Quando o coração fala mais alto que a razão! escrita por Lady A


Capítulo 3
Capítulo 3 - Eu odeio ela.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/701851/chapter/3

― Sei que cheguei há apenas algumas horas então não tenho o direto de dizer muita coisa sobre você, mas eu tenho tido essas impressão então eu quero que me corrija se eu estiver errada. É impressão minha ou... Eu te deixo nervosa? ― as últimas palavras foram ditas pouco depois de ela parar bem na minha frente restando apenas alguns poucos centímetro nos separando e enquanto ela me lançava um olhar tão penetrante e indescritível que parecia estar devorando todas as minhas forças, deixando-me se nenhuma reação.

Do que ela estava falando e porque estava tão próxima? E aquele olhar oque está acontecendo aqui? Droga, porque quanto mais eu tento pensar mais minha cabeça parece girar? Depois de alguns segundos naquela situação senti meu peito esquentar e o ar fazer falta em meus pulmões. Ela não dizia uma palavra sequer apenas continuava fitando-me incessantemente, não sei há quanto tempo estamos ali, porém parecem longos e intermináveis minutos e por alguns segundos eu não quis respondê-la, mas apenas deixar-me ser devorada por aqueles olhos. Então pude vê-la desviar o olhar para algum outro lugar do meu rosto e dar um leve sorriso.

― Não precisa ter medo de mim Erica. Eu não mordo. ― Os olhos que antes eram curiosos foram tomados por uma onda de malícia. ― A não ser que você queira. ― sussurrou enquanto sorria e se afastava, mas sem tirar o foco de mim.

Droga, aqui estou eu outra vez sem dizer uma palavra se quer e parecendo uma retardada. Por que ela sempre me deixa sem reação? Por que eu simplesmente não respondi quando ela perguntou? As coisas não podem ficar assim ,não posso deixar que ela pense que tem controle sobre mim, preciso fazer algo e agora.

― O que isso significa exatamente? ― Questionei-a em um tom sério.

―O que você quiser que signifique. ― Retrucou enquanto sentava na cama ainda virada para mim. ― O que você acha que isso significa?

― Acho que está brincando comigo Micaela. ― Permaneci em silêncio e inexpressiva. ― E eu não gosto quando pensam que podem brincar comigo.

― Em que sentido acha que eu estou brincando com você? ― Perguntou-me instantaneamente.

― Eu acho que está tentando me manipular. ― Respondi de uma forma ríspida e seca. Sentei em minha cama e continuei encarando-a.

― E por que eu iria querer te manipular? ― Questionou-me com cara de dúvida.

― É exatamente o que eu quero saber. ― Passei a olha-la nos olhos fixamente esperando uma resposta.

― Acho que eu acabei te irritando não foi, mas eu não tenho motivos para querer te manipular se é o que pensa. ― Ela riu e deu uma pausa, parecia estar pensando em algo. ― Quando meu intercâmbio estava chegando ao fim achei que voltar para o Brasil seria a coisa mais chata que poderia acontecer comigo, mas eu estava enganada, cheguei há menos de vinte e quatro horas e já tenho certeza que as coisas vão ser muito interessantes por aqui. Tenho a impressão que vamos nos dar muito bem. ― voltou a fitar-me com o mesmo olhar e sorriso malicioso de antes.

Não respondi nada apenas continuei olhando-a tentando descobrir o que aquilo significava e o que se passava na mente dela.

― Bom, como eu disse antes foi uma viajem longa então se me der licença eu preciso acordar cedo amanhã. ― Cobriu o corpo com um dos lençóis que eu a tinha dado deitou na cama e virou para o outro lado, de costas para mim.

Decidi parar de tentar entende-la e logo em seguida me deitei também já que hoje eu quase cheguei atrasada na escola, não quero repetir o mesmo amanhã afinal tenho um currículo escolar pelo qual zelar. Fechei meus olhos na tentativa de dormir o mais rápido possível e ignorar totalmente a presença do outro lado do quarto, mas a mesma não parecia compartilhar o mesmo pensamento que eu.

― Boa noite irmãzinha. ― Ainda pude ouvi-la dizer. Já havia apagado as luzes e ela estava de costa para mim, mas tenho certeza que havia um sorriso sarcástico em seus lábios após dizer aquela frase.

Não sei o que essa garota pretende, mas com certeza eu vou descobrir o que é e impedi-la. Desde a primeira vez que eu pus meus olhos na Micaela eu soube que as coisas daquele dia em diante iriam mudar eu só não imaginava o que estava por vir.

