Try Again escrita por Deh


Capítulo 12
My Little Girl


Notas iniciais do capítulo

POV Gibbs

OBS: capítulo editado em 27/06/2020!



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Sometimes you're asleep I whisper "I Love You!" in the moonlight at your door.

As I walk away, I hear you say, "Daddy Love You More!".

 My Little Girl - Tim McGraw

 

O primeiro dia como diretor foi monótono. Como ela consegue ficar o dia inteiro lendo relatórios de casos? Aposto que ela acha mais interessante flertar com políticos...

DiNozzo já organizou uma aposta, para ver quanto tempo eu fico como diretor sem me intrometer em nenhum caso da equipe e possivelmente quanto tempo até eu pôr o NCIS no chão, como se eu não cuidasse bem da agência.

Após o entediante primeiro dia de trabalho, fui embora para a casa de Jenny por volta das seis, embora preferisse ficar em minha casa com as crianças acatei o pedido de Jenny, quanto a suposta comodidade da senhora Martinez. Por que sinceramente, o que eu mais queria nesse momento era ficar o mais longe possível de tudo o que me remetesse a ela, entretanto, a situação não parecia colaborar. Já que eu estava ocupando o cargo dela, ficando na casa dela e querendo ou não cuidando dos filhos dela. Não me levem a mal, eu amo meus filhos, mas eles sabem muito bem como serem filhos dela as vezes.

Quando cheguei na Casa de Jenny, a senhora Martinez estava acabando de fazer o jantar, ela perguntou se eu precisaria de mais alguma coisa, respondi que não e disse que ela já poderia ir embora, aproveitei e falei também que amanhã ela poderia chegar mais tarde, pois eu mesmo levaria as crianças para a escola. Já que eu seria obrigado a fazer o trabalho de Jenny, que eu pelo menos pudesse chegar no horário dela, não é mesmo?

O jantar transcorreu tranquilamente, apesar de Jesse ter perguntando sobre a mãe e também ter pedido para ligar para ela. Eu claro, como infelizmente não consigo resistir ao pedido de uma ruiva, acabei deixando que eles falassem com a mãe, eu, no entanto, não falei com ela e ela sequer fez questão.

Jenny sendo Jenny. Nada fora do normal...

No dia seguinte acordei no meu horário de costume, fiz café para mim e fui ver se achava alguma coisa interessante no escritório de Jenny, enquanto não era hora de acordar as crianças, embora eu comece a achar que deveria acordar Jasper mais cedo, para que assim o menino dormisse mais cedo, pois é um sacrifício colocá-lo para dormir no horário que Jenny acha apropriado. Mexendo nas gavetas da escrivaninha, acabei por achar um álbum de fotografias antigo, inevitavelmente sorri a medida que passava as páginas e me deparava com fotos de quando as crianças eram menores, sem falar das fotos anteriores, que eram da época em que ainda estávamos juntos. Por que isso estava aqui? Sinceramente achei que ela tivesse colocado fogo em qualquer objeto que remetesse a ela a memória de que um dia estivemos juntos.

Fiquei ali por um bom tempo tentando desvendar a mente complicada de Jenny Shepard, até notar já ser hora de acordar as crianças. Comecei com Jasper que era o mais fácil e depois a luta diária que era Jéssica, pois assim como a mãe ela não é uma pessoa da manhã, as vezes realmente me assusta o quanto Jesse pode ser parecida com a mãe. Deus tenha misericórdia de mim, pois se uma Jenny já é difícil imagine duas...

Depois de uns bons minutos arrumando Jesse para sair, o que incluía, para minha infelicidade ter que pentear seu cabelo comprido e bem emaranhado, finalmente servi o café da manhã para eles e enfim os levei até a escola. No entanto, desde que acordei minha caçula, percebi que ela estava um pouco diferente, tanto é que ela mal falou ou comeu. Acho que o resfriado que Jenny mencionou, está começando a atacar minha pequena ruiva.

Acabou que decidi por fazer algo diferente do normal, o que certamente acarretará uma severa punição de Jenny quando ela descobrir. Mas nada que eu não pudesse dar um jeito depois. Dessa forma, deixei Jasper em sua escola primeiro, onde por acaso encontrei Tobias deixando Emily também. Fornell, como o idiota que ele é, não nos poupou de uma piadinha irritante logo pela manhã:

—Bom dia diretor Gibbs.

—Bom dia Tobias. –Respondi seco e então voltei minha atenção para a filha dele e, consequentemente, da louca da minha ex-mulher.

