Plane Crash escrita por VitóriaWolf, SparrowJackson


Capítulo 6
POV Maxon


Notas iniciais do capítulo

boa leitura



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Já estávamos nesse escritório há horas e nada parecia melhorar. Ontem foi nossa festa de noivado e as coisas não poderiam ter ido piores. Para começar, minha esposa não é quem eu gostaria que fosse. Acho que isso já resume basicamente o quão bom a noite foi. Todas as famílias reais foram convidadas e enfim tive que reencontrar Daphne, depois de tudo o que aconteceu entre nós.    

   Meu pai fazia um monólogo sobre tudo o que deu errado na noite anterior e tenho certeza de que nenhum de nós prestava atenção. Ele reclama da comida, da decoração, dos festivos italianos e de nós mesmos.

— O que acha que tem na cabeça para ofender a princesa herdeira do trono francês? Tem ideia do que poderia causar?- meu pai grita em direção de Kriss. Depois desse ataque foi quase impossível não olhar para seu rosto vermelho de raiva.- Quando disse que você era minha escolhida, achei que serviria para alguma coisa, mas você é uma inútil.- ele aponta seu dedo gordo e Kriss chega para trás fugindo cada vez mais.- Não acalmou o público, não produz herdeiros, nem sequer se porta como uma princesa! 

   Assim que percebe que já está na parede e sem mais lugares para fugir, Kriss respira fundo e em uma súbita mudança, levanta a cabeça e olha para meu pai com um olhar de confiança.

— O senhor acha que é melhor do que eu? Acha que é O rei?- ela pergunta com um sorriso sarcástico no rosto- Todo mundo te odeia! Você mata, dilacera e espalha miséria aonde for! Você não consegue nem controlar o próprio filho, quem dirá um país inteiro! - a cada palavra que Kriss disse meu pai consegue ficar mais vermelho e mais furioso, se isso for possível. Todas as veias de seu rosto parecem pular.- Eu só tenho pena da sua mulher, por ter que te aguentar até seus últimos suspiros.                                          

Nunca esperava essa reação dela. Se America estivesse aqui, isso provavelmente já teria acontecido. Todo o momento me lembrou dela, e imagino onde ela está nesse momento.

    -Você acha que é tudo, mas você, Clarkson, não é nada.- Antes mesmo que ela pudesse respirar depois de dizer isso tudo, a grande mão do meu pai vai com força em direção da já rosada bochecha da minha esposa. Minha mãe solta um gritinho de susto e põe as mãos na boca, eu entro em choque.

      Não consigo me mexer, não sei como acreditei que ele nunca faria isso. Uma parte de mim ainda tinha a esperança de que uma parte dele ainda fosse humana, e que mesmo depois das minhas costas, Kriss não sofreria como eu sofri. O som foi alto e seguido de um silêncio. Meu pai ainda respira alto, furioso, e Kriss olha para ele com um olha incrédulo. Sua mão toca o lugar batido, que agora está mais vermelho.

— Já basta que tive que aguentar aquela cinco interesseira e mau educada, não vou permitir que me desobedeçam e me desrespeitem na minha própria casa! Eu sou o rei!- ele vocifera e permanecemos calados. Não sei o que teria acontecido depois se a criada não tivesse interrompido. Quem sabe o que poderia ter acontecido. Tanto eu quanto minha mãe, suspiramos de alívio quando a garota entrou dizendo que tinha uma ligação para mim. Saio da sala com a fé de que minha mãe não deixaria que nada acontecesse.   

— Quem é?- pergunto curioso

 - A Princesa Italiana. -O que Nicoletta estaria fazendo ligando para mim? Provavelmente deve ter descoberto sobre a minha escolha e brigará comigo. Já não basta a culpa que me consome, agora isso. - Obrigada Silvia.- digo e pego o telefone de sua mão. Ela sai de fininho e me deixa sozinho. - Nicoletta?- pergunto incerto.

— Maxon, preciso do telefone dos Singers. É urgente.- sua voz não é a mesma da que me lembro. Ouço alguém fungar do outro lado e imagino que ela deve estar chorando. Porque ela estaria chorando!

— Porque quer o telefone deles?

— Droga Maxon! Só me dá o telefone!- ela se desespera e assim tenho a certeza de que alguma coisa está acontecendo.

— O que está acontecendo? Porque está chorando?- pergunto preocupado.

— Só me fala a droga do telefone!- ela praticamente grita.

— Não até me dizer o que aconteceu! -Ela parece pensar na proposta e depois de um tempo me responde. Já estava achando que ela tinha desligado.

— Convidei América para passar um tempo aqui. Ela saiu de Ileá antes de ontem.- ela dá uma pausa e não entendo porque o desespero.- Mas o avião nunca aterrissou.

