Kuroo virava copos e copos de cerveja, enquanto Bokuto estava na metade de seu primeiro, teclando no celular e conversando com o amigo a sua frente ao mesmo tempo, o moreno se sentia em paz. Tinha um bom emprego, uma casa perto de uma quadra de vôlei, tinha bons amigos e um em especial, mas o motivo dessa paz toda era um pequeno rapaz de cabelos louro, completamente louro, já que no colegial era ‘meio’ louro.

Enquanto Bokuto tagarelava sobre um caso que ocorreu na empresa, o moreno observou Akaashi por cima da borda do copo, tentando adivinhar no que o menor tanto pensava. Seu semblante de seriedade o denunciava completamente...

Kuroo fez sinal com a cabeça para Bokuto, que logo olhou para o namorado.

— Akaashi! – o de cabelos prateados acenou na frente do rosto namorado.

O rapaz apenas olhou de canto, fazendo Bokuto olhá-lo preocupado.

Kuroo não pode deixar de rir da cara de ‘paisagem’ que o menor fez. Isso lembrava alguém em especial, alguém que esperava por ele em seu quarto.

— Está cansado? Quer ir pra casa? – Bokuto perguntou logo bebericando sua cerveja, não deixando de fazer um careta, tirando outra risada baixa de Kuroo.

— Olha isso, ‘bro. – Kuroo virou-se para o amigo mostrando a tela do celular, nele rodava um vídeo de um gato e uma coruja brigando. O vídeo conseguia tirar gargalhadas dos dois, boa parte era por causa do álcool. — Opa! – Kuroo puxou o celular pra si, vendo uma janela abrir, mostrando boa parte da conversa que mantém com seu namorado.

— Ho... safado. – Brincou Bokuto, já meio corado por causa da bebida.

“Que horas volta?“ Dizia a mensagem...

“Logo. Pode me esperando acordado...” Finalizou com um emoji com sorriso malicioso, o mesmo sorriso brotou nos lábios de Kuroo.

Após guarda o celular ele olhou para Akaashi, que encarava sua mão, mais precisamente sua aliança. Enquanto Bokuto apenas tentava achar o mesmo vídeo do celular do Kuroo, no seu.

É isso mesmo que esta acontecendo? O jeito que Akaashi encarava aliança fez Kuroo tentar pensar um pouco sobre um assunto que comentara com o amigo semana passada. O jeito que desenrolava o relacionamento dos dois.

Kuroo dizia que estava feliz com Kenma, dizia que não ligava do menor ainda estar na faculdade de TI e ter que pagar o aluguel sozinho. Dizia que o enchia de mimos e fazia o máximo para deixar Kenma feliz. Nunca ao menos reclamou dos hábitos do namorado. Não tinham brigas e nem ciúmes, bom, pelo menos da parte do menor. Já que Kuroo se mordia de ciúmes de Kenma perto de um baixinho ruivo...

Logo se lembrou do que o amigo de cabelos prateados lhe disse, de como estava ficando triste de Akaashi estar triste, e de seus planos para mudar aquilo tudo. Mas será que é isso que Akaashi quer?

Saiu de seus devaneios ao sentir o celular vibrar no bolso do moletom.

“Já estou indo dormir...”

— Ah! – Grunhiu se levantando da mesa meio tonto, quase a levando junto. — Já estou indo! – Anunciou para os amigos, deixando os dois a sós.

Kuroo seguia pelas ruas movimentadas do bairro, as calçadas com algumas possas sobrando depois de uma chuva intensa, sua casa não era longe dali, diferente dos amigos que moravam em um apartamento chique longe daquele bairro. O moreno prometeu a si que só iria comprar uma casa quando o namorado finalizar o curso.

“Me espera, já estou chegando”

Sorriu ao ver o “Digitando...” surgir.

“‘Tô vendo GOT”

“Então vai madrugar, é? “

“Não sei, ‘tô esperando o Joffrey morrer...”

Não pode deixar de soltar uma risada, continuou caminhando, agora com seus fones de ouvido.

Kuroo nunca havia sentido uma paz tão grande como essa. Tinha tudo. E amava tudo e como era feliz com aquilo.... Mas por que Akaashi não se sentia feliz como ele? Bokuto era um ótimo amigo, quase igual a ele... Então por quê?

