Nas areias,a paixão escrita por Any Marie Whitlock, Lady Shiuuuu


Capítulo 3
Capítulo1




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—Você leu sobre o roubo dos diamantes? Só se fala nisso! - uma senhora puxou assunto ao meu lado.
—Desculpe....não entendi..!
—O roubo dos diamantes do Duque! Onde já se viu? Nem a realeza respeitam mais!
Fiquei olhando para ela só por educação. Não fazia idéia do que a mulher estava falando....ou talvez fizesse,mais era bem pequena.
Tinha passado os últimos dias preparando minha viagem para a África e minha atenção estava toda voltada para o dia que finalmente conheceria o Saara cara a cara. Em meus sonhos já tinha percorrido suas areias e desvendado seus mistérios tantas e tantas que perdi a conta. 
Claro que em meus sonhos o sol não era tão forte e nem as noites congelantes. Neles,os tuaregues ainda andavam as dunas em montados em corcéis negros espalhando magia e sedução com seus trajes ao vento.
Não sei quando essa paixão começou.
Na minha infância minha alma foi roubada pelos mistérios que se escondem em meio a areia. Alguém poderia falar que era normal de criança,afinal muitas mentes infantis amam o deserto num dia e a gelada Antártida em outro. Mas este nunca foi meu caso. O deserto sempre foi meu sonho,de norte ao sul.
Enquanto minhas amiguinhas brincavam de Cinderela e Bela Adormecida,eu fingia ser Sherazade e suas Mil e Uma noites. Enquanto elas sonhavam com seus príncipes encantados,eu sonhava com um tuaregue me raptando e me levando pra longe em seu corcel negro.
Isso causava muito desconforto aos meus pais,que não entendiam como eu havia herdado aquelas paixão a vida nômade.
Conforme o tempo passava,minha paixão só aumentava. Passei a ler tudo que fosse relacionado com o deserto do Saara e os tuaregues,seu belo povo que eram mais antigos  que tudo o que conhecíamos. Em pouco tempo tempo me tornei expert no assunto,para infelicidade de meus pais e professores que queriam que fizesse algo mais próximo de casa.
Papai falava que eu tinha puxado minha alma berbere e gostos do meu tio Ernest,irmão de mamãe. Que meu tio era um sem juízo que passou a vida rodando o mundo e deixando a família sem notícias por anos. Sobre isso não posso falar muito,afinal nunca conheci o irmão mais velho de mamãe,mais devia ser interessante como pessoa.
Me lembro que no Natal,quando tinha 12 anos,minha avó querendo me agradar me deu um livro sobre as tradições dos povos do deserto,achei que papai iria explodir.
—Mas será possível? Nós aqui fazendo de tudo para tirar essas idéias e vocês a incentivando?
—Deixe -respondeu vovô com sua sabedoria de cabelos brancos. -Isso é apenas uma fase,quando criança eu queria ser um pirata nem por isso,virei um.
Talvez fosse verdade para vovô,mais para mim não. Eu sabia que um dia iria embora da Inglaterra.
—Por isso eu falo ao meu filho que precisamos tomar muito cuidado!-continuava a senhora falando ao meu lado.
—A senhora falava sobre diamantes....?- respondi para ser educada.
—Isso foi há meia hora!-protestou ela,brava. -Eu estava falando sobre os perigos dessa viagem. Ainda bem que Jacob vai conosco.
—Perigos?- perguntei,sem entender nada.
—Claro! Ainda mais para uma moça como você! Precisa ser muito cuidadosa,me ouve?
Do que ela estava falando? Que perigos poderia haver no Saara? Muitos,mas quem se importava? Quem era Jacob?
—Dizem que se trata do maior ladrão de jóias do mundo!
Quem?Saara?Jacob?
—Desculpe...mas não entendo.
—O homem que roubou os diamantes. Há anos tentam prende-lo,mas ninguém consegue. E ele pode estar em qualquer lugar...até aqui! Se não fosse por Jacob eu nem saia de casa.
Eu ri duvidando muito que um ladrão fosse embarcar numa viagem daquelas,mais fiquei quieta. Quem era esse tal Jacob?
Depois de muitas trocas de aeronaves e varias conexões,o piloto anunciou que estávamos chegando em Túnis,capital da Tunísia.
Senti meu coração parar e meu estômago gelar.Finalmente Túnis não ficava perto,mais eu havia contratado uma excursão pelo país e ela incluía o Saara. Seria nosso primeiro encontro.
—Eu bem que disse ao Jacob para irmos a outro lugar,mas ele insistiu tanto! - continuava a mulher,enquanto se preparava para a aterrissagem.
Sorri mais uma vez e resolvi prestar atenção na conversa,já que estávamos quase pousando.
—A senhora não gosta da África?- perguntei
