O que há depois escrita por WildCat


Capítulo 1
Capítulo 1




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Acordar. Tomar café. Ir trabalhar. Intervalo. Voltar ao trabalho. Voltar do trabalho. Jantar. Jogar vídeo game. Dormir.

Dormir. Esta, sem dúvida, era a pior parte. Voltar de um dia cansativo e chato e ficar deitado em cima de uma cama fria pensando em com sua vida chegou a esse ponto. Ele não encontrou a resposta ainda.

Já faz mais de três semanas que Sarah está em casa, depois de passar alguns dias no hotel, ela resolveu dar uma chance para sua antiga vida, uma chance para ele, uma chance para eles.

Quando ela aceitou morar de novo em casa deixou claro algumas regras, quartos separados era uma delas, chamar de nomes carinhosos era outra, quanto ela terminou de falar tudo ele resumiu todas as regras em apenas uma: Vamos começar do zero. Chuck concordou, claro, ele faria de tudo para tê-la morando em sua casa, vê-la todos os dias pela manhã.

Mas, ao concordar com isso, ele também assinou um contrato com a tristeza em pessoa; de que adianta tomar café com ela vendo seu lindo rosto marcado pela perca que, por mais que tentem, não podem repará-la. De quê adianta estar a cinco metros da pessoa que ama se ela não pode se lembrar de tudo o que viveram juntos?

Sarah tem pesadelos. Horríveis. Ela acorda gritando e chorando, implorando para que parem. Na primeira semana houve apenas um, na segunda foram três, e nesta última formam sete, em determinada noites foram duas vezes.

 Mesmo Chuck já sabendo o que irá ocorrer, ele não espera que seja tão cedo hoje. Deve ser apenas onze horas e seus olhos sonolentos já estão se fechando, quando ele a ouve gritar no quarto ao lado. De repente acordado, ele joga os lençóis no chão e corre para o quarto dela. Sarah ainda está dormindo, mas sua face revela pura agonia; ele sente uma pontada de dor no coração, se ele pudesse, reteria todo o sofrimento dela para si. Ele quer falar para ela que eles já passaram pelo inferno várias vezes, que eles vão passar por este também.

—Sarah, -ele sussurra.- querida, acorde.

Ela continua dormindo e gritando, as veias e artérias do pescoço e têmpora estão saltando.

—Sarah! –ele tenta, desta vez mais alta.

Ela abre os olhos e há um segundo de confusão antes dela parar de gritar e chorar. Ela está tremula.

 -Chuck?- ela diz abraçando-o. – Desculpe.

—_________________________

Eles também têm dessa coisa de ficarem em silêncio por vários minutos sem se constrangerem, é uma das coisas que ela aprecia nele. É com se até o silêncio pudesse ser meio de comunicação. Esse pensamento é brega, ela sabe. Quase ri ao pensar nisso agora.

Ele perguntou se ela queria água, “claro, obrigada Chuck”, depois de ele ter voltado com o copo e dela tê-lo bebido eles se abraçaram de novo.

—Você está bem?- ele pergunta.

—Estou. –a sua garganta está doendo, ele sabe que ela está mentindo e ela odeia isso nele.

—Tem certeza? Quer conversar sobre isso?

—Hoje não, Chuck.

Silêncio.

—Hum, Sarah?

—Diga.

 -A gente pode mudar de posição?- ele pergunta timidamente em seu ouvido. –Minhas costas estão começando a doer...

Definitivamente eles não estavam em uma posição confortável. Sarah estava deitada abraçando o pescoço de Chuck, este, por sua vez, estava inclinado sobre a cama um dos braços abraçando a cintura de Sarah e o outro apoiando o peso do corpo no colchão.

—Acho que já é hora de dormir, não é mesmo?- ela soltou o pescoço de Chuck e reclinou o corpo sobre a cama.

—Está tudo bem?- ele perguntou ainda sentado na cama. Ela assentiu. –Então boa noite, Sarah.

—Boa noite Chuck.

Chuck levantou-se e saiu do quarto, mas o cheiro dele, de alguma forma permaneceu com ela. Ela queria gritar de frustração, ela queria ir falar com ele dizendo que estava realmente tentando se lembrar de tudo, que era isso que motivava ela a acordar todos os dias pela manhã e caminhar pelos locais onde ele disse que ocorreram fatos importantes para eles. Na maior parte do tempo Sarah se pega pensando nele, mas é um pensamento vazio, como uma folha em branco, ela não se lembra dele. É a mesma coisa quando olha o álbum de casamento ou fotos antigas deles, para ela são dois estranhos sorrindo para a câmera. Como ela, Sarah Walker, poderia ser tão..., tão vulnerável desta forma a ponto de se casar com alguém. Como ele poderia conhecê-la tão bem a ponto de perceber quando ela está mentindo? E por que a droga do cheiro amadeirado dele, que a faz se sentir confortável e segura, ainda está preso em seus braços, no lençol, em tudo. A cabeça dela começou a doer. Chuck é simplesmente irritantemente acolhedor. Ele sabe tudo sobre ela, o tipo de comida preferida, como ela gosta da pizza, até a roupa preferida, ele sabe só de olhar para ela em que ela está pensando! 

