P.O.V Melanie

  Sentei na mesa de Hades no café da manhã. O Sr D. e Quíron olharam com curiosidade, mas não disseram nada.

  À tarde, treinei arco e flecha com filhos de Apolo e esgrima com Percy. Eu era “passável” nos dois, mas melhor na espada. Mais tarde, eu estava passeando com Nico.

  — Você não deveria me ajudar com minhas “habilidades”? — Perguntei.

  — Ontem já não foi o suficiente? — Perguntou ele com um riso. — Você descobriu poderes que nem sabia que tinha.

  — É verdade. — Percebi que nos aproximávamos da arena de esgrima. — Hey, Nico. Vem aqui. — E então fomos até lá.

  — Você poderia me ajudar a treinar com isto? — Perguntei quando chegamos, arrancando o pingente do meu colar. Imediatamente eu tinha uma lança escaldante de duas pontas na mão.

  — O que é... Onde você arranjou isso?

  — É a minha arma. Ontem de noite eu estava na praia, aí Hermes apareceu pra mim e me deu, dizendo que era um presente da minha mãe. Por quê?

  — Nada. É... Uau. Diferente. E poderosa. — Ele estendeu a mão e tocou a lâmina de leve, recuando com a queimadura. — Ai.

  — Ah, sim, tem isso. Hermes disse que queima, e eu sou a única imune a isso. Menos quando em forma de pingente, claro.

  Nico segurava a mão, e sua cara não era exatamente de prazer. Peguei sua mão para ver, e havia uma queimadura digna de nota na ponta de seus dedos.

  — Desculpa. Devia ter avisado esse detalhe.

  — Não, tudo bem. A culpa não é sua.

  — Não quer ir à Casa Grande fazer alguma coisa? Colocar um remédio, tomar um néctar ou uma ambrosia ou sei lá...

  — Não precisa.

  — Tem certeza? Ninguém é de ferro, Sr filho de Hades.

  — Sei disso, Srta filha de Nyx.

  — Não parece.

  — Ah, é? — Ele levantou as sobrancelhas, a expressão de desafio. — Pois então vamos ver. Aposto que eu venço você mesmo com a mão machucada. Eu usando minha faca e você essa sua lança.

  — Feito. — Empunhei minha lança e me afastei enquanto Nico puxava uma faca comprida e preta.

  Atacamos. Nico era bem bom quando lutando com sua faca, e eu mesmo com pouco treinamento era boa com aquela lança. Ela realmente havia sido feita pra mim. Eu a usava como se lutasse há tempos, fazendo movimentos que nem pensava serem possíveis. Nico mais defendia que outra coisa. Quando fiquei cansada, golpeei o cabo de sua faca próximo aos dedos, lançando-a longe. Apontei a ponta afiada da lança para ele como em sinal de vitória.

  — Xeque-mate.

  — Uau. Essa... Essa realmente é a sua arma, não?

  — Eu falei. — Abaixei a lança. Percebi que ele mexia nos dedos da mão que segurava a arma. —O que...

  — Não foi nada. — Ele tentou se recolher, mas peguei sua mão. Alguns dedos estavam queimados mesmo. Outros estavam... Bem, estavam sangrando.

  — Ai, minha santa Nyx — Falei, com o coração acelerando. — Não acredito que eu fiz isso.

  — É, foi um belo estrago. — Nico riu. Não consegui rir com ele.

  — Nico, vamos fazer um curativo nisso. Você pode pegar uma infecção ou algo assim, ou pode ter uma hemorragia ou sei lá... Ai, meus deuses, eu sou tão estúpida. — Eu estava ficando nervosa. Quando fico nervosa, tendo a falar coisas idiotas, como a coisa da hemorragia. Mas mesmo assim, cara, o que diabos eu havia feito?!

  — Acalme-se. — Nico colocou a mão boa em meu braço. Percebi como estávamos bem próximos. — Você não me fez nada. Simplesmente mostrou como é uma lutadora fantástica.

  — Nico, eu te machuquei. Não tente fazer eu me sentir melhor.

  — Você não me machucou, sua boba.

  — Ah, não, o seu sangue resolveu sair para dar uma volta! — Agarrei a mão dele, como que para mostrá-lo. — Nico di Angelo, olha is...

  Mas quando levantei o rosto, vi que ele sorria pra mim. Não sorria mostrando os dentes, mas sorria verdadeiramente. Eu não fazia idéia do que se passava pela cabeça dele. Aquele sorriso me tranqüilizou um pouco... Por outro lado, eu ainda estava segurando uma mão ensangüentada.

  — Não me importo com isso. — Com a mão boa, ele afastou uma mecha de cabelo preto do meu rosto. Meu coração estava a mil. Nossos rostos estavam perigosamente próximos. Minha respiração estava completamente irregular. Os olhos dele não deixavam o meu rosto por um segundo. Então...

  — MEEEEEEEELANIE!

  MERDA!