Only Yours Is My Love escrita por LivOliveira
Depois desse dia desgastante, volto para casa a fim de relaxar um pouco. Emma disse para eu não ficar preocupado, mas não tem como. Eu não consigo entender Neal, e, seja o que for que ele esteja fazendo, não vai ser nada bom para ninguém. Talvez essa suposta doença dele deva estar tomando conta e ele está deixando-a controlá-lo.
De todo modo, eu acho que ficarei bem. Me precipitei demais e estou me estressando a toa. Mas no momento que aquele maluco sair realmente do controle, não será uma surpresa que eu saia também. Porque nunca sei o que ele é capaz de fazer.
— Killian, eu... Preciso fazer algo muito importante. — diz Emma, ao meu lado.
Aperto mais a sua mão na minha e pergunto:
— O quê?
Ela suspira.
— Pode dar comida às crianças e colocá-las para dormir?
Eu estou confuso agora.
— Você não vai voltar? — paro de andar.
— Vou. Mas não sei o horário. — ela me faz retomar a caminhada.
— Como assim? Para onde vai?
Ela fica um tempo em silêncio, e depois olha para mim.
— Apenas saiba que é muito importante. — é a sua resposta.
Eu não quero parecer incompreensível, mas eu realmente estou com uma certa irritação. Estou tentando o meu melhor. E ela mesma comentou que eu estava distante. Agora, manter esse tipo de segredo na nossa relação não vai ajudar muito. Fizemos tantos planos...
— Ah, claro. Boa noite, Emma. — solto a sua mão e sigo sozinho. Ela me olha por alguns instantes, depois vira a direita.
Eu a amo demais. Mas parece que o aparecimento de Neal nos afastou um pouco. E eu ainda me pergunto se ela ainda o ama. Espero que não.
***
Já coloquei as crianças para dormir. Kyle e Emilie estão em seus sonhos agora. Mas é triste deitar na minha cama e não ter o corpo quente de Emma (nos dois sentidos) para eu abraçar ou vice-versa. Não sei por onde está, mas espero que esteja bem.
Henry ficou com a gente essa noite, porque eu o convenci que assim deveria fazer. Até porquê, Regina está bem alterada e pode descontar no garoto. Não quero vê-lo machucado. E a presença de Neal está mudando todos nós, está nos transformando como ele. Por isso vou tentar me acalmar e não usar da violência. De jeito nenhum.
— Que droga, Swan — sussurro para mim mesmo, ou para o travesseiro de Emma que estou acariciando — O que estamos fazendo com nós mesmos?
Decido que é a hora de eu dormir. Esperei por ela, e nada. Então eu apenas vou tentar descansar para amanhã.
— Boa noite, Swan — como se ela estivesse aqui.
***
Estou sentindo um cheiro estranho. Um cheiro de algo queimando...
Tento me lembrar de algo, mas só faço sonhar com uma floresta pegando fogo. E o cheiro aumenta, e eu me pergunto: "Será que deixei algo ligado?"
Pergunta não respondida por mim. Eu estou cansado. Mas esse maldito cheiro me impede de descansar. E por fim, sinto um calor. Me aconchego mais na cama, e abraço mais forte o travesseiro de Emma. Então eu me lembro:
Estamos no inverno!!!
Eu me levanto mais rápido que o Flash. Incrível o modo como o meu sono foi-se embora em menos de um segundo e o terror ficou no lugar dele. Caso alguém olhe em meus olhos, estão refletindo a chama. A chama não, as chamas. Está tudo pegando fogo. E a primeira coisa que penso é... Meus filhos! Sim, meus filhos!
Mas vai ser complicado sair. A entrada do quarto está tomada pelo fogo. Não quero ser pessimista, mas eu vou morrer e não vou conseguir salvar Kyle, Emilie nem Henry. Eu estou em pânico. Até escutar uma voz:
— Killian! Killian! Onde você está, meu amigo? — é Graham. Escuto um grito dele, um praguejo e um som de algo se quebrando. Ele está em algum lugar da casa.