—Emily, como está a sua mãe? –Perguntei à menina de cabelos loiro-morango.

—Ela está irritada senhor Gibbs. –A menina respondeu com sua inocência de criança.

Foi inevitável que eu não dirigisse um sorriso divertido em direção a Fornell que resmungava alguma coisa.

Não demorou para que Jasper e Emily se envolvessem em uma conversa animada, enquanto caminhavam em direção a sala de aula deles.

—Espero que seu filho não herde de você certos gostos Gibbs. – Fornell murmurou, enquanto observava as duas crianças conversando.

Não posso dizer que não é divertido ver Fornell enciumado, sendo assim tratei logo de provoca-lo.

—Dizem que alguns gostos são transmitidos na genética Tobias. –Eu disse e o observei me dirigir um olhar irritado antes de sair.

A essa altura, Jéssica que estava segurando minha mão e, milagrosamente, observava tudo em silêncio perguntou:

—Por que ele está tão bravo papai?

—Ele é assim mesmo querida. –Eu a tranquilizei, enquanto a pegava no meu colo.

—Ainda bem que você não é assim, não é papai? –Ela disse enquanto acomodava sua cabeça em meu pescoço, definitivamente minha caçula sempre tão cheia de energia não estava bem.

Quando Jéssica e eu chegamos no carro, enquanto eu a prendia na cadeirinha, tratei de perguntar a ela:

—Você está bem?

—Um pouco. –Foi sua resposta, tão pequena e já tão teimosa, quanto Jenny.

—Quer passar o dia no NCIS comigo? –Perguntei a ela, sabendo que Jenny surtaria se ao menos sonhasse que eu estava perguntando isso.

Instantaneamente um pequeno sorriso apareceu em seu rosto e ela fez que sim com a cabeça.

—Mas você não pode contar a sua mãe. –Eu a adverti.

Ela assentiu e eu apenas sorri em resposta, torcendo para que a sempre tão falante Jéssica Gibbs, realmente esquecesse de mencionar isso para a mãe.

A verdade é que não quero que Jenny brigue por leva-la ao NCIS e também diga que estou fazendo isso porque me sinto culpado pelo modo como tratei Jéssica, enquanto estava com meus problemas com as memórias. Pois confesso que estava agindo um pouco frio quando ela estava por perto, não por não ama-la, apenas porque vê-la me fazia lembrar muito de Kelly e isso doía.

—Será um jogo também. –Eu disse enquanto dirigia e pelo espelho retrovisor pude ver ela me olhar curiosa.

Percebendo que sua atenção estava em mim, eu prossegui:

—Você não pode dizer o nome da mamãe. Você consegue fazer isso?

Ela me lançou um pequeno sorriso travesso antes de enfim dizer:

—Sim. Então eu serei uma agente, como você?.

—Podemos dizer que sim pequena. –Eu falei e ela pareceu animada com isso.

Alguns minutos depois e eu já estacionava meu carro em minha vaga, devo dizer que não havia muita gente ali, mas os poucos que ali estavam, não pouparam os olhares curiosos ao ver eu, o famigerado agente Gibbs, com uma mochila rosa nos ombros e segurando a mão de uma garotinha ruiva.

Quando adentramos o elevador, ele não estava cheio, entretanto, Paula Cassidy estava lá dentro e instantaneamente a loira exibia um olhar divertido, definitivamente seria longos minutos até que o elevador chegasse ao destino.

—Está de babá hoje agente Gibbs? –A loira perguntou com um sorriso de canto.

Eu que encarava a porta do elevador, esperando ansiosamente que ela abrisse no meu andar, a encarei quase que imediatamente.

—Algo assim. –Resmunguei.

Logo ela voltou sua atenção para Jéssica, que nos observava com curiosidade.

—Oi mocinha, eu me chamo Paula Cassidy. –Ela se apresentou para minha filha, enquanto eu lhe dirigia um olhar nada amistoso.

—Oi. –Jéssica disse em resposta, estranhamente mais tímida do que de costume.

—Qual o seu nome? –Paula perguntou ousadamente.

—Jesse. –Jéssica respondeu ainda bem próxima de mim e dirigindo a mulher a sua frente um olhar desconfiado. Definitivamente, Jenny ficaria orgulhosa da filha.

—É um prazer conhecê-la Jesse. –A loira disse com um pequeno sorriso, antes de sair do elevador em seu andar.

Mais alguns andares e logo a porta do elevador se abriu no meu andar, e eu finalmente sai de lá com Jéssica segurando minha mão e sua mochila rosa em meu ombro.