Estávamos caminhando descalças na areia fina da praia, algumas ondas vinham até nossos pés refrescando-os, sua mão entrelaçada a minha passava uma sensação de conforto e segurança, ela olhava para mim por entre algumas mechas de cabelos que insistiam em cair sobre seus olhos, os mesmos que me tiravam o folego com um simples relance. Ela trazia um sorriso em seus lábios, aquele sorriso que eu tanto amava ver. Ela parou e olhou em meus olhos, nesse momento pensei que desmaiaria, pois todas as minhas forças pareciam estar abandonando meu corpo, o rosto dela se aproximava cada vez mais e cada milésimo de segundo que se passava pareciam minutos intermináveis e quando finalmente nossos lábios se selaram em um beijo cheio de luxúria meu corpo inteiro estremeceu como se esperasse a vida inteira por aquilo e a mistura de desejo e felicidade fazia-me querer que aquele beijo durasse para sempre. Micaela estava como no dia em que nos conhecemos com um olhar penetrante e um sorriso malicioso no rosto. Ouvi um barulho irritante, que eu já conhecia bem, arrancar o sono do meu corpo bruscamente, estiquei minha mão até onde se encontrava o meu celular e desliguei o despertador sem nem mesmo abrir meus olhos, me encolhi em baixo da coberta novamente e permaneci ali por mais alguns minutos tentando criar coragem para levantar até que a súbita lembrança do sonho que tivera noite passada fizesse-me quase pular da cama.

― Só pode ser brincadeira. ― Disse involuntariamente enquanto lembrava incrédula os detalhes do sonho. ― Só pode ser brincadeira. ― Repeti sem querer acreditar que havia sonhado aquilo.

Olhei para a cama em frente e percebi que ela estava vazia. Tentei mais um pouco entender por que diabos eu havia sonhado aquilo e concluí que tudo era culpa da Micaela, por ela ficar agindo e me olhando daquela forma eu acabei tendo o sonho mais estranho possível, não acredito que em um dia ela consegui estragar o melhor sonho que tive em meses. Balancei a cabeça de um lado para o outro tentando afastar da minha mente as lembranças daquele estranho sonho. Fui para o banheiro e depois comecei a me arrumar para a escola curiosa e me perguntando por que ela Micaela havia levantado tão cedo.  Quando terminei desci para cozinha para comer algo antes de sair, estavam quase todos lá menos Edu e Daniel que provavelmente dormiram de mais e ainda estavam se arrumando. Sentei e comi ignorando qualquer um que estivesse ali, ao terminar levantei e me despedi da minha mãe e do David, mas antes que pudesse ir em direção a porta de saída fui interrompida pela minha mãe.

― Erica espera a Micaela pra vocês irem juntas. ― Disse normalmente. ― Ela foi só pegar algumas coisas lá em cima já deve estar descendo.

― Esperar a Micaela para irmos juntas pra onde? ― Perguntei totalmente confusa.

― Ora Erica pra onde você está indo, pra escola é claro. ― Respondeu como se eu tivesse feito uma pergunta idiota.

― Você está dizendo que ela vai estudar na mesma escola que eu? ― questionei-a ainda confusa.

― Isso Erica, ela foi transferida da antiga escola dela que ficava muito distante para sua, ou seja, vocês vão estudar na mesma escola. E já que por conta do intercâmbio ela acabou se atrasando na escola ela fará o mesmo ano que você, não é ótimo? David foi falar com o diretor da sua escola e como ainda estamos no começo do ano ele permitiu que ela entrasse, mas por que está fazendo todo esse interrogatório eu já tinha te dito isso antes. ― Olhou-me como se eu fosse louca.

― Oque? ― Não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. ― Na mesma escola e na mesma sala? Essa é a primeira vez que eu estou ouvindo isso.

― É claro que eu te falei. ― Falou com segurança. ― Ou será que achei que já tinha te falado, mas não falei. ― Disse confusa dessa vez. ― Enfim. Você já está sabendo agora então por que toda essa confusão?

― Por nada mãe. ― Respondi com um tom raiva na voz. Era só o que me faltava, ter que aturar a Micaela na escola também, será que essa garota vai me perseguir em todos os lugares agora?

― Aí está ela. ― Ouvi minha mãe dizer quando viu a Micaela descer as escadas. ― Boa aula para as duas. ― Disse com um sorriso no rosto.

Saímos de casa de casa e começamos a caminhar, mas não dei uma palavra se quer. Sinceramente eu não imaginei que ontem à noite quando a Micaela disse que precisava acordar cedo era por que ela tinha que ir pra escola e ainda mais pra mesma escola que eu, acho que as coisas não podem ficar piores do que já estão.