Assim como um vaso cai no chão e se quebra, eu perdi o meu chão e desmoronei. Emocionalmente claro. Deixo o telefone escorregar por minhas mãos e a gravidade fez o resto. Não ligo para Nicoletta ou para a confusão dentro da sala. O que importa é que minha América está desaparecida no meio do oceano, ou morta. 

Preciso me apoiar na parede para não desabar. Minha mãe aparece no fim do corredor e notando o meu rosto pálido e sem vida, corre em minha direção preocupada.

— O que houve filho? Você está bem? - ela me pergunta mas não tenho forças para responder.- amor, o que aconteceu? - ela tenta me acalmar, mas sem sucesso. Eu só consigo murmurar e as palavras "América", "avião" e "culpa". Ela não parece entender muita coisa, então pega o telefone no chão e tenta obter suas próprias perguntas

— Quem é?- ela pergunta.

— A princesa Nicoletta.- respondem do outro lado da linha. - E porque está ligando para o meu filho? O que disse que o fez ficar assim?- ela exige respostas.

— América Singer. Seu avião caiu e ninguém sabe onde eles estão.- mesmo com o telefone no ouvido da minha mãe é possível ouvir os gritos e choros de Nicoletta. Sempre exagerada. A reação dela não foi muito diferente da minha. Sempre soube que minha mãe amava America como a filha que nunca teve, mas agora percebi a imensidão desse sentimento.

Ela segura as lágrimas e volta para o telefone.

— Te ligo mais tarde e passo o telefone. Me dê notícias por favor.- ela pede e desliga o telefone. Em um segundo ela já está ao meu lado e juntos, choramos até não conseguirmos mais. Eu choro de tristeza, mas principalmente de culpa. Se eu a tivesse escolhido, tivesse ouvido o que ela tinha para dizer, nada disso teria acontecido. Ela estaria ao meu lado, rindo das minhas piadas e quem sabe mais o que. Poderíamos estar juntos e felizes, mas agora ela está perdida, morta provavelmente.

— Ela não pode estar morta. Não pode.- sussurro para mim mesmo.- Eu me recuso a acreditar. Entramos na sala novamente onde meu pai e Kriss, impressionantemente, não pareciam ter causado mais problemas. Notando meu rosto vermelho e os olhos inchados da minha mãe, o rei pergunta: 

—Porque choraram? America Singer está morta?- ele pergunta e o tom esperançoso não se passa despercebido. Minha mãe simplesmente assente e volta a chorar silenciosamente. O olhar de meu pai passa de surpresa por realmente ser isso, para felicidade. Uma onde de raiva me sobe a cabeça.

— O que aconteceu?- ele pergunta tentando conter o sorriso.

— Acidente de avião.- respondo friamente.

— Encontraram os destroços e os corpos?- Kriss entra na conversa. Ela tenta disfarçar a felicidade, mas eu consigo ver que ela fixou alegre com a notícia. A raiva é substituída pelo nojo. Nojo da minha própria mulher. Que ótimo hein Maxon!

— Temos que avisar a família.- meu pai começa- fazer grupos de resgates. Vamos encontra-la viva.- meu pai assegura- Ou morta. Com essa afirmação asseguradora, me dispenso da reunião e sigo para o jardim. Me sento em nosso banco e, como nas cenas de filmes, minha vida se passa pelos meus olhos. O dia em que vi sua foto no formulário e não a achei nada demais. O dia que a conheci, quando levei uma joelhada e quase cometi o segundo maior erro da minha vida, retira-la da competição Nosso primeiro beijo, o dia em que percebi que estava completamente e perdidamente apaixonado por ela. A noite no esconderijo, a noite antes da escolha. E principalmente, o dia em que deixei America Singer escapar.

2 semanas depois.

Já faz dias em que eu não consigo fazer nada. Não como, não durmo, não converso. Simplesmente ando pelos corredores do palácio a procura de algo que não me lembre ela. Mas nada consegue me fazer esquece-la. Minha mãe faz um papel melhor na parte da atuação. Ela finge que está feliz e que tudo está bem quando, na verdade, tudo está péssimo. Para piorar, Nicoletta me ligou hoje de manhã para dizer que as buscas foram encerradas e que não havia nenhum sinal dela e de qualquer outra pessoa que estivesse com ela. Mas eu ainda tenho esperança. Eu consigo sentir que ela está viva em algum lugar por aí. Provavelmente com fome, frio e a beira da morte, mas ainda assim viva. Meu pai e Kriss nem tentaram esconder o contentamento em descobrir que ela não foi encontrada. Faremos uma cerimônia para ela amanhã no palácio. As ex selecionadas virão, assim como a sua família.  Sua família não conseguiu falar, então Celeste foi no lugar deles e falou sobre como América mudou a vida dela e a fez ver os erros em sua vida. Eu não queria deixar Kriss discursar, mas ela insistiu e meu pai teimou. Então ela foi falar.