Ela levanta e procura um remédio, sua cabeça está prestes a explodir; depois de fazer alguns exames neurológicos, os médicos disseram que seria normal ela ter pesadelos durante a noite, só que depois deles ela vinha começando a sentir fortes dores de cabeça, era como se o cérebro dela fritasse e derretesse dentro da caixa cranial e agora, depois de liquefeito ele parece chacoalhar lá dentro. Por mais que tenta lembrar onde ficam os remédios a cabeça dói. Ela não quer pedia a Chuck por que ele já faz demais por ela, e também por que ela está cansada de ter que pedir tudo a ele. Finalmente, na gaveta do criado mudo, ela encontra uma poção de remédios. Ela toma duas aspirinas de vez com o resto da água que tinha no copo que Chuck lhe trouxe, enquanto a dor vai aliviando ela examina a gaveta. Nela há lenços de papel, band-aids,  remédios para dores musculares, aspirinas, antialérgicos e anticoncepcionais. Este último a deixou apreensiva, pois estava na metade. Ela ficou bastante tempo parada olhando para a cartela. “Há quanto tempo estou sem tomar isso?” ela se perguntou e ficou irritada por não saber, e mais ainda porque ela sabe que Chuck saberia responder com precisão.

 Ela quer ir perguntar agora. Isso não vai deixá-la dormir em paz essa noite. “E se eu estiver grávida?”, de repente ela começa a associar várias coisas estranhas desde quando ela se lembra, o fato dela enjoar um pouco no começo da semana, as dores de cabeça e, mesmo que não tenha nada a ver, ela vem sentindo muita fome esses últimos dias. Com certeza ela tem que saber agora.

Ela caminha descalça até o quarto de Chuck. A porta está levemente aberta, mas mesmo assim ela bate suavemente na porta. A idéia de ele estar dormindo só chega a ela depois que já havia batido. Ela ouve ele se remexendo na cama.

—Sarah? –ele pergunta com a voz grogue de sono. A irritação que ela estava sentindo desmanchou-se na hora. Ela devia ter deixado isso para o dia seguinte.- Pode entrar.

   -Chuck, desculpe te acordar. -ela  entrou no cômodo. Ele era de longe mais organizado do que ela. Sarah pensou que haveria roupas espalhadas pelo chão, meias penduradas na cabeceira e etc...,ficou surpresa ao ver que tinha julgado mal. Estava tudo no seu devido lugar e talvez  a coisa mais atípica daquele local era o fato de Chuck estar sem camisa. Ele tentou disfarçar mas ficou corado ao perceber isso também. –Bem, desculpe te incomodar uma hora dessas, sei que você está cansado e amanhã vai sair cedo...- ela está em pé na frente da cama dele, e ela não consegue olhar nos olhos dele , ele está sem camisa e agora está da cor de um camarão. Sarah tenta inutilmente disfarçar seu embaraço, mas as palavras estão fugindo da sua boca. Ela abre e fecha-a e abre novamente. “Meu Deus, o que estou fazendo? Eu já vi muitos homens sem camisa, e sem muito mais...porquê isso está acontecendo agora?” Mesmo que ela não quisesse, ela sabia da resposta, ela sabia que tinha julgado ele mal, tanto em relação ao quarto, quanto em relação ao seu corpo.  – Anh...Chuck? Vista uma blusa.

Enquanto ele se desculpava e procurava uma roupa para se cobrir ela continuou observando os pôsteres pendurados na parede. Estava totalmente absorvida quando ele se sentou na beirada da cama, agora a poucos centímetros de onde ela está.

—Pronto. Sarah, o que estava querendo me dizer? – ela tomou um susto ao ver a proximidade dele.

—Eu estava olhando na gaveta de remédios e encontrei isso. –ela mostrou a tabela- gostaria de saber quando foi o ultimo dia que tomei, por que, bem... eu não lembro.

—Foi em...- Ele permaneceu calado por alguns instantes. – cerca de dois meses atrás.

—Estávamos tentado ter um bebê, não é?- ela não achou que ficaria triste por isso, mas agora mais do que nunca, ela sentia o tamanho do vazio que suas memórias perdidas lhe deixavam.

 -Sim, nós estávamos. - ele também está triste por isso, ela percebe. Ela se senta ao seu lado.Quando ela pensa em Quinn e em suas memórias ela esquece que Chuck também perdeu muitas coisas naquele dia.

— Chuck,-ele olha para ela. –sinto muito. – eles passam alguns segundos em silêncio até ela falar de novo – Você acha que eu posso estar grávida?

Os olhos dele se arregalaram de repente observando se ela estava falando sério, olhou para sua barriga e novamente para o rosto dela. –Acho que sim, não posso dizer com certeza, mas creio que sim.


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