Try Again escrita por Deh


Capítulo 15
I lost you


Notas iniciais do capítulo

POV Jenny

OBS: capítulo editado em 21/07/2020!



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“It's just so hard to face

I lost you

Why'd I throw your heart away

Now I'm going down like I'm on the ground

I lost you

Now I'm so sad I lost you”

I Lost You - Katharine McPhee

Após os eventos de La Grenouille, eu não precisei mais evitar Jethro, ele estava fazendo isso por si só. Ele até teve a audácia de arrumar uma namorada. Sim, ele arrumou uma namorada! Uma coronel do exército, loira. Isso mesmo, loira! Desde quando Jethro namora loiras? Jethro não gosta de loiras.

Por todo edifício já rolava a aposta de que em quanto tempo ela se tornaria a ex-esposa número cinco. E francamente, eu não estou gostando disso. Sim, eu sei perdi minha chance messes atrás. E embora eu tente transparecer indiferente, quando ele desfila com ela por todo o edifício, por dentro algo está me matando. Dá para acreditar que todos os casos recentemente estão sendo em conjunto com o exército? Talvez eu esteja sendo punida. 

Suspirei e deixando minhas frustrações de lado, verifiquei meu relógio de pulso e já era quase seis, sendo assim, arrumei minhas coisas e dei meu expediente por encerrado.

Mas a minha sorte não é das maiores, já que sou obrigada a entrar no elevador com o novo casal, é normal sentir náuseas com essa última palavra?

Após finalmente ser libertada da maldita caixa de metal, me coloquei a andar apressadamente em direção ao meu carro, afinal se Jethro quer sair por aí namorando o problema é dele, eu ainda tenho filhos para cuidar.

Demorou para que eu percebesse que ele estava me seguindo, eu parei quando ele disse:

—Diretora.

Fechei os olhos antes de me virar para encará-lo, ele iria começar com formalidades agora?

Me virei e encarei aqueles malditos olhos azuis profundos, ele então caminhou comigo até meu carro e finalmente perguntou:

—Posso pegar as crianças amanhã?

—Depende. –Eu disse em um tom desinteressado.

—Do que? –Ele questionou.

—Se ela estiver junto não. –Eu disse, afinal e daí que ela estivesse desfilando por aí com ele? Mas com meus filhos a história é bem diferente.

Ele fixou seus olhos azuis nos meus, antes de perguntar:

—Ciúmes?

Agora era minha vez de lhe lançar um olhar sério e até mesmo desdenhoso.

—O que eu disse há anos continua valendo Jethro. Eu os mantenho longe de meus namorados e você os mantem longe de suas namoradas, esposas e ex’s. –Eu disse fazendo questão de dizer namorados, para ver se o provocaria, mas ele apenas me olhou maliciosamente.

—O combinado na verdade era mantê-los longe de qualquer cabeça vermelha que não fosse você. –Ele ousou dizer.

Ergui a sobrancelha e entrei em meu carro, sem me dar ao trabalho de responder. Ele não ousaria me desafiar, não nesse quesito.

Fui para casa pensando em nosso trato antigo, quando nos separamos, eu deixei bem claro que não queria Jasper perto de qualquer namorada/esposa/ex, sendo assim ele não tinha permissão de leva-lo para a casa que dividia com Stephanie. Não sei se ele contou a ela sobre eles, Jethro nunca é de falar muito. Quando voltei para DC e comecei a sair com um senador, ele fez questão de reformular os termos de nosso trato. Não que eu fosse levar um cara para minha casa, mas eu concordei mesmo assim. Minha intenção é simplesmente proteger meus filhos, embora hoje não tenha sido apenas por isso que o lembrei de nosso trato.

—Mamãe? –Jéssica chamou minha atenção.

Ela e Jasper estava deitados comigo em minha cama.

—Sim mon amour? –Eu disse.

—Quero ouvir uma história. –Minha caçula anunciou.

—Certo, vá buscar um livro que eu leio. –Falei.

Ela sorriu para mim antes de dizer:

—Eu não quero uma história de livro.

—Que história você quer então? –Perguntei franzindo o cenho.

Ela apertou seus braços em volta de seu novo cão de pelúcia e então disse:

—Como você e papai se conheceram.

Olhei para ela fixamente, enquanto ela me olhava com seus grandes olhos azuis esperançosos, olhos azuis que ela havia herdado dele, na verdade ambos herdaram os olhos do pai.

—Era meu primeiro dia no NCIS, assim que eu cheguei, Stan e Will, os caras que seriam da minha equipe, me disseram que o chefe estava me esperando na autopsia. Demorei meia hora para encontrar a autopsia. Quando cheguei lá seu pai observava Duck realizar a autopsia, ele estava sério, lembro-me que ele falou que nada de atrasos eu pedi desculpas e foi quando ele me ensinou a regra número seis.

