Notas de Sal e Papel escrita por Mayhem Noyer


Capítulo 6
Plástico




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Me pergunto, as vezes
Se este sorriso teu, por vezes
Por acaso desaparece, some de vez
E deixa a mostra
Teus feios, podres dentes.

Me pergunto, as vezes
Como podes ser tão bela
Como consegues ser herói
Como consegues ser tão plástico
Como consegues ser tão falso.

Revolto-me, em silêncio
Ao retribuir seus gestos ensaiados
Ao apertar suas mãos distraídas
Pergunto-me, as vezes
Se eres um invasor em meu meio
Ou se sou eu, o intruso.

As flores ainda rompem o asfalto
As nuvens ainda pintam o firmamento
Mas as ruas inundam-se com a podridão
Inundam-se de óleo, aço e escárnio
Afogam o mundo no Champanhe da boa vida
Parte álcool, parte alma, parte vazio


         Arrebata de ti o pó que te mascara
Apaga de ti a felicidade e a loucura
Revolta-te, sem armas, contra ti mesmo
Contrarie os progenitores, contrarie a forma
Conheça o avesso do mundo

Talvez assim, venhas a perceber
Que o mundo é vasto como aquilo que carregas consigo
Não teu papel, pedras ou amores
O mundo é vasto como teu coração
E é cruel como a mente que te rege
Mas não é tão vazio
Não é tão frio
Não é tão falso
Como a vida que vives
Como as pessoas que beijas
Como a felicidade que compras
Como os poemas que lê
Como ti próprio
Que mal conhece a ti mesmo
E já procura, em desespero
Preencher o vazio que habita sua alma
Com a alma dos desavisados.


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