W's escrita por Luana Almeida


Capítulo 4
Zen


Notas iniciais do capítulo

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—Vampiros então – Bobby estralou o pescoço enquanto falava.

—Tio, sinceramente – falei olhando dentro de um armário acima da pia da cozinha – Eu não vou comer isso aqui, nem você devia, é por isso que sofre tanto do estômago – o olhei.

—Não esperava que quisesse comer isso – ele me olhou um tanto desapontado.

—São enlatados e a maioria está vencido – levantei os ombros sentindo um pouco de culpa.

—Vá ao mercado comprar algo – ele levantou e a mesa cheia de papéis balançou – Sua comida deve ser melhor que a minha.

—Eu sei cozinhar – rebati sua falta fé e ironia.

—Se está dizendo – Bobby deu de ombros e me deu algumas notas de dinheiro.

 

Saí porta fora e parei no pé da escada da varanda lembrando onde o mercado ficava e se a chave do carro de Bobby estaria na ignição. Caminhei pelo pátio abarrotado de coisas e por sorte, ou melhor, falta de atenção do velhote de boné rasgado a chave estava lá.

 

Liguei o carro e as tranqueiras do quintal impedia um pouco minha visão, então dei ré meio às cegas e só parei quando ouvi um ‘’Cuidado’’ alto.

 

—Quer me atropelar?- Sam gritou se aproximando do carro.

—Você me assustou! - deixei o carro morrer.

—Eu posso ir com você? - ele perguntou um pouco tímido.

—Claro – a resposta automática me fez corar e religar o carro foi ótimo para disfarçar.

 

Sam entrou no carro desajeitado e não falou até que saímos da propriedade de Bobby, ele ligou o rádio e mudou de estação até encontrar uma tocando clássicos do rock.

 

—Você e meu pai, ele era legal com você? - Sam perguntou quando ‘’Last Kiss’’ acabou.

—Eu ainda não digeri a ideia de ele estar morto – a última palavra fez minha garganta doer.

—Pois é – ele ficou em silêncio e o acompanhei.

—Ele era incrível, o meu pai morreu antes que eu nascesse, você soube não é – o olhei por uns segundos e logo prestei atenção na estrada novamente.

—Soube – a voz soou baixa – Eu tinha o que… uns sete anos.

—É, e eu nasci no dia que ele morreu, não tem como ficar feliz com aniversários – dei de ombros quando ele me olhou.

—Desculpe pelo Dean – Sam apontou uma vaga para estacionar – Ele me disse que meio que, explodiu com você de manhã.

—Aquilo é o máximo que ele pode fazer? - sorri o olhando, realmente era engraçado.

—Quando ele está no modo zen sim – ele riu abrindo a porta.

 

Caminhamos até o mercado ainda rindo daquilo.

 

—Acho que se ele souber dos nossos comentários maldosos sobre seu modo zen não vai ficar muito feliz – minha intenção era pegar uma cesta, mas ele foi mais rápido.

—O Dean é meio imprevisível – Sam me ajudou a escolher alguns tomates – Você se acostuma.

—Ele me disse de manhã que eu ficaria com o tio Bobby, acho que não vou ver vocês sempre – uma nota de ‘’não me deixe com um velho rabugento’’ ecoou na frase.

—Eu acho melhor – ele amarrou o pacote rapidamente – Bobby pode cuidar de você muito bem.

 

Não concordei nem discordei, somente mudei de assunto para o valor que achava que tinha em mãos para as compras.

 

—Torta? Na hora do almoço? - perguntei quando Sam voltou do seu ‘’volto já’’.

—O Dean não escolhe que hora vai comer torta – ele ajeitou na cesta – Graças hm – ele pensou – a Deus, vamos ter uma boa refeição em muito tempo.

—Olha não confia muito não, que não sou a melhor cozinheira do mundo – lembrei de certas gororobas que inventava.

 

Assim que pagamos a conta, saímos em direção ao carro entramos nele, agora de lugares trocados, pelo comentário de Sam sobre meu modo de dirigir. Senti algo pousar sobre meu ombro e paralisei quando Sam olhou pra ele com os olhos arregalados.

 

—Não me diga que é uma aranha por favor – minha respiração começou a acelerar.

—Não é uma aranha – ele respondeu aproximando a mão de mim.

—Está dizendo a verdade? - talvez ele só tivesse dito o que eu queria ouvir.

 

Sam puxou a mão e nela estava uma borboleta, não qualquer borboleta, uma morfa azul. As conhecia porque adorava coisas que raramente se encontrava. Ele a observava encantado enquanto eu não sabia se olhava a morfa, ou Sam.

 

—Não vejo isso faz muito tempo – ele sorriu.

—Eu nunca vi uma dessa – deixei minha mão ir até a dele e esperei que a borboleta subisse em meu dedo.

 

Nós ficamos como dois bobos olhando a borboleta e depois sugeri que a soltássemos quando a barriga de Sam roncou alto.

 

—Que demora – Dean andou com o computador até Sam – Onde foi?

—Ao mercado, com a Aurora – ele pegou o computador – O ninho é em outra cidade?

—É, e aparentemente são muitos, mais dois casos, mas são desaparecimentos e uma morte – ele olhou para mim – E não contando a da sua mãe.

—Você rastreou o ninho – Sam me olhou – Sabe quantos tem lá?

—Pelas minha contas, dos que estavam do lado de fora, era sete.

—Qual é, você foi até o ninho e ninguém sentiu seu cheiro? - Dean falou incrédulo.

—Não, eu vi uma foto em tempo real de um satélite, tenho um amigo que mexe com essas coisas.

—O cara é bom hein – Dean ironizou e virou as costas voltando a mesa cheia de papéis.

—Aurora – Bobby entrou na cozinha.

 

Ele nunca me chamava de Aurora.

 

—Gilliard me ligou e disse que, você fugiu de casa.


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