Romeu e Julieta escrita por Yumie Uchiha


Capítulo 1
ATO I - DECADÊNCIA


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu já tinha uma conta aqui no Nyah e essa fanfic ja estava postada mas tive que apagá-la. Espero que gostem!



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Ninguém sabe ao certo quando está rixa começou, mas dos que ainda vivem sabem que começou muito antes que o mais velho entre eles tivesse nascido. Talvez em um tempo muito longínquo onde os homens ainda não conheciam as leis. Ou talvez seja simplesmente uma disputa por dinheiro, poder e – quem sabe ainda – o amor de uma mulher.

Não que isso realmente interesse agora, tantas eras depois, onde todo o prestígio e a opulência tanto dos Uchihas quanto dos Hyuugas eram fatores determinantes de vida e morte na bela cidade de Konoha.

É estranho como mesmo sendo tão distintas, ambas famílias optem pelo mesmo rumo sem volta...

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Mórbido e metódico. Isso era tudo o que se pode dizer sobre este e qualquer outro espaço por perto. Tudo era feito de suaves cores pasteis tristes e frios. Nem o gigantesco jardim de inverno cultivado com tanto afinco pelas mulheres da família tirava um pouco da dureza do ambiente.

— O que vamos fazer senhor? –  Indagou o jovem homem que estava respeitosamente ajoelhado para seu superior.

— Absolutamente nada, Shino. – Replicou simplesmente, não parando de assinar os papeis que estavam sobre a mesa.

— Mas Hiashi-sama... Temos que tomar alguma medida. As outras famílias pensaram que nosso poder está abalado com a ordem real.

— Eles não faram nada também. Isto até que é conveniente para todos, Kiba. – assinou a última folha juntando-a a grande pilha que estava no canto da mesa – A princesa nunca iria permitir que houvesse vadiagem na cidade sob sua proteção quando o Duque da Lua virá aqui pessoalmente. Este alvoroço todo é só uma forma de agradar o proletariado e se livrar de um problema jurídico.

— Sempre com a razão, Hiashi-sama. – Suspirou – Precisa de mais alguma coisa?

— Não – recostou-se na cadeira – Podem continuar com os preparativos de casamento da minha filha. E não esqueçam de lembrar ao meu sobrinho que é ele o responsável pela festa de hoje a noite. Não aceito nada além...

— Nada além da excelência. – Ambos os rapazes disseram em conjunto, fazendo o homem sorrir minimamente. Logo após levantaram-se e saíram silenciosamente, não notando o olhar pensativo que o patriarca Hyuuga dava para as sombras criadas pelas árvores da floresta norte – sombras com imagens de mau agouro.

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Era uma sala grande, mas não uma das maiores daquela enorme mansão. Servia exclusivamente para quando precisava-se tratar de algum assunto sério –principalmente quando o concelho não devesse ficar sabendo. As cores naquele lugar eram sempre em tons escuros. Preto, vermelho, marrom... Nenhum objeto mostrava particularidades ou afeições. Tudo era sombrio, como todos naquele clã.

— É o cumulo do absurdo. – Gritou o homem, tacando o jornal em cima da mesa. – Isto é um ato de humilhação pública além de uma óbvia exerção criminosa do poder. Em toda história dos Uchihas, nunca fomos tão desacreditados. O que pretende fazer sobre isso, Fugaku?

— Primeiro pretendo fazer com que cale a boca e lembrar-se de com quem está falando, Obito. – Respondeu o patriarca do clã – Esta idiotice que a princesa criou pra apartar nossa rixa é tão eficaz quanto por um a um de nossos filhos de castigo. Não irá adiantar. Entretanto, podemos tirar alguma vantagem. Sem as lutas contantes nas ruas, os jovens puderam se concentrar prioritariamente nos negócios da família.

— Independentemente desta nova lei ridícula precisar ser combatida ou não, temos assuntos mais preocupantes e urgentes a tratar. – Notificou o terceiro homem na sala.

