Destino escrita por Aine Clair


Capítulo 2
Mal entendido


Notas iniciais do capítulo

"O destino embaralha as cartas, e nós jogamos" - Arthur Schopenhauer

No último capítulo, Niko espantou-se quando ouviu Félix dizer que finalmente conseguiu comer o companheiro do Eron. Félix não tem mesmo pelos na língua. :)



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Niko mal podia acreditar no que ouviu. Levantou-se de onde estava e sentou ali mesmo, na cama, de pernas cruzadas. “Era isso que você queria, comer o companheiro do Eron?” cobriu-se com o travesseiro.

Félix ficou sério “Aquela lacraia foi o maior responsável pelo meu afastamento do hospital, pegou meu lugar! Está lá sentado, rebolando aquela bunda, na minha cadeira!” voltando a rir, continuou “e agora estou aqui, peguei o companheiro dele. É engraçado vamos admitir.”

“Eu já falei, não tenho mais nada com o Eron. Não sou o companheiro dele.”

“Mas teve, já foi, e eu te peguei. E te pego de novo, vem...  deixa eu chupar você agora” esticou a mão na direção daquele travesseiro e tentou retirá-lo dali. Mas Niko não deixou.

“É melhor você ir.”

“Ir?”

“Ir embora.”

“Ficou chateado? Vai me colocar pra fora, nessa chuva?” Félix não entendia a mágoa de Niko.

“Não tem mais clima pra voce dormir aqui, sinceramente!”

“E quem disse que eu queria dormir? Estou só esperando essa chuva apocalíptica terminar. E a melhor maneira de passar o tempo é transando, você sabe que é.”

“Tá vendo? Isso é coisa que se diga? Félix. olha... vai embora.”

Sem paciência nenhuma, Félix sentou-se na cama “Como eu disse, hoje não é meu dia de sorte.” suspirou, passou a mão no rosto.

“Você quer ficar aqui depois do que disse? Depois de dizer que me comeu...”

"Anatomicamente, quem dá é que come, você sabe né?."

"Félix, que importância tem isso?"

"Eu é que pergunto! Ficou chateado porque eu disse que te comi... que bobageira!"

"Fiquei chateado porque você disse que finalmente comeu..."

“Ué, mas foi o que aconteceu. E foi ótimo. Você adorou e eu também.”

“Sim, mas... mas rolou porque você queria se vingar do Eron?! Foi por isso que rolou, você quis me pegar por causa do Eron?!”

“Aff.. o apocalipse é hoje, pelas contas do Rosário...” levantou-se.

“Se sente vingado? Você acha que eu vou ouvir isso e...”

Félix o interrompeu “Quer saber? Fui até você naquele balcão porque queria companhia, queria conversar...” andava nu de um lado pra outro no quarto enquanto catava suas coisas “tá bom, confesso que queria trepar mesmo. E quando eu fui te cantar, eu nem sabia quem você era, tá?”

Sem dúvida Félix era um belo exemplar de homem, caminhando sem roupa de um lado para o outro, Niko o observava sem conseguir parar de olhar para uma determinada parte daquele corpo "é, realmente ele não sabia quem eu era" pensou até em não deixar que fosse embora e continuar o que estavam fazendo... por que não?

Mas Félix não conseguia parar de falar e, como sempre, não tinha freios na língua “E quer saber outra coisa? Pra ser sincerérrimo, você nem faz meu tipo, não era o que eu tinha em mente. Mas já estava ficando tarde e... bom, você... você me pareceu gostosinho. Afinal uma transa, seja como for, é uma transa. Entao te cantei. Podia ser qualquer outro, mas foi você. Pronto, falei.”

“Isso é coisa que se diga, Félix?” Niko indignou-se.

“Você preferia que eu mentisse?”

“Você só piora as coisas...”

“Chega. Não diz mais nada. Eu já saio logo, tá?” Continuou vestindo as peças de roupa que estavam por ali no chão do quarto, enquanto Niko ficou em silêncio.

