Alive escrita por RafaelaJ


Capítulo 2
Respect Dies Faster Than Flowe


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vcs estão? Espero que tudo bem. Me desculpe por qualquer erro que tenham encontrado e me desculpem também por eu não ser tão boa com as descrições, mas prometo que estou tentando melhorar. Bem, agora sem mais delongas aproveitem o capitulo, eu amei escrevê-lo e espero que vocês gostem tanto quanto eu. Boa leitura!
Nos vemos lá em baixo!



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Encarando seu reflexo no pequeno espelho do banheiro, Lilly tentava a todo custo pentear seus cabelos. O problema, no entanto, não era seu cabelo – ele, na verdade, estava bastante predisposto a aceitar qualquer ordem recebida -, e sim o fato de suas mãos não pararem de tremer.

Os pesadelos da última noite ainda rondavam sua mente. Eles haviam sido tão intensos que ela, às vezes, não conseguia distinguir o que era uma lembrança e o que era sonho. E o medo de fechar os olhos e rever aquelas imagens era em parte o que formava o seu nervosismo. A outra parte consistia em algo que nem de olhos abertos, nem de olhos fechados, ela conseguiria fugir. Hoje era a tão temida segunda-feira, o dia que sua mãe havia decretado, para o seu desespero, que ela voltaria para a escola.

Com os olhos fixos na sua figura, Lilly tentava fazer-se o mais aceitável possível. No entanto, o seu próprio corpo não parecia querer ajudá-la. As enormes olheiras, por mais corretivo que ela passasse, insistiam em se destacar, e a sua pele pálida, assim como seus grandes olhos castanhos, não ajudava em nada a disfarçar. Por fim, Lilly desistiu de tentar consertar o que era impossível.

Ela voltou para seu quarto, enrolada em uma toalha, e começou a vestir suas roupas. O colégio, felizmente, não exigia uniforme, de modo que ela vestiu apenas algumas roupas simples: uma calça jeans escura, uma regata lilás, e um fino casaco branco para protegê-la da brisa. Lilly calçou uma sapatilha preta e olhou-se no espelho. Avaliando a si, ela julgou-se decente, o que para ela, nesse momento, já era uma grande conquista.

Pegando sua bolsa Lilly desceu as escadas para encontrar sua mãe. Ambas saiam no mesmo horário. E enquanto Lilly ia para o colégio, sua mãe, Sarah, ia para o hospital começar seu turno como enfermeira. O salário de sua mãe não era grande, mas ainda sim as três sempre conseguiram viver com conforto. Bem, agora eram apenas duas.

Lilly sempre foi parecida com a mãe, ao contrario de Laurie que sua mãe sempre disse ter puxado ao pai, não que a duas irmãs se lembrassem disso já que quando ele foi embora, ambas ainda eram muito jovens. Sarah tinha os cabelos castanhos um pouco mais curtos que o da filha e também era um pouco mais alta. O resto - as mesmas bochechas coradas, a mesma pele pálida, a mesma magreza excessiva - era basicamente uma versão mais velha da garota, com exceção da boca que era mais fina que a da filha.

— Você já está pronta? – Lilly perguntou para sua mãe que estava sentada na mesa servindo-se de um pequeno pedaço de bolo.

— Sim – a mulher levantou os olhos, e Lilly pode ver que o estado de ambas não era tão diferente – Você não vai comer nada?

Lilly apenas balançou a cabeça. A simples ideia de ingerir qualquer tipo de comida a deixava enjoada. Ela aplaudia a tentativa da mãe de tentar retornar a vida normal, mas para ela isso ainda estava longe de acontecer.

Poucos minutos depois as duas já estavam dentro do carro seguindo seu caminho. No seu colo, as mãos de Lilly não ficavam quietas por um único segundo, fato que não passou despercebido por sua mãe. Assim que sua mãe estacionou o carro próximo a entrada da escola o corpo de Lilly automaticamente enrijeceu.

— Você vai ficar bem? – sua mãe perguntou

Lilly queria responder que não, que queria voltar para casa e que só assim ficaria bem. No entanto, percebendo a preocupação tanto no olhar quanto na voz de sua mãe, ela apenas balançou a cabeça e respondeu com o máximo de confiança que tinha.

— Sim, eu vou.                                        

Lilly desceu do carro e, tomando uma respiração profunda, começou a andar em direção a entrada. Ao passar pelos portões da escola, Lilly sentiu como se fizesse anos que não ia ali, quando na verdade não fazia mais do que poucas semanas. Caminhando pelo grande pátio na frente do prédio, ela pode ver diversos conhecidos seus. A maioria das pessoas estava em pequenos grupos rindo ou conversando. E Lilly, com essa visão, permitiu-se pensar que aquele dia podia não ser tão ruim quanto ela esperava.