Quando passei pela mesa de DiNozzo dei um cascudo em sua nuca, afinal ele olhava para Jesse com olhos tão arregalados, que poderia assusta-la. Definitivamente para um agente federal, ele não sabia ser discreto.

Jéssica sorriu quase que instantaneamente ao ver eu fazer isso, ainda bem que Jen não está aqui para a palestra de não ensinar violência as crianças. Não que ela também não seja bem violenta as vezes.

A manhã se passou lentamente, comigo supostamente lendo relatórios e Jesse sentada no chão fazendo desenhos. Sério, é só o segundo dia e eu já quero botar fogo nesses malditos papeis de Jenny, definitivamente o motivo para ela andar sempre com raiva é esse trabalho, pois na época em que trabalhávamos juntos ela era bem mais tranquila, ou ao menos o mais tranquila que uma ruiva com sua personalidade poderia ser.

Quando percebi que já era hora do almoço e que Jesse provavelmente estaria com fome, apesar de estranhamente não ter se queixado por estar com fome, acabei por largar os malditos papeis onde estavam e sai com minha filha para leva-la para almoçar.

Não demoramos muito, apenas uma meia hora e já estávamos de volta, já que minha pequena ruiva mal comeu.

Quando retornei ao NCIS, foi inevitável não escutar de um canto DiNozzo especulando:

—Mcbobo, aposto que a mãe da menina é uma ruiva, só resta saber se ela é filha do chefe. Será que a diretora sabe que o Gibbs está trazendo uma mini-ruiva para o escritório dela?

Passei por ele e antes que ele pudesse dizer qualquer outra besteira, lhe dei outro cascudo na nuca, Jesse sorriu, mas dessa vez um sorriso amarelo.

De volta ao escritório, percebi que ela se deitou no sofá de Jenny, diante disso me aproximei dela e perguntei preocupado:

—O que você está sentindo Jess?

Coloquei a mão em sua testa para verificar sua temperatura, ela estava um pouco mais quente do que o normal.

—Eu não quero ir ao hospital papai. –Ela protestou, definitivamente nesse ponto isso era uma característica que ela herdou de nós dois.

No entanto, se eu não a levasse em um médico logo e sua situação piorasse, Deus que tenha piedade de mim, porque Jenny Shepard não terá.

Foi então que tive uma ideia brilhante.

Fui até a mesa de Jenny, peguei o telefone e disquei o número da autopsia.

—Doutor Mallard. –Duck disse ao atender após o terceiro toque.

—Duck preciso de você e seu equipamento médico na sala da diretora. –Eu disse e antes que ele pudesse questionar, o que eu sabia que ele faria, desliguei o telefone e o aguardei.

Nem cinco minutos depois e ele adentrou o escritório de Jenny, a essa altura eu estava sentado no sofá com Jessica deitada com a cabeça em meu colo.

Ele olhou a cena com uma expressão surpresa, que ele não se deu ao trabalho de esconder.

—A diretora encolheu? –Ele perguntou enquanto se aproximava.

Jéssica sorriu fracamente, pois sabia muito bem que era sua mãe a diretora.

—Duck essa é Jéssica, minha filha. Jesse esse é Duck. –Eu fiz a breve apresentação.

—Oi. –Ela disse fragilmente.

—O que me traz aqui Jethro? –O legista do NCIS perguntou me encarando.

—Ela não está bem Duck, acho que está com febre, a mãe dela disse que provavelmente um resfriado estava prestes a pega-la. –Expliquei a situação ao meu amigo de longa data.

—Eu não gosto de médicos. –Jéssica disse, enquanto se sentava quase que imediatamente, não tardou para que ela cruzasse os braços emburrada.

Inevitavelmente uma imagem de Jenny irritada me vem a mente e eu não deixo de torcer para que o mesmo não ocorra com Duck.

Duck então se sentou ao seu lado e começou:

—Senhorita Gibbs...

—Jesse. –Ela o corrigiu e quase que imediatamente me lembro de Jenny me corrigindo, quando eu a chamava de Jennifer.

Duck assentiu e ia falar algo, mas ela o interrompeu mais uma vez:

—Você chama papai de Jethro, então pode me chamar de Jesse, todo mundo me chama de Jesse. –Minha filha explicou.

Duck sorriu para minha menina e enquanto tirava o estetoscópio de sua maleta, contou a ela:

—Conheço uma outra ruiva também que prefere ser chamada de Jenny, ao invés de Jennifer.