― Valeu por ter me esperado. ― Ouvi Micaela dizer depois de algum tempo de caminhada. ― Agora não vou ter que ficar perambulando perdida pela escola. ― Falou aliviada.

― Não foi nada. ― Disse de uma forma seca.

― Do que está com raiva? ― Ela perguntou parecendo se divertir com a situação.

― Eu não estou com raiva. ― Respondi de forma indiferente.

― É claro que está, basta olhar para sua cara. Parece que vai atirar na primeira pessoa que te incomodar. ― Sorriu sarcasticamente.

― Então se eu fosse você tomaria cuidado. ― Devolvi com um sorriso forçado.

Antes que aquele diálogo irritante pudesse continuar chegamos à escola, pra minha sorte ela pareceu esquecer um pouco de mim enquanto observava o local. Caminhamos pelos corredores até chegar à sala, o professor ainda não havia chegado, suspirei aliviada. Assim que entrei fui direto para minha carteira ignorando por completo a Micaela.

― Dormiu de mais outra vez? Está com uma cara horrível. ― Ouvi Lívia perguntar da carteira ao lado.

― Quem me dera que tivesse sido isso. ― Respondi como se houvesse um peso enorme sobre meus ombros.

― Quem é aquela que chegou junto com você e não para de olhar pra cá. ― Falou enquanto olhava para porta da sala.

― Micaela. ― Respondi depois de alguns segundos em silêncio.

― Aquela Micaela? Sua nova irmã? ― Perguntou enquanto me olhava com os olhos arregalados. ― O que ela está fazendo aqui?

― A própria, pro meu azar ela teve que vir estudar logo aqui, como se já não bastasse todo o resto. ― Falei mais baixo que o normal uma vez que a Micaela resolveu sentar uma carteira atrás da minha na fila ao lado.

― Ela e mesmo bonita, os meninos estão baband desde que ela entrou na sala. ― Lívia disse enquanto parecia analisar Micaela do pés a cabeça de uma forma nada discreta e característica dela.

― Se não se importa eu não estou a fim de falar da beleza dela. ― Virei para frente e enquanto tentava mandar embora as lembranças do sonho dessa manhã que por algum motivo insistiam em voltar.  

― Está bem, desculpa, já vi que você não está legal hoje. ― Falou quando percebeu meu mal humor.

Naquele dia cada aula parecia estar durando um século, por mais que eu tentasse não conseguia me concentrar em nada e quando a hora do intervalo chegou percebi que não fazia a mínima ideia do que os professores haviam falado em suas aulas. Levantei da minha carteira e rumei em direção aos corredores.

― Você não vai esperar por ela? ― Ouvi Lívia perguntar enquanto caminhava logo a atrás de mim.

Olhei para trás e vi Micaela rodeada de gente, a grande maioria homens.

― Ela se vira. ― Voltei-me para os corredores novamente e continuei meu percurso.

― Eu já percebi que vocês não estão se dando bem, mas o que aconteceu com aquela história de que talvez ela seja uma pessoa legal. ― Perguntou-me tentando entender a situação.

― Eu estava errada. ― Respondi subitamente.

― Sobre o que estava errada? ― Micaela perguntou tentando entrar na conversa logo após nos acompanhar.

― Sobre a possibilidade de eu me dar bem com você. ― Respondi de forma indiferente e Lívia apenas nos olhou surpresa.

― Olha Erica eu já entendi que você não gosta de mim agora pode pelo menos me dizer por quê? ― Questionou-me séria enquanto parava ao meu lado.

― Erica? Uma voz masculina me chamou impedindo-me de dar uma resposta a Micaela, virei para trás e vi a quem pertencia.

― Jonas? ― Olhei surpresa para ele.

― Oi, queria falar com você desde ontem, mas não conseguia te encontrar. ― Ele disse enquanto sorria de forma suave o que quase me fez morrer ali mesmo. ― Bom é que como amanhã é feriado eu vou dar uma festa a noite e eu queria te convidar pra dar uma passada lá se não estiver ocupada.

― Claro. ― Respondi quase gaguejando. Não conseguia acreditar que o Jonas tinha vindo me convidar pessoalmente para uma festa dele, aquilo era mais do que eu podia imaginar no meio de toda aquela confusão de antes. ― Eu vou adorar ir à sua festa. ― disse com um brilho de felicidade nos olhos.