Quando já não havia mais roupa dele por ali, foi até a sala, onde estava o resto. Niko o seguiu, segurando o travesseiro na altura da cintura, cobrindo-se, e sem dizer nada. Félix vestiu a blusa, reclamando que estava úmida “Se eu pegar uma pneumonia sabemos de quem será a culpa.” Afivelou o cinto, ajeitou o cabelo com a mão e Niko continuava lá parado, observando-o. O moreno catou o paletó, que estava caído no chão, “eu tou indo, hein!” e deu uma última olhada no loirinho antes de sair. Daí então deteve-se e riu alto novamente.

“Tá rindo do que dessa vez?”

“Criatura, você está se escondendo ai atras desse travesseiro!? Ta com vergonha de mim? Não quer que eu veja seu pinto agora, depois que vi quase o seu útero?” gargalhou.

Niko perdeu qualquer resquício de paciência que ainda podia ter “Vai embora, Félix!” ordenou em voz alta.

“Quer saber? Eu vou mesmo.”

“Vai logo!”

“Vou! Fui!” Aborrecido, Félix saiu batendo a porta atrás dele.

Niko caminhou até ela para trancá-la com a chave, ainda conseguiu ouvir Félix falando alto no corredor antes de entrar no elevador “Será que eu salguei a Santa Ceia? Hoje não foi meu dia de sorte, definitivamente!”

Niko retornou para o quarto. Estava aborrecido mas tinha sentimentos conflitantes. Não consegiu evitar sorrir, muito menos arrepiar-se ao lembrar algumas das coisas acontecidas há poucos minutos. Ele não se recordava quando foi a última vez que convidou um homem para ir até a sua casa e transou com ele sem estabelecer nenhuma relação antes. Na verdade isso nunca havia acontecido. Aconteceu naquela noite talvez porque Félix não era um total estranho e Niko realmente o convidou para um café. Só que algo entre eles “clicou”, mesmo que Niko são soubesse explicar o que, a coisa escalou e eles foram para a cama. “Nós tivemos química” admitiu. Foi um dos melhores sexos de sua vida, isso era mais do que certo. Lembrou que, há algumas horas atrás, quando caminhava pela rua, pensava em relacionamentos e acreditava que levaria meses até que fosse pra cama com outra pessoa. Não foi bem assim. Sorriu. Porém aborreceu-se de novo quando lembrou das coisas que Félix disse. Então colocou um ponto final naquilo.

Tinha sido apenas sexo e foi bom. Foi bom deixar definitivamente o ex companheiro e todo o dissabor que passou para trás. Foi um passo adiante. “Bola pra frente, Nicolas Corona. Vida nova.” ecorajou a si mesmo e foi tomar uma chuveirada.

Quando retornou à cama, agarrou o travesseiro preparando-se para dormir, virou-se pro lado e deu de cara com a foto de Fabrício no porta retratos. Não era assim tão fácil deixar o passado pra trás, pelo menos não o passado do pouco que viveu com os meninos que queria ter como filhos. Chorou um pouco e adormeceu.

Enquanto isso, na rua, lá ia Félix. Quando ele deixou o prédio de Niko, ainda chovia. Não tão forte, mas a chuva era fina, fraca e fria. A madrugada estava gelada nas ruas de São Paulo, incomum naquela época do ano. Félix tentou correr, mas estava cansado. Caminhou, pois já estava todo molhado mesmo. “Droga! Estraguei tudo. Podia estar lá aquecido, transando de novo... eu tinha que falar no Eron. Aquela lacraia sempre me prejudicando, mesmo quando não está presente.”

O frio o fazia tremer por vezes. “Porque fui falar aquilo? Não nego que achei interessante pegar o ex daquele inseto, se bem que ele merecia que eu tivesse pego quando ainda estavam juntos!” Félix admitiu para si mesmo que, na época, cogitou se vingar de Eron dessa maneira, mas foi apenas uma ideia rápida, que nunca se desenvolveu, ele não sabe porque nem fazia questão de entender. “Mas pelas contas do Rosário, não foi por isso que rolou agora. Rolou porque... porque rolou, oras. A criatura não precisava ficar espumando de raiva depois que gozou tão gostoso!”

Dali até o hotel eram três quarteirões. Tempo suficiente para pensar no ocorrido e em muito mais. Pensar em outros casos eventuais que teve.

