Quando a neve descongelar escrita por Jess


Capítulo 2
Viúva


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos também estão sendo publicados no https://entrelinhasesubtextos.wordpress.com/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700714/chapter/2

Fui diretamente a um hotel quando cheguei na cidade e lá ficaria até encontrar uma casa, mas não estava nada incomodada com isso; na verdade adoro hotéis. Já fiquei em muitos, alguns cinco estrelas e outros de beira de estrada, do tipo que tem baratas por todo canto e que a qualquer momento alguém pode roubar suas malas.

Este é um hotel mediano, não é muito caro e é limpo, isso fez com que eu me hospedasse aqui, e não a vista que a recepcionista mencionou quando entregou o cartão do quarto e desejou uma boa estadia.

Mesmo com tudo que o falecido deixou para mim, prefiro gastar menos possível. Esbanjar dinheiro chamaria muita atenção, e o que mais quero nesse momento é discrição; ter muitos pares de olhos presos em mim não seria nada agradável e arruinaria meus planos.

Deixei minhas poucas malas e corri para o banheiro, sem esperar mais um segundo, fui jogando minhas roupas pelo caminho. Não demoraria abrindo a torneira com água quente e enchendo a banheira de sais, estava ansiosa para relaxar com todos aqueles sais. Há tempos não sabia o que era mergulhar numa banheira e vê-la transbordar... Foram tempos difíceis, mas agora eu poderia aproveitar e quem sabe ser diferente do que sou.

Antes de entrar na banheira, voltei para o quarto em busca da minha bolsa onde estava minha agenda; com ela em mãos pude voltar ao banheiro e desligar a torneira, finalmente rendendo-me ao calor daquela agua.

Peguei a caneta presa na agenda e comecei a listar o que precisaria. Como já deve estar evidente, minha memória não é das melhores, isso pode ser considerado algo que herdei de minha mãe; já que ela aparentemente esqueceu de todas as informações do homem que a engravidou e depois quando me deu a luz vivia me "perdendo" em alguns lugares.Mas como um maldito gato, eu sempre voltei para casa, com ajuda ou não. E meu esquecimento pode ser explicado também pelas vezes que acidentalmente bati minha cabeça.

Posso esquecer de tudo menos da minha agenda, uso agendas desde que aprendi a escrever e as vezes parece que nem fui eu que escrevi , porém isso é culpa da minha memória ruim. Também tenho uma técnica para listar; são palavras chave... Não costumo lembrar o que preciso fazer, mas sei qual palavra que me fará lembrar, então a anoto ou anoto alguma ordem contendo a palavra chave.

Dessa forma começo a listar: Explore o ambiente, descubra meios, conquiste, produza. usufrua (e/ou) avance. Era o que eu precisaria para aquele momento, depois poderia pensar em outras coisas, sempre aconteceu assim... Nem sempre tudo acontecia como esperava, e essa era a grande jogada, era onde havia a graça em tudo, foi assim que aconteceu na ultima vez...

Chego na cidade com planos de conseguir um "lugar para mim" e saio da cidade viúva. Harry foi meu quarto falecido, não é como se eu sentisse muita falta dele ou dos outros, mas também não é algo para se comemorar durante uma semana. Estou longe de ser uma menininha ingênua, sempre estive longe disso, mas algo ainda me faz pensar romanticamente; não sei se foram todas as porcarias que empurraram para mim durante a infância ou se isso é algo natural como um hormônio, mas aconteceu.

Por isso os casamentos, eles são a causa desse surto romântico. O primeiro durou três anos, eu tinha dezessete, mas consegui me passar por alguém com vinte o segundo quando tinha 21, algumas horas (foi em Vegas), o terceiro foi um mês depois e durou, pelas minhas contas, três anos e alguns meses. O quarto e ultimo durou quatro anos, quatro anos bem difíceis. De alguma forma em todos os casamentos em algum momento esperei que fosse o ultimo, ou que pelo menos não terminasse como todos os outros terminaram. E já está bem claro que as coisas não saíram como eu esperava, se tivessem sido como desejei que fosse eu não estaria aqui.

A verdade é que não sei exatamente o que vim fazer aqui, a escolha da cidade foi praticamente de ultima hora, ela só se enquadrava nos pré-requisitos: distante, com a possibilidade quase nula de encontrar alguém que me conhecesse. "Quase nula" por causa da temporada de inverno que está chegando e os turistas que estão loucos para esquiar também vão chegar. Só me resta contar com a minha sorte e esperar que nenhum desses turistas seja alguém que me conhece, não seria nada agradável para nenhuma das partes.

Deixei a agenda na pia, onde achei que fosse o lugar onde menos molharia naquele banheiro, e comecei meu banho. Naquele dia não haveria muito o que fazer, além de pedir comida no quarto, ver algum filme e logo depois dormir


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando a neve descongelar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.