― Ótimo, então te espero lá. ― Jonas olhou pra mim de um jeito que quase me fez derreter. ― Nunca te vi por aqui antes, você é nova? ― Perguntou desviando a atenção de mim e olhando para o lado

― Sou, fui transferida pra cá hoje é meu primeiro dia. ― Micaela respondeu estendendo a mão para cumprimenta-lo. ― Sou Micaela, é um prazer te conhecer Jonas.

― O prazer é meu. ― Jonas respondeu enquanto cumprimentava-a e sorria de uma forma tão boba que nunca pensei que ele fosse capaz de mostrar um sorriso assim a alguém, permaneceu mais alguns segundos em silêncio olhando para Micaela de uma forma que parecia hipnotizado até que alguns amigos o chamaram. ― Eu preciso ir agora então vejo vocês mais tarde, Erica, Lívia. Te vejo na festa  também Micaela?

― Se você quiser. ― Sorriu para ele de forma provocadora fazendo-o dar mais uma vez o sorriso bobo de antes.

― Então até mais tarde meninas. ― Se despediu e saiu.

― Aí meu Deus eu não acredito nisso, ele veio falar com você. ― Lívia exclamou.

Eu era quem não estava acreditando que na primeira vez que o Jonas vem falar diretamente comigo ele ficou babando pela Micaela. Essa garota não estava mais apenas me enchendo o saco com suas atitudes estranhas, ela já estava me irritando apenas por existir. Olhei com uma expressão desafiadora e de raiva ao mesmo tempo para Micaela e sai dali o mais rápido que pude deixando até mesmo uma Lívia confusa para trás, mas não responderia por mim se permanecesse mais um minuto perto da Micaela.

O resto da manhã foi um saco, não consegui me concentrar em nada a não ser no fato que eu não iria aguentar mais nenhuma gracinha da Micaela. Quando as aulas terminaram aproveitei que um dos professores chamou-a para falar sobre algo e fui para casa na frente após combinar com a Lívia de irmos juntas para festa. O resto do dia não foi diferente procurei sempre ficar em um cômodo da casa diferente do que ela estava, no dia seguinte também, mas conforme a noite ia chegando e a festa do Jonas também a raiva deu lugar à ansiedade já que estava decidida que dessa vez ele iria babar por mim.

Quando faltava pouco para a festa comecei a me arrumar e assim que terminei fui para casa da Lívia, como havíamos combinado. Naquela noite saí decidida que a partir daquele dia o Jonas seria meu.

― Pronta amiga? ― Lívia perguntou antes de entrarmos na casa onde a festa já havia começado.

― Mais do que nunca. ― Sorri confiante para ela.

A festa parecia ter começado há pouco tempo havia mais pessoas do que eu imaginava e todos ali pareciam estar se divertindo muito, mas a pessoa que eu mais esperava encontrar parecia muito ocupado então decidi esperar ele se acalmar e só depois por meu plano em ação. Enquanto isso Lívia e eu fomos aproveitar a festa como todos os outros, dançamos e bebemos até ficarmos tontas tudo estava perfeito, principalmente por que não havia nenhum sinal da Micaela. Algumas horas depois resolvi procurar o Jonas, perguntei a alguns amigos dele que me disseram que ele estava no jardim na parte de trás da casa, estranhei um pouco já que o jardim não parecia fazer parte da festa, mas não dei muita importância. Cheguei à porta que dava ao jardim e olhei através dela tentando acha-lo, mas sem sucesso.  Atravessei a grande porta de vidro e só então pude velo mais ao fundo conversando com alguém de costas para mim. Não pude ver quem estava com ele devido a minha visão que insistia em ficar turva por causa da quantidade de álcool que havia ingerido, mas conforme fui me aproximando minha visão foi ficando mais clara e pude ver quem estava lá com ele. Por um segundo pensei que fosse o álcool me fazendo ver coisas, mas não, era ela, era a Micaela que estava lá com o Jonas. Não sei quando ela chegou lá ou por que eu não há vi antes, mas isso não tinha importância à raiva que eu estava sentindo dela naquele momento havia me consumido por inteiro, no entanto antes que pudesse pensar em fazer algo a vi olhar por cima do ombro do Jonas notando minha presença, e então logo em seguida a vi beija-lo ignorando-me como se eu nunca houvesse estado ali ou simplesmente provocando-me. Não sei descrever o sentimento que me consumiu naquele momento, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu a odiava mais do que tudo nesse mundo e eu não iria deixar que as coisas continuassem daquela forma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então oque acharam do capítulo, deixem nos comentários.*-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando o coração fala mais alto que a razão!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.