Natsu se sentia o maior idiota do mundo, não era para menos, humilhou sua melhor amiga, ou melhor dizendo, a garota que amava. Nunca imaginou que fosse viver um clichê como dos livros e filmes, onde o popular se apaixona pela nerd, mas ali estava ele, o capitão do time de futebol indo atrás da garota mais inteligente do colégio.
     Lembrava-se de como se conheceram, e pode se dizer que não foi de uma maneira agradável. Lucy estava junto com sua amiga Levy, as duas estavam sentadas lendo um livro qualquer, e comendo seus lanches, encostadas em uma árvore que tinha ao redor do colégio. Já ele, fazia lances com seu amigo Gray, mas sem querer, Natsu chutou a bola mais forte do que deveria, saindo do alcance do moreno, e para a sua infelicidade, acertando em cheio a loira, que acabou derrubando seu suco no livro, que mais tarde, Natsu descobriu ser o caderno dela, como também descobriu que ela tinha uma mão pesada.
Desde aquele dia os dois viviam em pé de guerra, mas é claro que quem começava com as piadas maldosas e implicâncias era o Dragneel, no entanto, a loira já estava farta de ser humilhada, mas o que veio depois, foi pior. Makarov, o diretor, lhe deu a tarefa de fazer Natsu Dragneel, tirar boas notas.
    No começo fora difícil, tiveram que aprender a conviver juntos para sair algo produtivo. O rosado era mais lerdo que Lucy pensava, às vezes ela tinha vontade de rachar a cabeça dele na parede, mas em outras, vê- lo se esforçando em tudo, dava vontade de apertar suas bochechas.
     Com o tempo, a companhia um do outro se tornou tão confortável, pareciam até melhores amigos. No colégio não havia mais brincadeiras maldosas com a loira, eles até passaram a estudar ou sair juntos, e enquanto Lucy ria das idiotices que Natsu fazia, o mesmo se encantava por suas risadas.
     Saber que agiu como um idiota novamente, o fazia querer se socar, mas o que podia fazer se ficou possesso de ciúmes ao vê-la sendo beijada por outro cara, mesmo sabendo que foi a força? Argh! Ele precisava achar ela para se desculpar.
     Depois de quase três horas andando de um lado pro outro, percebeu que a noite havia caído, a Lua já brilhava no céu, acompanhada pelas estrelas, foi então que as observando lembrou o lugar que Lucy mais gostava, o morro.

o.o___O.O__o.o

Chegando no pequeno morro próximo a saída de Magnólia, Natsu não teve dúvidas ao vê-la deitada na grama observando o céu, e não pensou duas vezes antes de ir até ela.

     – Luce? – chamou indeciso.

     – Vai embora, Natsu. – murmurou em um tom de voz fraco. – Não foi o suficiente sua "amiguinha” jogar comida em mim, e você rir e depois me ignorar completamente? – perguntou magoada, fazendo o mesmo se sentir mais culpado ainda.

     – Não é isso, é que... Me desculpe, eu... Eu só estava com ciúmes e acabei descontando em você. – respondeu sincero, enquanto se aproximava mais dela. – Eu sou um idiota.
    – Sim, você é um completo idiota. – respondeu olhando para ele pela primeira vez desde que chegou. Viu que ele estava sendo sincero, e se arrependia pelo que fez, queria tanto dizer que o perdoava, mas não podia negar que estava magoada. – Pode deitar se quiser. – ela disse apontando para o seu lado, e voltando a olhar para o céu.
     Assim que Natsu deitou ao seu lado, ficaram por um tempo em um longo silêncio até o mesmo quebrar.

     – Uma vez você me disse que aqui era o lugar que mais gostava de ficar, mas não falou o motivo. –comentou, torcendo para não ser ignorado, já que ela não havia o perdoado, não é mesmo?

     – Quando eu era pequena, minha mãe me trazia aqui antes de falecer, ela dizia que quando eu estivesse me sentindo triste, eu poderia vir e olhar para o céu, especificamente, para as estrelas, e elas levariam um pouco da minha dor para longe, assim que amanhecesse. – respondeu com um pequeno sorriso nos lábios, sentia tanta falta de sua mãe, Layla sempre fora sua estrela, e ela acreditava que a mesma estava lá em cima tirando suas dores.

