Try Again escrita por Deh


Capítulo 26
You're The Inspiration


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meus queridos a margarida apareceu *-*
Ñ sei se perceberam, mas eu tive uma semana até bem produtiva he he he
E eu sei que vcs estão loucos para o "famigerado almoço" na casa da Dra. Shepard, mas (ALERTA DE SPOILLER) isso ficou para o próximo capítulo, pq esse tinha que ser na narração do Gibbs e esse almoço precisa ser narrado por Jenny *-*
Perdão pela demora e por brincar com as expectativas de vcs, mas eu realmente espero que vcs gostem *-*



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Baby, You're the meaning in my life

You're the inspiration

You bring feeling to my life

You're the inspiration

Wanna have you near me

I wanna have you hear me say it

No one needs you more than I need you

You're The Inspiration – Chicago

 

 

Após dias em um caso exaustivo, que mal me deixou ver meus filhos sem que estes estivessem dormindo e Jenny, que apenas vi no trabalho, eu finalmente consegui fechar o caso e prender o culpado.

Como o culpado já estava preso decidi dar as boas novas a diretora e assim enquanto minha equipe fazia seus relatórios, fui direto para o escritório dela, no entanto quando adentrei eu percebi o porquê Cinthia resmungou “Hoje não”, pois a sala da diretora não continha o que tinha de mais importante, a diretora.

Franzi o cenho confuso, afinal onde diabos Jenny estava as duas da tarde? Sendo assim, coloquei em prática aquele velho ditado “quando o gato sai, os ratos fazem a festa”, nesse caso fui até seu esconderijo e peguei o Bourbon e tratei de me servir. Enquanto tomava o primeiro gole da minha bebida favorita, meus olhos se voltaram para a agenda da minha ruiva em cima de sua mesa.

Por mais estranho que pareça, eu sentia como se aquele maldito objeto me chamasse, mas eu não faria isso, não invadiria a privacidade de Jenny, no entanto em um piscar de olhos eu já me encontrava caminhando em direção ao objeto e logo eu o abri.

Para minha surpresa não havia nada marcado para esse horário, achei estranho, afinal o único motivo para não haver nada marcado, era se houvesse alguma emergência, mas se fosse eu saberia. Não sei o que deu em mim, mas acabei passando para a página seguinte e instantaneamente a frase “Consulta às 9:30” me chamou a atenção, franzi o cenho, desde quando ela estava doente? Tudo bem, apesar de não estar tão presente nos últimos dias, eu não sou um completo ignorante, tenho notado que ela anda acordando algumas vezes durante a noite e anda mais pálida que o usual, ouso dizer até amarela, mas eu pensei que fosse sei lá, uma consequência de alguma dieta maluca... espera, ela não estaria grávida, estaria? Oh Deus, se ela estiver grávida novamente... certamente terei sérios problemas.... No entanto, minhas teorias logo são interrompidas, quando ouço a maçaneta ser girada e sem pensar duas vezes coloco a agenda no exato lugar que estava, afinal eu posso ser até meio louco as vezes, mas não sou idiota o suficiente para irritar Jenny Shepard mais do que o necessário.

Quando ela adentrou a sala, eu já estava a uma distância segura de sua mesa e uma Jenny um tanto, quanto surpresa me encarava.

—Jethro? O que está fazendo aqui? –Ela diz com certo tom de insegurança, o que não deixou de ser estranho, afinal Jenny Shepard não demonstra esse tipo de sentimento, na verdade até duvido que ela possa sentir.

—Bebendo em comemoração. –Eu digo erguendo o copo de Bourbon, afinal eu não seria burro para dizer que estava xeretando em sua ausência.

Ela rolou os olhos.

—Você não sabe que não se deve beber em serviço agente Gibbs? –Ela diz em seu tom repreendedor de diretora.

Em resposta eu apenas dou de ombros e ela trata de deixar sua bolsa em cima da mesa, enquanto ela coloca a grande bolsa de grife em cima da mesa, chego por trás dela e sussurro em seu ouvido:

—Onde estava Jen?

E instantaneamente eu a vejo inalar profundamente, não é possível segurar o pequeno sorriso que me escapa. No entanto, quando ela se vira para me encarar, noto de imediato que seus olhos verdes, não estão com o seu brilho habitual e estou prestes a comentar algo a respeito, quando ela se afasta de mim e vai sentar em sua cadeira.

—Jen? –Eu a chamo.