—Essa eu sei. –Jasper se manifestou e logo acrescentou –Nunca peça desculpas, é um sinal de fraqueza.

Ergui a sobrancelha para ele, sempre disse a Jethro para não ensinar essa regra as crianças, afinal de contas não vejo como arrepender-se pode ser final de fraqueza, principalmente quando se trata de crianças ardilosas.

—Voltando a história. Eu acabei vomitando nos sapatos de seu pai. –Eu disse sorrindo com essa última parte, ainda não gosto de assistir a autopsias, entretanto, hoje já sou capaz de controlar a ânsia de vomito. Ainda me lembro bem da expressão que Jethro fez quando viu que eu vomitei em seus sapatos foi hilária, mas na época eu morri de vergonha.

—Eca. –Jéssica disse.

—O que é autopsia? –Jasper perguntou.

Parabéns Jenny, você vai ter que explicar a duas crianças o que é uma autopsia e como eu faria isso sem traumatiza-los?

—Quando alguém morre, um médico tem que dar a causa da morte, isso é uma autopsia. –Eu disse da forma mais simples que achei.

—E depois o que aconteceu? –Jéssica perguntou mais interessada na história, ainda bem.

—Bem... seu pai saiu para providenciar sapatos limpos e me deixou observando Duck até que ele terminasse, para que eu aprendesse a me controlar. –Eu disse, deixando de lado a ameaça que a cada vez que eu vomitasse seria uma autopsia a mais que eu assistiria, do inicio ao fim. Sim, Leroy Jethro Gibbs é um maldito filho da mãe.

—Duck é legal. –Jéssica disse e eu franzi as sobrancelhas, estamos falando do mesmo Duck? Instantaneamente um alarme vermelho soava em minha mente.

—Legal? –Perguntei na esperança que a tão sincera Jéssica Gibbs continuasse, e assim ela fez que sim com a cabeça.

—Eu estava doente e ele me deu remédios. –Ela disse simplesmente.

Isso estava começando a ficar interessante...

—Duck veio aqui? –Perguntei inocentemente.

Ela fez que não com a cabeça e isso estava me deixando cada vez mais curiosa, afinal de contas quando Jethro levou minha filha a um médico e eu não sabia?

—Então onde você o encontrou? –Perguntei o que tanto queria saber, torcendo para ter sido na casa de Jethro e me negando a pensar em outra hipótese.

—Eu não posso dizer. –Ela disse e isso foi o suficiente para que eu já tivesse uma boa ideia de onde foi e de repente um desejo insano de brigar com o pai dos meus filhos estava se instalando em mim.

—Por que? –Perguntei não demonstrando minha irritação crescente, por Jethro inventar de manter segredo de mim, em especial por se tratar das crianças.

—Porque eu prometi ao papai. –Ela disse brilhantemente.

Céus, por que justo hoje ela não podia usar da sua sinceridade absurda e me dizer tudo de uma vez? Assim, eu já poderia ir ligar para o Gibbs e gritar com ele, não que eu esteja querendo falar com ele....

Lancei um olhar incentivando minha caçula a falar e então, finalmente, ela falou, mas não era o que eu esperava:

—A melhor maneira de se guardar um segredo é não conte a ninguém.

Instantaneamente eu reprimi um xingamento, Gibbs me paga...

—Regra número quatro. –Jasper disse satisfeito, maldito seja Jethro e suas regras estupidas.

Aquele bastardo realmente vem ensinando bem as regras as crianças, mas talvez possamos reverter isso.

—Vocês querem aprender as minhas regras? –Eu pergunto em um tom conspiratório, sabendo que eles adoram um suspense.

Ambos me olharam curiosos, mas Jasper tem que provar que é filho do pai dele e diz em um tom de voz desdenhoso:

—Você não tem regras.

Eu ergui a sobrancelha e em resposta ele se encolheu, como assim eles não são nem adolescentes ainda e já acham eu não tenho autoridade.

—Regra número um: Nunca mentir para mamãe.

—Eu não estou mentindo. –Jéssica não perdeu tempo em dizer.

—Certo... –Eu disse, afinal de contas ela até tinha razão, então uma ideia me veio a mente e prossegui –Você encontrou Duck na casa do seu pai?

Em resposta ela fez que não com a cabeça.

Por favor Deus não me diga que ele fez o que estou pensando.

—No NCIS. –Eu disse na esperança que ela dissesse não.

 Mas como eu sou Jenny Shepard e ultimamente minha sorte não está sendo das melhores, ela fez que sim com a cabeça, e eu ainda não posso acreditar que ele teve a audácia de levar o meu bebê para o NCIS perto de todos aqueles olhos curiosos.

