Try Again escrita por Deh


Capítulo 24
One


Notas iniciais do capítulo

Da série Coisas Estranhas que Acontecem Durante a Quarentena: eis eu aqui atualizando uma fanfic após 3 anos (deveria fazer isso mais né gente?).

Espero que alguém leia *-*

Só por curiosidade, alguém aí curte U2?



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“We're one

But we're not the same

We get to carry each other

Carry each other”

One - U2

Antes mesmo de abrir os olhos, percebi o espaço vazio em minha cama, abri os olhos e olhei ao meu redor, de início pensei que ela tivesse recorrido aos seus velhos hábitos de fugir pela manhã. No entanto, notei que peças de roupa dela ainda se encontravam em meu quarto, então onde estaria Jennifer Shepard?

Fui procura-la e acabei a encontrando em minha cozinha, escorada na bancada com uma xícara de café em mãos. Ela usava uma das minhas antigas blusas do NIS e estava de costas para mim encarando a janela, cheguei por trás e sussurrei em seu ouvido:

—Bom dia...

Não preciso dizer que ela se assustou.

—Jethro, pensei que tinha parado com essa mania. -Ela me repreendeu, ela sempre odiou o fato que eu consigo me movimentar sem fazer barulho. Ela se virou para me encarar e logo disse -Fiz café.

Me servi do café que ela havia feito e comecei a observa-la, ela estava quieta, quieta até demais. Então fui obrigado a perguntar o que eu temia:

—Se arrependeu?

—Não, é só que eu não fui embora antes de você acordar. -Ela disse como se isso respondesse tudo.

—E...? –Realmente eu não estava entendo o que ela queria dizer.

—Isso torna real. É oficial não é? –Pela primeira vez em muito tempo eu via ela dizer algo sem muita convicção.

Olhei seriamente para ela e respondi:

—Que você é minha? Achei que você já soubesse disso há anos Jen.

Ela rolou os olhos e murmurou:

—Chauvinista.

—Jenny você sabe que eu te amo e eu realmente quero que dessa vez dê certo, ontem à noite ambos decidimos dar uma chance a nós. Não amarele agora.

Ela bufou:

—Eu não estou amarelando, é só que você é meu subordinado. Meu Deus e sua equipe? E se não der certo? Como ficam as crianças?

—Acalme-se Jenny, vamos manter isso fora do radar, e isso vai dar certo acredite em mim. Podemos ir com calma em relação as crianças, mas não dá para esconder deles. –Eu disse essa última parte antes que ela inventasse algo.

E assim se passaram três semanas.

Mantemos nosso relacionamento fora do radar, embora quando eu vá visita-la no escritório dela sempre me escorrega palavras com duplo sentindo. Não é segredo que nosso relacionamento tenha uma longa história, mas estamos indo com mais calma agora. Estou quase sempre dormindo na casa dela, mas na maioria das vezes eu saio antes que as crianças acordem, as vezes quando estou em um caso e preciso pensar vou para minha casa trabalhar no barco e nos meus finais de semanas com as crianças, ela sempre aparece no sábado à noite com a desculpa de verificar se as crianças nãos estão comendo besteiras demais, como se ela também não comesse um ou dois pedaços.

E acho que as crianças começaram a notar que nossa relação mudou, na noite passada Jessica pegou nós dois nos beijando na cozinha e bem, nesse exato momento ela acaba de entrar no quarto de Jen. Onde venho dormindo nas últimas semanas, nesse momento estou deitado encarando o teto enquanto Jenny lê alguns documentos, pois é nada de diversão pelo visto.

Ela se aproxima da cama e acaba se deitando entre mim e Jenny, embora ela esteja mais perto de mim do que de Jenny. Na última semana ela está ainda mais apegada a mim, Jenny a adverte em tom carinhoso:

—Você deveria estar na sua cama mocinha.

—E o papai na dele. –Ela disse.

Touché, minha pequena ruiva realmente puxou a mãe.

Jenny a encarou por cima dos óculos, e disse calmamente:

—Essa cama agora é do papai também.

Gostei disso, mas Jesse não recuou.

—Não. –Ela protestou.

E Jenny estava começando a ficar frustrada:

—Jessica...

Resolvi que era hora de intervir:

—Hey Jesse qual o problema? Você não gosta de me ter por perto?

Ela me olhava atentamente, pude ver pelo canto do olho o olhar de insatisfação de Jenny, ela sempre diz que eu mimo Jesse demais. Após alguns segundos me encarando ela justificou:

—Eu gosto papai, mas você não pode ficar com a mamãe.

Ela disse como se fosse óbvio, Jenny a encarava perplexa, enquanto a pequena ruiva me olhava docemente.

—Por que? -Eu perguntei.

E ela explicou como se fosse óbvio:

—Por que eu sou sua menina número um, e se você ficar com a mamãe ela é que vai ser a número um e eu gosto de ser única.

Shepards... Sempre possesivas.