—Apenas bobagens politicas Jethro, a propósito e seu caso? –Ela disse e isso era o suficiente para mim reconhecer sua tática usual de mudar de assunto.

—Encerrado. –Eu disse me sentando em uma das cadeiras a sua frente.

—Bom. –Ela murmurou enquanto ligava seu notebook e logo voltou a me encarar. –Tenho trabalho a fazer agora agente Gibbs, se não se importa.

Ela logo começa a encarar a tela de notebook e sem me encarar nos olhos ela diz:

—Não deixe esse copo em cima da minha mesa.

E ali por alguns longos segundos eu a observei focar na tela do notebook, notando também o quanto ela estava tensa e isso me deixou intrigado, aparentemente nem todos os mistérios estavam resolvidos por hoje.

Por incrível que pareça o restante da tarde passou tranquilamente, o que claro não posso reclamar, então quando já era cinco e pouco eu a vi no andar de cima caminhando com suas coisas, enquanto conversava com Cinthia, ambas iam em direção ao elevador e percebi que essa era minha deixa e assim, peguei minhas chaves e disse aos meus agentes que estavam fazendo sei lá o que em seus computadores:

—Até amanhã.

Andei a passos largos até apertar o botão do elevador e logo as portas se abriram e ela e a secretária me encaravam seriamente.

—Diretora, Cinthia. –Eu as cumprimentei.

Ambas murmuraram em resposta, Cinthia não liguei, afinal ela não é minha fã número um, mas Jenny tornava sua atitude suspeita. Não que ela me recebesse com mil sorrisos no trabalho, mas hoje ela não fez questão nem de nossas usuais pequenas discussões e em minha experiência de vida, eu sei que uma Jenny que ignora é pior do que uma Jenny que briga.

No estacionamento ela e Cinthia tomaram rumos separados e eu segui minha ruiva até ela chegar ao carro, onde Marvin já a esperava.

—Marvin, pode ir, vou leva-la. –Eu disse, antes que ela sequer pudesse dizer algo.

Ao ouvir minhas palavras, ela instantaneamente se virou para me fuzilar com seus olhos verdes penetrantes.

No entanto, ele não pareceu dar atenção ao que eu falei e continuou a olhar a diretora em expectativa e após ela me dirigir um longo olhar repreendedor, ela voltou sua atenção para Marin:

—Obrigada Marvin, você pode ir. Tenho certeza que o agente Gibbs tem algo muito interessante a dizer. –Ela disse e eu não precisava ser um especialista em Jennifer Shepard, para saber que ela estava irritada.

E assim nós dois seguimos em direção ao meu carro, ao entrar, ela bateu a porta com mais força que o necessário e eu me virei para encará-la.

—Ei, o carro não fez nada para você. –Eu disse.

Em resposta ela apenas rolou os olhos e disse:

—Você vai me levar para casa ou não?

—Certo, madame. Vamos lá –Eu digo ligando o carro e logo já estamos saindo dali.

Enquanto dirijo, vez ou outra, olho para ela, porém ela está decidida a me ignorar hoje e vejo em sua face que o seu bico, deixa bem claro que ela está irritada com algo.

Assim que chegamos na casa dela, somos recebidos por um duplo furacão Shepard-Gibbs, após a calorosa recepção de meus filhos, Jasper pede ajuda com o dever de casa e antes mesmo que eu olhe para Jen e suplique com o olhar para que ela me tire dessa, ela já vai logo dando um fim as minhas esperanças.

—Seu pai vai lhe ensinar. –Ela diz apenas, e assim sobe com Jéssica para o segundo andar, provavelmente para trocar de roupas e dar um banho na pequena ruiva antes do jantar.

Cerca de uma hora depois, graças ao bom Deus, Jasper finalmente acabou o dever de casa e assim saímos do escritório de Jenny, local onde outrora eu penava ensinando o dever de casa ao garoto. No entanto, ao sairmos deparei com uma das visões mais bonitas que eu poderia ter em uma quarta a noite, Jenny sentada no chão com um coque improvisado, usando roupas de ginastica e brincando tranquilamente de bonecas com Jéssica.

—Papai! JJ venham brincar com a gente! –A pequena ruiva disse assim que notou nossa presença.

—Bonecas é coisa de menina. –Jasper respondeu antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer outra coisa.

—Jasper vá guardar seu caderno que o jantar deve estar quase pronto. –Jenny disse, ignorando o pedido de Jesse. –E você também pode ir guardar as bonecas mocinhas.