O moreno nunca foi perfeito, até chegar onde está teve que trabalhar muito, terminar a faculdade de Engenharia e conquistar o coração de seu pequeno. Nunca se imaginou assim, sempre jogando as coisas para o alto e seja o que for. Pode sentir uma pontada de tristeza ao se imaginar no lugar do amigo, imaginando o namorado indo embora porque não se sentia feliz...

Se pudesse fazer algo, faria com certeza. Mas não poderia obrigar Akaashi ficar com o amigo por puro capricho. Mas poderia aconselha-lho? Talvez não...

As pessoas perdem esse sentimento por coisas pequenas ou grandes como uma traição. Ele nunca foi ingênuo, sabia que o ‘para sempre’ não existia, mas existia ‘o agora’ e era isso que importava. “O agora”

Depois de alguns tropeços e esbarradas em desconhecidos, Kuroo finalmente estava em frente a sua casa, logo viu a janela de seu quarto estar um pouco iluminada por causa da TV.

— Cheguei! Ops. – Kuroo cambaleava para dentro do quarto, arrancando os tênis e se jogando em sua cama macia.

Kenma não tirou os olhos da TV, sentado de frente para o aparelho que iluminava seu rosto de acordo com as cenas do seriado. Kuroo se ajeitou para mais perto do namorado, sentindo logo seu cheiro. Agradecendo por finalmente estar em casa.

— Já morreu... - Disse Kenma, teclando ao mesmo tempo no celular.

— Argh! – Kuroo grunhiu jogando uma almofada para o ar. — Vamos ver outra coisa?

Kuroo perguntou, mas foi ignorado pelo namorado que continuava teclando no celular, segurou seu punho o puxando para um beijo simples, mas carregado de carinho, surpreendendo o baixinho.

— Casa comigo um dia? – perguntou, após separar seus lábios, mesmo bêbado Kuroo mantinha um pouco de sanidade. — Um dia?

Kenma ficou em silêncio desviando o olhar, encabulado.

Kuroo sorriu ao ver o rosto do pequeno ficar completamente vermelho, adorava ser o causador de suas bochechas vermelhas. Os dois ficaram em silêncio por um tempo, Kuroo observava o baixinho que enrolava os dedos por causa da timidez, sorriu ao ver que o mesmo tentava desviar o olhar. Como era adorável.

— Um dia... - Murmurou em resposta.

Kuroo riu baixinho puxando o pequeno para debaixo das cobertas, fazendo com que Kenma ficasse de costas, o moreno apoiou o queixo no topo da cabeça do louro. Entrelaçando seus dedos e enroscando seus pés, Kuroo voltou a sentir novamente aquela paz. Uma sensação que não conseguia explicar, mas que poderia vir de uma ligação, mensagem, um sorriso.

— Eu te amo Kenma Kozume. – Disse ao pé do ouvido do namorado.

Kenma corou violentamente.

— E sou imensamente feliz com você. – Terminou com um beijo na bochecha quente de seu pequeno.

X

Kuroo despertou lentamente com a vibração do celular no bolso do moletom, isso porque nem a roupa havia trocado. Tateando o corpo ate chegar ao bolso vendo na tela do celular uma corujinha que dançava de acordo com a música, atendendo em seguida.

— Ho! – Disse, soltando um bocejo demorado.

— Hey, hey!— Bokuto dizia animado do outro lado da linha.

— Ho! Ho! – Kuroo sorriu ao ver o namorado sentado na cama vestindo o uniforme da faculdade.

— Hey hey!

— Ho!

Kenma revirou os olhos, seguindo para o banheiro.

— He-

— Pare com isso seu idiota!— Disse Akaashi no fundo da ligação, o barulho mais parecia que alguém havia caído de algum lugar.

— Bro!— A voz de Bokuto estava animada, isso fez Kuroo se sentar na cama.  — Ele disse sim!

O sorriso de Kuroo foi de olheira a olheira, sabia muito bem do que se tratava aquele ‘sim’.

Aquele ‘sim’ não era para um pedido de casamento, mas para um pedido de um novo começo na vida dos dois.

Bokuto tentou explicar como havia feito o pedido, mas Akaashi tomou conta do celular gritando que na empresa ele terminava de contar, provavelmente ele deveria estar da cor do seu antigo uniforme de vôlei.

— O que houve? – Kenma apareceu na porta do banheiro, escovando os dentes, vendo que Kuroo sorria enquanto olhava para qualquer canto do quarto.

— Nada... - suspirou, encostando-se à cabeceira da cama. — É só que, tudo está em paz agora.