—America!- viro meu pescoço para ver Natasha desfilando de salto alto em minha direção, os olhos semicerrados e a expressão determinada só me fizeram temer a situação ainda mais.

—O que você quer agora? Já tenho que aguentar uma metida e besta, acha que aguento uma segunda?- ela sorri cínica. Me viro e cruzo os braços, pronta para a briga, se for necessário.

 _Você viu o que aconteceu no escritório. - ergo a sobrancelha, em dúvida se ela realmente está falando sobre sua ceninha com Alex- Porque eu não vou desistir assim tão fácil.

 _Eu não esperava por isso mesmo. - digo ríspida.

 _Ele pode mentir para si mesmo e para todos, mas ele me ama! Nem você, nem ninguém me impedirá de ficar com ele. - seu rosto está próximo e consigo sentir a raiva que emana.

—Ele te odeia! Olhe tudo o que fez para ele, realmente acha que ele possa continuar te amando depois de tudo o que aconteceu?- sorrio realmente me divertindo com a situação.

 _Passado é passado e ficaremos juntos. Se tentar nos impedir de ficar juntos novamente...

 _Vai fazer o quê?- estufo o peito e ando em sua direção, a fazendo recuar alguns passos em direção à escada. - Acabou, Natasha. Acabou! O quão antes descobrir isso, melhor.

—Eu sou poderosa, America. Meu pai é o Primeiro-Ministro, tenho amigos que você nem sonha em conhecer. Poderia fazer você e sua pirralhinha sumirem a hora que quiser. Sua filha nunca será czarina. Quando eles chegarem, você se arrependerá de ter cruzado o meu caminho. - ameaça.

—Você é só uma vagabunda interesseira. Ninguém te ama. - cuspo as palavras em sua cara e vejo seu maxilar se endurecer.

Estávamos tão próximas e ela com tanta raiva, que não duvidava que ela me batesse ali mesmo. Foi exatamente o que ela fez. Ou pelo menos o que ela tentou fazer. Já tinha fechado os olhos e esperava pela dor, por sua pequena mão acertar minha bochecha, mas segundos se passaram e nada me atingiu. Abro os olhos, assustada, e vejo a palma de sua mão a milímetros do meu rosto, parada, segurada por uma segunda mão. Sigo o caminho do braço feminino e vejo o olhar de ódio de Celeste

—Não ouse. - Cel solta o braço de Natasha. - Não ouse ameaçar minha amiga. Só eu posso fazer isso. - sorrio. - Então acho melhor você sumir e nunca mais voltar. É uma ordem.

Ouço o som dos passos ao longe, mas não dou muita atenção para eles. Celeste olha com fúria para a outra que simplesmente responde com um mesmo olhar, sem nenhum pingo de medo.

—Eu te avisei America...- ela se joga em mim e agarra uma parte do vestido. A solto imediatamente, mas não esperava ter tanta força, como também não esperava que ela estivesse tão perto da beira da escada. Em um único movimento solto suas mãos de minhas vestes, ela dá um passo para trás para se manter em pé, mas não havia mais chão. Ela grita enquanto cai escada a baixo. Eu também grito, de horror e culpa, mas Celeste me abraça e diz repetidamente que a culpa não é minha. Demorou para que seu corpo inerte finalmente parasse no primeiro degrau. Não consigo ver se está viva.

—O que aconteceu aqui?- me viro para trás morrendo de medo. Eles viram. Me viram fazê-la cair. Eu a matei é minha culpa. Abro a boca diversas vezes, mas estou em choque.

—Eu juro que não a empurramos, Majestade. - Celeste implora. Há alguns guardas ao lado do imperador, assim como outros homens que não conheço. Todos nos olham assustados.

 _Nós vimos, Senhorita Newsome. - ele nos acalma. - Mas poderia, por favor, nos explicar o que aconteceu antes de chegarmos?

 _Ah... Claro. -Então Celeste diz detalhadamente o que aconteceu desde que interceptou o tapa, me pediram para contar também, mas eu não consegui. Estava abalada demais. Alguns guardas rapidamente desceram as escadas, para se certificar se Natasha estava mesmo morta e se não, levá-la para a enfermaria. Aguardo ansiosamente enquanto os dois a levantam e a botam na maca, um significado que ela ainda está entre nós. Nicolau conversa com o médico por uns instantes e logo volta para nós.