Sexo casual. Félix havia se acostumado à isso durante o tempo em que morou no Rio. Não teve parceiros fixos, não engatou nenhum namoro. Ele não sabe se por medo, falta de vontade ou por não ter conhecido a pessoa certa, mas nunca se deixou envolver. Ele evitava se envolver e, por alguma razão, achava que precisava ter o que nunca teve na vida: liberdade para viver a sua sexualidade. Então Félix viveu, experimentou, provou, degustou o sexo livre. No início ele não admitia mas, no fundo, não era bem o que ele queria. Com o tempo, ele foi se dando conta de que ainda sonhava em encontrar o amor verdadeiro e aquela rotina de casos eventuais e noites únicas o estavam cansando. “Só que agora é tarde demais. Tarde demais!” Entrou no hotel falando sozinho, passou falando alto pela recepção, ninguém entendeu nada.

Entrou no elevador e foi acometido por uma série de espirros “Será que peguei gripe daquele Carneirinho?” sorriu lembrando-se dos momentos que passou com Niko. Olhou-se orgulhoso no espelho que havia ali. Entrou no seu quarto, tirou toda a roupa, tomou um banho bem quente e caiu na cama cobrindo-se com o edredom. Antes de dormir enviou uma mensagem para Pilar, sua mãe. Avisou que estava na cidade e queria encontrá-la para jantar, mas não queria ir até a mansão e cruzar com o pai. “Vamos até um bom restaurante Mamy. Beijos.” Terminou de enviar, desligou o celular e ficou ali acordado no escuro, por ainda um longo tempo. Pensando e relembrando fatos, chorou bastante. Finalmente adormeceu quando o dia já clareava.

Só acordou quando já passava das três da tarde. Havia uma mensagem da mãe em seu celular, confirmando o jantar em um restaurante do shopping “Aquele shopping em frente ao hospital” escreveu Pilar. Como se Félix não soubesse do shopping onde ficava a boutique da ex mulher e o restaurante japonês. Lembrou-se até da última vez que lá esteve, foi apresentado à Niko e saiu sentindo-se desprezado por Eron.

Já Niko acordou bem mais cedo e foi trabalhar, como fazia de segunda à domingo. Toda hora lembrava-se da noite anterior, ficava excitado... e com raiva, por se sentir excitado pensando no irmão da Paloma, aquele que ele acreditava havia dado em cima de Eron um ano antes. Agora tinham ido pra cama. “Droga, Niko, foi só sexo. E foi bom”. Alguns minutos adiante mudava de opinião “Foi bom mas foi só sexo, que droga.” Às vezes ficava aborrecido, tentando analisar se Félix quis mesmo transar com ele porque era o “ex da lacraia” ou simplesmente porque era um carinha que ele encontrou num bar. “Me pegou num bar, Minha Santa Virgem” sentia-se envergonhado. Minutos depois pensava “Eu que peguei ele num bar e levei pra minha casa” orgulhava-se, ou não. Sua cabeça dava voltas e voltas, mas seu corpo continuava excitando-se cada vez que lembrava de um detalhe da noite anterior. E aí todas as emoções retornavam alterando-se, como em looping. “Preciso me concentrar no trabalho” repetia.

Edgar, o sushiman recém promovido à gerente, comentou “O senhor parece melhor hoje, a festa de ontem lhe fez bem!”

Niko até assustou-se “Festa? Como... que...”

“A minha festa de aniversário! Esqueceu?”

“Ah, é...” Niko sorriu sem graça e foi cortar peixe que ele ganhava mais “preciso me concentrar no salmão.”

Quando a noite caiu, Félix arrumou-se elegantemente como sempre e chegou ao shopping na hora marcada com a mãe. Passou em frente ao restaurante japonês e parou um pouco lá fora. Ficou olhando pelo vidro até encontrar Niko, que trabalhava atrás do balcão. Quando o loiro olhou naquela direção viu o moreno lá parado. Félix logo empinou o nariz e saiu dali com uma meia pirueta.

Niko ficou brabo “Veio ver o que aqui? Tosco!” indignou-se.