—Mas mamãe.... –A pequena ruiva começou a suplicar, mas ao contrário de mim, Jenny deu aquele olhar de sem discussões e até Jéssica sabe que é melhor não discutir, pergunto-me porquê quando sou eu que faço isso, no fim sempre acabo cedendo.

Não demora nem dez minutos e logo estamos nós quatro jantando silenciosamente, ao menos eu estou, já que Jasper e Jéssica decidiram que não querem comer legumes hoje.

—Enquanto vocês não comerem tudo o que está no prato, vocês não saem dessa mesa. –Jenny diz por fim encarando os dois com um olhar ameaçador.

Observo ela atento e noto o quanto ela ainda continua tensa, tudo bem que Jenny sempre está preocupada com algo, mas geralmente após chegar em casa seu estresse tende a diminuir consideravelmente e já na hora do jantar não há vestígios, exceto claro na hipótese em que eu seja o motivo, no entanto tenho me comportado bem nos últimos dias então essa última possibilidade está descartada.

—Mas mãe a gente já comeu hoje. –Jasper queixou.

—É mamãe e isso é ruim. –Jéssica completou.

—Quanto mais tempo vocês dois demorarem aqui, menos tempo terão para assistir TV antes de dormirem. –Jenny dá o ultimato.

—Ok madame. –Jasper resmunga.

—O que você disse Jasper? –Ela fixa o olhar nele e assim ambos se encaram por longos segundos.

Observando ela inalar bruscamente, vejo o quão irritada ela está e assim coloco minha mão sobre a dela.

—Jasper, Jéssica, comam tudo logo ou vão para a cama imediatamente. –Eu digo colocando fim naquela discussão e evitando que ela possa fazer algo que certamente vai se arrepender mais tarde.

Após finalmente os dois comerem tudo, ela os libera um pouco a contragosto para assistirem TV, enquanto eu trato logo de retirar a mesa, pois conhecendo Jennifer Shepard como conheço, sei que hoje será uma noite daquelas.

Eu estou lavando a louça e ela secando, vez ou outra lhe dirijo alguns olhares furtivos.

—Desembucha Gibbs. –Ela diz.

—Não é nada Jen, é só que hoje você está muito tensa. –Digo, mas se eu pudesse prever sua reação, eu certamente teria permanecido calado.

Ela então deu uma risada seca e isso foi a confirmação que aquilo não iria prestar.

Em instantes ela já cruzava os braços e me encarava com seus olhos verdes raivosos, oh Deus, lá vamos nós de novo.

—Tensa Gibbs? Você acha? –Ela começa.

Eu não respondo, pois conheço muito bem a fera que tenho.

—No trabalho nada dá certo, em casa as crianças não me obedecem e você ainda não faz nada! –Ela diz frustrada.

—Ei Jen calma, não é para tanto. Não precisa de tanto drama, não é o fim do mundo.... –Digo e estou prestes a dizer que as crianças tem seus dias e que no trabalho ela vai conseguir resolver, porque ela sempre consegue, mas ela me corta brutalmente.

—Oh aí está! Você está minimizando a situação Gibbs é isso que está fazendo! –Ela eleva seu tom de voz e vejo ela mexer no cabelo, uma mania clássica de quando está nervosa.

—Jen... –Começo, mas ela é rápida em me cortar.

—Acho que por essa noite já deu Gibbs, é melhor você ir para a sua casa. –Ela declara por fim.

Eu a encaro instantaneamente, como assim ela está me mandando ir para casa? Mas eu sabia, que algo assim não demoraria a acontecer. As coisas estavam indo muito bem ultimamente, era claro que ia dar errado em algum momento.

—Jen espera... –tento dissuadi-la da ideia, mas hoje ela está irredutível.

—Vai agora, hoje eu preciso ficar sozinha. –Ela diz me cortando, mas dessa vez em um tom de voz mais baixo e juro que eu sinto uma ameaça no ar.

Eu a encaro fixamente antes de dizer:

—É isso mesmo que você quer?

—É. –Ela responde monossilábica.

—Tem alguma coisa fora do normal acontecendo Jen? –Me arrisco uma última vez, antes de acatar sua ordem.

 _Não. –Ela diz, mas minha resposta não está em suas palavras e sim em seu olho esquerdo se contraindo.

Peguei você Shepard.

Mas quando penso em abrir a boca para dizer algo, ela é mais rápida e diz em um tom derrotado:

—Eu preciso de um tempo Jethro, por favor.

