Anatomia de um amor imortal escrita por Eduardo Marais


Capítulo 8
E a loucura começa




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Na manhã seguinte, quando chega ao hospital, Regina é recebida por um sorriso conhecido e apaixonado. Vladimir estava sentado na cama, alimentando-se e implicando com a enfermeira que aferia sua pressão arterial.

Regina sorri encantada e aproxima-se da cama. Queria ver, tocar e beijar seu marido, para ter certeza de que ele estava vivo e bem vivo, e saber que não o perderia tão cedo.

— Gosto de minha equipe, porque tenho os verdadeiros humanos de ferro! – ela passa a mão sobre a cabeça do homem.

— Eu sou casado com a mulher mais linda da cidade e temos um filho maravilhoso. É isso que me torna o homem de ferro!

Um sorriso largo desenha-se na boca da mulher. Mas ele logo se desfaz com a pergunta que ouve.

— O que conseguiram saber da falsa velhinha?

— Ainda estamos no encalço dela, e o material apreendido na casa irá traçar informações e um perfil de quem devemos procurar.

— Preciso sair daqui o mais rápido possível. Não posso deixar essa lunática andando livre pela minha cidade. Ela me mordeu! Ela nos vigou, Regina!

Um sorriso suave ilumina os lábios bonitos de Regina. Ela acaricia a nuca do marido.

— Há uma força tarefa procurando por ela. Ninguém fica impune quando fere um policial.

— Onde está nosso filho?

— Protegido e animado com a situação. – Regina sorri. – Nada de ruim acontecerá a ele, porque está com os avós.

Vladimir sorri, mas não se tranquiliza. Sabia que a esposa estava escondendo algo mais grave consegue perceber o medo emanando junto ao perfume dela.

Naquela mesma tarde, na central de polícia...

— Aquilo é terra e terra, mais nada. – diz o cientista. – Fizemos prova e contraprova, mas a resposta é a mesma. O próximo passo será descobrir mais características do solo e de que parte do planeta, ela pertence.

— Jogaram fora a terra que não foi usada como amostra?

— Não, Kane. Está tudo armazenado...- o profissional entrega uma pasta ao comandante. – Não houve identificação para as digitais. Fizemos o exame de DNA nos fios de cabelos encontrados em um dos caixões e pertencem a uma mulher. Não há química alguma e pasme...são velhos prá caramba!

A informação sobressalta o comandante policial.

— Fizemos e refizemos os testes e caso os fios não pertençam a alguém vivo com mais de quatrocentos anos, essa quadrilha esteja envolvida com o roubo de tesouros arqueológicos. Talvez a terra fosse usada para despistar o produto do roubo, durante o transporte.

Killian chega à sala e cumprimenta quem estava ali. Não parecia muito cordial.

— Havia pelos menos duas mulheres naquela casa e talvez estivessem fazendo um revezamento para vigiar a casa de Regina.

— Mulheres chamariam menos a atenção enquanto fotografavam. – Regina cruza os braços diante do peito. – Vamos fazer um retrato falado da mulher velha e distribuir pelas viaturas. Porém, não podemos focar nossa atenção apenas neste caso. A cidade está fervilhando e precisa de nós! Então, vamos ao trabalho!

O dia passa sereno e todas pessoas ocupam suas horas com suas tarefas cotidianas. No final do entardecer, Vladimir retorna para sua cama, depois do banho tomado. É examinado, alimentado e medicado, seguindo a rotina da internação. Ainda sentia dores pelo corpo e as forças ainda não estavam totalmente recuperadas, devido à perda de sangue.

Ele retornava do banheiro, quando vê uma médica de cabelos ruivos soltos pelos ombros, entrar no quarto. Ela sorri serena e esconde as mãos nos bolsos do avental.

— Olá, moço! Precisa de ajuda para voltar à cama?

O policial sorri e gesticula recusando a ajuda, mas sua fraqueza produz tontura e ele espalma as mãos sobre o colchão, para segurar-se.

— Acho...que vou desmaiar...

Rapidamente, é apoiado e deitado sobre a cama. A médica era muito forte para o seu porte físico. Ele é acomodado ali e protegido com o cobertor.

— Vai ficar muito tempo aqui? – ela sorri.