Jéssica não respondeu, embora eu soubesse que ela estivesse lutando para não revelar, no entanto, o sorriso que ela deu era a resposta que Duck buscava em sua pergunta não formulada.

E assim ele começou a escutar seus batimentos, depois ele retirou o termômetro e mediu a temperatura dela.

Após examina-la, ele chegou a uma conclusão:

—Parece ser o início de um resfriado, a febre ainda está baixa.

Ele rabiscou algo em um bloco de notas e então me disse:

—Mas se a febre aumentar, ela precisará ir a um médico.

Jesse arregalou os olhos, Duck então ao invés de me entregar o papel em que havia escrito, permaneceu com ele falou:

—Vou pedir a Anthony que compre um antitérmico.

E assim ele saiu, mas não antes de se virar para Jéssica e dizer:

—Foi um prazer conhecê-la Jesse.

Ela sorriu para ele.

Meia hora depois, Cinthia anuncia que Tony está lá fora, não demoro em autorizar sua entrada e assim um DiNozzo, estranhamente cauteloso entrou no escritório. Enquanto isso, eu estava ao telefone com Abby, que havia “misteriosamente” descoberto sobre nossa pequena visitante ruiva.

DiNozzo entregou-me a sacola com os medicamentos e o observei fazer um jogo de encarar com Jessica, até que ela quebrou o silêncio e disse:

—Oi.

Ele então começou a gaguejar até que com muito esforço saiu um:

—Oi.

—Sou Jesse. –Minha filha se apresentou, aparentemente ela havia gostado dele, já que ele foi o primeiro no prédio a quem ela se apresentou de livre e espontânea vontade. Não que eu vá contar isso a ele, afinal de contas não preciso inflar o ego do DiNozzo.

—Tony. –Ele respondeu ainda receoso.

Logo que encerrei a chamada, DiNozzo não esperou que eu falasse nada, pois logo já foi dizendo:

—Já estou indo chefe.

Jéssica inocentemente deu tchau para ele, mas o seu sorriso dizia que ela gostava de ver ele com medo. Atitude vagamente familiar, não é mesmo? Certamente esse prazer em ver os outros com medo é algo que ela herdou da mãe, já que eu não sou tão cruel assim.

Dei o remédio para ela e ela pareceu melhorar, era por volta das quatro horas, quando percebi ela já inquieta.

—Que foi Jesse? –Perguntei.

Ela olhou para mim inocentemente e então com toda a sua já bem desenvolvida capacidade de manipulação, ela perguntou manhosa:

—Posso passear lá fora?

Estava inclinado a dizer não, mas ela me olhou com os olhos azuis tão suplicantes, que me vi dizendo:

—Só um minuto.

Peguei então o telefone e chamei Cintia.

—Agente Gibbs. –Ela disse ao entrar, não escondendo seu tom de descontentamento ao me ver ali no lugar de Jenny, afinal de contas não é bem um segredo que ela não gosta de mim, eu só queria saber o motivo.

—Cinthia, você poderia por favor levar Jéssica para uma volta pelo prédio? –Perguntei, já indo direto ao ponto.

Ela desviou o olhar para a garota que estava sentada no sofá e então sorrindo amavelmente ela respondeu:

—Sem problemas.

Qual é a coisa de mulheres com crianças? Sempre que veem uma se derretem completamente, até mesmo os corações mais duros, vulgo o de Jenny Shepard.

Acabei por ficar no NCIS até por volta das cinco e meia, Jesse havia feito amizade com Cinthia e estava na mesa dela conversando animadamente, o que era sinal dela já estar bem melhor. Quando finalmente sai do escritório, pensando em como Jenny suporta isso, ainda é um mistério para mim. Já me encontrava com a mochila de Jéssica no ombro, quando sai ela perguntou:

—Já é hora de ir?

Fiz que sim, ela então correu para dentro do escritório de Jenny e eu a segui, observei então ela procurar por algo.

—Onde ele está? –Ela perguntou me encarando com seus grandes olhos azuis.

—O que? –Respondi com uma pergunta.

—Meu desenho. –Ela respondeu.

Abri sua mochila e retirei o desenho que ela havia feito em uma folha que eu havia dado a ela mais cedo. Ela pegou o desenho e o colocou na gaveta da mesa de Jenny.

—Você não vai leva-lo para casa? –Perguntei.

Ela fez que não com a cabeça, intrigado com sua resposta, eu perguntei:

—Por que?