De repente eu me encontro estático no lugar, como assim ela precisa de um tempo? Ela surtou foi? Penso em retrucar, penso em beijá-la ali mesmo e em fazer várias outras coisas. No entanto, conheço Jenny Shepard a tempo suficiente para saber que é melhor deixa-la sozinha no momento e pela primeira vez em semanas dormir sozinho em minha casa.

E assim eu simplesmente saio da cozinha, deixando ela sozinha.

Ao passar pelas crianças eu me despeço.

—Ei crianças, tenho que ir. –Digo chamando a atenção dos dois.

—Não papai, por favor fique e assista desenhos com a gente. –Jéssica é rápida ao dizer e em instantes já está pulando no meu colo.

—Hoje não querida, papai tem que trabalhar. –Digo, não que fosse mentira, certamente eu acabaria minha noite trabalhando no barco.

Por incrível que pareça ela suspirou derrotada e assim me deu um beijo na bochecha.

—Tchau papai, vou sentir saudades. –Jesse disse.

—Tchau meu amor, até amanhã. –Digo lhe dando um beijo na bochecha, antes de lhe colocar novamente no sofá.

—Tchau Jay. –Digo bagunçando seu cabelo castanho e então ele me encara com seus grandes olhos azuis.

—Você realmente tem que ir trabalhar? –Ele me questiona e então tenho a impressão que ele pode ter ouvido minha discussão com a mãe dele.

—Tenho filho, mas amanhã estou de volta. –Eu digo e então ele se levanta e me dá um abraço apertado.

—Tchau papai. –Ele diz.

E assim eu me retiro dali, sem olhar para trás, pois eu tenho a certeza de ter uma certa ruiva observando a cena na batente da porta.

Ao chegar em minha casa, vou direto para o porão onde ligo meu rádio velho e me sirvo um copo de Bourbon, antes de começar a lixar o barco.

Enquanto lixo o barco, ouço a melodia de You're The Inspiration do Chicago e é inevitável que eu não pense em uma certa ruiva teimosa.

—Ah Jenny Shepard, o que você anda aprontando.... –Digo para o nada.

Após uma longa noite passada no porão, cujo mal preguei meus olhos e secretamente uma parte de mim deseja que também não tenha sido fácil para ela dormir sem mim, finalmente já é manhã e eu estou dirigindo a caminho do NCIS e arquitetando uma maneira de pedir desculpas por algo que eu nem sequer sei se fiz.

Passo a manhã atento ao que ocorre no andar de cima, percebi que ela só chegou quando era quase hora do almoço, o que não deixava de ser estranho, talvez tivesse algo haver com a tal consulta, o que quer que fosse com certeza terei todo o tempo do mundo para questioná-la mais tarde.

Nunca desejei tanto que um dia acabasse tão depressa e sem intercorrências como hoje e assim já sendo quatro e meia, sigo para a sala da diretora.

Entro sem bater como de costume e a encontro encarando a tela do seu notebook.

—Jethro. –Ela diz meu nome em um suspiro e logo seus olhos verdes estão me encarando.

—Jen. –Eu digo.

—Algo de errado? –Ela pergunta.

—Não, na verdade queria saber se posso leva-la para casa hoje. –Eu disse, afinal a técnica de ontem demonstrou ser falha.

Ela me encarou por longos segundos até finalmente responder:

—Tudo bem. –Ela disse e ficou a me encarar. –Algo mais?

—Mais tarde. –Eu disse lhe dando um pequeno sorriso.

Sua resposta, no entanto, me deixou um tanto inquieto, um sorriso claramente forçado. Porém, dessa vez eu deixei passar e assim retornei ao meu posto até o horário de ir.

Eram cinco e dez, eu já estava praticamente pronto para ir, quando meu telefone de mesa tocou.

—Gibbs. –Disse ao atender.

—Já estou descendo. –Ela disse apenas e logo desligou.

Sendo assim, tratei de já pegar o elevador para esperar no carro, afinal quanto menos pessoas nos vissem juntos melhor seria, não que a essa altura do campeonato eu esteja me importando que descubram, mas digamos que eu não quero ver Tony se vangloriando tão cedo, dizendo que sabia.

Destranco meu carro e logo entro, coloco o cinto de segurança e a espero, não demora muito e logo ela entra, batendo a porta com muito mais suavidade que no dia anterior.