Félix também estava brabo “Podia ter pego uma pneumonia por causa dessa criatura” reclamava.

Félix seguiu resmungando até encontrar a mãe. Após abraços emocionados, na entrada do restaurante, Félix dirigiu-se à hostess “Mesa para dois, por favor.”

E Pilar o corrigiu. “Meu filho é mesa pra quatro.”

“Quatro, Mamy? Eu disse que não queria ver ninguém...”

Pilar explicou que Paloma e Bruno iriam jantar com eles, Félix não ficou nada feliz com isso.

“Tantos meses sem ver você e vou te dividir com a Paloma e o bofe dela? Aposto que ela ainda quer me bater por eu não ter ido no casamento deles.”

Pilar riu. Sentaram-se à mesa e conversavam, entre drinks e aperitivos, esperando a chegada do casal, que não demorou muito. Enquanto Paloma e Bruno acomodavam-se Félix notou que a irmã parecia aborrecida, assim como o marido. E não conseguiu segurar a língua. “Minha irmãzinha, meu doce, o que foi que o Bofe de Ouro aprontou? Você está com cara de quem comeu e não gostou, ou não comeu, porque ele não aprontou.” Pilar o repreendeu. Paloma fez cara feia. Bruno não achou graça, mas decidiu explicar o motivo das desavenças do casal naquele dia.

Segundo ele, os dois discordavam da maneira como Paloma estava lidando com uma situação que envolvia Amarilys, Eron e Niko. Félix se mordeu de curiosidade por dentro, mas por fora seguia frio como um pinguim. Paloma explicou-se dizendo que não achava certo se meter em assuntos pessoais de outras pessoas. Mas Bruno discordava “Niko é amigo dela” lembrou.

“Mas Amarilys também é amiga dela.” Replicou Félix “É uma boa bisca, mas é amiga.” e fingiu desinteresse “bom, eu não posso opinar. Não sei os detalhes...”

Paloma então resumiu a historia de Amarylis com Eron e Niko, desde que ela engravidou. Félix fez questão de dizer que foi ele quem a convenceu a ser a barriga solidária dos dois.

“É mesmo Félix? Isso faz de você o responsável então!” Bruno riu com certa ironia. Félix achou graça.

Paloma contou que Eron e Amarilys se relacionaram, trairam Niko. Sendo assim, o bebê era fruto desse relacionamento, não da fertilização in vitro. E que depois que Niko descobriu tudo e perdeu a guarda do menino que queria adotar, aceitou a proposta que Eron fez e concordou em vender sua metade na casa.

“Que recaída braba a do Eron, hein? Trocar aquele Carneirinho pela Amarilys!”

“Você conhece ele?” Paloma perguntou curiosa.

Félix se ajeitou na cadeira “É... sim. Fomos apresentados... há séculos” passou o dedo mínimo  na sobrancelha, tomou um gole de vinho.

Paloma disse que dias atrás, enquanto almoçava no restaurante japonês, conversava com Niko e ele contou sobre o apartamento novo que havia comprado, com o dinheiro da parte dele na casa. Ela depois comentou com o marido, que é corretor, e Bruno achou estranho o valor pelo qual avaliaram o imóvel. Muito abaixo do valor de mercado, segundo ele.

“Então o Niko tinha que ter recebido mais dinheiro?”

“Sim, meu irmão. Mas o pior não é isso.” Paloma contou que Amarilys confessou pra ela, em uma conversa, que havia combinado com uma colega corretora de fazer uma avaliação pelo minimo possível.

“Mas é o apocalipse! Essa cobra é pior que eu!”

“Eu dei a ela um prazo pra resolver isso, contar a verdade ao Eron para que ele pague ao Niko a quantia que falta, o valor certo”

“O Eron tá metido nisso, aposto.”

“Ele não sabe de nada, Félix.”

Bruno disse que o tal prazo já havia acabado e Amarilys não dava sinais de que ia contar, sempre arranjava uma desculpa. “Entendeu agora, porque briguei com sua irmã?”

Concluíram que Paloma achava melhor não se meter, embora fizesse pressão em Amarilys, que era uma boa bisca, como disse Félix. E Niko era o maior prejudicado.

