Curse escrita por Master


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Tenho que dizer que morro de amores por esse capítulo. Consegui diminuir ele retirando algumas coisas que estavam muito repetitivas, então, espero realmente que gostem delem o tanto que eu gostei de escrever ele.

Ah, uma leitora maravilhosa Leta Le Fay, chamou o shipp de Jarora, o que vocês acham? *oo*



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Acordei extremamente assustada. Pisquei várias vezes enquanto encarava um teto avermelhado, tentando situar-me. Oh Céus. Recordava-me de ter ido para o quarto de James, não me lembrava de ter adormecido na cama dele – uma cama que era incrivelmente confortável. Levantei-me enquanto vasculhava o quarto com os olhos a procura de um relógio e de Potter.

Ainda era o dormitório dele, ele deveria estar ali, certo?

Errado.

Ele não estava em nenhum lugar.

Achei um relógio automático na parede e me assustei ao ver que marcava 06:14. Eu nunca acordei tão cedo assim em toda minha vida e me surpreendia o fato de que James que era um preguiçoso de primeira não estar dormindo também.

Apanhei a minha varinha e comecei a arrumar a cama dele com ela. Eu poderia fazer esse trabalho manualmente, mas com a atual condição da minha mão era levemente mais inconveniente. Deslizo as cortinas escancarando-as, grata que o sol já mergulhou por trás das paredes impenetráveis de Hogwarts.

Às quartas-feiras eram as mais divertidas pra mim, tinham as aulas que eu mais gostava, minhas atividades extracurriculares, meus encontros com Albus nos intervalos entre elas. De repente, um gosto amargo sobe pela minha garganta só de pensar nisso.

Como ele pode fazer isso comigo? Como eles puderam fazer isso comigo?

Eu queria tanto os confrontar, mas eu sabia que jamais iria encontrar uma resposta completamente satisfatória. Lembro de uma vez que meu pai dissera que uma vida de mediocridade não era exatamente uma vida – nunca entendi o que isso realmente queria dizer até hoje.

Sempre pensei que tinha a ver com bens materiais.

Mas percebi que é uma questão de caráter.

— Uma vida de mediocridade. – murmurei para mim mesma.

­Bati com as duas mãos em minha face esmagando as minhas próprias bochechas. Eu tinha que voltar para o meu dormitório, tomar um banho, pegar minhas roupas e apanhar Fanindra. Era quarta-feira, era o meu dia favorito e por mais que eu estivesse com vontade de me esconder do mundo, eu não podia mais ser medíocre.