— "America foi minha melhor amiga na disputa durante toda a competição.- ela começa e juro ter visto Celeste abrir a boca- tivemos nossas diferenças no começo, mas sabíamos que manter uma amizade nos deixaria mais leves. Eu sabia que ela era chegada a Maxon assim como ela sabia que eu também era. No começo ela era ciumenta da minha proximidade com Maxon- ela diz e eu não entendo. Como uma pessoa pode mudar tanto de um momento para o outro? Ela seca as lágrimas falsas que escorrem e continua- mas ela entendeu e continuamos a ser amigas. -América foi uma das melhores pessoas que já conheci. Sempre alegre, pensando no melhor das pessoas. Não tenho dúvida de que seus últimos pensamentos foram as pessoas que ama. Só posso esperar que no final, eu seja uma dessas pessoas." - ela não consegue dizer mais devido as lágrimas. Ela tenta secá-las delicadamente, mas alguém tira ela de lá antes. Tenho certeza que não fui o único que reparou a falsidade e a felicidade em sua voz e o brilho de alegria em seus olhos.

Simplesmente reviro os olhos. Era minha vez e eu não tinha ideia de como começar. Não queria falar sobre ela, não queria pensar nela.

— Só diga o que estiver em seu coração. Conte a verdade.- minha mãe sussurra para mim antes que eu suba no palaque.

A cerimônia começou faz pouco tempo nos jardins do palácio. A família de América não quis me ver. Acho que eles me culpam pela morte da filha, ou pelo menos por ter a feito sofrer. Eu não os culpo, eles tem completa razão. Algumas das selecionadas não parecem abaladas. Mas Celeste, Natalie, Elise  e Ashley estão devastadas. Marlee não pode comparecer por motivos óbvios, mas ela está olhando o momento escondida em algum lugar, provavelmente mal assim como eu. A decoração está de acordo com os seus gostos. Simples e azul. -" Eu poderia dizer como América é uma pessoa maravilhosa, mas acho que vocês já sabem disso. Acho que depois de tudo, vocês merecem a verdade.- eu digo sério e olho especificamente para Kriss que possui um sorriso convencido.- America Singer é e sempre será o amor da minha minha vida.- o silêncio é paupável e ninguém ousa me interromper.- Eu a conheci antes da competição começar oficialmente. Ela estava desmaiada nos braços de um guarda e pedia desesperadamente para sair. Ela brigou comigo, me chamou de fútil, disse que eu morava em uma jaula e que eu era patético por não conseguir encontrar uma esposa por mim mesmo. Eu poderia tê-la expulsado nesse momento, mas foi tão engraçado, que eu decidi ver o que aconteceria no dia seguinte. E então eu descobri que ela não me queria como as outras, ela estava ali por engano, só queria aproveitar a comida e superar um coração partido.- eu digo triste e olho para o soldado Leger que chora em um canto- fizemos um trato. Eu a manteria na competição pelo máximo que conseguisse e ela seria minha amiga, minha confidente. Então ela chutou minhas partes íntimas- eu sorrio e todos gargalham- e eu tinha certeza que ela iria embora. Mas depois de pensar eu entendi que

América era única. Quem mais chutaria o príncipe? Foi nesse momento que eu percebi que eu precisava dela ali. E a cada segundo eu me via cada vez mais apaixonado por ela. Para mim a competição já não existia, mas ela não me amava como eu a amava, pelo menos não no começo. Quando eu senti que ela estava esquecendo o ex namorado, ele apareceu como guarda. Claro que eu não sabia disso na época, eu só sabia que ela me pedia tempo e eu dava, porque eu tinha certeza que no final, ela me escolheria. E eu estava certo, ela me escolheu. Nós brigamos um dia antes dela partir para casa para o enterro do pai. Ela disse que se eu a amava como eu dizia, eu já teria acabado com o show. Eu disse que eu não podia acabar com tudo sem ter certeza dos seus sentimentos por mim. Se eu tivesse dito eu te amo antes, quem pode saber o que teria acontecido. Na manhã do dia da escolha, depois de pedi-la em casamento, eu a vi com o guarda.- todos se espantam e trato de consertar. Não quero que América seja vista como traidora.- eles não estavam fazendo nada, ela dizia para ele que iria se casar comigo, e ele contava que estava com outra garota. Eu não a escolhi porque fui orgulhoso e não a escutei. Eu praticamente botei ela naquele avião. Eu matei America Singer."


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Notas finais do capítulo

até mais



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