Jenny ergueu a sobrancelha, enquanto eu me esforçava para reprimir um sorriso enquanto explicava à minha filha:

—Querida eu amo você e sua mãe, vocês duas sempre serão minhas meninas.

Enquanto eu explicava olhando fixamente para Jesse, pelo canto do olho eu pude ver um sorriso de Jenny.

—E qual a sua preferida? -Ela me perguntou e pude notar que Jenny de repente parecia muito interessada em nossa conversa. Como eu iria sair dessa? Como explicar para uma menina de quase cinco anos que amo as duas igualmente e incondicionalmente?

—Minha ruiva de olhos azuis preferida é você. -Eu disse e ela sorriu amplamente, então prossegui. –E minha ruiva de olhos verdes preferida é a mamãe.

Jenny estava rindo, já Jesse pareceu se satisfazer com minha resposta e me deu um grande abraço, mas ela cochichou em meu ouvido em um tom autoritário:

—E eu espero que você só tenha duas ruivas preferidas papai.

Sorri e Jenny pareceu curiosa em saber o que era engraçado, sussurrei um mais tarde para ela.

Jessica decidiu que queria deitar conosco e Jenny disse só até ela terminar, foi então que Jasper apareceu, espero que Jenny não tenha que entrar no questionário de qual seu garoto preferido.

—Isso é hora de estar acordado Jasper? –Ela perguntou e ele apenas disse:

—Jesse também está.

Então ele se juntou a nós.

Quando Jenny finalmente terminou de ler os benditos documentos as crianças já estavam dormindo.

—Então vamos dormir todos aqui? –Eu perguntei.

Ela deu de ombros e então disse com um sorriso malicioso:

—Se você quiser dormir então sim, se quiser fazer coisas mais interessantes você pode ficar a vontade e leva-los para o quarto deles.

—Eu tenho que levar os dois?

Ela assentiu com a cabeça, suspirei, fazer o que né, levei cada um para seu quarto, mas quando fiz a última viagem voltei e ela já estava dormindo. Beijei sua testa e murmurei um:

—Boa noite Jen.

Em resposta a ouvi murmurar algo incompreensível.

Passou-se quase uma semana desde o dia em que convenci Jesse de que tinha apenas duas ruivas favoritas. Jenny achou um máximo sobre Jesse dizer que esperava que fosse apenas as duas, minhas ruivas favoritas.

—Então como estou? –Ela me perguntou ao descer as escadas, eu franzi o cenho, eu não estava  gostando disso.

—Bonita. –Eu disse e então resmunguei logo em seguida. –Bonita demais para o meu gosto.

Ela riu.

—Vou jantar com o presidente essa noite Jethro, não posso ir de qualquer jeito.

Olhei para ela não muito contente e disse:

—Que sorte a dele.

—Não seja ciumento Jethro, volto as dez.

Não estava satisfeito com aquilo, e ela sabia bem disso, tanto é que rolou os olhos antes de dizer:

—Depois me pergunta de onde minha filha puxou tanto ciúme.

Antes que eu pudesse dizer algo a campainha tocou.

—Deve ser minha carona, disse a Marvin para estar aqui as sete em ponto. –Ela disse.

Ela se aproximou e me deu um selinho, antes de deixar suas últimas recomendações:

—Tenha um bom jantar com as crianças e nada de pizza de novo.

Em resposta eu apenas bufei e ela saiu com um lindo sorriso no rosto.

Já eram por volta de sete e meia e eu jantava com meus filhos, ou melhor tentava fazer com que eles comessem os legumes.

—A gente não pode pedir pizza antes da mamãe chegar? –Jessica me perguntou com os olhinhos brilhando de esperança.

—Não querida, vocês também precisam comem legumes. –Eu disse e então completei mentalmente: e sua mãe definitivamente achará uma maneira de me punir, senão comerem.

Jasper estava prestes a abrir a boca para falar algo, quando a campainha tocou.

—Eu já volto, e quando chegar espero que vocês tenham comido tudo. –Eu disse olhando de Jasper para Jessica em um tom autoritário, o mesmo tom que uso para dar ordens para minha equipe.

Dito isso trilhei em direção a porta, já curioso com relação a quem ousara tocar a campainha de Jenny Shepard a essa hora, afinal não é como se ela fosse uma pessoa que recebe muitas visitas.

Ao abrir a porta me assustei com a mulher que tocava a campainha antes, devo dizer que foi perceptível sua surpresa ao me ver ali abrindo a porta.

—Senhora Shepard. –Eu disse abrindo espaço para que a mesma entrasse.

Ao adentrar a casa ela começou a retirar o casaco e falou:

—Acho que a essa altura você pode me chamar de Caroline.

Me limitei a assentir diante da fala da minha sogra.

—Onde Jennifer está? –Ela me questionou.

—Ela está em um jantar na casa branca. –Respondi apenas.

Nesse meio tempo, Jasper e Jéssica acabaram por aparecer.

