Puzzle escrita por Bee


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoas. Retornei do túmulo para postar. Podem me matar, mas agora vou tentar postar com mais frequência. Bom, o capítulo tá meio lixo, mas ok. Leiam:



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Freddie abriu o papel como quem segura algo raro. Mas apenas encontrou a seguinte inscrição: “TKC-07/1996”, mas a marca de água do papel entregava o possível local de onde aquele papel vinha, estava escrito em uma letra fraca na parte de cima: “AdoptUSKids”.  E era lá que ele devia procurar. Porém uma semana difícil na escola se aproximava, e também a chance de Freddie entrar para a MIT, seu maior sonho. Dessa forma, ele postergou a sua tentativa de descoberta. Além de esconder de Carly sua maior descoberta e sua pesquisa isolada.

Sam encarou sua mãe. Seus olhos ainda estavam saltados pela surpresa, seu coração batia tão forte que ela ouvia o som das batidas na sua cabeça, seus braços se agarraram à cadeira em busca de um apoio caso ela caísse. Ela tentava repassar na mente as palavras exatas de sua mãe, mas não havia realmente prestado atenção em cada palavra. Apenas duas continuavam a ecoar em sua mente: irmã gêmea.

— Eu tenho uma irmã? Uma irmã gêmea? – era um fio de voz que saiu, mas aquele era o máximo que Sam conseguiria naquele momento.

— Sim, os pais dela adotivos dela não puderam te levar também pelo que eu soube mais tarde. – Pam comentou tomando um gole de seu café e dando com a cabeça para a garçonete que trazia o chá de Sam. – Eles já tinham alguns filhos, e sua irmã foi adotada por eles, mas você ficou. Acho que não por muito tempo. Minha prima trabalhava no Adopt, e ela me contou que ninguém resistia a vocês duas, vocês usavam desses olhos azuis enormes para conquistar todos os corações.

— Você não sabe onde ela mora agora? – Sam perguntou com seus olhos grandes, e conquistadores, fixos nos cansados e apagados de sua progenitora.

— Não. – Pam mexeu no seu maço de cigarros, como se contasse com os dedos quantos restavam. – Eles indicam que não haja nenhum contato entre pais e filhos. Deve-se cortar o cordão que os liga completamente, foi isso que me disseram quando procurei ajuda para proteger vocês. – ela suspirou, e seus olhos rondaram a xícara, e a mesa, seguindo lentamente até a mão de Sam. – Eu não sei como você pode ser tão bela. – ela suspirou – Fico feliz que tenham tratado você como uma princesa.

— Fui mesmo criada como uma princesa, Pamela. – a jovem disse séria – Meus pais deram o melhor para mim e para meu irmão. Nunca houve nada que nos diferenciasse, ou que dissesse que eu não era realmente parte da família. – Sam nunca havia notado como poderia ser fria com relação a essas coisas quando queria – Eu estudo em uma ótima escola, tenho notas incríveis, e vou para uma ótima universidade. Eles me deram muitas chances na vida, e me deram muito amor. Eles foram os melhores pais que eu poderia querer.

Pamela sorriu fraco, em um misto de orgulho e tristeza. Talvez Sam tenha sido dura demais, não conhecia realmente os motivos para a mulher tê-la largado para adoção, mas sabia que se tivesse sido criada naquelas condições ela não seriam nem um pouco o que ela era agora. Ou o que ela poderia ser.

— Fico feliz por isso. – Pam sorriu tomando um largo gole de café. – Eu nunca poderia oferecer isso a você, eu só ofereceria uma vida cheia de riscos e amor. Nunca duvide do quanto eu amei vocês duas, e o quanto eu ainda amo. Penso em vocês a cada segundo útil do meu dia. Eu sei que nunca mais poderei engravidar, e que nem deveria pensar nisso. – Sam levantou os olhos novamente, mas os da mãe se encontravam fixos em algum lugar da mesa. – Mas eu dediquei cada segundo enquanto cuidei de vocês a dar o melhor que eu poderia oferecer. Sei que não chega perto dos luxos e confortos que você foi acostumada a ter. Mas foi o melhor, e não faria nada diferente. Eu perdi boa parte de mim quando perdi vocês duas, mas foi o melhor para vocês, e vendo você aqui eu tenho certeza disso. Sei que você deve me achar um monstro, mas saiba que tudo que eu fiz foi por vocês, desde o primeiro momento.

— Eu não te culpo por nada que você fez, Pamela. Eu só te agradeço. – Sam forçou um sorriso amigável, e colocou sua mão sobre a mão de sua mãe biológica. Tão gélida e pálida em contraste com a daquela que a esperava em casa. – Você teve seus motivos para nos dar para adoção, e eu confio no fato de que você fez isso por nós. Agora, eu quero descobrir quem é minha irmã. Eu quero encontrá-la e ter certeza que ela teve a mesma sorte que eu.