—Para quando mamãe estiver trabalhando ela ver o desenho e se lembrar de nós. –Ela explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Sorri com o pensamento dela, e então perguntei:

—Agora podemos ir?

Ela assentiu e agarrou minha mão.

Passamos pela mesa de Cintia e Jéssica deu tchau a ela, eu então disse:

—Obrigado.

E em resposta a secretária de Jenny assentiu, me pergunto se ela desconfia que Jéssica seja filha de Jenny.

Após chegar em casa, jantei com as crianças, assistimos a um desenho e contei para eles duas histórias para dormir. Quando tive certeza que eles já dormiam, invadi o escritório de Jenny para beber uma dose de seu Bourbon antes de dormir.

Fiquei ali por um bom tempo, como não havia um barco no porão para se construir, me servi de mais Bourbon, enquanto novamente pegava aquele álbum de fotos e o foliei, isso até chegar em uma fotografia nossa em Paris, quando ainda estávamos trabalhando disfarçados e nos esgueirando por aí para nos beijarmos. Por um longo tempo eu encarei aquela fotografia, pensando que isso parecia quase há uma vida, no fim das constas fica uma questão: Onde foi que erramos?    

Cansado de me fazer a mesma pergunta que já faço há uns bons anos, guardo o álbum no local em que estava e trato logo de ir para o meu quarto.

Eu havia acabando de me deitar, já era por volta de onze da noite quando ouço uma leve batida na porta do quarto.

—Entre. –Eu disse, e uma garotinha ruiva, agarrada a um cachorro de pelúcia e vestida em um pijama tão vermelho quanto seu cabelo entrou.

Ela se aproximou de mim cautelosamente, e então murmurou:

—Eu não consigo dormir papai.

Fiz sinal para ela subir na cama e ela se deitou ao meu lado.

—Você está com dor Jesse? –Perguntei preocupado, afinal de contas eu havia dado a ela os medicamentos que Duck receitou, mas mesmo assim estava preocupado.

—Não papai. –Ela respondeu e com a luz do abajur acessa eu vi em seu rosto que ela dizia a verdade. Foi então que algo me veio a mente.

—Você está com saudades da mamãe? –Perguntei para ela.

Em resposta ela tinha uma expressão culpada e fez que sim com a cabeça.

Pensei então na conversa que elas haviam tido mais cedo, eu achei que teria sido o suficiente para ao menos minimizar a falta que Jéssica sentia em relação a mãe, pois embora fosse raro os momentos em que Jenny passava alguns dias longe de casa, Jesse havia aprendido a se contentar com as ligações, entretanto, acho que o seu resfriado, fez dela um pouco mais sentimental do que o normal.

Certamente se Jenny soubesse o atual estado de saúde de Jesse ela já teria dado algum jeito de voltar, entretanto, quando Jenny ligou mais cedo, pedi a Jesse que não contasse a mãe sobre seu resfriado, não queria preocupa-la, talvez eu pudesse dizer se ela falasse comigo, mas obviamente ela não quis falar comigo.

Voltando a Jesse sugeri:

—Que tal uma história?

Ela sorriu e agarrou Isi, seu cachorro de pelúcia, mais perto de si e disse:

—Pode ser sobre Paris? Eu gosto de histórias sobre Paris.

Inevitavelmente eu sorri com sua declaração, afinal de contas eu também gostava de me lembrar de um tempo em Paris, um tempo que hoje parece mais outra vida.

—Então vamos lá. Há muito tempo atrás em Paris, dois agentes do NCIS... –Eu comecei a contar a ela uma história levemente baseada em fatos reais.

Após terminar a história, ela já estava com os olhos fechados. Dei um beijo em sua testa e sussurrei:

—Eu amo você.

Sendo ainda capaz de completar mentalmente “e me arrependo do modo como eu lhe tratei”.

Surpreendentemente, ouço ela meio grogue murmurar:

—Papai, eu te amo mais.

E assim, ali deitado ao lado da minha filha, enquanto eu observava sua respiração calma, eu sorri agradecido pela chance de poder ter sido pai novamente, pai de uma garotinha.

Não muito tempo depois eu dormi, o dia de hoje, não compensa o modo como eu lhe tratei as últimas semanas, mas marca o primeiro dia em minha missão de me desculpar com ela.    


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Notas finais do capítulo

O que acharam da pequena Jéssica? Ela é ou não a coisinha mais fofa que eu já escrevi?
DiNozzo e suas especulações em.... Será que ele pensou na possibilidade da garotinha ser filha da diretora?



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