“Mas essa criatura, o Niko, é muito ingênua. E aquela lacraia traiçoeira nem pra defende-lo!” Félix insistia que Eron sabia do golpe da Amarilys. Paloma repetiu que Eron não sabia de nada.

“Quem garante? Vai que ele sabe! Papi precisa ser informado. Uma criatura que dá golpes não devia ser diretor de um hospital.”

Todos olharam, em silêncio, para Félix. Ele abaixou a cabeça.

Os pratos chegaram e a conversa encerrou ali. Falaram apenas de amenidades e sobre a ceia de Natal na mansão dos Khoury que aconteceria em poucos dias. Pilar disse que fazia questão da presença do filho, Paloma afirmou que não deixaria César fazer nenhuma grosseria com ele.

“Acho bom, irmãzinha, pois tenho um presente de Natal pra você.” ficaram curiosos com o comentário de Félix mas ele disse que estava guardando para entregar na noite de Natal. "Vai mudar sua vida" foi tudo que revelou.

O jantar terminou. Pilar insistiu para que Félix fosse almoçar na mansão no dia seguinte, ele recusou. “Melhor deixar pro Natal a minha volta àquela casa, Mamy. Tem tanas coisas que precisamos conversar...”

Félix tinha sim, muito que conversar, contar, não só à mãe. Ele apenas não sabia quando nem como, nem se teria coragem.

Por agora o jantar estava terminado. Ele explicou que estava hospedado em um hotel não longe dali e para lá voltaria. Estava sem carro, talvez alugasse um.

“Alugar, meu filho? Use um lá de casa.”

“Não quero mamy. Papi me tirou tudo, não tirou?”

“Então deixa eu te dar um de presente!”

Félix recusou. Pilar então sugeriu que ele mesmo comprasse já que soube que ele ganhava bem no Rio de Janeiro.

“Sim, eu tenho dinheiro. Mas vou alugar...vou alugar porque... porque não sei até quando...”

O garçom chegou trazendo cafés. Félix recebeu com entusiasmo, desviando o assunto, interrompendo o que dizia, pois não sabia mesmo como explicar nada para ninguem naquele momento. Ele, que carregava segredos do passado, agora carregava ainda mais um e não estava pronto para dividi-lo com outras pessoas.

Os quatro despediram-se com Pilar e Paloma comentando que iriam até a loja de Edith, ainda faltava cerca de uma hora para o shopping fechar.

“É aqui que digo adeus. Vão vocês. Não tenho paciência para ex mulher.”

Félix fez o caminho de volta e, obviamente, passou mais uma vez em frente ao restaurante de Niko. Riu pensando em fazer a mesma coisa, parar ali fora, esperar ele olhar e virar a cara para provocá-lo. Mas lembrou-se da injustiça que o loirinho sofreu nas mãos de Amarilys. Pensou que talvez fosse melhor entrar, dizer oi, tentar ser amigável. Parou lá, diante do vidro, procurava por Niko lá dentro mas não o encontrava.

Então o gerente abriu a porta “O senhor quer entrar? Estamos abertos”

“Não obrigado, eu já jantei” Félix continuava olhando lá para dentro, e nada de Niko aparecer. Pensava se devia contar à ele sobre o golpe que Amarilys havia dado. “Aquela lacraia bem que merece ter que desembolsar mais grana, mas aquele carneirinho atrevido me colocou pra fora, na chuva, no frio, eu quase congelei, quase peguei uma pneumonia...”

Visto que Félix continuava vasculhando com os olhos o interior do restaurante, o gerente indagou “O senhor procura  por alguem? Por alguma coisa?”

Assim, diante da própria indecisão, Félix perdeu a paciência e fez o que sabia fazer melhor na vida “Sim, estou procurando sim.” Edgar o encarava esperando ele continuar “Sarna! Estou procurando sarna pra me coçar.” Félix escolheu fugir.

O gerente arregalou os olhos puxados enquanto ele se afastava “melhor eu sair daqui antes que comece a sentir coceira!” acelerou o passo e foi embora.


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Notas finais do capítulo

Continua em breve.