A linha do destino escrita por The white witch


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

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Após mais uma caçada a um shinma desvirtuado Miyu se senta sob o galho de uma Momiji, ela nunca se cansava do espetáculo que era assistir o vento levar as folhas avermelhadas pela noite, sob a iluminação tênue da lua até alcançar a superfície calma do lago que rodeava aquela parte deserta do bosque, desenhando círculos envolta das folhas escarlate em vibrações crescentes. Para a princesa vampira era um momento sagrado do dia, onde o silêncio reinava e sua solidão podia ser sentida sem pudor. Seus olhos passeavam pelas folhagens exuberantes da árvore, ironicamente, lembrando-lhe do escarlate do sangue e enquanto vagueava por esses devaneios sente o ar se tornar instável.
— Lahva
O servo se apóia em um joelho sob o galho onde repousa sua mestra em sinal de reverência, a máscara escondendo as expressões que raramente deixava escapar.
— Miyu, o que faz aqui sozinha?
Miyu emite um riso sinistro que parece a Lahva ser de amargor, o shinma suspira, pois, para si, a princesa era de fato um mistério. A leveza de sua aparência impúbere não escondia a complexidade do seu olhar de mulher com todas as inquietações que a afligiam. Uma delas, ele sabia bem, era a solidão que a vida eterna impunha, mesmo que estivesse o tempo todo ao seu lado, mesmo que sua própria vida e seu destino estivessem em suas pequenas mãos, ele sabia que nunca seria suficiente, nunca lhe bastaria. Esse fato o entristecia profundamente, mas jamais permitiria que ela percebesse seus estranhos sentimentos.
— Não é lindo, Lahva? as estações que mudam, o dia se torna noite, essas folhas morrem e logo dão lugar a outras. Tudo tão mutável, uma metamorfose constante.
— Sim, Miyu, de fato, é lindo.
No entanto, o shinma não tinha olhos para a beleza das folhas avermelhadas, não quando a beleza de Miyu estava bem ao lado para a comparação. A vampira possuía uma pele alva e aveludada, quase como uma boneca chinesa, seus olhos possuíam um tom único de âmbar, seus cabelos eram escuros, destacando ainda mais sua pele clara em contraste com os lábios naturalmente vermelhos. Ela possuía uma estrutura delicada e graciosa, estava sentada com suas pernas enroscadas uma na outra sustentando seu tronco com os braços firmados de forma a projetar seus seios para a frente numa sensualidade completamente inconsciente. Ao fundo a lua iluminava a figura de Miyu, como se quisesse oferecê-la para o observador. A imagem perturbou Lahva profundamente.
— O que está pensando Lahva? parece tão perdido.
— Nada importante. O servo então abaixa sua cabeça em subserviência.
— Você nunca pensa nada que não seja importante. Miyu salta do galho que repousava e aterrisa graciosamente frente ao seu companheiro e levanta seu queixo com os dedos alvos até que seus olhares se encontrem.
— O que o perturba?
O que diria Lahva? que sua beleza e sensualidade o deixaram perplexo? que, repentinamente, seus instintos masculinos o faziam querê-la, desesperadamente? que sua devoção e amor só pioravam todo esse quadro desastroso?
É claro que não poderia. Seus sentimentos estavam trancados para sempre,assim como a máscara que usava lhe lembrava que sua vida e liberdade não mais lhe pertenciam.
Miyu se aproxima e,devido a posição do Shinma, fica bem da sua altura e então abraça sua cabeça afagando-lhe os cabelos através da capa escura que vestia. O toque dela sempre o enervava. Permaneceu quieto, memorizando a sensação, sentindo seu coração palpitar sob seu quimono fino. Estava completamente imóvel, à sua mercê, como sempre estaria, fechou os olhos e deixou que a noite protegesse os amantes.
— Você me pertence Lahva.
Sim..
— Para sempre.
É claro que sim.
— Seu destino e o meu estão ligados.
Morreria por ela e com ela.
— Poderia matá-lo agora mesmo.
Ele morreria mil vezes e mais se fosse por suas mãos.
— Tudo o que você é, seus desejos, sua liberdade, sua vontade, é tudo meu e nunca será de mais ninguém.
Não poderia imaginar destino melhor.
— Nunca me deixará só.
Jamais. Todo seu mundo era ela.
O shinma envolveu sua cintura com seus longos braços e a apertou junto a si. 
As folhas vermelhas voavam com o vento e só se ouvia o farfalhar das árvores entoando sua canção misteriosa sob a lua. Os dois perdiam a noção do tempo envolvidos um no outro como o laço vermelho do destino que une os seres de forma inquebrável. Estavam juntos pela eternidade e além dela, para seu sofrimento e, talvez, para o amor.
Um barulho oco se ouve ao longe. A máscara de Lahva é retirada pela princesa vampira.

kusa kasumi mizu ni koe naki higure kana
As águas silentes
E a névoa sobre o capim —
Entardece agora.
 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada!



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