Notas de Sal e Papel escrita por Mayhem Noyer


Capítulo 17
O crepúsculo do mundo




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No alto do firmamento brilham as estrelas

Giram, frias, enquanto o mundo mergulha na escuridão

Giram, tombam as montanhas

Tombam as florestas

Tombam as cidades

Em absoluta paz e silencio

Resignam-se, e fazem tremer a terra

O peso do mundo verga sobre a luz da lua

E o peso do mundo faz-se sentir nos apartamentos

O peso das cinzas tombam as estrelas

A fumaça sobe das arvores

A fumaça tomou conta da civilização

E tudo não passa de uma confusão

Um embaralhado urbano, buzinas em pânico

A luz aos poucos se esvai no horizonte

Abandona minhas janelas e a minha cozinha

Os últimos raios de sol acenam em despedida

As crianças da minha rua sentam-se no asfalto

Carregam sorvete, balas e pedaços de ferro

Os cachorros se aquietam, o crepúsculo lhes saúda

Os últimos raios sorriem

Não por simpatia

Não por escárnio

Por compaixão

O crepúsculo toma o céu

Nos picos rochosos, uivam os homens

Nas ruas vazias, latem os bichos

O crepúsculo toma o mundo

Uma alma por vez

A cada aniversário

A cada paixão

A cada tragada de um cigarro velho

Como um véu de fumaça, como a morte

O crepúsculo toma o mundo

Os céus tremem

As estrelas brilham

O chão desaparece

E vem a noite

Vem o frio

A maturidade

A ironia

O medo

E o nada


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