Alguns segundos depois, Lilly ouviu seu nome sendo gritado atrás de si. Ela virou-se e mal teve tempo de reagir antes de sentir os braços de Chloe a sua volta.

— Ah meu Deus! Como você está? Faz tanto tempo que eu não te vejo.

— Chloe, Chloe – Lilly chamou à amiga dando uma pequena risada. Somente Chloe para conseguir animá-la num momento desses – Chloe, respira.

— Ai, me desculpe – Chloe afastou-se alguns centímetros e Lilly finalmente pode ver o rosto da melhor amiga – É que eu estava tão preocupada.

Chloe tinha os cabelos escuros, num tom quase preto, e lisos. Seus olhos possuíam um tom azul escuro que deixava Lilly fascinada e, por vezes, até com um pouco de inveja. Mas, se tinha algo que Lilly admirava na aparência da amiga era a capacidade dela de manter sempre um tom de pele bronzeado, mesmo que em Dawnwood só fizesse sol seis meses por ano.

A voz de Chloe começou a ficar embargada, e Lilly sabia que tinha que fazer alguma coisa, já que ela não precisava de um incentivo para começar seu próprio choro. De todas as três – Lilly, Violet e Chloe – Chloe sempre foi a mais sentimental. E como exemplo, Lilly lembrava-se de uma vez que a amiga chorou por vários minutos pela morte de um passarinho.

— Ei, está tudo bem, eu estou bem, você não precisa se preocupar.

— Você sabe que você é uma péssima mentirosa, não sabe?

— Eu sei – Lilly responde. Ela odiava o fato de suas amigas a conhecerem tão bem, apesar de que, dessa vez, não era nem preciso conhecê-la para saber que estava mentindo – Olha, eu preciso ir até o meu armário, vejo você depois?

Chloe parecia indecisa sobre deixá-la sozinha, no entanto, acenou com a cabeça positivamente. Lilly não queria ser levada a mal, a personalidade animada da amiga realmente a ajudava a se distrair, entretanto, ela ainda estava em um estado que era preferível o silencio a qualquer companhia.

Lilly andou pelos corredores do enorme prédio que era a sua escola. Ela e sua irmã estudavam na Saint Louis desde que eram pequenas. A escola, considerada uma das melhores da região, era particular, e ambas somente conseguiam estudar ali por possuírem uma bolsa integral. Lilly, agora, estava no segundo ano, e sua irmã, um ano mais velha, consequentemente estava no terceiro, prestes a se formar. Ou estaria prestes a se formar.

Lilly passou pelo seu armário, mas não parou. No final do corredor, obtendo sua completa atenção, estava uma mesa com diversas fotos e pertences de Laurie. No chão havia varias flores de diversas cores. Uma pequena faixa escrito o nome de sua irmã estava pendurada na parede sobre uma grande foto. Era um memorial.

Abismada e completamente encantada, Lilly abriu sua boca em uma exclamação. Ela encarou os diversos porta-retratos, reparando em cada detalhe, desde os cabelos louros e olhos castanhos de sua irmã até a roupa que ela estava usando, lembrando-se exatamente quando cada foto ali havia sido tirada. E, mesmo não sendo muito religiosa, ela não se conteve em fazer uma pequena prece silenciosa.

— Ficou bonito, não é mesmo?

Lilly foi desviada de seus pensamentos pela voz que soou ao seu lado. Surpresa ela deu um pulo. E, levantando os olhos, ela encarou os olhos verdes de Michael.

Michael era o ex-namorado de Lilly. Eles haviam tido um intenso, porém curto romance. Ele havia sido o primeiro amor de Lilly, por isso ela não podia negar que, meses após o termino, ela ainda nutria certo tipo de afeição por ele. Mas ainda maior do que essa afeição era a indignação que ela guardava não só dele, mas também do modo como eles terminaram. Já que Mike, além de seu primeiro amor, foi também sua primeira traição. No entanto, seu único pesar quanto à antiga relação foi nunca ter descoberto com quem ela foi traída.

— Sim – Lilly afirma tentando manter a voz estável – Aonde vocês conseguiram tudo isso?

— A maioria das coisas veio do armário dela – ele respondeu avaliando cada detalhe do rosto de Lilly, e em seguida continuou – Mas se você quiser pode pegar as coisas para você. Eu não sei, talvez você queira guardar

— Não – Lilly respondeu prontamente. Observando aquele memorial ela sabia que aquelas coisas deveriam ficar exatamente onde estavam para que sua irmã, ou ao menos uma parte dela, permanecesse sempre viva e presente ali. – Está perfeito assim.