A-ham Aurora, esse é o espírito.

~~~~~

Esse é o espírito o cacete! A partir do momento em que pus os pés no salão comunal deserto da Sonserina, eu queria voltar. Eu não estava pronta. E assim que me virei para ir embora, me lembrei das minhas obrigações – me virei novamente em direção as escadas. Mas eu iria encontrar Iryna no dormitório. – E então me virei novamente em direção a saída.

— É realmente uma dança bem estranha essa que você está fazendo. – a voz que soou das escadas me assustou completamente paralisando não só o meu coração, mas meu corpo todo.

Estúpida.

Virei-me com o meu melhor sorriso amarelo estampado na cara. Eu havia sido pega no flagra.

— Lorcan! – exclamei fingindo uma alegria que não estava nem longe presente dentro de mim. – Bom dia.

— Bom dia. – respondeu ele arqueando as sobrancelhas interessado em algo. – Estava me perguntando quando você finalmente apareceria, devo dizer que me surpreende que você tenha dado as caras tão rápido.

Bufei enquanto avançava em direção as escadas com o intuito de me sentar ao lado dele. Lorcan Scamander era um sexto-anista da Sonserina. Era do tipo de pessoa que quase ­conseguia ver dentro de você – na maioria das vezes era irritante, mas fora esse fato ele era um bom amigo.

Um bom amigo que eu afastara completamente quando ele me avisara que eu estava fazendo uma burrice tremenda ao meu relacionar com Albus.

Sentei-me ao seu lado deixando uma óbvia distância entre nós. Seria hipocrisia da minha parte agir como se fossemos melhores amigos depois de eu mesma ter dito olhando em seus olhos que “se você não me apoia nas minhas próprias decisões, então você não é meu amigo de verdade”.

Ele me encarou pelo canto dos olhos e riu soprado.

— Eu avisei, Aus. – disse ele usando o estúpido apelido que me dera no ano passado.

Baixei os ombros sentindo-os mais pesados de repente. Eu odiei no começo quando ele começou a me chamar de “Aus”, mas depois se tornou um termo tão importante pra mim que me doeu por meses a falta dele.

— Me pergunto se mata. – expus encarando meus próprios pés quando ele me encarou confuso. – Arrependimento. – respondi antes mesmo que ele perguntasse.

Ele riu genuinamente e eu o acompanhei pelo simples fato de que era ridículo – tudo isso era incrivelmente ridículo.

Minha vida era tão amaldiçoada que só me restava rir de tudo isso, porque se eu fosse chorar pra cada merda que acontece diariamente nela, eu não teria mais de onde tirar lágrimas.

Lorcan levantou-se enquanto se espreguiçava despreocupado e começou subir as escadas em direção ao dormitório masculino, meus olhos tristes seguiram suas costas por alguns momentos, até que ele parou momentaneamente e sem se virar declarou:

— Se você ver o olho roxo de Albus, foi cortesia minha. -  e então me deixou sozinha.

Eu deveria ter o parado e ter dito o quanto eu sentia a sua falta, a falta de sua amizade, mas por mais que digam que nós sonserinos temos corações de pedras, eu tinha certeza que Lorcan conseguia ver os meus sentimentos através de minha alma supérflua.

Então eu disse na esperança que ele conseguisse ouvir:

— Eu sei que você fez isso pra combinar com o nariz quebrado de Iryna. – e eu pude jurar que ouvi uma risada.

— Quem fez isso em sua testa? – Gritou ele já muito distante me fazendo franzir o cenho.

Na minha testa? Do que raios esse menino está falando?

E então eu corri desesperada em direção ao meu dormitório, invadindo-o bruscamente, sem nem me importar com as pessoas que estavam dormindo. Avancei contra a minha cômoda encontrando o pequeno espelho de mão que quase escorregou entre meus dedos.

Não aguentei e tive que rir quando li na minha testa: “Alguém escreveu em sua testa”.

Eu mataria James S. Potter.

~~~~

Um ano antes.

A primeira vez que eu briguei sério com James Sirius Potter, havia sido nas vésperas do baile de dia dos namorados do ano passado.  O baile só era permitido para os alunos do quarto ano pra cima, embora eu já estivesse no quarto ano, eu não estava realmente animada com a situação. O motivo?

Os organizadores decidiram que pra modernizar o sistema, as meninas deveriam chamar os meninos para o baile.

— Não fique tão tensa, Aurora! - ralhou Iryna que estava se divertindo com a situação.

Iryna era majestosa. Cabelos negros como a noite e olhos cor de mel, um corpo avantajado para a sua idade, ela era popular com os garotos. Não que eu não fosse, eu até que passava um bom tempo afastando aqueles que simplesmente vinham com segundas intenções do tipo "pegar e largar".

— Você diz isso porque já arrumou o seu par. - disse me jogando na cama bagunçada dela. - Que por sinal era a única pessoa que eu tenho contato o suficiente pra ter coragem de chamar... Valeu Iryna. - joguei um travesseiro nela.

Ela gargalhou se juntando a mim em sua cama. Nos viramos de barriga pra cima ao mesmo tempo, de modo que nossas cabeças se juntaram enquanto encarávamos o teto.

— Por que não chama o Potter?

Eu a olhei confusa.

— Eu acabei de falar que você o chamou antes de mim.

— Não, não. - ela disse batendo na minha testa. - O outro Potter, o mais velho.

Encarei-a estupefata. Ela não podia estar falando sério, podia? De todas as pessoas da minha lista de "eu jamais chamaria pra sair", James estava em primeiro lugar.

— Qual é, Aurora! - exclamou desacreditada. - Ele é um gato, charmoso, talentoso, sexy e todas as garotas querem ele.

— Você acabou de citar todos os motivos que me levam a não querer chamar ele.