O trajeto foi silencioso, não que eu seja de conversar, no entanto, Jenny sempre gosta de falar sobre algo, uma característica que Jessica herdou dela. Percebendo então que estou começando a odiar esse silêncio, pergunto:

—Como estão as crianças?

Pelo canto do olho posso ver um pequeno sorriso surgir em sua face.

—Jéssica retornou ao assunto que quer um cachorrinho de verdade em seu aniversário. –Ela diz.

Eu não posso não rir.

—Você sabe que nós poderíamos arrumar um cachorro para eles não sabe? –Digo.

—Ah claro Jethro, eu já tenho dificuldades em cuidar de duas crianças, mais um cachorro então... –Ela resmunga, mas percebo que ela não está zangada, apenas mostrando seu lado.

—Ah Jenny, eu ajudaria. –Eu disse, afinal não é segredo que eu também gosto de cachorro.

Ela então me olhou com uma expressão inquisitiva.

—Jethro não invente moda. –Ela disse.

E nós dois rimos.

Chegamos em casa, ou melhor a casa dela, e como de costume fomos recebidos pelo duplo furacão Shepard-Gibbs. Estranhamente, Jenny dispensou a senhora Martinez antes dela começar a fazer o jantar, dizendo que ela se encarregaria hoje.

Em seguida ela já foi dizendo:

—Jasper, pegue seu caderno que hoje vou lhe ajudar a fazer o dever de casa.

E então voltando sua atenção para mim e Jesse ela disse:

—E vocês dois, nada de complô contra mim.

—Jamais Jen. –Eu disse, enquanto Jéssica não parecia ligar muito com o que a mãe dizia.

Eu estava tomando chá com Jéssica e algumas outras bonecas, além de seu novo cachorrinho de pelúcia, agora chamado George, quando do nada ela disse:

—Tia Penny disse que vai vir brincar comigo qualquer dia. Que dia será papai?

Franzindo o cenho com o que ela disse eu respondi:

—Não sei querida, acho que você terá que perguntar à ela.

Afinal não é como se Jenny e Penélope fossem melhores amigas, não que sejam inimigas, mas o relacionamento delas é complexo demais para que eu possa entender. Então eu percebi que algo estava errado e questionei Jéssica:

—Quando você viu sua tia Penny pela última vez?

—Hoje papai, ela nos levou para a escola junto com a mamãe. –Minha filha respondeu inocentemente.

Eu franzi o cenho, isso era estranho, Jenny e Penélope não são as irmãs mais próximas do mundo e certamente essa aproximação não era algo aleatório, a essa altura do campeonato pergunto-me se as Shepards fazem algo sem ser planejado.

—Papai? –A voz da minha caçula, me tira de meu devaneio.

—Sim querida? –Digo.

—A senhorita Lulú, disse que o senhor não está servindo o chá corretamente. –Ela disse em seu tom levemente repreendedor e é impossível que eu não sorria diante de mais uma das inúmeras semelhanças que ela compartilha com a mãe.

—Desculpe-me Lulú. –Me desculpei com a boneca.

E assim brincamos por um bom tempo, até mesmo depois que Jenny terminou de ensinar o dever de casa a Jasper.

—O jantar está quase pronto, Jethro dê banho na Jéssica. –Jenny gritou da cozinha.

Quinze minutos depois eu a ajudava a colocar a mesa e não demorou para ver a expressão feliz de ambas as crianças ao perceberam que Jenny havia feito espaguete para o jantar, não que ela soubesse fazer muitas outras coisas além disso. Mas que seu espaguete é bom, isso é.

Nosso jantar de hoje foi claramente melhor que o do dia anterior, Jéssica falava aleatoriamente como sempre, vez ou outra até Jasper contava histórias de como havia sido seu dia na escola. Isso foi o suficiente para que até eu sorrisse satisfeito, entrentao, meu sorriso pode ter oscilado consideravelmente ao voltar meu olhar para Jenny que apesar de tudo estava tensa.

Ao terminarmos o jantar, ajudei Jenny com a louça enquanto as crianças escolhiam um DVD para assistirmos.

Nem dez minutos e já nos encontrávamos os quatro assistindo O Rei Leão pela milésima vez.

Ao final do filme, Jéssica já se encontrava dormindo no meu colo e Jasper estava com a cabeça no colo de Jenny também dormindo.

Sendo assim, tratei logo de levar Jéssica para o quarto, em seguida buscando Jasper e o levando para seu próprio quarto.