Lilly passou a mão pensativamente sobre a mesa guardando cada detalhe na memória. Ela não sabia dizer quanto tempo ficou imersa em pensamentos, mas quando o som do sinal para a primeira aula tocou despertando-a, Mike não esta mais ao seu lado. Ela andou apressadamente até seu armário e, pegando o que precisava, seguiu para a sala da sua aula.

A maior parte da manhã transcorreu calmamente. Lilly tentou se concentrar ao máximo em cada aula, mas ainda sim continuou um pouco aérea a tudo. Os professores, entretanto, não chamaram sua atenção, o que fez Lilly acreditar que esse era o modo deles serem solidários com ela.

Já o recreio, ao contrario, não havia sido tão agradável. Durante o intervalo ela notou alguns olhares sobre si e até mesmo alguns cochichos. E a hipótese de que aquele poderia ser um dia clamo foi caindo por terra em sua cabeça.

— Não liga para eles, logo isso para – Violet disse.

E Lilly seguiu seu conselho ignorando a tudo o máximo possível. Mas o que Lilly não pode ignorar foi o tumulto que começou a se formar na porta do refeitório que dava direto para o corredor dos armários. E ela sabia, antes mesmo de levantar da cadeira, que aquilo não era coisa boa. Violet e, principalmente, Chloe tentaram impedi-la, mas Lilly ignorando as amigas seguiu seu caminho.

Ela andou até a porta do refeitório e, automaticamente, as pessoas ao verem de quem se tratava abriam espaço. Lilly olhou para cima e levou à mão a boca em um completo estado de perplexidade. Na parede, onde estava o memorial de sua irmã, escrito em grandes letras em tinta vermelha estava a palavra vadia.

Lilly, por mais que quisesse, não conseguia desviar os olhos daquela atrocidade. Aquela visão gerou em Lilly um misto de raiva e tristeza, no qual a raiva prevalecia. Aquilo era mais do que uma brincadeira, era um atentado a memória da sua irmã. E o pior era que Laurie nem mesmo estava ali para poder se defender. 

Petrificada, Lilly somente foi desperta de seu transe quando sentiu uma mão puxando seu ombro. Ela virou-se e viu Violet tentando tirá-la da multidão. Lilly, no entanto, não queria ir com a amiga, não queria ser consolada ou confortada, só queria fugir. E foi isso que ela fez. Ela saiu apressada da multidão e andou o mais rápido que pode. Ela sabia que todos os olhares deveriam estar focados nela, mas isso não importava agora, porque ela também sabia que explodiria caso não saísse dali.

Virando o corredor, ela começou a correr. A cada passo que dava os ruídos ficavam para trás. Isso, entretanto, não a deixou mais calma, pelo contrario. Ela ficava cada vez mais irada ao pensar em quem teria coragem de fazer aquilo. E ela sabia que, mesmo não sendo violenta, seria capaz de matar essa pessoa.

Seu pensamento seguinte foi direto para sua mãe, em uma suplica silenciosa de que não a chamassem na escola para reportar isso. Sua mãe já estava sofrendo demais para ter que se preocupar agora com adolescentes marginais.

Transtornada, ela entrou na primeira sala que viu. Fechou a porta e encostou a cabeça na madeira deixando que, finalmente, as lágrimas escapassem. Pequenos soluços começaram a brotar em sua garganta e quando saiam faziam um barulho estranho com se ela estivesse se engasgando.

— Com licença – uma voz com uma entonação sarcástica atrás de si fez se presente.

Em um pulo Lilly se virou assustada por perceber somente agora que não estava sozinha no cômodo. Ela levantou os olhos e viu, encostada na mesa do professor, a figura a alta e loira de Luke.

— O que você está fazendo aqui? – ela perguntou soluçando ainda periodicamente, pois nem a vergonha de ter sido pega foi capaz de parar o choro.

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa.

Lilly encarou os olhos azuis, frios e completamente insensíveis, de Luke e imediatamente um pensamento lhe brotou na cabeça.

— Foi você? – Lilly andava a passos largos na direção do garoto com uma postura decidida, quase ameaçadora – Foi você?

Ela alcançou Luke e lhe deu um forte empurrão fazendo com que o garoto quase caísse por cima da mesa. Ela tentou repetir o gesto, no entanto, o garoto agarrou-lhe fortemente os pulsos.