—Crianças digam oi para sua avó. –Eu disse.

E assim ambas as crianças foram cumprimentar a senhora mais velha.

Deixei eles com a avó e fui recolher os pratos na cozinha, devo dizer que me surpreendi ao ver que os dois comeram tudo, apesar de terem se queixado bastante.

Caroline acabou ficando mais do que o esperado, Jessica acabou por lhe convencer a contar uma história para ela dormir e milagrosamente até Jasper acabou dormindo no quarto da irmã.

Caroline desceu as escadas e me encontrou assistindo TV, não era como se tivesse muito o que eu fazer na casa de Jenny.

—Agente Gibbs? –Ela diz chamando minha atenção. –Quais são suas intenções com minha filha?

Não que eu seja alguém de perder as palavras, mas tal questionamento a essa altura do campeonato me deixou sem saber ao certo o que responder.

—Perdão? –Foi a única coisa que conseguir dizer.

—Já sei que vocês estão juntos novamente. –Ela disse simplesmente.

Inevitavelmente eu franzi o cenho, Jenny sempre deixou bem claro a falta de contato com a mãe.

—Minhas intenções com Jenny são as melhores senhora Shepard, ela é a mãe dos meus filhos e alguém por quem eu daria a vida. –Confessei à ela.

Por alguns instantes ela me analisou minunciosamente, como se esperasse que a qualquer momento eu fosse cometer um deslize.

—Isso é bom... –Ela disse e então prosseguiu. –Em três semanas meu filho estará na cidade, quero vocês quatro no almoço de domingo na minha nova casa.

Eu a encarava atentamente, não é como se eu pudesse fazer Jenny ir, se ela não quisesse.

—Diga a Jennifer que não quero desculpas e é o mínimo que ela pode fazer por ter escondido meus netos a vida toda. –Ela foi dura e ao mesmo tempo eu pude distinguir um tom de ressentimento em sua voz.

Definitivamente aí estava um assunto que eu não queria me meter, muito menos um almoço em que eu quisesse ir.

—Tenha uma boa noite agente Gibbs. –A mulher de olhos azuis finalmente disse, antes de ir pegar seu casaco.

—Boa noite Caroline. –Eu disse ao abrir a porta para a mulher mais velha sair.

E após fechar a porta, fui até o quarto de Jéssica, onde peguei Jasper e o coloquei em sua própria cama.

Depois disso, finalmente fui até o escritório de Jenny e me servi de uma boa dose de Bourbon, ainda confuso com a visita inesperada e lá fiquei por um bom tempo.

O relógio do escritório marcava dez e dez da noite quando ouvi alguém abrir a porta da sala, não demorou mais que cinco minutos, para Jenny aparecer e logo caminhar até a garrafa de Bourbon e se servir de uma dose.

—Noite difícil? –Perguntei enquanto ela tomava seu primeiro gole.

Ela suspirou.

—Definitivamente, você não sabe o que eu descobri. –Ela dizia um tanto quanto perplexa.

Fiz sinal para que ela prosseguisse.

—Minha irmã estava lá acredita? Penélope vai ser médica do presidente ou seja ela está fixando moradia fixa aqui e isso nem é o pior. –Ela fez uma pausa para beber um bom gole do Bourbon.

Acho que ela sabe que Caroline também retornou para Washington.

—Minha mãe retornou, ela alugou uma casa aqui Jethro, oh céus. –Ela finalizou passando a mão nos cabelos.

Respirei fundo, já que ela estava indignada, melhor soltar a bomba logo.

—Ela esteve aqui e nos convidou para um almoço na casa em três semanas. –Eu disse simplesmente.

De repente Jenny Shepard me encarava como se eu fosse de outro mundo.

—Você só pode estar de brincadeira. –Ela resmungou.

E após um último gole de Bourbon, ela abandonou o copo em cima da mesa e se aproximou mais de mim, sentando-me no meu colo.

—Essa foi sem duvidas uma noite de muitas surpresas. –Ela disse antes de me dar um selinho.

—Ela sabe que estamos juntos Jenny. –Eu disse.

Ela suspirou.

—Claro que sabe, Penny é uma linguaruda. –Ela disse rolando os olhos.

—Ela também disse algo do seu irmão estar na cidade, devo me preocupar? –Lembrei de perguntar.

—Oh Danny. Faz tanto tempo que não o vejo. –Ela diz finalmente sorrindo de verdade.

Deitando com a cabeça na curva do meu ombro ela disse mais baixinho:

—Apesar de todos os tumultos da noite, foi bom chegar e encontrar você aqui Jethro.

 E assim ficamos nós dois ali por mais alguns minutos, em silêncio, apenas dois seres humanos desfrutando da presença um do outro.


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Notas finais do capítulo

Eis aqui que me despeço de vcs (espero que por pouco tempo)

Quem tiver conseguido ler até o fim, muito obrigada *-*

Um abraço e cuidem-se!

Tenham uma boa quarentena ;)



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