— Refresque minha memória, Kakashi. Não lembro de nenhuma outra lei que pode mexer diretamente com nossos negócios. – Ironizou Obito.

— Tecnicamente, todas as leis são contra nossas reais fontes de renda, caro amigo. Mas não é sobre isso a que estou me referendo. – Alfinetou sabiamente, vendo o outro ficar vermelho. – Os Hyuugas conseguiram o enlace com um membro da família real. Segundo ou terceiro na linha de sucessão, não dá pra saber ao certo.

— Essa sim é um assunto preocupante. Não há nada para impedir-los? – Perguntou Fugako, enchendo novamente seu copo de uísque.

— De fato existem alguns... Claro que envolvem suborno, tortura, chantagem e, meu favorito, assassinato.

— Nada que não tenhamos feito antes. Comecem a traçar um plano imediatamente. – Deu por encerada a reunião com o último gole de uísque. Assim que seus conselheiros saíram levantou-se jogando o jornal na lareira, vendo a manchete daquela manhã queimar exatamente como ele pressentia que aconteceria com a cidade.

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O sol estava alto e escaldante de modo incomum para os meios de dezembro, porém nenhum dos presentes importavam-se com esse detalhe insignificante. Tinham que ficar sempre alertas, principalmente por estarem em território inimigo. Aquele lugar mantinha o mesmo padrão de construção de toda a cidade, mas quem fosse um pouco mais detalhista veria que em cada casa – seja preso como um enfeite da porta; ou como decoração do jardim; ou uma pequena pichação no murro – havia o símbolo do inimigo. O espiral de sangue que mostrava o ciclo sem fim de morte e desgraça que aquele família mantinha.

— Olá rapazes. – Cumprimentou ofegante a garota que havia chegado.

— Está atrasada, Sakura. – Esbravejou o rapaz de olhos negros.

— Não seja indelicado com a moça, Sasuke. Ela também tem seus afazeres. –disse reprovadoramente o rapaz ruivo antes de dar uma longa tragada em seu cigarro.

— Obrigada, Gaara-kun. Mas dessa vez ele está certo. – continuou – Está uma loucura total por lá. Hoje haverá uma festa a fantasia que reúne pessoas de toda cidade. Quer dizer... Quase todas.

— Mas é claro que você vai nos ajudar a entrar, não é querida? – Sussurrou sugestivamente o rapaz loiro que a abraçou por traz.

— Na... Naruto... –  Suspirou apaixonadamente, porém logo se afastou envergonhada – Bem, consegui que um amigo meu ajudasse vocês a entrarem.

— Amigo? – Pelo tom irônico usado por Naruto estava mais que óbvio sua descrença na amizade.

— Sim. Namorado da Ino – sussurrou vendo o loiro abrir um grande sorriso – Arrumem as fantasias e estejam na entrada de sempre as oito e meia. Tenho que ir, ou vão dar por minha falta.

A garota de delicados cabelos rosados virou-se para direção da rua, mas antes que sequer tivesse dado um passo sentiu ser puxada bruscamente indo de encontro com o peitoral forte do amante. Sem delongas ou vergonha, Naruto selou os lábios de ambos numa caricia voluptuosa e quente. Constrangida, depois do beijo Sakura arrumou o vestido e saiu rapidamente do local.

— Pare de olhar a bunda que ela não tem, Naruto. – ditou Sasuke enquanto o ruivo apagava o cigarro. – Temos muito o que fazer antes da noite de hoje.

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Crescendo em volta da praça da igreja e do palacete da realeza, o centro da cidade era o único lugar neutro da cidade. Ou melhor, ele e o cemitério. Eram os únicos ambientes em que ambas as famílias podiam se encontrar e não fazer nenhum atentado a vida uma da outra. Na maioria das vezes...

Como todo o resto da vila tinha suas riquezas e encantos, como os jardins reais e a feira que funcionava vinte e quatro horas a todo o vapor, mas também tinhas suas áreas mal vistas e não muito bem frequentadas, como as docas do subúrbio que dividia a jurisdição dos verdadeiros governantes de Konoha.