Se Sam esperava que houvesse em algum momento algo que as conectasse, suas esperanças caíram por terra quando ela deixou aquela que lhe deu a vida na porta de seu apartamento. Os olhos opacos e cansados de Pam tentaram sorrir com doçura ao ver a filha sorrir brevemente, mas aquele foi um único ato doce que trocaram, de resto não houve um toque ou olhar que indicasse que entre as duas havia uma ligação forte de sangue e relação de existência.

Pamela havia sido para Sam aquilo que uma barriga de aluguel é para um adolescente, apenas a portadora. E a parte mais triste, foi que Sam nem ao menos se sentiu triste ou culpada por pensar naquela que lhe deu a luz dessa maneira. Era apenas isso que ela significava, e nunca seria nada além disso. A jovem seguiu para o seu hotel e o mais rápido que pode discou o número de seu cumplice mais próximo. Sam tinha dois, necessariamente próximos para saber todos os pontos de virada da história e pudessem apoia-la na jornada.

Depois que os dois trocaram palavras rápidas perguntando da situação em ambos os lados, ela lhe revelou o ponto mais importante, e que mais precisava de ajuda naquele momento. Sam estava ansiosa e sabia muito bem qual seria a reação de seu amigo.

— Você descobriu o que? – ele gritou, a voz rouca e forte do menino do outro lado, meio metálica pelo telefone – Você tem uma irmã?

— Sim, uma de sangue, e pior que é gêmea – Sam se pegou sorrindo para aquela informação.

— Pobre garota! Espero que ela seja bonita pelo menos. – ela ouviu a risada dele do outro lado, não se sentia ofendida, não se importava verdadeiramente com essas provocações.

— Isso que pretendo descobrir. – Sam afirmou, os olhos deslizando pelo site rapidamente – E é por isso que eu preciso da tua ajuda. – ela então explicou todos os detalhes para seu confidente de tanto tempo, e ele prometeu ajudá-la indo até o AdoptUSKids.

— E Sam? – ele disse antes de desligar o telefone – Devon vai dar uma festa esse fim de semana, vai querer que eu acione a parte dois da missão do Freddie e da Carls?

— Essa é a hora, então. Tenha certeza de que todos na escola vão estar lá. E você é o melhor ajudante de todos. – Sam exclamou feliz em saber que a parte dois de cinco do seu plano seria posta em prática.

— Sempre parceiros de crime? – ele disse brincando.

— Até meu último suspiro. – ela sorriu – Ou até eu matar você.

Depois disso Sam partiu reorganizar seu planejamento. Ela sempre fora muito organizada, e aprendera a sempre mantar um calendário com informações importantes, além de manter-se sempre mentalmente disposta. Aquilo para ela era uma fonte de descanso mental e físico. Finalmente, após deixar tudo pronto para sua busca, ela pode dormir, não havia dormido nada por conta da sua busca por respostas.

Do outro lado da cidade Pam ainda encarava a porta do seu apartamento. Esperava que por um lance do destino sua filha voltasse, batesse à porta, e pedisse um carinho como ela costumava fazer quando criança. Mas era claro que aquilo não aconteceria. Ela não faria. E essa era a parte que mais doía. E com o olhar preso na porta, Pam viu seu passado passar diante de seus olhos. Caiu no chão sem nenhuma piedade do seu corpo velho e cansado.

Pam era a filha mais velha de uma família típica irlandesa na América. Pai bêbado, e orgulhoso de seus seis filhos homens, mas sem nenhum orgulho da única filha mulher que tivera. Mãe submissa e fanática religiosa, que acreditava que tudo era um pecado. E irmãos insuportáveis. Pam gostaria de saber como sua família estava agora, mas sabia que se fosse atrás poderia se machucar profundamente.

Ela havia fugido de casa assim que começou a se encontrar com Jeremy, um jovem que ia a ver algumas noites no bar em que ela trabalhava de garçonete. Ela se apaixonou por ele desde o primeiro instante que o viu, não saberia dizer, entretanto se foi o charme meio italiano que ele tinha, ou apenas a forma como ele a tratava, mas foi uma paixão avassaladora.

Ela fugiu de casa para morar com ele, indo para Seattle com ele. Ele a apresentou ao mundo das drogas, e isso a levou ao fundo do poço. Porém o pior momento com ele foi quando ela descobriu da sua gravidez.

Pam estava sentada na cama, o chão e todo o redor do cômodo fedia a cigarro e sexo, ela encarava o bastão que havia roubado de uma farmácia. Com dificuldade esperou o resultado, e quando os dois risquinho azuis apareceram no teste, ela praticamente surtou. Um misto de felicidade e temor a consumiu. Jemery sempre a alertou que ela não poderia engravidar, e por esse motivo ela havia usado DIU e pílulas por muitos anos.

Agora ela encarava o pequeno pedaço de plástico com um único pensamento em mente. Se Jeremy descobrisse aquilo, ele a mataria, e mataria as crianças. E ela não faria um aborto. Isso estava fora de cogitação. Então ela decidiu, confiante de que aquilo era o certo. Juntou todas as suas poucas roupas e fugiu antes que Jeremy voltasse.

