Quando eu acordei, eu estava no meu quarto, e não me lembrava da noite passada. Ainda era manhã, meio tonta, me troquei e fui tomar café, quando cheguei lá em baixo havia um lugar a mais na mesa, imaginei que fosse um amigo de meus pais, mas meu pai estava com a cara fechada. Eu estava morrendo de fome, mas aqui em casa é assim, ninguém come enquanto todos não estiverem na mesa.

Ouvi barulho de passos da escada, e fiquei olhando para ver quem era, eu tive uma surpresa enorme, quem sentou do lado do meu irmão era o Paulo, eu estranhei, meu pai não iria deixar ele dormir aqui, nem se fosse no quarto de visitas, acho que era por isso a cara fechada.

Eu olhei para Paulo, e por incrível que pareça ele também estava com a cara fechada, fingi que nem vi e comecei a comer, quando terminei disse:

— Licença! – me levantei e já ia voltar para meu quarto.

— Pode sentar ai mocinha! – meu pai disse, então eu obedeci.

— Você acha bonito e normal o que a senhorita fez ontem a noite? – continuou minha mãe.

— Primeiramente, eu nem me lembro do que eu fiz ontem a noite! – respondi.

— Não vem com essa pra cima de mim não! Eu já tive sua idade, e essa desculpa não funciona comigo!

— Ai ta bom vocês dois, que saco! Eu to falando a verdade, eu não lembro do que aconteceu, agora se vocês querem ou não acreditar o problema não é meu! – gritei, me levantando, olhei para Paulo com o meu olhar de raiva, e subi correndo.

Peguei minhas malas, coloquei todas as minhas coisas nelas, quando eu fui sair, Paulo estava na minha porta me olhando e não me deixando passar.

— Me deixa sair! – pedi já com um pouco de calma.

— Vai a onde?

— Em um lugar ai!

— Sozinha e sem dinheiro?

— Sozinha sim, sem dinheiro não!

— A é? Vai pegar dinheiro a onde?

— Do cofre dos meus pais e da conta do banco deles! – disse e sorri.

— Como?

— Fácil, outro dia eu ouvi meus pais falando a senha do cofre e a senha do banco deles para uma empregada, então eu anotei!

— Menina esperta! Eu vou com você!

— Oi? Não vai não, eu vou sozinha!

— Ou eu vou com você, ou eu conto o que você vai fazer para seus pais!

— Ta bom vai! Você pode vir junto! Pega suas coisas que eu vou pegar algumas coisinhas do cofre!

— Já peguei tudo! – ele disse e puxou três malas.

— Então vem comigo! – disse indo para o fundo do corredor, onde havia uma porta falsa, abri ela, coloquei a senha do cofre, peguei 3.000 reais, coloquei tudo no lugar, coloquei o dinheiro na minha mochila, pegamos os cartões que estavam nas coisas de uma empregada de confiança.

Meus pais e meu irmão estavam no quarto, então saímos pegamos um táxi e fomos pro banco, pegamos mais 500 reais da conta do meu pai e mais 500 reais da contada minha mãe. Pegamos outro táxi e fomos para o aeroporto.

— Aeroporto?  Como assim? A gente vai pra onde Beatriz?

— Pra Nova Iorque, pra onde mais? – disse isso e tirei os passaportes da minha mochila. – eu peguei o seu ano passado nas suas coisas! E se você reclamar eu te deixo aqui no meio da rua!

— Ta bom, eu em! – ele disse e sorriu.

Quando chegamos no aeroporto, paguei o homem que estava dirigindo, comprei as passagens.

— Não vai comprar passagens de volta também?

— Quem disse que eu pretendo voltar? – respondi.

— Ta legal! – ele disse e já estavam chamando nosso vôo. – Você quer mesmo fazer isso?

— Quero! – disse. – Vamos logo! – fui andando, ele me seguiu, então entramos no avião, sentamos em nossos lugares e o avião começou a decolar.