Um lugar com você escrita por Izzy Aguecheek


Capítulo 1
Throw your world down and come into me


Notas iniciais do capítulo

Heeey ~~
Pra quem achou que eu só shippo Emma x Cristina: HÁ! Eu shippo todo mundo com todo mundo, baby. Pois é.

Essa história foi escrita com base num prompt que achei no tumblr: "We've been nothing but friends for our whole lives but then we played seven minutes in heaven on a dare and now I think I might actually be in love with you". A tradução é basicamente o que tá na sinopse, sem os nomes dos personagens. Não sei a autoria do prompt, sorry. Faz muito tempo que eu salvei.

Não tem realmente nenhum motivo pra escrever uma Blackstairs sobre isso, exceto pelo fato de que foi o primeiro casal que surgiu na minha mente quando li o prompt. Eu não tenho nenhuma desculpa pra isso aqui, é meio que self-indulgent fluff porque eu tava muuuuito entediada e queria porque queria escrever algo baseado num prompt.

Anyway, tá aí a história. Eu literalmente só escrevi tudo ontem e agora tô aqui, meia-noite e tantas, depois de só uma lida rápida, então, se tiver erros ou incoerências, por favor, avisem.

Enjoy!



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Throw your world down and come into me
        Stay next to me, right next to me
        All you’ve got is everything I need
       Stay next to me, right next to me, right next to

 

Deixe seu mundo desabar e venha de encontro a mim

Fique perto de mim, bem perto de mim

Tudo que você tem é tudo que eu preciso

Fique perto de mim, bem perto de mim

       Paradise Fears - Next To Me

Festas na casa dos Blackthorn eram raras, o que não significava que eram ruins. Na verdade, os Blackthorn sabiam exatamente como dar uma festa, no caso de conseguirem tirar o tio e a criança de sete anos de casa e convencer a irmã de treze anos a não fazer nada estúpido. Eles tiveram experiências ruins com isso no passado.

Naquela sexta-feira, Helen havia, milagrosamente, dado um jeito em tudo. Tio Arthur estava fora, viajando “a negócios” – era provável que ele só quisesse tirar umas férias do trabalho exaustivo de cuidar dos sobrinhos –, e Tavvy fora passar a noite na casa de um amiguinho. Aos treze anos, Drusilla não podia ser enganada com tanta facilidade, mas ela havia passado a semana doente, então prometera passar a noite no quarto. Julian aconselhara que ela trancasse a porta.

Assim, eles estavam no meio de uma festa, e Julian Blackthorn descobriu-se no meio da sala de estar, sentado no chão com uma dúzia de outros adolescentes meio embriagados, incluindo Mark e Helen, seus dois irmãos mais velhos e, tecnicamente, responsáveis por manter a integridade dos mais novos. Eles estavam falhando miseravelmente: Tiberius desaparecera magicamente horas atrás, e Mark vira Livvy se agarrando com um de seus amigos no sofá.

E havia Julian. Ele estava sóbrio, por uma combinação de força de vontade e nervosismo, embora a pressão amigável o tivesse feito beber meio copo de alguma coisa de sabor forte. Agora, enquanto observava o círculo de adolescentes no chão de sua sala de estar, ele meio que se arrependia da decisão.

Sentada em frente a Julian, no lado oposto do círculo, Emma Carstairs ergueu o copo de papel.

— Um brinde! – exclamou. Outras vozes e copos se ergueram, apoiando-a.

Julian os imitou com bem menos entusiasmo. Emma era parte do motivo pelo qual ele desejava ter bebido mais. Emma e a sugestão estúpida de Cameron Ashdown de brincar de verdade ou desafio, como se ninguém soubesse que essa era apenas uma desculpa esfarrapada para ele se agarrar com ela, que lhe dera um pé na bunda uma semana antes. Para decepção de Julian, porém, Mark apoiara a decisão – era por causa do estrangeiro de cabelo azul, Julian sabia que era –, e eles haviam acabado ali, com uma garrafa vazia de cerveja que ninguém havia girado ainda.

Até Emma se inclinar para frente e segurar a garrafa. Claro. Claro que seria Emma.

— Vou girar – avisou ela. Não estava bêbada; Julian realmente torcia para que não estivesse.

Fez-se um silêncio estranho. A primeira a ser desafiada foi Cristina Rosales, uma intercambista mexicana quieta e bonita. Cameron Ashdown a desafiou a beijar Emma, o que pareceu sem sentido a Julian. Se ele quisesse beijar uma menina, não desafiaria outra menina a beijá-la também. Não que Julian quisesse beijar Emma. Não que ele estivesse com inveja de Cristina, que, apesar do rubor nas faces, cumpriu o desafio sem reclamar. Bem, ele também não teria reclamado.

Ah, não. Julian definitivamente não estava com ciúmes.

Os próximos desafios também giraram em torno de beijos, na boca ou em outros lugares. Aquilo estava ficando ridículo. Antes que conseguisse se conter, Julian disse:

— Se vocês querem só ficar se agarrando, podemos brincar de Sete Minutos no Paraíso.