—Não é isso...Aventuras em terras estranhas....Isso não é para mim! Eu tenho natureza delicada,entende?
Concordei com a cabeça e olhei pela janela. Lá fora,pude ver o azul forte do Mediterrâneo e as casas da cidade cada vez mais perto.Mal podia acreditar que finalmente estávamos chegando. 
Embora eu já tivesse devorado livros sobre a África e o Saara,nada tinha me preparado para a situação que encontramos no aeroporto. Havia guardas fortemente armados e passamos horas na fila de revista de bagagens. Nossos passaportes foram checados e   rechecados,e um homem de aparência antipática não parava de olhar para todo mundo com desconfiança.
—Estão procurando os diamantes! - cochichou a mulher ao meu lado,enquanto aguardávamos ser liberadas.
—Bem que eu desconfiei que o ladrão estava em nosso voo.Já pensou o perigo que corremos? Um bandido internacional entre nós?
Olhei para ela com simpatia,imaginando o que teria acontecido se o tal bandido se revelasse no avião. No mínimo a mulher teria massacrado o coitado com o guarda-chuva que carregava. Agora,para que ela estava levando aquilo,era uma grande mistério naquele lugar.
—Olhe! Lá esta ele! - disse a mulher entusiasmada.
—O ladrão? - perguntei surpresa.
—Não! Jacob,meu filho!
Olhei para onde ela apontava e vi um rapaz alto,forte se aproximando. Ele usava os cabelos curtos,óculos de sol e parecia bem atrapalhado com as malas. As roupas indicavam que ele não devia fazer compras há muito tempo, e o mais surpreendente,levava um guarda-chuva igual ao da mãe.
Jacob esperava do outro lado da fila com ar perdido."Coitado",pensei. "Esse não dá um passo sem autorização da mamãe" Mas logo os acontecimentos me mostrariam  que eu não podia estar mais enganada.
Depois de algum tempo,fomos finalmente liberadas,mas não antes da minha companheira de voo ter passado um belo sermão no oficial da alfândega por ter deixado duas inglesas honestas esperando por horas.
Pela aparência do homem,imaginei que ou ele não falava nossa língua ou já estava acostumado com as reclamações dos turistas,pois não deu atenção a mulher.
—Venha,quero lhe apresentar meu filho! - disse ela,cheia de alegria.
Sem saber o que fazer ou para onde ir,seguia.
—Jacob,quero que conheça minha amiga,a senhorita...senhorita?
—Swan. Bella Swan. Como vai?- eu disse com um sorriso amarelo.
—Muito ...prazer. Eu sou Jacob Black..
—Veio no avião com a gente? Não me lembro de ter visto você.-perguntei apenas para falar alguma coisa.
—Estava no último assento. Teve uma confusão na agência de viagem e acabamos nos separando,mamãe e eu.
Mamãe? Que homem naquela idade falaria mamãe? Olhei para ele com pena e ironia.
—Deve ter sido horrível viajarem separados,né?
—Que nada! -respondeu Sra. Black. -Jacob precisa conversar com outras pessoas. Esse menino trabalha tanto e nunca se diverte. Até estranhei ele querer tirar essa férias agora.
—Olhem! O pessoal da agência esta ali! - eu disse,aprontando para uma garota com ar desesperado que gritava:
—LONDON AIRLINES,AQUI!LONDON AIRLINES,AQUI!
Nós três nos juntamos a ela e as outras pessoas que faziam parte do mesmo pacote de turismo e embarcamos num ônibus confortável. O delicioso ar refrigerado salvou o grupo do sufocante calor da rua.
Ao meu lado,a Sra.Black não parava de falar sobre o perigo que passamos e sobre as qualidades do filho. Tudo junto,numa mesma conversa,de forma que ficava impossível saber se ela estava elogiando o filho ou o ladrão.
Por fim chegamos ao hotel. Um edifício alto,cuja fachada em estilo árabe lembrava minha infância. Recebemos nossas chaves. Sra. Black e seu filho ficaram um de cada lado do meu,sorte ou azar?
Maravilhada por estar na Tunísia,admirada pelo deserto que me esperava,cai sobre a cama e senti a colcha de seda escorregar sob meu corpo. Fui até a janela,voltei pra cama e de novo para janela. Vi a cidade abaixo de meus pés e respirei o perfume daquelas terras milenares que tanto me fascinavam.
Deitada deixando a magia do Oriente agir sobre mim,adormeci. Se não fosse o barulho no quarto de Jacob,eu teria acordado no dia seguinte. Mas ao contrário,levantei apressada e quando abri a porta,vi o rapaz caído no chão,com um ferimento na cabeça que começava a sangrar.
Eu corri para ajudá-lo e antes de desmaiar me perguntou:
—Onde está...meu guarda-chuva? 


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