P.O.V. Príncipe Evil Merodaque.

Eu estava caminhando nos jardins do palácio quando vejo meu pai retornar com os cativos da Judeia.

—Essa ai não fala língua de hebreu. Eu nunca ouvi essa língua que ela fala.

Ela pigarreou e começou a falar na língua dos hebreus e na nossa.

—Sabe falar babilônico?

—Eu sou uma bruxa. Eu falo todas as línguas conhecidas pelo homem, peixe, crustáceo e todas as outras classes de animais. Que idiomas você fala?

—Não tantos quanto você. Consegue mesmo falar com os bichos?

Ela olhou para o meu pai, deu-lhe um sorriso... que eu nunca tinha visto e soltou um relincho alto, todos os cavalos saíram das baias e vieram direto para ela.

—Eu amo cavalos. Cavalos são leis, não são como as pessoas.

—Quem é você?

—Eu sou a Princesa Amara. E você quem é?

—Ele é o favorito de Nebo, o Rei Nabucodonozor.

—Se tá de brincadeira?! Eu viajei no tempo? Uau!

—Viajou no tempo?

—É. Eu nasci no século dezessete depois de Cristo. Mais ou menos uns mil anos depois de você.

—Uma bruxa que viaja no tempo. Interessante.

—Foi a primeira vez que isso aconteceu. Se importa se eu me livrar das amarras?

—Como vai se livrar das amarras?

—Eu já me livrei das amarras á um bom tempo, nos primeiros dez minutos do longo percurso até aqui.

Ela abriu as mãos e as cordas caíram ao chão. Meu pai pegou os punhos dela e os olhou.

—Meu pai?

—Impressionante. Os pulsos estão um pouco marcados, mas ainda assim.

—O que mais você é capaz de fazer?

—Feitiços, rituais, tudo. Tudo o que você imaginar. Eu não posso criar coisas, mas posso transformar uma coisa em outra.

—Pode transformar algo em ouro?

—Claro. Mas, apenas outros metais. Cobre, chumbo etc.

—Tragam-me cobre!

Vi a garota transformar um vaso de cobre em um vaso de ouro só tocando nele.

—Isso é...

—Ouro. Ouro puro. Era o que queria não é?

—Sim.

—Eu posso ir agora?

—Ir? Oh, não. Você não vai a parte alguma Princesa.

—Já tem o seu vaso. Deixe-me ir.

Os guardas a amarraram e a arrastaram para dentro.

—Não! Você vai se arrepender! Vai pagar!

—Calada!

O guarda virou um tapa na cara dela. Ela foi jogada nas masmorras. Todos os dias os guardas chegavam com pilhas de metais e jogavam para ela.

—Transforme em ouro.

—Me dê a minha liberdade e eu transformo.

—O Rei Nabucodonozor ordena que transforme esses metais em ouro.

—Não. Eu não vou ajudá-lo a menos que me dê a liberdade. Se o seu Rei prometer me deixar livre para ir onde eu quiser, quando eu quiser e com quem eu quiser, vou dar a ele tanto ouro que ele vai poder se chafurdar nele, se não, eu vou transformar todo o ouro e todos os outros metais dele em lama. Em barro.

Ela recitou palavras em uma língua desconhecida e todos os metais viraram barro.

—Passe o recado.

Disse ela jogando um bando de lama na cara do guarda.

P.O.V. Nabucodonozor.

Eu vi os guardas entrarem todos enlameados.

—Onde está o meu ouro?

—Ela transformou todos os metais em lama. Disse que se quiser ouro terá que deixá-la livre para ir onde quiser, quando quiser e com quem quiser. Ou ela transformará todos os metais do reino em barro.

—Maldita bruxa!

Eu fiquei irado. Estava tão irado que nem dei a falta do meu primogênito.

P.O.V. Evil Merodaque.

Eu fui até as masmorras.

—Veio se vangloriar? Veio tentar me convencer a transformar os metais em ouro para o seu papaizinho?

—Não. Trouxe comida.

—E o que quer pela comida?

—Nada. Tome, trouxe frutas.

—Obrigado. Eu vejo você, você não é como os outros.

Eu levantei a sobrancelha em indagação.

—É gentil. Você será um bom Rei, um Rei justo e sábio diferente de seu pai.

—Como sabe disso?

—Eu posso ver coisas, antes delas acontecerem.

Ela deu uma mordida numa maçã e estava com fome. Ela comeu frango, porco e tudo mais.

—Encontraram o seu livro. Mas, todos que tocaram nele viraram pó.

—Feitiço de proteção. Ninguém que não seja eu ou da minha linhagem toca no grimório e vive.