— Foi você que fez aquilo, não foi, seu miserável? – em sua mente a hipótese de ter sido Luke agora já se transformara em uma certeza, Claro, como ela não havia pensado nisso antes, ele era o único capaz, o único que não se importava com ela. Se nem mesmo do enterro da Laurie ele havia aparecido, o que o impedia de cometer aquele atentado? Com o ódio dominando seus olhos, Lilly tentava a todo custo se livrar do aperto daquele idiota e machucá-lo da melhor forma que pudesse.

— Fiz o que, garota? – Luke ainda segurando seus pulsos, que se debatiam frequentemente, desencostou-se da mesa e tentou empurrá-la um pouco para longe de si – Eu nem sei do que você está falando, sua louca.

A garota debateu-se por mais alguns minutos, mas, ao poucos, começou a se acalmar. A adrenalina não estava mais tão presente em seu corpo, de modo que ela pode tentar respirar normalmente. Por fim, quando terminou de se mexer completamente ela se sentiu exausta, como se tivesse corrido uma maratona. Luke, percebendo que a garota havia se acalmado a soltou, mas não sem antes dar um passo para trás o que Lilly havia interpretado como a sua garantia de segurança.

— Você pode, por favor, me explicar o que está acontecendo? – Luke a encarou com uma sobrancelha arqueada.

— O memorial da Laurie – Lilly ofegava – alguém pichou a palavra vadia sobre ele.

— O que? – Luke parecia genuinamente surpreso.

Diante da reação dele Lilly sentiu-se envergonhada. Ela não conseguia acreditar que tivesse suposto com tanta facilidade que havia sido ele. E pior ainda, ela não queria acreditar que tinha partido para a agressão. Aquela pessoa que havia tentado bater nele não podia ser ela. Aquilo parecia surreal demais.

Lilly abaixou a cabeça e tomou uma respiração profunda.

— Ei, você está bem? – o garoto perguntou.

Lilly notou que a atitude de Luke, assim como a sua, agora parecia estar mudada. Ela tornou a levantar a cabeça e passou as mãos no rosto tentando limpar, da melhor forma possível, as lágrimas que haviam escorrido por seu rosto.

— Sim, estou bem – Lilly não sabia quantas vezes mais teria que repetir aquela frase ao longo do seu dia. Mas sabia que em todas as vezes que dissesse seria mais uma mentira – Eu só estava nervosa demais.

Luke olhou para as mãos tremulas da garota e balançou a cabeça. E Lilly, como pega em um flagrante, enrubesceu levemente.

— Fica aqui, eu vou pegar um copo de água para você.

Lilly, rapidamente, agarrou o braço de Luke.

— Não, olha, eu... – ela gaguejou, e, encarando-o, ela tomou uma respiração para continuar – Me desculpe, eu estava com muita raiva e acabei descontando em você.

Lilly nunca antes havia pensado em pedir desculpa para Luke. Na verdade, ela nunca antes tinha pensado em manter uma conversa tão longa com ele, pois, mesmo sendo o namorado de sua irmã, eles nunca se entenderam realmente. E Lilly tinha que admitir que metade da culpa disso era sua, já que sempre julgara a irmã boa demais para o Harris.

— Tudo bem, acho que se fosse eu que tivesse visto teria feito pior – Luke disse arrancando um pequeno sorriso de Lilly que logo voltou a desaparecer. – E, olha, não se preocupe, tenho certeza de que vão descobrir quem foi.

Lilly não sabia por que Luke estava sendo tão gentil consigo. Talvez o estado completamente desesperado que ela se encontrava instigasse o lado mais piedoso das pessoas. Mas pelo sim ou pelo não, ela se via obrigada a agradecer.

— Obrigada – sua voz não passava de um sussurro, mas ela tinha certeza de que Luke a tinha escutado.

Luke escorou-se ao seu lado na mesa e poucos segundos depois, ambos puderam ouvir o nome de Lilly sendo chamado. Lilly reconheceu, mesmo que de longe, a voz de Violet e sabia que as amigas deveriam estar preocupadas com ela.

— Eu preciso ir.

Lilly levantou-se e, sem olhar para trás, saiu da sala.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a quem leu e chegou até aqui, um beijo para todos vocês. Gente, olha, eu só vou ter tempo de postar uma vez na semana por isso gostaria de saber se vocês preferem capítulos maiores ou menores, tipo quantas palavras mais ou menos, por que eu escrevo muito e dependendo vou ter que dividir alguns capítulos. Por fim, se tiverem gostado ou odiado comentem, a opinião de todos vocês é muito importante para mim. Além disso, ninguém gosta de escrever para fantasminhas!
Beijos, e até logo!



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