Notas de Sal e Papel escrita por Mayhem Noyer
Apartamentos Acesos
Maldita seja a iluminação pública
Garrafas vazias e os soluços incessantes
A brasa que emerge da minha alma
Cinzas de uma ignorância infantil
São estes versos que não cabem em prosa
Versos que não cabem em lírica ou épica
Cabem em quartos escuros e silenciosos
Cabem em almas desertas, ¾ de solidão
E ¼ de melancolia inveterada.
Não desnudo para vós a dor que sinto
Pois não escrevo para quem não a conhece
Escrevo para os que sentem o engasgar de demônios
E a eternidade dentro de um suspiro úmido
Escrevo para os que conhecem bem a dor de uma mentira
E o extraordinário peso da existência
Esta que verga a dor e os edifícios, desafia a física
Leva ao chão uma alma moribunda
Esta que se refugia atrás de versos malditos, sem rima ou métrica
Produtos do escarro viscoso de um coração dilacerado
Produto do carbono, do aço, do álcool e do chocolate
Somados a mil de sonhos roubados e rebeldes domados
Esta que se refugia na língua trovadora, o lar dos mortos
Refugia-se no inferno de uma vida fugaz
E ainda, as vezes, o inferno cria versos
Versos que descrevem o fulgor do momento
Da glória na beira do abismo
A glória do rei dos ratos numa cidade do aço e areia
E não há tristeza, não há fúria
Existem apenas cinzas naquele céu azul
Cinzas de sonhos infantis
De amores clandestinos
De esperanças
E da insanidade
De confiar a um poeta
O sentimento do mundo.
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