—Ela ficará bem. - anuncia e Celeste bufa.

 _Merda. -sussurra. O Imperador a olha repreendedor, mas não diz nada.

—Acho que deve se deitar, afinal o choque foi grande. Vou mandar chamar Alexander. A leve para o quarto Celeste, por favor.

—Claro. - Celeste bota seus braços ao redor do meu e me ajuda a andar. - Vamos America.

 _Eu fiz isso. Eu quase a matei, Celeste. - sussurro.

—Eu ajudei também, tá!- responde ofendida. A olho brava- Me desculpe. Mas acho que isso não é motivo para se ficar triste. - diz sinceramente e pondero. Realmente a vida seria muito mais fácil se Natasha fosse embora.

Pov Alex.

 Estávamos ainda na piscina quando recebi a notícia. Todos nos assustamos, mas não pensei duas vezes, deixei Nastia nos braços de Maxon e corri o mais rápido que podia. Não fui até America, minha raiva só prejudicaria tudo mais, além disso, ela estava em boa companhia. Corri até a enfermaria.

 Não me importei se Natasha estava bem, mal ou quase morrendo, mas a ouviria tudo o que tenho para dizer. Escancaro as portas e entro raivoso. Duas enfermeiras tentam me convencer a parar, dizendo que a paciente estava fraca demais, mas não dei ouvidos.

 _Eu quero vê-la. Agora!- uso toda a autoridade que possuo e ela logo tratam de ficar quietas e me direcionar por entre as camas. Não gosto de gritar com os outros, mas não consigo pensar direito. Natasha está deitada na cama, os olhos roxos e os braços cobertos de hematomas. Chora silenciosamente para si mesma. Nem noto quando a enfermeira foi embora.

 _O que quer?- me pergunta quando nota minha existência. Sua voz cheia de rancor e ódio.

—Rir da sua cara. - respondo honesto.

—Me poupe de tudo, Alex. Não Preciso dos seus discursos entediantes agora. Estou tetraplégica. Satisfeito?

 _Se estou satisfeito? Claro que não! Você merece muito mais por tudo o que fez por mim. - me sento na cama, ao seu lado e digo ameaçador. - Você já arruinou muitas vidas.

—Eu quase morri, e é assim que fala comigo? Me desculpa! É o que quer ouvir? Me desculpa por tudo o que fiz, por tentar separar vocês. Eu prometo me manter longe. - lágrimas inundam seus olhos.

 _Eu te disse que todo mal que você fez um dia voltaria. Pena que não se arrependeu antes, porque agora é tarde mais. - o rosto antes inocente se endurece novamente.

—Vocês vão pagar. Todos vocês. Eu vou me vingar e sua querida America vai ser culpada pelo o que fez pra mim. Se eu não posso te ter, então ela também não.

 _É aí que você se engana. Existem testemunhas, guardas, reis, meu pai e até mesmo a imprensa. Todos eles sabem a verdade, sabem que você não foi empurrada. Você será julgada, e não acredito que gostará do final.

 Me levanto da cama enquanto ela tenta se mexer, mas sem sucesso. D   ou as costas e saio da enfermaria ainda ouvindo seus gritos e ameaças. Meu pai está do lado de fora, esperando por mim.

 _Como foi?- me pergunta e bufo.

 _Péssimo. - me jogo no banco mais perto.

—Gostaria de conversar com você. Ainda aguenta?- noto a urgência em sua voz e o olho assustado.

 _O que houve?- me levanto.

 _Gostaria de lhe passar a regência do Império.

 _A..a... Regência?- esbugalho os olhos. - Por quê?

 _Faremos um julgamento nos próximos dias e acredito que você tenha o direito de decidir o certo a se fazer. - explica e o abraço.

 _Mas tenho uma condição. - diz quando o solto.

 _O que seria?- pergunto curioso.

— Eu vou presidir o julgamento, mas America decidirá o destino de Natasha. - penso por um minuto e acredito que não há nada mais justo do que isso.

—Tudo bem.

 _Então devemos falar com ela.