— Você entendeu, Juugo? Tudo precisa ser feito exatamente como está especificado no papel. Não pode haver falhas no projeto. Muitas vidas dependem disso! –  O moreno comunicou um tanto aflito, vez ou outra olhava para os lados a procura de figuras suspeitas mesmo sabendo que ninguém iria ali no meio da tarde, aquele local era para programas mais... Noturnos por assim dizer.

— Já sei, já sei. Acalme-se, Sasuke-senpai. Tudo estará perfeito, como o dia... – o homem de cabelos laranja alimentou os pássaros de uma de suas várias gaiolas – Já está tudo quase pronto, só não te mostro porque tá com o Sai pra fazer a parte "artesanal" do projeto.

— Agradeço imensamente o que está fazendo, cara. – colocou um envelope marrom sobre a bancada do local – Espero que isso o ajude com as despesas extras e a manter a discrição.

— Sim... – Juugo contou o dinheiro – Mas sabe que isso é um tanto complicado nos dias de hoje.

— E como sei... Mande o seu garoto, Konohamaru, ir pegar o resto em neste hotel na cidade de Suna quarta. – sorriu entregando o cartão com o endereço – Até a próxima, camarada.

Sasuke saiu do recinto de forma tão silenciosa quanto quando entrou. Tinha tudo tão milimetricamente planejado e fazia o impossível para que nada saísse erado, porém sabia que sempre tinha imprevistos; como o que se encontrava agora em sua frente.

— Uchiha Sasuke, Sabaku no Gaara e Uzumaki Naruto. Estão muito longe de casa, não acham? – Sentenciou o mais baixo entre os três homens na frente de si.

— Algum coisa contra, Rock Lee? Que eu saiba qualquer cidadão é livre para transitar pela cidade. – Desdenhou Gaara tirando um maço de cigarros do bolso e oferecendo aos inimigos.

Antes que Rock Lee respondesse, o mais alto dos seis presentes andou até o maço, pegou um e esperou pacientemente até que o ruivo o acendesse. Tragou fortemente e soltou a fumaça diversas vezes antes de se manifestar.

— Não vamos brigar hoje sim... Estou cansado e não quero ouvir minha mulher reclamando novamente de ter que tirar mancha de sangue da minha camisa.

— Temari pode ser um tanto irritante as vezes não é, cunhado? – colocou as mãos no bolso e passou a admirar o céu como o homem a sua frente fazia.

— Extremamente problemática quando quer. – Sorriu jogando a bituca de cigarro no chão e voltando a sua posição original em seguida.

Ambos os grupos se viraram para seus respectivos caminhos e partiram, menos um deles que permanecia escondido nas sombra a espreita. Pouco tempo depois, eis que chega um jovem de cabelos brancos e dentes afiados que procura, sem sucesso, o paradeiro do moreno.

— Apareça Neji, sei que está aqui.

— Tem alguma coisa pra mim hoje? – Perguntou secamente revelando-se.

— Sempre tenho, chefe. – sorriu mostrando sua enorme fileira de dentes afiados e tirou uma pasta da mochila que carregava – Está tudo o que consegui. Entradas, saídas, rotas adjacentes, informação sobre a estrutura da Mansão e inventário de armas.

— Só? – o portador de olhos perolados folheou rapidamente o conteúdo da pasta contatando que havia mesmo tudo o que o albino falava.

— Olha, isso não é uma coisa confirmada ainda, mas pelo jeito o pessoal da Akatsuki já ta sabendo dessa festa e muito provavelmente Fugaku ficará sabendo até o anoitecer.

— Malditos sejam os Uchihas e sua ainda mais maldita "organização particular" – praguejou – Por hoje é só Suigetsu, chame se tiver maiores detalhes. – O Hyuuga virou-se e sumiu nas sombras criadas pelas construções, logo o rapaz também partiu. Pena que nenhum deles reparou que, do mar, o vento soprou agorento e quente como a previsão de como seria aquela festa e os as acontecimentos seguintes.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? ♥



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