudo pior e mais bizarro, montava uma aranha gigantesca, com três olhos vermelhos e leitosos, e seus pelos pretos da espessura do mindinho de Steve. A criatura parecia sentir sua presença, farejava, estava inquieta. De seus ossos saia um som curto e agudo, como se eles se esfregassem uns nos outros. A montaria babava de excitação.

Foram longos minutos até o esqueleto se mover. Steve ainda arfava e suava de medo. Calmamente ele andava investigando o terreno em que estava. Qual seria sua função nesse mundo? O que ele fazia? Apesar do medo que sentia, Steve estava curioso. Espiando por de trás de seu esconderijo, ele observava a criatura, desejando ao mesmo tempo que ela fosse embora e que ficasse.

Como que concedendo seu desejo, o esqueleto começou a se afastar. Respirando aliviado, Steve esqueceu-se de tomar cuidado e firmou sua mão em um pequeno galho no chão que se partiu fazendo um estalo. De imediato o monstro o visou com suas orbitas vazias e veio em sua direção com guinchos medonhos. Tinha sede e fome. Novamente por instinto, Steve jogou o galho no monstro, mas dessa vez não foi muito efetivo. Estava sendo perseguido de novo, e agora desarmado. Por sorte não estava muito longe de sua caverna.

Subiu o morro, movido pelo medo, tropeçando e escorregando, mas a aranha não sentia dificuldade, eximia escaladora que era. Quando ele ia entrando pelo buraco de sua caverna, o esqueleto disparou uma flecha certeira em sua panturrilha.

— Ahhhhh! – A dor aguda e forte irradiou da sua perna para todo seu corpo. Quase não conseguindo, Steve tapou o buraco de entrada. – Fogo, fogo, rápido. – Acendeu a fogueira e tirou a flecha de sua perna com um puxão. – Aaahhhh! Meu Deus! – Com raiva jogou a flecha maldita no fogo – Merda! – Rapidamente enfaixou o ferimento com um pedaço da camisa.

                                          ----- // -----

Deitado ao lado do fogo, os pensamentos a mil, sem folego e com a perna latejando, Steve passou o restante da noite acordado, sem conseguir pregar os olhos, firmando o teto da caverna, pensando em o que eram aquelas criaturas abissais. Seus rugidos macabros permeavam a noite do lado de fora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eae gostaram? Por favor comentem o que acharam e o que devo melhorar, isso me motiva a escrever mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Peleja de Steve" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.