Céus, DiNozzo deve ter assustado tanto meu bebêzinhho.

—Eu também quero ir ao NCIS. –Jasper protestou.

Era só o que me faltava.... Ah Gibbs, você me paga.

—O NCIS é um local de trabalho Jasper. –Eu disse em um tom ligeiramente repreendedor.

—Mas Jesse foi. –Ele respondeu e o pior é que ele tinha razão.

—Eu estava doente. -Jéssica respondeu em um tom ligeiramente desinteressado, enquanto rolava os olhos.

Isso só pode significar que ele a levou na semana em que ele ficou no comando, por um lado é bom que não tenha sido em um dia que eu estava, afinal de contas isso daria a ele a vantagem de dizer que foi bem embaixo do meu nariz, por outro ainda é ruim o suficiente para que tenhamos que ter uma conversinha sobre isso, mas não antes que eu sonde a minha leal secretária, que por acaso não gosta dele.

—Mamãe a história. –Jéssica chamou minha atenção, me tirando de meu devaneio.

—Certo, então depois da autópsia... –Comecei de onde parei há alguns minutos.

Antes mesmo de terminar a história, eu já havia percebido que eles já estavam dormindo em minha cama.

Eu os observei por alguns segundos, dormirem calmamente, não posso negar que meu coração se aqueceu com a visão mais linda que eu poderia ter hoje. Afinal de contas, eles são perfeitos, modéstia parte, graças a minha contribuição genética, pois não vamos dar todo o crédito para Gibbs e seus malditos olhos azuis.

Eu ainda não estava com sono, sendo assim eu os deixei em minha cama e fui para meu escritório, não que eu fosse leva-los para seus quartos, pois Jasper está pesado demais para que eu o carregue sem dar um jeito na minha coluna, então não vi mal em deixa-los dormir comigo hoje.

Me aconcheguei na poltrona confortável que um dia pertenceu a meu pai e com um copo de Bourbon, fiquei por um tempo encarando meu celular. Sem saber ao certo se fui impulsionada pelo álcool, pela fúria ou que Deus me livre ciúmes, por fim acabei por engoli junto ao meu ultimo gole de Bourbon um pouco do meu orgulho e disquei o número dele.

—Gibbs. –Ouvi ele dizer.

—Jethro. –Eu disse e pensei no que dizer, afinal de contas eu não tinha planejado essa parte e é por isso que eu odeio fazer as coisas sem planejamento.

Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ouvi a voz de alguém no fundo, mais especificamente da coronel Mann, credo, como eu odeio essa mulherzinha inconveniente.

—Interrompo algo? –Perguntei sentindo minha boca amarga.

—Na verdade sim. –Ele respondeu.

Merda.

Como eu sairia dessa e ainda manteria um pouco de dignidade? Porque Deus me ajude se ele sonha que liguei por carência ou qualquer coisa assim.

—Eu só queria saber se você realmente vai fazer o que me disse mais cedo. –Eu disse, preferindo agir como uma cadela egoísta do que uma tola decepcionada.

—Eu vou e não se preocupe, vou respeitar as regras. –Ele disse antes de desligar.

Por que meu coração simplesmente não para de sentir “coisas” por ele?

Ele está com ela.

A voz em minha cabeça não hesita em dizer: É lógico Jenny, você achou que ele ia te esperar a vida toda.

Em minha defesa... Espera, eu não tenho defesa! Eu mereço isso, tudo o que está acontecendo é culpa minha. Por que eu insisto em me apegar ao passado? Estava bom do jeito que estava antes do acidente, isso é culpa dele.

Isso mesmo, tudo isso é culpa dele!

Que direito ele acha que tem de perder a memória e me fazer sentir todos aqueles velhos sentimentos?

Me sirvo de mais uma dose de Bourbon antes de ir para a cama, afinal é mais fácil beber e culpa-lo do que encarar o fato que é culpa minha.

Enquanto bebo um gole da maldita bebida dele, eu penso amargamente em como eu o afastei após aquela noite na casa dele e depois quando ele desistiu de mim e encontrou aquela loira oxigenada, eu percebi que estou muito infeliz com tudo isso.

Maldito seja Leroy Jethro Gibbs.

Maldito seja o dia em que aqueles olhos azuis me hipnotizaram.

Mas talvez o pior de tudo seja o dia em que eu o perdi.


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Notas finais do capítulo

Então fui obrigada a colocar a coronel Mann, sabe nada contra, só não gostei mt dela ter aparecido na série, embora ela tenha rendido uma ou duas cenas engraçadas *-*
Essas crianças são terríveis, né não? Jasper com as regras e Jesse não conseguiu manter o segredo... Pobre Gibbs.
Só eu que fiquei com pena da Jenny no final?



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