Iryna se sentou me obrigando a sentar para encara-la. Ela colocou as mãos no meu ombro, me encorajando.

— Você tem um diferencial, você vive indo na casa dele, é conhecida dos Potter, é praticamente uma irmã pra eles, o máximo que ele pode fazer é falar não.

O almoço daquele dia havia sido o mais lento dentre todos os almoços lentos da história. Da mesa da Sonserina, eu encarava James um pouco aterrorizada, eu não gostava nada disso e não ajudava nada Iryna ao meu lado sussurrando que eu deveria ir logo.

Assim que eu tomei coragem, a pouca que me restava até agora, andei passo por passo até a mesa da Grifinória, onde James estava conversando com seus amigos. Eles pareceram não me notar quando eu cheguei.

Então pigarreei, fazendo com que seus olhares caíssem todos em cima de mim.

— Potter, posso falar com você por um momento? - perguntei acenando com a cabeça em direção ao corredor.

Ele definitivamente pareceu confuso, era até como se ele estivesse pensando que droga eu havia tomado para que eu fosse falar com ele por livre e espontânea vontade. Assim que ele saiu de seu transe, ele se levantou apressado.

— Claro. - disse somente se despedindo dos outros com um "até a aula".

Andamos lado a lado com uma certa distância entre nós, em direção ao corredor. Suas mãos estavam quietas dentro dos bolsos de sua calça, enquanto eu tamborilava os dedos impaciente em minha perna.

A ideia de repente parecia ridícula e eu queria ir embora.

Assim que paramos em um ponto isolado do corredor, ele apoiou uma das pernas na parede ficando de frente para mim, seu cabelo caiu por um momento em seus olhos e eu senti uma necessidade exagerada de arrumá-lo.

Era ridículo, certo? Eu o conheço desde que eu tinha sei lá, dez anos de idade. Eu passara um bom tempo na casa dele, incluindo alguns feriados nos quais os Potter insistiam que eu passasse com eles. Não deveria ser tão difícil assim chamá-lo para um baile.

Eu limpei a minha garganta antes de começar.

— Uh... e-eu gostaria de saber se você gostaria de ir ao baile comigo.

James me encarou estático por um longo e infinito minuto. E então disse em uma voz pesada:

— Não, obrigada.

— Oh, que bom, eu.. - e então eu me dei conta do que ele havia falado. - Espera, o que? - perguntei estupefata.

— Eu não posso ir ao baile com você - ele disse em um tom grave novamente. - Sinto muito.

— Alguém já te convidou, então?

— Não. - ele respondeu. Depois repensou por um momento e adicionou. - Bem, algumas garotas me convidaram, mas eu não vou com ninguém.

Eu franzi as sobrancelhas.

 - Então eu não entendo. Por que você não pode ir comigo? - questionei.

— É... - James abaixou o olhar para seus sapatos e depois os atravessou para uma sala vazia. - É complicado.

— O que isso significa? - perguntei confusa. - Oh! Você gosta de alguém!

— O quê? - ele perguntou assustado com o rumo da conversa. E então riu. - Não é isso.

— Então... - eu comecei me sentindo um pouco irritada com tudo isso. - Se você não está indo com ninguém e não gosta de ninguém... Qual. É. O. Problema? - questionei pausadamente.

— Nada. Não é nada. - disse ele bem vago.

Ele estava começando a parecer desconfortável. Seus olhos vagavam pelo corredor e paravam em qualquer coisa que não fosse eu.

—Eu sou tão revoltante assim? - perguntei parecendo um pouco desesperada. - Digo, eu sei que não sou muita coisa no departamento das aparências, mas pelo menos eu aparento decente o suficiente.

A questão já não era nem mais sobre ele ir ou não ao baile comigo, mas eu gostaria de saber ao menos o motivo. Não era como se eu realmente esperasse desde o começo que ele fosse simplesmente aceitar a ideia.

Os olhos dele se arregalaram em descrença.

— Revoltante? Onde em nome das barbas brancas de Merlin você tirou que você parece revoltante? - ele então se acalmou e disse suspirando. - Não, eu não acho você revoltante. É só que...

— O que?

— Eu só acho que você deveria chamar alguém da sua idade. - e então ele se afastou da parede e começou a andar. - Chame alguém do seu ano. Eu sou muito velho.