—O que aconteceu para Jasper dormir tão cedo? –Perguntei quando cheguei no andar de baixo e a encontrei sentada no sofá.

Ela me dirigiu um sorriso amarelo, antes de dizer:

—Segui a dica de Marvin e o matriculei no beisebol.

E ali encarando minha ruiva sentada no sofá eu sabia que finalmente era hora de questionar o que estava de errado. Dessa forma, me sentei no sofá ao seu lado e após lhe dar um selinho eu pergunto:

—O que está acontecendo Jen?

E então a vejo suspirar derrotada, tenho a impressão que não haverá boas coisas pela frente.

—Eu estou doente Jethro. –Ela me confessou e finalmente me encarou.

Verde no azul. Jenny e Jethro. Era tudo certo, mas porque agora parecia haver uma enorme barreira entre nós?

—Mas você vai melhorar, não vai? – Perguntei esperançoso.                           

E então eu a vi inalar profundamente, tenho quase a impressão de ter ouvido um soluço.

—Jethro eu estou com câncer. –Ela confessou com os olhos marejados.

E de repente eu senti meu mundo ruir, pedacinho por pedacinho senti todo o meu mundo desabar. Agora já não importava mais o motivo da nossa briga, já não importava NCIS ou o que quer que fosse ser o objeto de nossa próxima discursão. O que eu estava tentando encarar era o fato que havia grandes chances de perder a mulher que agora espera ansiosamente minha reação com os olhos marejados.

—Jen... nós vamos dar um jeito. –Eu digo incerto.

Ela então segura meu rosto entre suas mãos, e assim ficamos em silêncio por alguns segundos,  até ela dizer:

—Eu não queria lhe dizer Jethro, eu não queria causar dor em você. Eu pensei que talvez pudesse afastá-lo, na verdade se você quiser ir tudo bem, eu sei que você já perdeu alguém que amou uma vez e não posso forçá-lo a ficar, na verdade talvez você devesse ir...

Então eu a encarei perplexo.

Ela realmente estaria achando que eu a abandonaria? Ela realmente acha que depois de uma noticia dessa eu iria embora? Me afastei então dela e me levantei do sofá, que outrora estava sentado.

Andei em círculos por alguns segundos em silêncio, ainda tentando absorver toda a situação, enquanto sentia o olhar dela sobre mim. Ela simplesmente só poderia estar ficando louca se estivesse achando que eu iria embora, eu não a deixaria.

Então finalmente paro de frente a ela e a encaro antes de dizer:

—Jen eu nunca vou abandonar você.

E assim fungando ela se levanta e me encara.

—Talvez fosse o melhor Jethro. –Ela praticamente sussurra.

—Isso não está em discussão Jen, eu não vou abandonar você, eu juro. Nós iremos passar por isso juntos! –Eu digo seriamente enquanto fixo meu olhar em seus olhos verdes, que agora deixam as lagrimas escaparem livremente.

—Mas e se eu não conseguir sair dessa Jethro? –Ela então sussurrou e então eu percebi que pela primeira vez eu encarava uma Jenny com medo e o pior, eu também sentia esse medo.

E de repente era como Los Angeles de novo, onde eu não sabia se ela sobreviveria aquela cirurgia, era como na Inglaterra, que eu não sabia de seu paradeiro, por fim o meu maior medo era que fosse como Shannon e Kelly.

Eu queria dizer que tudo ficaria bem, mas de repente a remota possibilidade de perder a mulher que tenho amado há dez anos faz com que eu não tenha palavras a dizer. Então faço a única coisa que poderia fazer, cedo aos meus instintos e a puxo para um abraço apertado, na esperança que ela saiba que isso significa que eu estarei aqui.

Ela se agarra a mim como se seu mundo dependesse disso e não demora para que eu ouça seus soluços e sinta minha camisa ser manchada por lágrimas. 

—Vai ficar tudo bem Jen. –Eu sussurro após um longo tempo apenas ouvindo seus soluços, sem saber ao certo se ela me escutou.


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Notas finais do capítulo

Ela realmente está doente T-T

Então pessoal é isso: Jibbs briga no inicio, faz as pazes no meio e o “pior” os une. Devo dizer que foi pesado, mas gostei e vocês?
Ademais, tenho que dizer que tive muita dificuldade em desenvolver essa conversa final entre eles e quase que quem começa a chorar sou eu T-T

Não se esqueçam de me contarem o que acharam ;)



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