Ele não esperava que alguém fosse levar isso a sério. Esperava uma zombaria por parte dos irmãos, e que todos voltassem ao jogo.

Ao invés disso, Mark começou a bater palmas.

— Boa, Jules.

Julian torceu muito para ele estar falando ironicamente. Não estava.

Minutos depois, Mark Blackthorn e o estrangeiro de cabelo azul, que Julian descobriu se chamar Kieran, estavam trancados no armário do corredor, fazendo sabe-se lá o quê. Julian enterrou o rosto nas mãos e grunhiu, frustrado. Ele não gostava do Mark bêbado. Mark bêbado era um traidor. Gostava mais da versão certinha de seu irmão.

Helen puxou o rosto dele para cima, beliscando sua bochecha.

— Ciúmes? – brincou. Julian olhou feio para ela, sem responder. – Ora, vamos lá. Você pode se divertir, sabe. Não é proibido.

Julian revirou os olhos. Do outro lado do círculo, Emma parecia bastante envolvida em uma conversa com um rapaz loiro e bastante atraente. Helen seguiu o olhar do irmão.

— Ah, Julian – Ela abriu um sorriso, do tipo que faria qualquer responsável sair correndo para procurar ajuda. – Você sabe, sempre dá pra mexer os pauzinhos nessas brincadeiras.

— Você nem está brincando – observou Julian. A namorada de Helen, Aline Penhallow, havia deixado o cômodo alguns minutos atrás para ver se Drusilla estava bem.

Helen apenas sorriu de novo e se afastou.

Quando a porta do armário se abriu e um Mark desarrumado e ofegante tropeou para fora, puxando um Kieran bastante satisfeito pelo casaco, Julian sentiu as mãos da irmã em seu braço. Olhando em volta, viu que Cristina puxava Emma pela mão, ajudando-a a levantar. Seu estômago deu um solavanco.

— Você só pode estar brincando – sibilou ele para Helen.

Mark se aproximou, puxando-o pelo outro lado.

— Vamos lá, irmãozinho.

Julian odiava quando Mark o chamava assim.

Relutante, nervoso e esperançoso, ele se deixou ser puxado pelos irmãos até o corredor. Em minutos, ele se encontrava no meio de casacos, seu corpo pressionado contra a madeira do armário para ficar longe de Emma Carstairs.

Emma olhou para ele, e parecia estar achando graça. Claro, a única luz era a que entrava pelas frestas na madeira, então Julian poderia estar interpretando errado. Ele conhecera Emma durante sua vida toda. Havia poucas situações pelos quais ainda não haviam passado juntos, poucas sensações que não conheciam, poucas posições que os deixavam desconfortáveis. Mas ali, dentro daquele armário de casacos, com poucos centímetros entre seus corpos e o barulho da festa ecoando do lado de fora, Julian sentia que nunca a havia visto antes.

Por fim, Emma quebrou o silêncio.

— Então, temos sete minutos. O que você quer fazer?

Julian sentiu o coração pesar de um jeito estranho, o suor na palma das mãos, e apertou mais o corpo contra a madeira. Ele não perderia o controle agora. Não depois de tantos anos fingindo que via Emma apenas como uma amiga, fingindo que dormir ao lado dela não significava passar a noite acordado.

— Não sei – respondeu. Sua voz o traiu, saindo trêmula e incerta, quase assustada.

Emma se moveu. No escuro, Julian não conseguia ver o que ela estava fazendo, mas ela soava mais próxima ao falar:

— Jules? – Ele sentiu a mão dela no ombro, depois no pescoço, e por fim na bochecha. Julian fechou os olhos.

— Sim?

No segundo seguinte, os lábios de Emma estava contra os dele. Ela tinha gosto de infância, água do mar e noites insones compartilhadas, e Julian sentiu como se já conhecesse esse gosto. Foi o suficiente para lembrá-lo de que não importava se aquela situação era completamente nova: continuavam sendo ele e Emma, e aquilo era natural, natural, natural.

Quando ela se afastou, Julian continuou com os braços ao seu redor, sem querer estragar o momento dizendo alguma coisa. Novamente, foi Emma quem falou primeiro:

— Você está bêbado?

Havia receio na voz dela. Bem escondido, mas não o suficiente para que Julian, seu amigo mais antigo, deixasse de notar.

— Não – respondeu ele. Eles estavam falando muito baixo, quase sussurrando, embora nenhum dos dois soubesse exatamente por quê. – Você?

Emma riu. Automaticamente, Julian sorriu em resposta.

— Talvez – respondeu ela. Julian sabia que era mentira, ou pelo menos esperava que fosse. – Só um pouquinho.

— Ah – Ele sentiu a decepção surgindo em seu interior, e tentou empurrá-la de volta para baixo. – Achei que você fosse brincar com o Cameron.

Cale a boca, ele se repreendeu mentalmente. Emma, entretanto, não pareceu se incomodar.