— Estou no meu quarto! — respondo, controlando a vontade de atravessar aquela parede de chamas.
E então a chama diminui, e o som de extintor é escutado. Sem mais nem menos, saio do meu quarto e vou correndo até o quarto das crianças. Com o extintor de Graham, libero a passagem e chamo-as em seguida.
— Kyle! Emilie! Vamos, bebês. Sem perguntas, vamos! Fiquem com o tio Graham! — carreguei Emilie sonolenta até Graham e Kyle, já de pé, ficou ao lado dele. — Vou atrás de Henry!
E esse calor dos infernos está me matando. Estou transpirando muito, e acho que deveria ter um pano úmido no meu nariz, para não respirar fumaça. Mas já foi. Preciso salvar Henry, agora.
Tento abrir a porta, mas está trancada. Acho que nunca xinguei tanto na minha vida. Porque eu estou irritado e assustado. Com chutes e tombos, consigo arrombar a porta. Sacudo Henry até ele acordar e tusso.
— Killian? O que... Ah, fogo!! — ele salta da cama.
— Não, Kyle, não! — escutamos Graham gritar.
Estou em pânico.
— Vamos! Me siga! — digo para Henry, e saio do quarto.
Consigo ver Graham querer descer as escadas, e Kyle está ao lado dele, com um urso de pelúcia na mão. Provavelmente deve ter voltado para pegar.
— Se afastem! — grito, e uso o extintor para fazer passagem na escada, para que possamos descer sem ser pego por nenhuma língua de fogo.
Deixo as crianças e Graham descerem primeiro. Então lembro do meu notebook que tem coisas importantes. Preciso dele.
— Vão! Saiam da casa! — grito — Henry, use isso — entrego-o extintor no meio da escada.
— Não, Killian! O que vai fazer? É perigoso!
— É rápido. Eu prometo que volto! — dou as costas e volto para o meu quarto.
Mas as chamas estão de volta, e muito maiores e mais poderosas. Mesmo assim, consigo entrar e pegar o meu notebook. Pego a primeira roupa que vejo e vou ao banheiro. Enfio-a debaixo da torneira e torço um pouco. Encosto-a no meu nariz, e tento sair do quarto chamuscante.
Finalmente consigo descer as escadas, mas o meio dela acaba cedendo. O fogo consumira toda a madeira, e o meu peso a pressionou. Então eu caio junto com ela, num ninho de fogo. O bom que tem bastante madeira, então o fogo deve levar só mais um tempinho para consumí-la também e me atingir. Por isso, sem mais nem menos, salto desse inferno e corro para a porta de entrada.
Olho para trás por apenas um instante, e sinto uma lágrima descer pelo meu rosto. Ou será o suor?
Jogo o meu corpo para frente, para fora da casa e deixo-me ser vencido na grama.
— Killian! Killian! — Graham vem em minha direção, e me levanta. — Você está bem?
Eu balanço a cabeça negativamente. Estou com sede, cansado, algo no meu corpo arde e estou morrendo de calor. Nem mesmo fora da casa a temperatura fica melhor.
Graham me leva para longe da minha casa, para o carro de xerife, onde as crianças estão. Não se machucaram, apenas estão com algumas marcas escuras no rosto. Estão bebendo a água de Graham, abatidos.
— Já chamei os bombeiros — me conta Graham.
— Tem alguma ideia do que possa ter causado o incêndio? — pergunto, após muito esforço.
— Sente-se, Killian. — ele me faz sentar no banco — A ajuda está chegando.
Kyle passa-me a garrafa de água, e eu bebo longos goles satisfatórios. Emilie senta em eu colo e brinca com o meu cabelo. Já Kyle está em silêncio, agarrado ao urso e assistindo a casa queimar. Pressiono o notebook contra o meu corpo e suspiro pesadamente.
E no fundo, escuto a sirene dos bombeiros. E então me lembro de um fato: Emma.
Ainda estou em pânico. E não vou sair dele tão cedo.
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