     – Uma bela maneira de pensar. – Natsu olhava para o imenso véu negro pensando se Igneel, seu pai, também estava o confortando de lá de cima.

   E como se fosse um sinal, confirmando os pensamentos dos dois, uma estrela cadente passou por eles como um borrão, fazendo-os ficarem admirados.

     – Droga! Não deu nem tempo de fazer um desejo. – praguejou a loira, com um bico nos lábios, o que Natsu achou extremamente fofo.

       – Você acredita nisso? – perguntou curioso em saber o que ela achava daquilo.
       – Talvez, mas gosto de pensar que vai se realizar. – Lucy sentou-se sobre a grama que estava deitada, abraçando seus joelhos, sem parar de admirar a noite. – Somos tão desesperados, que nos agarramos em tudo que nos possa dar esperanças de algo bom.

     Natsu ficava atento a cada expressão, ficar admirando-a era o que mais gostava de fazer. Aos seus olhos, Lucy era a estranha mais linda e adorável que conheceu. Aquela que o conquistou com o seu jeitinho alegre, palhaço, exagerado, sonhador, fofo e, até mesmo, raivoso de ser. Lucy era a estrela que Natsu sempre gostou de observar.
       O rosado atreveu-se a pegar uma das mãos da loira e entrelaçá-la na sua, assim que sentou-se, queria passar com aquele simples gesto que estava arrependido, e que não queria ficar mais longe dela. Queria tanto confessar que a amava, mas seria o momento certo?
        Lucy não afastou sua mão, sentir o toque carinhoso vindo dele, mesmo que simples, fazia seu coração se aquecer de uma forma diferente, que apenas Natsu conseguia. Então os dois voltaram a encarar o céu, ficando em um confortável silêncio. Lucy já não estava tão chateada com o rosado, seu amor por ele era maior que sua magoa.

       – Olha, Natsu, faça um desejo! – exclamou a loira encantada, assim que percebeu, não uma, mas sim, várias estrelas cadentes. Uma chuva de meteoros.

       Natsu vendo Lucy fechar os olhos para fazer um pedido, não pode evitar o rubor em seu rosto ao imaginar-se tocando aqueles pequenos lábios. Então num impulso, acabou selando seus lábios nos dela, em um toque longo e suave, porém, aquecedor.
    Lucy, abriu os olhos surpresa. Aquilo estava, realmente, acontecendo? Natsu estava mesmo beijando-a? Antes mesmo de ter essas respostas, a loira deixou ser levada pelo seu coração, aprofundado o leve toque nos lábios por um beijo necessitado e apaixonado.
         Assim que se separaram, Natsu encostou sua testa na de Lucy, enquanto acariciava carinhosamente as bochechas vermelhinhas da mesma. Como podia ser tão linda?

        – Natsu. – chamou Lucy. Assim que ele emitiu um som de que estava prestando atenção, ela continuou. – Você fez seu desejo?

       – Não, estava ocupado demais admirando você. – respondeu em uma voz suave, ainda acariciando o rosto da loira. – E você, fez o seu? O que desejou?

         – Sim. – então foi a vez de Lucy colocar suas mãos sobre o rosto de Natsu, fazendo-o a encarar. – O meu desejo foi você, Natsu Dragneel.

     O rosado tinha uma expressão boba, enquanto encarava Lucy que sorria lindamente. Ela precisava saber que também era o desejo dele, mesmo que não tivesse feito um naquele momento, mas antes que ele pudesse mostrar isso, ela o puxou, unindo suas bocas.
Tanto ela quanto ele se amavam, mesmo sendo de uma maneira meio torta. Não precisavam dizer nada agora, eles queriam sentir aquilo primeiro. Então ficaram trocando gestos carinhosos, tendo como testemunha daquele pequeno amor que cresceria cada vez mais, um vasto céu brilhante.