Notas de Sal e Papel escrita por Mayhem Noyer
No alto do firmamento brilham as estrelas
Giram, frias, enquanto o mundo mergulha na escuridão
Giram, tombam as montanhas
Tombam as florestas
Tombam as cidades
Em absoluta paz e silencio
Resignam-se, e fazem tremer a terra
O peso do mundo verga sobre a luz da lua
E o peso do mundo faz-se sentir nos apartamentos
O peso das cinzas tombam as estrelas
A fumaça sobe das arvores
A fumaça tomou conta da civilização
E tudo não passa de uma confusão
Um embaralhado urbano, buzinas em pânico
A luz aos poucos se esvai no horizonte
Abandona minhas janelas e a minha cozinha
Os últimos raios de sol acenam em despedida
As crianças da minha rua sentam-se no asfalto
Carregam sorvete, balas e pedaços de ferro
Os cachorros se aquietam, o crepúsculo lhes saúda
Os últimos raios sorriem
Não por simpatia
Não por escárnio
Por compaixão
O crepúsculo toma o céu
Nos picos rochosos, uivam os homens
Nas ruas vazias, latem os bichos
O crepúsculo toma o mundo
Uma alma por vez
A cada aniversário
A cada paixão
A cada tragada de um cigarro velho
Como um véu de fumaça, como a morte
O crepúsculo toma o mundo
Os céus tremem
As estrelas brilham
O chão desaparece
E vem a noite
Vem o frio
A maturidade
A ironia
O medo
E o nada
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