— É, ele também achou – Julian pôde senti-la dar de ombros. – Mas eu terminei com ele.

— O que não quer dizer que vai começar algo comigo.

As palavras saíram sem permissão, e Julian se amaldiçoou por ter abaixado a guarda. Houve um momento de silêncio, imóvel e pesado, e ele se perguntou quanto tempo ainda tinham. E se aqueles minutos eram tudo que jamais teriam.

Por fim, Emma suspirou, correndo os dedos pelo cabelo do rapaz, que se esforçou para não se inclinar em direção ao toque.

— Jules, Jules – murmurou ela. Seus lábios estavam muito próximos da orelha dele agora. – Você me conhece bem demais, Jules.

Então eles estavam se beijando outra vez, e Julian achava que não, não conhecia Emma bem o suficiente. O que diabos aquilo queria dizer?

Como se lesse sua mente, Emma o apertou com mais força, pressionando-o contra a madeira atrás dele.

— Pare de pensar demais – murmurou ela contra seus lábios. E Julian parou, porque, honestamente, se Emma estava lhe pedindo, quem era ele para negar?

Eles ainda estavam imersos um no outro, duas peças que se encaixavam perfeitamente, quando o interior do armário foi subitamente inundado de luz. Erguendo o braço para proteger os olhos e esconder o próprio rubor, Julian olhou para a porta, agora escancarada, e sentiu uma pontada de satisfação ao ver a expressão irritada no rosto de Cameron Ashdown.

— Acabou o tempo – anunciou ele, azedo.

Emma foi a primeira a sair, ignorando Cameron completamente, puxando Julian pela mão e rindo para ele, como se eles compartilhassem um segredo. Enquanto os outros decidiam quem seria o próximo casal a entrar no armário, ela o arrastou para longe, para os degraus que levavam à porta da frente da casa. Estava frio; isso não pareceu incomodá-la, mas Julian fez questão de tirar o casaco e oferecê-lo à garota.

— Você é um maldito cavalheiro – resmungou Emma, aceitando a peça com relutância. – Juro por Deus, Jules, é irritante.

Julian ignorou a reclamação. Depois de anos de amizade, estava acostumado.

— Por que estamos aqui, afinal? Achei que você quisesse ver o circo pegar fogo – Ele fez um gesto indicando a porta atrás deles, se referindo à brincadeira que ainda acontecia dentro da casa.

— Ah, é previsível – Emma se sentou no degrau mais baixo. Jules a imitou. – Cristina vai beijar o tal do Diego Perfeito, e fingir que não queria. Helen e Aline vão ter um turno. Talvez até Livvy dê as caras.

A última parte era uma brincadeira, uma tentativa de provocar Julian. Ela sempre fazia isso, mas ele não conseguia mais ver as coisas da mesma forma.

— E o Cameron?

Emma fez um gesto de descaso com a mão.

— Ele arruma outra pessoa – Ela hesitou. – Achei que você fosse preferir ficar aqui. Quer dizer, você parecia relutante em...Você sabe.

— Em entrar no armário com você? – Julian não conseguia acreditar em como as palavras soavam estranhas, ou em como era tão óbvio que ele estivera morrendo para ir a qualquer lugar com Emma desde...bem, desde sempre. Pouco lhe importava que o lugar em questão acabasse sendo o armário do corredor.

— É. Em participar da brincadeira, de forma geral, mas isso também.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes. Isso era familiar: os dois sentados nos degraus de entrada, fugindo de todo o resto, como se não pertencessem àquele lugar. Aquela era a casa de Julian, e, em tudo que importava, era a casa de Emma, também, e eles não saberiam separar isso um do outro.

Emma olhou para Julian com o canto do olho; parecia quase tímida, como se pedisse que ele dissesse algo. Ele cedeu. Deus, ele tinha que ceder.

— Eu quis – disse. Soou insuficiente, e ele se apressou em emendar: - Entrar lá com você, quero dizer – Ele hesitou, e decidiu que não importava. Emma dissera que ele a conhecia; que ela o conhecesse por completo agora, então. – Eu iria a qualquer lugar com você, Emma. Com o maior prazer.

Após um instante, Emma sorriu. Ela estava inclinada na direção dele agora, as mãos dos dois quase se tocando.

— Bem – disse ela. – Você pode começar me levando para sair.

Quando ela o beijou de novo, tinha gosto de riso, o mesmo que eles haviam compartilhado durante toda a infância, e, uma vez na vida, Julian decidiu não complicar as coisas.

— Tudo bem – concordou, depois de quebrar o beijo. – Aonde você quer ir?

Emma apoiou a cabeça no ombro dele, ainda rindo. O gesto tinha a naturalidade de algo que ela estava acostumada a fazer desde criança.

— Tanto faz. Qualquer lugar com você está bom.


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Notas finais do capítulo

Então? Como eu disse: qualquer coisa, crítica, sugestão, correção e talz, deixem aí nos comentários. Adiós!



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