Quando chegou à estação de trem, contou as notas que havia conseguido roubar do esconderijo do homem que ela sabia que a mataria se a encontrasse. E olhando as linhas que poderia pegar pensou em seu pai e em sua mãe. Não, sua família estava fora de cogitação, eles seriam tão impiedosos quanto Jeremy, e por isso ela subiu em um trem para Nova Iorque.

Lá ela sobreviveu por algum tempo fazendo bicos e roubando pequenos negócios. Alguns meses depois, estava no ônibus quando sentiu fortes dores. Imaginou estar morrendo, aquilo seria uma dádiva, mas não com para a criança que esperava. Pam, que teve meses complicados sem seu vício, sentia cada vez mais amor e desejo por se manter perto da criança. Ela queria sentir aquele serzinho em seus braços e amar aquele pequeno fruto.

Outra pontada de dor. E mais uma. Parecia que ela estava com cólicas muito fortes, como se fosse finalmente menstruar depois de meses. E então quando menos esperava sentiu uma pontada forte, e um liquido quente e pegajoso escorrendo por suas pernas e tomando o ônibus. Seu filho estava nascendo e ela não teria tempo de chegar ao hospital.

O ônibus parou, todos ali a ajudaram a dar a luz. Quando ela segurou sua primeira filha ela sentia o coração pequeno batendo contra o seu, e uma onda de felicidade a percorreu, junto com uma onda enorme de dor. Ela ouviu o som da sirene da ambulância, e sentiu outra ponta de dor ainda mais forte que a anterior.

— Você meu anjinho vai se chamar Samantha, Samantha Joy. – Pam sussurrou quase sem forças, não havia comido aquele dia inteiro, sentia medo de desmaiar. – Você é a alegria da minha vida. – e era a verdade que ela nunca poderia inventar. Outra concentração de dor a percorreu.

— Faça força, querida. – O paramédico que havia recém chegado disse calmamente para Pam vendo a jovem mulher sofrer com as contrações. – O segundo bebê está lutando para sair.

— Segundo bebê? – a mulher gritou, pouco de força ainda restava nela. Outro paramédico tirou Sam de seus braços e levou até a ambulância.

— Você não sabia? – ele disse a encarando – Seu médico não alertou? – Pam negou em meio às lágrimas. – Tudo bem. – ele respirou – Você vai ter que continuar fazendo força, sua criança está fazendo, você deve ajuda-la.

Pam não falou mais nada, apenas gritou quando forçava aquele bebê para fora. Não pensava naquela hora como faria sozinha cuidando de duas crianças, mas logo após a felicidade de ter sua filha Melanie nos braços também, ela pensou. Pensou em deixá-las no hospital, mas ela nunca faria isso, não teria coragem.

Pamela quase enlouqueceu nos dois anos que vieram, mas aguentou. Trabalhou duro para conseguir alimentar suas filhas, deixou de comer para que elas não passassem fome. Tinha uma amiga próxima em quem confiava, e deixava as crianças com ela para poder trabalhar. Mas algo bateu mais forte nela. Por mais que ela amasse as crianças, ela tinha um amor mais antigo apresentado pelo pai delas. E ela havia passado mais de dois anos longe das drogas, ela não aguentava mais.

Quando encontrou um amigo antigo de Jeremy no trabalho, ela não aguentou. Ela começou com as carreiras de cocaína, um vício mais forte que ela. Não percebeu quanto tempo ficou lá, ela só lembrava que ficou tempo demais longe de casa, e foi após isso que ela decidiu que não tinha forças para cuidar daquelas crianças.

Pam continuava chorando no chão. Havia cometido um erro, um deslize, havia usado drogas mais algumas vezes após aquilo, e demorou para conseguir se limpar completamente. Mas se não tivesse seguido nesse caminho poderia estar com suas meninas ainda, sentindo o amor delas, e ela seria uma mulher muito melhor por elas e para elas. Mas o passado não pode se mudar, ela havia deixado suas filhas, e agora tinha que aceitar as consequências.

Carly entrou no vestiário exausta. Seu corpo tinia pelo exercício, os músculos doíam. Sem Sam, os treinos de líder de torcida não eram a mesma coisa. Tirou rapidamente seu uniforme para ir tomar um banho, com dificuldade ela abriu seu armário e ali encontrou, sobre suas coisas um DVD e sabia o que aquilo significava. Vestiu uma roupa rapidamente e buscou o celular, discando rapidamente o número de Freddie.

— Freddie, é a Carly. – ela disse rapidamente ligando o seu carro com o telefone preso entre a cabeça e o ombro. – A Sam nos mandou outro DVD, estou indo para casa. Se quiser apareça lá em uns 15 minutos.

Ela ouviu os murmúrios de reclamação explicando que tinha dever de casa, e outras coisas importantes do grupo de nerds que ele fazia parte.

— Fredward, é a Sam. Não temos outra opção.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Gostaram ao menos um pouquinho? Me avisem nos comentários. E por favor, comentem e sejam legais. Quero saber teorias, vocês acham que a Sam deve tentar encontrar o pai dela? Me ajudem com ideias, essa fic só existe para que vocês me ajudem com ideias e opiniões. Obrigada, beijos. Amo vocês ♥



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