— O tempo suficiente... para acalmar... minhas dores. Pensei que eu iria apagar...

— Precisa relaxar porque a vida ainda reserva muitas surpresas para você. – a ruiva sorri.

O policial se sente incomodado com a força daquele olhar. Estreita as sobrancelhas numa careta de desconfiança. Fica pensativo e depois encara a mulher.

— Por que diz isso?

— Digo isso a todos os meus pacientes. – ela dá de ombros e levanta-se, caminhando para mais perto da cama. Ela sorri e encosta o dorso da mão na pele do rosto do homem. – Precisa dormir e sentir que seu corpo será regenerado.

Uma onda de sonolência invade os músculos do policial e ele sente o corpo relaxar. Fecha os olhos.

— Minha mestra me mandou dar a você, algo que recupere os ferimentos que ela lhe causou. Quero que beba o elixir que o manterá forte e belo, para retornar à vida que você abandonou um dia, meu Conde. – inclinando-se, a ruiva encosta a ampola nos lábios do paciente. – Beba e saboreie o gosto de sua amada.

Lento e obediente, Vladimir bebe o liquido salgado. Consegue abrir pesadamente os olhos e ainda vê a médica limpar seus lábios e depois inclinar-se para beijar-lhe a testa.

— Durma, meu Conde. Amanhã o senhor estará fora daqui, mas não se lembrará de mim.

Era manhã, quando Regina chega à Central de Polícia. Havia levado seu filho para os cuidados de seus pais e retornado imediatamente para a capital.

— Como está meu sobrinho? – Killian a cumprimenta com um beijo no rosto.

— Acordou disposto e adorou o fato de ficar mais tempo com os avós. Alguma notícia da mulher que atacou meu marido?

— Nem sinal de sua velhinha mais rápida do oeste. Evaporou como se nunca tivesse existido.

O Sargento Wu entra na sala de conferências e cumprimenta os colegas. Mostra-se preocupado.

— O laboratório foi invadido nesta madrugada, Comandante Kane!

Momentos depois, Regina e Killian estão observando o lugar estranhamente organizado. Os invasores sabiam exatamente o que queriam buscar e como fazer.

— A parede foi cuidadosamente cortada em formato retangular. Retiraram o bloco inteiro, entraram, pegaram o que era de interesse, saíram e recolocaram o bloco na passagem. – diz um dos peritos.

— Mas e as câmeras de segurança?

— Foram desviadas do ponto de fuga, Capitã Regina. Alguém se pendurou do telhado e separou os fios, mas teve o cuidado de recolocá-las no ponto certo, após dez minutos.

— Dez minutos?! O que levaram em dez minutos?

— Quase tudo referente ao caso de ataque do policial Vladimir. Levaram a terra, as malas com roupas, o notebook, a máquina fotográfica e apenas um dos caixões. Deixaram as fotografias organizadas sobre um dos balcões, embora tenham levado algumas delas. Depois olharei em meus arquivos e verei quais foram recuperadas.

— Em dez minutos? – Regina sorri irônica. - Cortaram a parede sem fazer barulho, entraram no laboratório e levaram o material da investigação e fizeram isso em dez minutos?

Kane mantém a cabeça baixa, olhando os próprios pés. Depois encara o policial.

— Isso está ficando muito interessante e perigoso...- Killian comenta. – Uma velhinha que tem velocidade e força acima do normal, quebra as costelas de meu irmão, bebe o sangue dele, desaparece no ar e agora sabemos dessa invasão. Estamos lidando com drogados mesmo ou com algo bizarro do sobrenatural?

O homenzarrão não responde de imediato ao policial. Observa Regina se encostar em um móvel e cruzar os braços diante do peito. Como ele a admirava!

— Não sei o que está havendo, mas sinto que precisamos mais do que proteção policial. Enquanto trabalhamos em outros casos, faremos uma investigação paralela para descobrirmos o que nossa amiga sobre-humana quer conosco. Por ora, ordeno que priorizemos outros casos, para que este comece a ficar em esquecimento, porque surgirão perguntas que não terão respostas no momento. – Kane olha para Regina e depois para Killian. - Vamos direcionar nossas forças para combater o novo traficante da região.


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