Café escrita por Flowers


Capítulo 1
Café




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Café

 

Todos os dias, a mesma rotina. Ela chegava, sentava-se à mesa perto da janela, pedia um café e, antes de ir embora, deixava uma gorjeta de 5 reais. Ficou fazendo isso durante 1 mês. Eu a atendia todo dia, minhas colegas meio que me obrigavam.

Alice me viu voltando da mesa da misteriosa garota. Aff, mais um discurso!

Lua, ela não morde! Vocês já conversaram alguma vez?” era a quinta vez que ela falava essa frase essa semana. Era quinta-feira.

“Todo dia eu converso com ela, como que eu ia atender alguém sem falar nada?”.

“Conversar de verdade!”.

“Tipo o quê?”.

“Sei lá, ago do tipo ‘Oi, eu me chamo Luana, como você se chama?’”.

“Eu já sei o nome dela. Eu tenho que escrever no café, lembra?”.

“Você tem uma vida fora dessa cafeteria?”.

“Não. Licença, eu tenho que pegar o pedido da Helena”.

“Por que você não aproveita e traz um pouco de coragem de dentro da cozinha?”.

“Porque eu vivo muito bem com minha vergonha!”.

Servi o café, voltei para o balcão, e fiquei a vendo ir embora... Talvez a Alice estivesse certa. Só talvez.

Mais um dia, esperando ela vir. A cada vez que o sino em cima da porta avisava que alguém chegou, eu olhava esperançosa. Esse era o dia! Eu iria falar com ela! Então ela entrou. E minha coragem saiu. O que eu estava fazendo? Ela com certeza já era comprometida! E, mesmo se não fosse, com certeza não ia gostar de mim. Suspirei e continuei caminhando em direção á mesa.

“O de sempre?”.

“O de sempre”.

“Agradeço a preferência”.

“Ei, espera um pouco” ela segurou meu braço “Por que todo dia você fica olhando pra mim?” eu senti como se fosse vomitar. Ou desmaiar. Ou os dois.

“Ahñ... Você... é que todo dia, você vem aqui, pede um café, lê o mesmo livro e vai embora. Eu só queria saber porquê”.

“Não seria mais fácil perguntar pra mim?”.

“E o que eu falaria? ‘Oi, por que você vem aqui todo dia e faz sempre as mesmas coisas?’”.

“Eu responderia: ‘Por você’”.

“O-o quê?”.

“Tudo bem, em voz alta parece meio assustador. É que eu te vi um dia desses aqui, eu não sabia como me aproximar, então eu pedi um café. Pra falar a verdade, eu odeio café puro, mas era o mais barato. Todo dia eu deixo uma gorjeta de 5 reais, você já viu o que têm atrás delas?.”

“Hmm... uma garça?”.

“Também, mas eu deixava meu número anotado em todas elas! Como você nunca viu?”.

“Não sou eu quem recolho as gorjetas! É a... droga, Alice!”.

“Bem, eu não sei quem é ‘droga Alice’, mas eu acho que ela não te contou, né?”.

Neguei com a cabeça.

“Mas... se você ainda quiser... sabe, sair comigo...” eu disse meio sem jeito, enquanto amassava o meu avental “Meu turno acaba ao meio-dia”.

“Então até meio-dia!”.

Sorriu e saiu da cafeteria. É, eu vou matar a Alice, mas, antes, eu vou sair pra um encontro!

 

 


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