Agora ele começou a me chatear. Eu passei então a segui-lo em passos pesados para não perde-lo de vista.

— Sinceramente Potter, eu não estou o pedindo em casamento.

Me olhando por cima do ombro, ele negou com a cabeça e apertou os seus passos para ir mais longe de mim.

— Minha resposta é não, Aurora, mas boa sorte.

~~~

Mais tarde naquela noite, eu estava presa na biblioteca fazendo o interminável e entediante trabalho sobre a revolta dos duendes de 1820. Eram no mínimo dois pergaminhos e eu realmente precisava de uma boa nota. Eu estava completamente focada nos estudos, quando um lufano do meu ano se aproximou da mesa e sentou-se à minha frente.

Com um pouco menos do que uma leve irritação, levantei meus olhos para ele e questionei:

— O que foi, Aran? Estou meio ocupada no momento.

— Eu gostaria de saber se você gostaria de ir ao baile comigo. – ele disse apressado de uma única vez, parecendo um pouco nervoso.

Meu queixo caiu completamente. Demorou alguns longos segundos antes que eu conseguisse me recuperar do susto.

— Eu, uhn, você sabe que tecnicamente eu deveria convidá-lo para o baile, não sabe?

— Eu sei. – ele estremeceu na cadeira um pouco embaraçado. – Mas alguns meninos estão convidando as garotas mesmo assim. – sua voz falhou em algumas partes e seus dedos começaram a procurar o seu colarinho o arrumando um pouco desconfortável.

— Aran. – eu comecei, me sentindo um pouco confusa. – Você e eu tivemos uma longa lista de sei lá, três conversas desde que começamos a estudar em Hogwarts. Por que raios você quer ir comigo, então?

— Eu... – seus olhos vacilaram para trás dele ao fundo da biblioteca, onde um grupo de sexto-anistas estavam conversando e zoando uns aos outros.

Eu imediatamente reconheci a pessoa daquele grupo que Aran estava olhando.

— James Potter. – meus dentes se cerraram e eu levantei bruscamente enquanto colocava meus pergaminhos em frente ao meu corpo. Praticamente trotei enquanto avançava como um demônio até lá. Parando em frente a ele, eu disse – Eu não acredito que você fez isso! Qual o seu problema?

James tentou – e falhou – em parecer o mais inocente possível.

— O que? Do que você está falando?

Respirando bem fundo, eu olhei ao redor de toda a biblioteca, um pouco selvagem e intimidante. Meus olhos pararam na primeira pessoa que eu reconheci.

— Lorcan! – Gritei.

Lorcan se virou para me encarar de onde ele estava. Na verdade, a biblioteca toda parou o que estava fazendo para me encarar, já que estávamos em um lugar que tecnicamente deveria estar silêncio, e estava antes de eu me levantar.

— Sim, Aurora? – Lorcan perguntou com a sua costumeira expressão calma, que nunca o abandonava. – O que houve?

— Você gostaria de ir ao baile de dia dos namorados comigo? – questionei em voz alta rezando mentalmente para que ele não tivesse dito “sim” para ninguém antes. Eu e ele não conversávamos muito, éramos praticamente estranhos, então a essa altura eu já estava rezando a Merlin.

Lorcan assentiu.

— Claro, por que não?

— Ótimo, está combinado então! – disse me virando em direção a James com um olhar triunfante. E eu não consegui me impedir de me aproximar muito dele e dizer sob minha respiração descompassada. – E ele é um ano mais velho que eu. Lide com isso!

Eu me ajeitei e saí antes mesmo que ele pudesse responder.


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Notas finais do capítulo

Alguém escrever em sua testa, Aurora.
A propósito, o gatinho Sirius dela: http://osgatos.com.br/gatos/wp-content/uploads/2015/10/gato-preto.png

Finalmente introduzimos a famosa Iryna de forma mais direta na fanfic, mesmo que seja com uma lembrança, deixamos de ter uma personagem mais "fantasma", afinal, amando-a ou odiando-a, ainda é uma personagem que foi importante para a construção da Aurora como pessoa.
Espero que tenham gostado *u*